Ontem à tarde, o deputado Tiago Simon fez uma homenagem
aos 71 anos da Independência do Estado de Israel. O grande diferencial
da homenagem é o fato de ele ser integrante da comunidade árabe-libanesa no
RS e do evento ter tido a participação do embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley. O evento contou, também, com a presença do cônsul geral de Israel em São Paulo, Alon Lavi;
Disse o deputado estadual gaúcho:
- Há quem tome o partido dos históricos ressentimentos que
nos separam. No entanto, eu escolho fazer parte do grupo que defende a
tolerância e a paz.
O deputado Tiago Simon (MDB) registrou os 71 anos da independência do Estado de
Israel, destacando sua descendência libanesa e enaltecendo o convívio pacífico
com a comunidade judaica, “aqui ou em qualquer outra parte do mundo”.
“O Brasil é o lar da maior diáspora libanesa do planeta”,
iniciou o deputado Tiago Simon, relatando o deslocamento dos libaneses pelo
estado, em particular na Serra, onde se instalou sua família árabe, de origem
cristã maronita. Contou as histórias que passam de geração a geração sobre o
país de origem, “democrático e pacífico, terra do cedro e das belezas naturais
que aprendemos a amar”, ressaltando que ao contrário dos que optam pelo
“partido dos históricos ressentimentos que nos separam”, Simon filia-se ao
grupo que defende a tolerância e a paz.
Tanto que repetiu a manifestação do primeiro
afro-americano a ganhar o Prêmio Nobel da Paz, Ralph Bunche, em 1950, “eu tenho
um viés favorável a árabes e judeus, no sentido de que acredito que ambos são
povos honrados, povos de bem e, portanto, capazes de fazer as pazes também”,
justificando a homenagem à independência de Israel como reconhecimento não só
por ser a terra da bíblia sagrada, da arqueologia e de grande parte da história
humana, e também o local de nascimento de Jesus Cristo.
Resiliência e reorganização
Salientou a vanguarda do país, sua resiliência,
capacidade tecnológica, o progresso e o seu desenvolvimento como “algumas de
suas conquistas mais impressionantes”, recapitulando, a seguir, os detalhes das
raízes da cultura judaica, a história de Abraão, sua terra, Canaã, seu povo e
sua descendência que durante 400 anos viveram como escravos no Egito, até a
libertação por Moisés. Da caminhada até a terra prometida surgiu a Lei Mosaica,
“o código de justiça que se tornou uma das principais fontes do direito de
todos os povos, defendendo a valorização a vida e a dignidade da pessoa
humana”. Reunidos em tribos e liderados por Davi, “a quem Deus prometeu que sua
descendência reinaria para sempre”, continuou o parlamentar, destacando o papel
do Rei Salomão, “o mais sábio da história”, período em que se deu a divisão do
reinado pela conquista dos impérios assírio e babilônico e resultou na
destruição do templo e expulsão do povo judeu de suas terras por cerca de 70
anos. Mesmo depois de autorizados a retornar, muitos permaneceram esparramados
pelo mundo.
Tiago Simon destacou o nascimento e o papel de Jesus
Cristo para a comunidade cristã, cujo legado se expandiu pelo planeta. Depois
de crucificado, novamente os judeus perderam o domínio de seu território, mas
da época das Cruzadas até o século XV, os turcos voltaram a ser tolerantes com
a presença dos judeus, “o embrião para a reorganização de Israel como um futuro
estado”, observou Simon. O intenso movimento antissemita na Europa, na segunda
metade do século XIX, provocou a compreensão de que a sobrevivência do povo
judeu somente se daria através de um governo em seu próprio território. À
proposta de criação de um país soberano, em 1896, seguiu-se a declaração de
Balfour, em 1917 e, após a Primeira Guerra Mundial, o reconhecimento mundial “à
conexão histórica do povo judeu com a Palestina”, frisou o deputado, tendo sido
o holocausto nazista “a última sentença que tornou patente a necessidade de
ratificar internacionalmente esta demanda do povo judeu”, o que se deu com a
criação do Estado de Israel.
Em 29 de novembro de 1947 a Assembleia Geral da ONU,
presidida por Oswaldo Aranha, ex-parlamentar da Assembleia Legislativa, aprovou
o plano de participação que previa a divisão do território palestino, “dando
tanto a árabes quanto a judeus, o direito de concretizarem o estabelecimento de
seus estados e de, finalmente, terem um lar”, afirmou. Oswaldo Aranha, pelo
papel desempenhado nesse momento histórico, chegou a ser indicado ao Prêmio
Nobel da Paz. Mas foi em 14 de maio de 1948 que David Ben-Gurion, o
primeiro-ministro de Israel, leu a Carta de Independência e declarou
oficialmente a criação da nação.
Inovação tecnológica
Tiago Simon destacou Israel como um dos países mais
desenvolvidos do mundo, praticamente sem registro de analfabetismo, tem 46% da
população com diploma de nível superior e, com menos de 9 milhões de
habitantes, registra mais empresas listadas na Nasdaq do que qualquer outra
nação, salvo os Estados Unidos e a China. “É um verdadeiro celeiro de
tecnologia e inovação”, disse da tribuna, onde anualmente surgem mais de 1.400
startups ligadas à geração high tech. Desse território minúsculo e árido
surgiram as mais revolucionárias invenções, continuou Simon, referindo a
adversidade climática – 65% de deserto e baixa precipitação pluviométrica –
como elementos que desafiaram à superação.
O país é líder mundial em cientistas e técnicos de alta
performance; tem 180 das 850 premiações do Nobel, especialmente em economia e
medicina; inventos como a aspirina, TV a cores, o controle remoto, a pílula
anticoncepcional, a cirurgia de cataratas, a vacina contra a hepatite B, o
computador pessoal, a internet, o Google, o Facebook, a primeira filmadora em
forma de cápsula ingerível, que permite o exame de intestino e o primeiro
sistema de detecção do câncer de mama, isento de radiação. O Brasil recebe
tecnologia de ponta israelense na agricultura do Nordeste e expertise em
segurança na organização de grandes eventos, mas “outras parcerias podem ser
feitas, inclusive com o RS”, salientou, referindo-se às empresas israelenses
que estão na vanguarda da quarta revolução industrial.
Ao final, desejou que as duas nações possam estreitar
ainda mais suas relações.
Apartes
Do plenário, manifestaram-se os deputados Capitão Macedo
(PSL); Elizandro Sabino (PTB); Airton Lima (PL); Sebastião Melo (MDB); Mateus
Wesp (PSDB); Pepe Vargas (PT); Elton Weber (PSB); Dr. Thiago Duarte (DEM);
Sérgio Peres (Republicanos); e Giuseppe Riesgo (NOVO).
Uma bonita atitude!! Independente das motivações dos atritos que afligem árabes e judeus no Oriente Médio, suas comunidades de imigrantes no Brasil convivem sem problemas, adotando o pacifismo e a tolerância que o povo brasileiro ainda cultua.
ResponderExcluirMuito bonito tudo isso!
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