Astor Wartchow
Advogado
Faz algum tempo, escrevi em defesa dos árbitros de futebol criticando os
arrogantes comentários dos analistas de arbitragem, bem acomodados nas cabines,
com visão ampliada e apoiados em vários replays. Ao contrário do árbitro!
Os árbitros
também são vitimados pela deslealdade e irresponsabilidade dos jogadores,
“artistas” da simulação e dissimulação. Sem esquecer os dirigentes de clubes
que fazem insinuações “criminosas” e cogitam irresponsavelmente possíveis
favorecimentos.
Agora,
façamos uma analogia do futebol com os episódios político-partidários – leia-se
Operação Lava-Jato. Seus críticos ironizam e denigrem juízes, procuradores e
policiais federais.
Propositalmente, ignoram o fato mais significativo das últimas décadas.
Pela primeira vez se atinge – de modo contundente e sistêmico - o núcleo da
corrupção nacional. Mais especificamente os setores empresariais e políticos
que se valem da fragilidade do nosso sistema partidário e da exagerada
intervenção estatal na economia, fato que coloca nas mãos dos governantes
altíssimo poder de decisão e destinação de valores do orçamento nacional.
Conseqüentemente, líderes político-partidários e empresários “amigos”, à
direita e à esquerda do espectro ideológico, têm feito a festa, cuja conta
final é o cidadão que paga.
Entretanto, o
que vemos? Um feroz ataque aos juízes, procuradores e policiais federais,
acusando-os de parcialidade e abuso de poder. Uma audaciosa e despudorada
defesa de denunciados, acusados e processados.
Pior: ignoram
que são profissionais concursados, com longas e sólidas carreiras, sujeitos às
suas corregedorias, tribunais superiores de recursos e processos
administrativo-disciplinares. Estes servidores públicos têm famílias, amigos e
colegas a quem também devem respeito e dignificação acerca de suas tarefas e
obrigações institucionais.
Parênteses:
como alguém pode dizer que o triplex deveria estar formalmente no nome de Lula
para caracterizar prova de que lhe era destinado? Não seria como exigir – como
prova de recebimento de propina – a declaração no Imposto de Renda ou depósito
em conta bancária?
Confesso
minha perplexidade com a dimensão epidêmica da “doença” e inconsequente
propagação do vírus da desconfiança institucional.
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