Manifestantes deram show de truculência na Câmara
Há instrumentos legítimos para contestar um projeto
aprovado, e a papagaiada de quarta-feira não está entre eles
Por: Paulo Germano
Não tem desculpa, não há justificativa que explique os
servidores municipais invadirem o plenário da Câmara, subirem na Mesa
Diretora feito bugios e impedirem os vereadores de votar.
Não interessa se o projeto é injusto. Não interessa se
consideram inconstitucional. Que protestem, que façam pressão, que lotem as
galerias, que acionem a Justiça para derrubar a lei — como o PSOL já anunciou
que acionará —, mas, na Câmara de Vereadores, projeto se derruba no voto.
Aqueles vereadores representam 1,5 milhão de porto-alegrenses, e não 30 mil
funcionários públicos.
Nossa democracia representativa pode ser pavorosa, mas
por enquanto é o que temos: se a maioria dos vereadores eleitos aprova um
projeto que aumenta a alíquota previdenciária dos servidores de 11% para 14%,
então basta o prefeito sancioná-lo para virar lei. Há instrumentos legítimos
para contestar um projeto aprovado, e a papagaiada de quarta-feira não está
entre eles.
Não vai faltar, claro, quem me acuse de
"conservador" por defender as regras do jogo. Bobagem. Apenas me
recuso a abençoar todo tipo canalhice como se fosse uma corajosa conduta
progressista. Invadir o plenário da Câmara para impedir vereadores de
representar quem votou neles é só — e somente só — autoritarismo.
O presidente do Legislativo, Cássio Trogildo (PTB), fez
bem em convocar uma sessão extraordinária para retomar a votação em outra
sala do parlamento. O regimento interno da Casa permite isso. Não pode o mundo
parar toda vez que um grupinho — de esquerda ou de direita, conservador ou
liberal — entender que, se as coisas não forem do meu jeito, não serão de jeito
nenhum.
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