Leia toda a análise:
Os municípios, considerando os dados completos do
primeiro semestre, apontam para uma situação muito semelhante à observada para
os estados e para a União. Em um momento em que as receitas estão caindo em
termos reais e as despesas seguem regras rígidas que não permitem cortes expressivos,
a piora das contas públicas tende a se acentuar. Assim, os municípios estão, em
sua maioria, diminuindo os resultados primários obtidos. É por isso que muitos
já pediram auxílio da União, tentando acordos para alongamento de dívida como
aconteceu com os estados. A União não sinalizou disposição em negociar com os
municípios por enquanto, até por falta de espaço fiscal do governo federal. A
própria renegociação da dívida dos estados irá afetar positivamente as contas
dos municípios – já que alguns estados estariam diminuindo o ritmo de
transferências aos municípios, o que melhoraria com a renegociação.
Desempenho mais fraco da economia chinesa em julho
reforça expectativa de desaceleração neste segundo semestre
- Há um ano, as preocupações com a China aumentaram
diante do anúncio de que o regime cambial do país mudaria, levando a uma forte
e rápida depreciação da moeda. Esse foi o gatilho para que a saída de capitais
ganhasse força, ao mesmo tempo em que a economia começava a desacelerar de
forma mais notável. O governo conseguiu apenas estabilizar a economia no início
deste ano, com a intensificação dos estímulos monetários, injetando muita
liquidez no sistema – o que levou a uma ampliação agressiva das concessões de
crédito. Em paralelo, contendo a depreciação da moeda e aumentando o controle
do fluxo, a saída de capital perdeu força.
- Com os dados de julho conhecidos nesta semana, parece
que os riscos de desaceleração mais pronunciada da economia chinesa começam a
crescer, ainda que a saída de capital tenha sido controlada e os mercados
tenham se estabilizado. Sabe-se que o custo das políticas mais frouxas
foi o aumento da alavancagem e a postergação do ajuste da capacidade instalada,
além da quase interrupção das reformas estruturais.
- Assim, na ausência de sinalizações mais claras sobre a
condução da política econômica neste segundo semestre, podemos fazer duas
apostas, sendo uma mais negativa e outra mais favorável para o crescimento de
curto prazo. A primeira delas é que, diante dos riscos sistêmicos para o
sistema financeiro e da pressão para que a reforma do lado da oferta avance, a
desaceleração será mais forte do que esperávamos e a probabilidade de que o
crescimento do PIB fique abaixo da meta de 6,5% vem subindo. Por outro lado, ‒
com uma chance maior do que a primeira aposta ‒ podemos assumir que, frente à
transição política do Partido que acontecerá no ano que vem, a estabilização da
economia será mais importante do que os ajustes estruturais e poderemos
assistir a uma nova rodada de afrouxamento monetário e fiscal. Além dos debates
relacionados à preservação do crescimento de curto prazo versus o ajuste
estrutural de longo prazo, esperamos algum arrefecimento vindo do setor
imobiliário e certa estabilidade do renmimbi ao longo deste segundo
semestre.
Octavio de Barros
Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos -
BRADESCO
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