Exportações gaúchas caíram 5,4% no ano passado

A Fiergs informou esta tarde que o ano de 2016 fechou com as exportações em queda no Rio Grande do Sul. 

Houve retração de 5,4% em relação a 2015, com um acumulado de US$ 16,6 bilhões nos 12 meses. Segundo o estudo da Fiergs, o pior resultado veio do grupo das commodities, que recuou 12,1% (somando US$ 4,1 bilhões), principalmente por causa das quedas nas vendas de soja (-7,9%) e de trigo (-7,7%).

De acordo com Fiergs, dois fatores contribuíram para que o nível mais baixo no setor registrado desde 2006 não fosse ainda pior: em primeiro lugar, houve a contabilização como exportação da plataforma de petróleo e gás no mês de novembro, totalizando US$ 388,9 milhões. Além disso, o setor de Celulose e Papel registrou exportações de US$ 636 milhões, um avanço de 80,7%, em função da expansão da capacidade produtiva da CMPC Celulose Riograndense, em Guaíba. Se a operação com a plataforma não tivesse ocorrido e as exportações de Celulose e Papel fossem iguais as de 2015, o setor secundário cairia 7,6%.
O segmento de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias vendeu US$ 1,02 bilhão, o que representa um crescimento de 5,2%, e exerceu a segunda maior influência positiva. Segundo estudo da Fiergs, o acordo comercial firmado com a Colômbia, que aumentou as vendas externas do setor para o país em 136,2%, contribuiu com a alta.
Por sua vez, Produtos Alimentícios (-9%), Produtos Químicos (-10,5%) e Máquinas e Equipamentos (-7%) exerceram as maiores contribuições negativas, muito em função da redução da demanda externa da América Latina e do Caribe, que cresceu em 2016 à taxa mais baixa desde 2009.

Em relação às importações, houve queda de 17%, somando US$ 8,3 bilhões em 2016. As principais influências negativas vieram de combustíveis e lubrificantes (-46,7%), bens intermediários (-11,9%) e bens de capital

Análise, Bradesco - Entenda o que a queda dos juros sinaliza para a retomada do crescimento econômico

Banco Central acelerou ritmo de corte de juros e reduziu a taxa Selic de 13,75% para 13,00%
O Comitê de Política Monetária (Copom) optou por reduzir a taxa de juros em 0,75 p.p., levando a Selic a 13,00% a.a., em decisão anunciada ontem. O corte foi maior que o esperado por nós e pelo mercado (-0,50 p.p.) e marcou a intensificação do ritmo de flexibilização das condições monetárias iniciada em outubro do ano passado, com duas reduções de 0,25 p.p. A decisão foi respaldada por fundamentos econômicos que vêm se consolidando ao longo do tempo e favorecem uma distensão monetária mais intensa. Dentre as alterações no cenário macroeconômico que possibilitaram maior queda de juros, destacamos (i) o reconhecimento de que o desempenho da atividade econômica está aquém do esperado e de que as informações disponíveis apontam para uma retomada mais gradual e lenta do que a prevista anteriormente; (ii) as surpresas baixistas com a inflação no curto prazo e os sinais de que o processo desinflacionário está mais difundido, atingindo também componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária; (iii) a continuidade de queda das expectativas de inflação para 2017 e a ancoragem ao redor da meta de 4,5% para 2018, com as projeções condicionais do Copom para o final deste ano recuando para 4,0% e 4,5% nos cenários de referência e de mercado, respectivamente e (iv) o encaminhamento e aprovação das reformas fiscais que têm se mostrados positivo no curto prazo. Ainda que os impactos do "fim do interregno benigno" tenham sido limitados até o momento, as incertezas em torno do cenário externo permanecem como fator de risco. Além disso, o comunicado enumerou outros riscos, como as incertezas em torno da aprovação e implementação de ajustes fiscais e a possibilidade de interrupção do processo de desinflação de componentes do IPCA mais impactados pela atividade econômica.

Vale destacar que o Copom avaliou a opção de reduzir a taxa de juros em 0,50 p.p., mas a ancoragem das expectativas de inflação, a disseminação da desinflação e a atividade econômica mais fraca propiciaram a antecipação e o estabelecimento de nova velocidade de corte de juros. Consideramos a decisão correta e amplamente sustentada por fatores técnicos, e esperamos que o BC opte por novas reduções de 0,75 p.p. da taxa Selic nas próximas três reuniões, tendo em vista que as condições apontadas para a intensificação do ciclo de flexibilização seguirão presentes. O próprio Banco Central (BC) sinalizou no comunicado que este será o ritmo natural de distensão monetária nas próximas reuniões na ausência de grandes surpresas adicionais no cenário. Em relação à Selic ao final de 2017, mantemos nossa projeção de 9,50% ao ano, como reflexo da mensagem do BC de que a intensificação do ritmo de corte se trata de uma antecipação do ciclo de ajuste monetário, sinalizando não haver, neste momento, a percepção de que o ciclo deva ser mais extenso do que o previamente previsto. Por fim, ressaltamos que a Ata do Copom, a ser divulgada na próxima terça-feira, trará mais detalhes da avaliação do cenário da economia brasileira e dos próximos passos da autoridade monetária.