Caindo de maduro
Astor Wartchow
Advogado
A degradação sóciopolítico-institucional é muito
mais profunda do que aparenta ser. E não serão eleiçoes diretas já - ou em
2018, como de fato serão - que consertarão os estragos.
O abismo e déficit das contas públicas, em que
estamos mergulhados até o pescoço, é gigantesco e de graves efeitos
e danos colaterais, entre os quais a recessão e o consequente desemprego.
Mas sempre há algo pior: os principais responsáveis
pelo caos continuam "pregando a mesma missa", sem que lhes ocorra a
hipótese de, ao mínimo, pedir desculpas ao povo pelos erros cometidos.
Dizem tais dirigentes (autodenominados de esquerda)
que reconhecer os erros praticados reforçaria o discurso dos ditos partidos e
candidatos de direita.
Resulta que nosso momento
político-partidário-ideológico - e o próprio futuro imediato - é temerário.
Ops, um trocadilho. Alguns diagnósticos aqui e acolá, mas raros são os
prognósticos otimistas.
Entre erros e acertos da gestão petista,
malabarismo retórico de Lula e o claudicante tatibitati de Dilma -
emoldurado com seu impeachment, restou desmoralizado o que denominamos de
"campo da esquerda".
Mas e do outro lado (ou no meio) como está a
situação? Se é que podemos chamar de outro lado haja vista o consórcio de
negócios escusos e corrupção em massa.
No tabuleiro eleitoral o que significam o PP, o
PMDB e o PSDB, por exemplo, tão presentes e identificados com as maracutaias
quanto o PT?
Tudo indica que o PSDB - que sempre se pretendeu um
partido socialdemocrata e de centro - foi arrastado inapelavelmente para a
direita, agora na companhia do DEM e do PP(ex-Arena, ex-tudo).
Já o PTB e o PMDB vivem e praticam a política em
outra dimensão, fora dos conceitos tradicionais da ciência política.
Digamos, mais propensos a negócios de ocasião.
Quase damas de companhia, à média luz. Com todo o respeito às damas de
companhia.
Tirante os indecifráveis PDT e PSB e os
incendiários PSTU e PSOL, se os antes mencionados representam ou
representariam o que denominamos de esquerda e direita, o que restará ou
restaria ao centro?
Possivelmente, os novos partidos que se anunciam
por aí, que desde já se auto-afirmam éticos, embora muito receptivos a
arrependidos pecadores de outrora. Compreensível, sobretudo parafraseando
o popular Jesus Cristo que dizia: condena o pecado e perdoa o pecador!
O caos se avizinha. Ainda que diretas e periódicas,
eleições não são remédio contra males históricos e intestinais, crises éticas e
desvios de condutas generalizadas. No máximo um paliativo.
E nem falamos das possíveis candidaturas de Lula e
dos seus mais notórios efeitos colaterais, Jair Bolsonaro e João Dória.
Haja estomasil. A Venezuela ainda será aqui. Caindo de maduro. Ops, desculpa,
outro trocadilho.
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