Nota de esclarecimento da Petrobras

A recuperação da economia brasileira passa pela retomada de investimentos e geração de empregos. As discussões sobre as melhores políticas para alcançar esse consenso são sempre bem-vindas, mas argumentos simplistas sobre uma inexistente preferência por empresas estrangeiras versus empresas brasileiras nessa retomada não colaboram, além de serem desrespeitosos aos milhões de brasileiros que neste momento buscam trabalho.

A Constituição não diferencia empresas de acordo com a origem de seu capital. Criticar a Petrobras por convidar empresas estrangeiras para retomar as obras de escoamento de gás do pré-sal que serão feitas no Comperj, no Rio de Janeiro, é tão absurdo quanto dizer que todos nós dirigimos carros importados fabricados em São Bernardo, Betim ou Resende por empresas que estão estabelecidas no Brasil há décadas. O emprego gerado por essas companhias é tão necessário e tão bem-vindo quanto qualquer outro. A disposição do setor privado em investir colabora para que o país saia da mais longa recessão da nossa história provocada por experimentos que, travestidos de apoios e estímulos, se provaram fracassados.

É preciso analisar fatos. Vamos a eles:

- atualmente, 20 das maiores empresas com atuação na área de engenharia e obras estão proibidas de contratar com a Petrobras por envolvimento em irregularidades investigadas pela Operação Lava-Jato e não foram convidadas por esse motivo, estando o seu retorno a futuros convites vinculado à assinatura de acordos de leniência e avaliações de integridade realizadas pela área de Conformidade da Petrobras;
- mesmo diante dessa limitação, a definição dos convidados para a licitação da central de processamento de gás envolveu mais de 50 empresas;
- destas, 23 foram desclassificadas por apresentarem um patrimônio líquido ou risco financeiro incompatível com o porte da obra;

-  a participação de empresas locais de menor porte está prevista no edital da licitação para a unidade de processamento de gás por meio da exigência de que empresas estrangeiras que atuem em consórcios tenham, obrigatoriamente, como primeiro parceiro uma empresa nacional;
- o edital também incentiva o estabelecimento de novos investidores no país ao permitir que uma companhia sem sede no Brasil que eventualmente ganhe a licitação possa ceder os direitos da obra para uma subsidiária que seja constituída no país;

-  a lista final com empresas convidadas a apresentar propostas é formada majoritariamente por companhias que estão estabelecidas no Brasil (21 empresas). São parceiros do país na geração de emprego e renda aqui dentro e passaram por avaliações internas de integridade;
- por fim, a Petrobras reafirma sua política de buscar parceiros locais como prioridade, como já vem fazendo em vários processos de contratação em andamento, caso da planta de retirada de enxofre (SNOX) na refinaria Abreu e Lima (RNEST). No caso da central de escoamento de gás do pré-sal, fatiar a obra em vários contratos de menor valor com o objetivo único de garantir concorrentes de capital nacional aumentaria custos, riscos técnicos e de interface entre esses diversos contratos, situação contrária à necessidade de viabilizar novos investimentos ao país.

Crianças correm grandes riscos na internet

Crianças correm grandes riscos na internet - Patricia Knebel 

O computador, o tablet e o smartphone se tornaram um objeto de desejo de 10 entre 10 crianças e adolescentes. Por esses gadgets eles choram, batem pé e acabam convencendo os pais a ajudá-los a entrar, muitas vezes cedo demais, no mundo da tecnologia. Mas você já parou para pensar que os simples hábito de jogar no computador pode estar expondo o seu filho a riscos seríssimos, como o dele achar que está trocando informações sobre táticas do game com um menino da sua idade quando, na verdade, está conversando com um pedófilo? Ou que, ingenuamente, a sua filha está enviando fotos íntimas pelo Facebook na intenção de conhecer um ídolo? Foi isso que aconteceu recentemente, quando a tia de uma menina de 10 anos estranhou quando ela pediu uma short de dormir emprestado e foi averiguar. Descobriu que um perfil falso no Facebook do fã-clube da cantora Larissa Manoela estava tentando convencer a menina, e muitas outras, a enviar fotos com roupas curtas sob o pretexto de ter a chance de conhecer a artista. Golpes como esses acontecem todos os dias. Eles tiram dinheiro, inocência e paz das crianças e dos seus pais. Conter isso é uma responsabilidade de todos que as cercam, alerta Daniel Diniz, membro do Conselho Consultivo do (ISC)2 para a América Latina, que reúne 120 mil profissionais de segurança cibernética, e do Conselho Administrativo do Center for Cyber Safety and Education. 

Jornal do Comércio - Qual o tamanho dos riscos aos quais as crianças estão expostas hoje em dia com a internet? 
Daniel Diniz - As crianças correm riscos do tamanho de prédios arranha-céus, ou seja, são muitos, muito altos e podem trazer consequências trágicas em alguns casos se os pais, professores e a sociedade como um todo não assumirem seu papel ativo em protegê-las. Os cibercriminosos estão em uma busca permanente pelos dados dos cidadãos para obter alguma vantagem financeira ilícita. Os alvos preferenciais desses criminosos são as crianças e os idosos, geralmente vulneráveis a golpes conhecidos como engenharia social, em que o golpista procura enganar a vítima fazendo-a revelar informações sensíveis. As redes sociais geralmente são usadas no Brasil e em outros países da América Latina por crianças que ainda não possuem idade apropriada para entender os riscos. Os pais cedem à pressão dos filhos que, muitas vezes, convivem com amigos na escola que também já utilizam essas plataformas antes do tempo. Os criminosos usam essas redes para obter informações de suas vítimas. As crianças também costumam jogar games que possuem capacidade de comunicação e interação com outras pessoas que fingem ser da mesma idade. Existem vários casos de pedófilos utilizando esses meios para cometer seus crimes contra as crianças. 
JC - É muito comum hoje em dia vermos as crianças com tablets e smartphones. Que riscos que chegam por meio desses dispositivos? 
Diniz - Realmente é muito comum os pais presentearem a criança pequena com um celular ou tablet, e um dos riscos é deixar a capacidade de instalação de novos aplicativos sob o controle dela. Muitos aplicativos podem conter o que chamamos software malicioso, os malwares. Este tipo de app malicioso rouba os dados do celular ou tablet, ou pode ligar câmera e microfone sem o conhecimento do usuário a fim de monitorar seus passos. Pensando que nossos filhos possam estar sujeitos a este tipo de ameaça, devemos acordar para o problema e assumir nossa parte na proteção deles. 
JC - Os pais parecem perdidos sobre como agir em relação à tecnologia e às crianças. Qual o conselho que você daria para eles tentarem aumentar a proteção? 
Diniz - Também tenho a mesma sensação. Não só os pais estão perdidos, mas todas as pessoas com as quais as crianças interagem regularmente, como professores, avós, tios, primos e outros familiares. Isso tem uma explicação: a tecnologia evolui de forma rápida demais, e o mesmo acontece com as ameaças ao seu uso. As crianças geralmente são ávidas por tecnologia porque estão em processo de mudança, de aprendizado. Elas se identificam facilmente com as transformações e as assimilam muito rapidamente. Os adultos não conseguem acompanhar esse círculo frenético. O uso consciente e seguro da tecnologia pela sociedade, especialmente pelas crianças, consideradas altos utilizadores (heavy users), é um grande desafio que estamos enfrentando no século XXI. É um problema que deve ser combatido todos os dias pela sociedade, sobretudo com muita informação e debates sobre os riscos que estamos correndo de forma a embasar a tomada de boas decisões. No caso das crianças, é fundamental que elas conheçam estes riscos e sejam acompanhadas por pais, professores e familiares. O principal conselho é: acorde imediatamente para esse assunto. Seu filho já está correndo riscos que ele e você desconhecem. Alguns podem trazer consequências amargas pelo resto da vida, muitas vezes por negligência nossa, pais e/ou responsáveis. Busque informar-se, leia a respeito do tema e procure aconselhamento com as pessoas em quem você confia. 
JC - Como os pais podem buscar criar um instinto de navegação segura? 
Diniz - Criar a cultura de segurança no uso da tecnologia pelas crianças, adultos e toda a sociedade é adicionar estes hábitos seguros ao dia a dia delas. À medida que elas incorporam esses hábitos, não importa qual é tecnologia ou dispositivo usarão, pois já terão o hábito de usar a tecnologia em seu benefício para aprender, se divertir, se comunicar com a família, mas sem se expor. Esses hábitos seguros significam para o uso da tecnologia o mesmo que a higiene para a saúde humana: prevenção. Prevenir-se contra riscos, usando a tecnologia para o que ela foi realmente criada: melhorar nossas vidas.