Bom articulador, mas dono de histórias mal contadas, o
presidente teve coragem para aprovar medidas importantes
Pode-se acusar o presidente Michel Temer de tudo, menos
de não ter coragem. Fez uma carreira que muitos outros percorreram. Bom
articulador, mas dono de histórias mal contadas, que alcançaria o ápice quando
presidiu a Câmara. Seria apenas um Henrique Alves com mais estatura se não
acabasse virando presidente. A má fama do PMDB ajudou a consolidar sua péssima
imagem, que foi potencializada quando sucedeu a Dilma Rousseff. E que
desmilinguiu-se depois daquela conversa estranha, para não dizer criminosa, com
o empresário Joesley Batista no subsolo do Jaburu.
Temer tem o maior índice de rejeição de um presidente na
História da República. E não foi poupado sequer pelo carnaval. No caso da
crítica da Paraíso do Tuiuti às reformas, a escola acertou em cheio, Temer é
mesmo o principal responsável por elas. Em pouco mais de um ano e meio de
mandato, o presidente fez aprovar no Congresso inúmeras leis reformistas
encaminhadas por ele ou elaboradas no Parlamento, mas com o seu aval. Pode-se
gostar ou não das reformas, mas elas foram feitas. E por Temer. A ver.
Gastos públicos. Lei que estabeleceu limite de gastos
públicos. Sem qualquer dúvida, trata-se da mais importante ferramenta para o
equilíbrio das contas públicas desde a Lei de Responsabilidade Fiscal. A
oposição se opôs, alegando que a lei limitava as ações públicas.
Trabalhista. A reforma trabalhista e a Lei da
Terceirização, aprovadas em duas etapas, acabaram com a contribuição sindical,
reduziram custos de mão de obra e possibilitaram contratações sem vínculos
empregatícios formais. As medidas flexibilizaram a legislação de maneira a
ampliar a empregabilidade. O PT diz que elas retiraram direitos do trabalhador.
Taxa de juros. Medida Provisória mudou a taxa de juros
que remunera o BNDES da TJLP para TLP. Levou o banco de fomento a operar com as
taxas de juros do mercado, o que faz todo o sentido num mercado repleto de
crédito bom e barato. Numa economia com inflação baixa, não tem mesmo por que
subsidiar crédito. Os empresários chiaram.
Autonomia do Banco Central. Decisão de devolver a
autonomia ao Banco Central foi importante para a queda da inflação de um
patamar de 11% para 3% ao ano. Teve também como consequência a redução da taxa
de juros. Houve resistência até mesmo dentro do BC.
Lei das Estatais. Foi aprovada no Congresso a Lei das
Estatais, que cria regras para a indicação de diretores de empresas públicas. O
primeiro impacto depois da sua aprovação foi a nomeação de funcionários de
carreira para a direção da Caixa para substituir outros, acusados de
envolvimento em falcatruas.
Pré-Sal. Lei desobrigou a Petrobras de participar de
todos os contratos de exploração dos campos de petróleo do Pré-Sal com no
mínimo 30% de participação. A medida destravou os investimentos que estavam parados
por absoluta falta de capacidade financeira da estatal de participar de tudo. A
oposição diz que o Brasil abriu mão de sua soberania.
Conteúdo local. Lei reduziu a exigência da participação
da indústria nacional na produção de equipamentos e produtos em contratos
governamentais. O percentual anterior estabelecia uma espécie de reserva de
mercado para diversos setores, mas encareceria os produtos ao evitar
concorrência externa.
Recuperação fiscal dos estados. Medida Provisória
permitiu que estados com alto endividamento e problemas graves de caixa
tivessem suspenso por três anos o pagamento de suas dívidas com a União.
Provisoriamente, salvou estados como o Rio, que estavam em condição de
pré-insolvência.
Ensino médio. Reforma reduziu as matérias obrigatórias de
13 para cinco por ano, possibilitando que o aluno tenha ainda duas cadeiras
eletivas, que podem ser cadeiras profissionalizantes, o que ajuda a inserção de
jovens no mercado de trabalho. A reforma do ensino médio pode possibilitar
também a redução da repetência e da evasão escolar.
Ministério da Segurança. Ao decretar a intervenção na
Segurança do Rio e ao mesmo tempo propor a criação de um ministério para cuidar
do assunto, Temer levou para dentro do Planalto um problema do qual seus
antecessores sempre fugiram. Claro que Segurança é assunto nacional e há
décadas deveria estar sob o comando do governo federal.
Reforma da Previdência. Seria o último grande teste para
Michel Temer. Se conseguisse aprová-la, sua imagem não melhoria aos olhos dos
brasileiros, na verdade poderia até piorar, mas com certeza entraria para
história como o senhor das reformas. E como a esta altura o presidente não tem
mais nada a perder, ninguém conseguiria fazer tanto, fora Temer.
Aplausos ao Temer pelas reformas.
ResponderExcluir"ninguém conseguiria fazer tanto, fora Temer." Aqui está um trocadilho que evidencia a má vontade do articulista com o presidente. Mesmo reconhecendo o mérito de Temer em aprovar tais reformas, o articulista dá o seu grito ideológico, de forma subliminar: Fora Temer!
ResponderExcluirLivio. Ele quis dizer que ninguém conseguiu fazer tantas reformas exceto Temer! Nada haver com o grito ideológico.
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