Desfecho para a crise
ANA AMELIA LEMOS S
Senadora PP-RS
ana.amelia@senadora.gov.br
A sociedade acompanha, perplexa, a crise política e
institucional que recrudesceu nas últimas semanas, ameaçando contaminar a
economia, que apresentava sinais visíveis de recuperação. Não é mais possível protelar decisões que
precisam ser tomadas para garantir um mínimo de normalidade ao cotidiano dos
brasileiros. É preciso acelerar a retomada do crescimento econômico e produzir
o círculo virtuoso que resulte em desenvolvimento sustentável, reduzindo o
grave problema social provocado pelo desemprego. Hoje são mais de 14 milhões de
brasileiros na informalidade. O governo Temer está com poucas condições
políticas, indispensáveis para garantir a governabilidade. Aos desacertos políticos se somam graves
denúncias que vieram à tona, envolvendo a figura do próprio presidente e de
assessores muito próximos. O resultado é um governo fragilizado, acumulando
impopularidade, como atestaram recentes pesquisas de opinião.
A saída honrosa para Temer e a solução mais rápida para o
impasse seria a renúncia. Porém, essa saída foi descartada pelo presidente.
Portanto, entendo que, agora, a alternativa pode ser o julgamento do TSE, se
favorável à cassação da chapa Dilma/Temer.
Esse julgamento está pautado para 6 de junho. Mesmo que não se possa
pressionar ou influenciar a Justiça, expresso a convicção de que um julgamento
rápido pode sim, contribuir para aliviar a tensão no país, provocada pela
crise.
É evidente, também, que não se pode exigir da Justiça que
desate os nós apertados dessa aguda crise política. A manifestação célere do
TSE, nesse julgamento, entretanto, dará rumo às providências constitucionais e
eleitorais que deverão ser tomadas na sequência.
Essa seria, sem dúvida, a resposta mais adequada, porque
respeitaria o rito constitucional. Como bem destacou recentemente a presidente
do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, “ou o Brasil se salva com a
Constituição ou vamos ter mais problemas”. Acredito que o desfecho da crise
política precisa ser balizado pelo respeito à Constituição e não com o atalho
sonhado pela oposição. A pressa não é da classe política, apenas. A pressa maior
é de 14 milhões de desempregados no país, que não podem ficar contemplando o
agravamento da crise.
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