Capital amplia serviços de saúde mental com estrutura inédita no país


Porto Alegre será a primeira cidade do país a contar com um Centro de Atenção Psicossocial voltado a usuários de Álcool e Drogas (CAPS AD IV) em funcionamento 24 horas por dia. Segundo o prefeito Nelson Marchezan Júnior, o serviço será oferecido com psiquiatra à disposição durante todo o período em uma área da cidade conflagrada como região de vivência de usuários de drogas.

Desde 2012 a capital não contava com a abertura de um novo CAPS. A Prefeitura de Porto Alegre deve inaugurar o espaço – chamado de Céu Aberto - no mês de dezembro e a estrutura, localizada na Vila dos Papeleiros, próximo a Estação Rodoviária, será administrado pela Associação Educadora São Carlos. A instituição foi qualificada através de edital de chamamento público para receber R$ 519 mil para gerenciar o CAPS.

Conforme o secretário municipal de saúde Erno Harzheim, a estrutura é inédita no país. “Com este reforço ampliamos os serviços de saúde mental adequando ainda mais a oferta da rede de saúde do município às necessidades da população de Porto Alegre”, ressalta Harzheim. Ele destaca que o serviço estará a disposição do usuário quando tomar a decisão de buscar ajuda, dando apoio e suporte no momento necessário e em um local bem próximo. “O serviço será instalado em uma das regiões com maior concentração de dependentes químicos da cidade e de alta vulnerabilidade social”, salienta.

A estrutura terá 480m² e contará com 20 leitos e 65 profissionais entre médicos psiquiatras, enfermeiros, assistentes sociais, educadores físicos e terapeutas. No local haverá oferecimento de banho para os usuários, kits para higiene pessoal, comida, atendimento individual e em grupo, leitos de observação e de permanência. Toda a arquitetura do prédio do CAPS IV foi discutida com pessoas em situação de rua para melhorar o acolhimento do local.

Os Centros de Atenção Psicossocial visam oferecer cuidados em saúde mental na comunidade e tem o papel de reduzir o número de internações hospitalares por motivos de saúde mental. Hoje a capital conta com 12 CAPS. Entre o final deste ano e o início do próximo serão abertos outros dois novos CAPS do tipo III (na região Restinga, Leste-nordeste, Sul-Centro Sul - cada um com 12 leitos). Esses serviços servirão de porta de entrada para a dependência química.

O novo CAPS faz parte do Plano Municipal de Enfrentamento da Situação de Rua que já beneficiou mais 80 pessoas na capital com moradia, atendimento médico e emprego.

*Tipos de CAPS*
*CAPS AD II* sem leitos, funciona das 8 às 18 *CAPS AD III* possuem12 leitos, recebe pacientes até as 18:00 *CAPS AD IV* (20 leitos, psiquiatra 24horas, em cenas de uso de drogas, recebe pacientes 24 horas por dia


Artigo, J.R. Guzzo, Veja - No fundo do poço


Deve ser extraordinariamente pesado para Lula convencer o público de que é um "preso político" após a sentença que recebeu do eleitorado brasileiro

Quatro anos atrás, apenas quatro anos atrás, o ex-­presidente Lula estava no topo do mundo — ou, pelo menos, acreditava que não havia ninguém acima dele no resto do planeta. Tinha sido presidente da República, eleito e reeleito, por oito anos seguidos. Nesse período, por uma razão ou outra, convenceu os grandes colossos do pensamento político brasileiro e internacional de que seu governo havia sido um fabuloso sucesso, e de que ele, pessoalmente, era um novo Stupor Mundi, o “Espanto do Mundo” neste despertar do século XXI. “He’s the man”,disse dele Barack Obama — ele é “o cara”. Outros altos lordes da cena mundial, do secretário-geral da ONU ao Santo Padre o Papa, lhe prestavam homenagem. Economistas, sociólogos e filósofos acreditavam que Lula conseguira “avanços sociais” inéditos para o Brasil — uma combinação rara de distribuição de renda, eliminação da pobreza e progresso econômico. Tinha eleito sua sucessora Dilma Rousseff, uma nulidade da qual ninguém jamais ouvira falar — e, mais ainda, conseguira o quase milagre da sua reeleição, em 2014. Tinha sobrevivido a pelo menos um escândalo gigante, o da corrupção em massa de parlamentares do mensalão. Tinha descoberto o pré-sal e ia fazer o Brasil entrar na Opep. Tinha construído um estádio bilionário para o Sport Club Corinthians Paulista.

Neste domingo, ao se encerrar a apuração do segundo turno da eleição presidencial de 2018, Lula estava na lona — ou, se quiserem, continuava na sua viagem rumo ao fundo do poço, que ele iniciou dois ou três anos atrás e imaginou que fosse capaz de interromper com uma vitória eleitoral milagrosa. Seu candidato, Fernando Haddad, foi derrotado por um adversário que até seis meses atrás não existia na política brasileira. Confirmou-se, no segundo turno, o que foi anunciado no primeiro: Lula, hoje, é uma garantia de derrota para tudo o que aparece ligado ao seu nome. Quer ganhar uma eleição? Mostre ao eleitorado, como fez Jair Bolsonaro, que você é 100% contra Lula. Seu partido virou picadinho. Sua reputação continua em ruínas, e só afundou mais com a ação arruaceira do PT para tumultuar o pleito. Pior que tudo, Lula sai das eleições no mesmo lugar onde estava quando entrou nelas: na cadeia, cumprindo há sete meses uma pena de doze anos por corrupção e lavagem de dinheiro. Após mais de trinta anos no centro das decisões, pode estar a caminho de ser eliminado como uma força ativa na vida política do Brasil.

O que aconteceu com Lula e com o PT em tão pouco tempo? É extraordinariamente pesado para Lula, depois de usar um maciço sistema de forças, pressões e dinheiro para convencer o público de que é um “preso político” condenado sem “provas”, receber a sentença que ele recebeu do eleitorado brasileiro: não, não queremos mais que você seja presidente; queremos, isto sim, que você continue na cadeia. Está na cara que em algum momento, entre as alturas de 2014 e o desastre da eleição de 2018, alguma coisa deu horrivelmente errado. O que foi? Na verdade, muitas coisas deram errado — ou, mais exatamente, quase nada mais deu certo desde o momento em que, já no segundo governo Dilma, a Justiça brasileira começou a investigar de verdade a corrupção no governo. A Operação Lava-Jato foi um terremoto em câmera lenta. Continua até hoje a mandar gente para a penitenciária, mas no início praticamente ninguém acreditava que aquilo fosse dar em alguma coisa. Nunca tinha dado. Por que iria dar agora?

Pior que estar errado é continuar errando, e nisso Lula tem se mostrado insuperável ao longo de seus anos de desmanche. Não é tão complicado assim entender o porquê. Um dos problemas do ex-presidente é essa coisa de dizerem o tempo todo que ele é um gênio da política, um cérebro com capacidade sobrenatural para sair ganhando de qualquer desastre em que se mete. Falam assim os devotos, os admiradores liberais, a mídia, o mundo e os adversários. A complicação é que o ex-presidente acredita nisso tudo. Parece não compreender que, quando os entendidos em política anunciam que Lula é capaz de voar, quem tem de acreditar é a plateia, não ele. Mas Lula acredita — e, como não voa, só pode mesmo acabar despencando no chão. Talvez ninguém tenha resumido a situação tão bem quanto o senador eleito Cid Gomes, do Ceará, ao ser confrontado com um pelotão de fiéis que gritavam “Lula, Lula”, logo após o naufrágio no primeiro turno. “O Lula está na cadeia, babaca”. Acontece que a Lava-Jato e o trabalho do juiz Sergio Moro, mais o Ministério Público, a Polícia Federal e o TRF-4 de Porto Alegre, acabaram, sim, dando em muita coisa — na verdade, jamais uma ação do Judiciário brasileiro deu em tanta coisa. Eventualmente, com o tempo, mostraram que o rei estava nu, ao provar que nos governos de Lula e de Dilma a prática da corrupção superou a roubalheira de qualquer outra época, talvez em qualquer lugar do mundo. Lula esteve entre os que não acreditaram que a terra começava a tremer. Estava errado.

Sua principal conquista, hoje, se resume a sair um dia da prisão — pouca coisa para quem já esteve na primeiríssima classe da vida. O fato é que o ex-presidente não soube reagir quando começou a sofrer derrotas, e a melhor demonstração disso é que não quis, em nenhum momento, admitir que tinha sido derrotado em alguma coisa. Em vez disso, e de pensar com seriedade nas causas de seus problemas, resolveu embarcar num cruzeiro de ilusões. Problema? Que problema? No primeiro tombo complicado, no episódio do Mensalão, começou dizendo que tinha sido “apunhalado pelas costas” e que o povo merecia “desculpas” — mas, um minuto depois de ver que ia escapar do desastre a preço de custo, voltou atrás e passou a jurar que não havia acontecido nada de errado, imaginem só que absurdo. Daí em diante, nunca mais acertou o passo. Como se livrou do primeiro desastre, achou que iria se livrar de todos — só que, na vida real, não estava se livrando de nada. Estava apenas aumentando o tamanho do buraco em que tinha se enfiado.

A sequência é bem conhecida. Lula errou horrendamente quando escolheu Dilma para guardar sua cadeira de presidente por quatro anos. Errou de novo quando ela não quis sair e inventou de ser reeleita; em vez de exigir que o “poste” fosse embora para que ele próprio se lançasse candidato à Presidência, como planejava, fez de conta que estava tudo bem. Seguiu-se, daí, a maior calamidade que Lula e o PT poderiam esperar — Dilma foi um desastre ainda pior depois da reeleição, e tanto ele como o partido ficaram olhando, sem fazer nada, enquanto a grande “gerente” mandava tudo para o espaço. Quando o povo foi para a rua, em multidões cada vez maiores, Lula e o PT decidiram que não estava acontecendo nada; era só um bando de “coxinhas” fazendo barulho no domingão. Quando perceberam, enfim, que aquilo tudo estava simplesmente levando ao impeachment de Dilma, perderam de novo. Lula tentou ser ministro — foi barrado pela Justiça, que a essa altura já estava roncando à sua volta. Mudou-se para Brasília, imaginando que tinha poder para virar a votação no Congresso a favor de Dilma. A sucessora acabou deposta por quase três quartos dos votos.

Não passou pela cabeça de Lula nem pela dos dirigentes do PT, a essa altura, que a situação toda estava indo para o saco. Ao contrário: acharam que a grande ideia era “ir para cima” e balançar ainda mais o barco. Inventou-se a lenda do golpe — não colou. Partiram para uma briga com a opinião pública, do tipo “ou eu ou ele”, entre Lula e Sergio Moro, o “juizinho do interior” — deu Moro, disparado. Em vez de montar uma defesa jurídica profissional, técnica e voltada para a eficácia, Lula decidiu transformar seu processo numa “causa política”, sonhando que “a população” fosse bloquear o trabalho normal da Justiça e salvar o seu couro — apesar de todas as provas de que “a população”, já fazia muito tempo, estava pouco ligando para o que lhe acontecia. Ficou apostando em safar-se com trapaças jurídicas miúdas, ou com traficâncias no submundo dos tribunais superiores, ou com acertos secretos na “segunda turma” do STF — capaz, no imaginário petista, de salvar da cadeia não só Lula, mas quem Lula mandasse ser salvo. Não deu em nada. Com ele já trancado em sua cela em Curitiba, montou-se a fantasia de um acampamento gigante em torno da prisão, que ali ficaria “até Lula ser solto”. No seu momento de maior esplendor, o cerco reuniu 500 pessoas. Chegou a ficar com setenta. Há muito tempo não existe mais. A “convulsão social” com “derramamento de sangue” prometida pelo alto-comando do PT jamais apareceu. “A ONU” mandou soltar Lula, anunciou-se através do mundo. Ninguém ligou — possivelmente nem a ONU.

A última tentativa de virar o jogo, com a campanha eleitoral, teve o seu desfecho neste domingo, com o resultado que se sabe. Como em quase tudo o que tem acontecido com Lula e o PT no passado recente, foi uma sucessão de erros, cegueira e ilusões. Começou com a alucinação de que Lula, preso e condenado em duas instâncias a doze anos de xadrez, seria o candidato do partido. Daí em diante só piorou. Em nenhum momento o ex-presidente tentou entender por que, afinal de contas, tanta gente estava querendo votar em Jair Bolsonaro. Nem ele nem o seu sistema de apoio se interessaram em pensar um pouco nas propostas do adversário — e muito menos em propor alguma alternativa a elas. Ficaram repetindo, do começo ao fim, a mesma lista de acusações a Bolsonaro, apesar do evidente pouco-caso da maioria do eleitorado em relação a todas elas — homofobia, racismo, fascismo, elogio à tortura, desprezo à mulher, defesa do porte de armas, intenção de criar uma ditadura no Brasil. Deram a impressão de não ter percebido que nada disso tirou um voto sequer do concorrente. Nem mesmo notaram a realidade básica de que não podiam tratar como “inimigo”, ou “ameaça”, um candidato que não era nem inimigo nem ameaça para os 50 milhões de brasileiros que votaram nele no primeiro turno. Onde está o “gênio político” que não prestou atenção a nenhuma dessas coisas?

Lula e o PT tiveram uma ilusão fatal, também, com a sua celebradíssima capacidade de “transferir votos” e de transformar “postes” em governantes vitoriosos. Há transferência a favor, claro, mas hoje em dia o problema é que Lula, ao mesmo tempo, transfere voto contra para os seus candidatos; ganha um, perde dois. Já transferiu com sucesso votos para Dilma e para o próprio Fernando Haddad, presenteado com a prefeitura de São Paulo. Mas aí era outro Lula. Já há dois anos, na última vez que se pôde medir seu condão de transferir votos, não transferiu nada — não funcionou, aliás, com o mesmo Haddad, que perdeu a prefeitura no primeiro turno para um adversário que nunca tinha disputado uma eleição na vida. O PT, nas eleições municipais de 2016, foi moído nas urnas. Lula, a essa altura, era um Lula a caminho da cadeia; já não conseguia eleger postes, como não elegeu agora. A ficha demorou a cair. A votação do primeiro turno avisou: “Fora, Lula”. E qual a primeira coisa que Haddad fez logo depois de ter ouvido esse recado? Foi visitar Lula na cadeia.

Houve uma tentativa aparentemente desesperada, aí, para virar a casaca — mas já era tarde demais. Os cérebros estratégicos do partido acharam melhor, no segundo turno, que Haddad se transformasse num personagem de fic­ção, inexistente até a véspera. Queriam que ele aparecesse, de repente, como um sujeito que não tinha nada a ver com Lula. Tiraram o nome do ex-presidente da campanha, e sumiram as máscaras com o rosto de Lula sobrepondo-se ao de Haddad. O vermelho foi suprimido da paleta de cores do PT — tudo ficou subitamente verde-amarelo. O programa do candidato foi mudado: apagaram alguns dos pontos mais claramente suicidas e instruíram o até então Lula-Haddad-Lula-Haddad-Lula-Haddad a fazer uma cara de Fernando Henrique. Perda de tempo. Galinha que anda com pato, como ensina o dito popular, acaba morrendo afogada. Haddad andou tanto com Lula que acabou entrando na água com ele. Entrou vestido de verde-amarelo, mas a roupa a essa altura não adiantava mais nada. Também não adiantou fingir que era Haddad.

Em seu desabamento progressivo, Lula, com a ajuda empolgada do PT, quis representar o papel de mártir. Péssima ideia. Brasileiro, no fundo, não gosta de gente que está na cadeia. Não acha que as penitenciárias estejam cheias de injustiçados. Acha o contrário — que há muita gente culpada do lado de fora. Para a maioria do eleitorado, Lula não é vítima, nem preso político. É só um político ladrão que foi condenado — como deveriam ser nove entre dez dos que continuam soltos. Não é um julgamento sereno, mas é assim que a massa pensa e continuará pensando, e vai apenas perder seu tempo quem quiser convencê-la do contrário. Revela muito da decomposição política de Lula e do PT o fato de terem achado que uma cela de cadeia é um lugar capaz de despertar admiração no povo ou de servir como centro de comando de uma campanha eleitoral.

A vida é cheia de surpresas, como acaba de mostrar a eleição de Bolsonaro, e coisas que nunca aconteceram antes sempre podem acontecer um dia. Lula e seu complexo de forças, mais a quase totalidade dos que se dedicam a explicar o que ocorre na política brasileira, precisariam recomeçar do zero para ter alguma chance de entender, algum dia, o que está havendo com o Brasil de 2018 — e o que pode vir pela frente. Há várias maneiras de fazer isso, mas uma delas, certamente, é admitir que existe neste país uma imensa quantidade de gente inconformada com quase tudo o que o poder público lhe serviu nos últimos trinta anos, de José Sarney a Michel Temer. Os políticos perderam o controle das ruas — e para a esquerda, que sempre imaginou que a rua estaria do seu lado, a perda é uma calamidade ainda maior. O fato real é que Lula e seu partido não têm mais nada a ver com a massa, como não tinham nas manifestações de 2015 e 2016. Quem leva gente à praça pública, hoje, é o presidente eleito Jair Bolsonaro. Enquanto essa realidade não for encarada com firmeza, ele continuará sem competição verdadeira.

Artigo, juíza Daniele Moura - É o STF quem viola a Constituição

Esta é a resposta da Juíza Daniele Moura, da EMERJ, ao Ministro Toffoli

Não Toffoli, é você e seus colegas do STF que constituem a maior ameaça à nossa democracia. Foi você quem votou pela libertação de José Dirceu, já condenado em 2a instância, contrariando a lei e a jurisprudência emanada pelo próprio pleno do STF. Foi seu colega Lewandowsky quem atropelou a Constituição e manteve os direitos políticos de Dilma Roussef no final do processo de impeachment. Foi seu colega Lewandowsky quem fez de tudo para dar ao presidiário Lula a oportunidade de conceder uma entrevista à mídia em pleno processo de campanha eleitoral, interferindo diretamente no processo. Foram seus colegas da 2a turma que tentaram de todas as formas revisar a jurisprudência da execução da pena a partir da 2a instância, tão somente para proteger criminosos poderosos. Foram seus colegas que decidiram não implantar o voto impresso, em decisão que contraria uma lei aprovada pelo Congresso Nacional e devidamente sancionada. Seu colega Gilmar Mendes se transformou na persona mais detestada do país, após ter se transformado em uma espécie de libertador geral da nação. Foram vocês que ao invés de reforçarem o papel legítimo de corte constitucional do STF, o transformaram em uma leniente vara penal vip para ricos e poderosos. Você e seus colegas frequentemente atuam como legisladores, assumindo ilegalmente uma função que segundo a Constituição é exclusiva do poder legislativo. Vocês atuam não como magistrados, mas como uma bancada legislativa a serviço daqueles que os indicaram para tão alto posto, subvertendo por completo a função e a essência legítima desta corte. Vocês se constituem em um grave problema. A nova legislatura terá que, dentro do processo legislativo constitucional existente, encontrar formas legais e legítimas para reformar profundamente esta corte, suas funções e mesmo a totalidade dos seus membros. Vocês é que são a ameaça à democracia que precisa ser anulada pelas instituições democráticas do estado brasileiro

Artigo, Percival Puggina - RS com nova direção


O momento é oportuno, então, para estas ponderações.
Não parece ser justo, em muitos casos, que recaia exclusivamente sobre os ombros dos governantes o peso dos insucessos que ocorram em suas gestões. Para efeitos históricos, biográficos e para a pedagogia que se deve colher do cotidiano numa democracia, isso não está certo e não faz bem. Esse débito levado à conta dos governantes não corresponde, por exemplo, ao que vi acontecer nos governos Rigotto, Yeda e Sartori. Deixo de incluir os dois governos petistas que se entremearam à lista porque ambos atuaram como persistentes e ativas empresas de demolição.
Tendo observado de perto os dois governos do PMDB e o governo do PSDB, pude perceber que, após alguns meses, todos estavam perfeitamente esclarecidos sobre as efetivas necessidades do Estado. Já conheciam a realidade e tinham traçado as providências a serem adotadas para pôr ordem nas contas e começarem a promover as iniciativas típicas de Estado com vistas ao desenvolvimento econômico e social.
Mas qual! Saber, conhecer, nunca bastou. Diferentemente do que se crê, governadores não são os autores monocráticos de qualquer medida saneadora das contas públicas. Nada acontece sem aval legislativo; nada que tenha qualquer reflexo no Poder Judiciário acontece sem uma agenda de insistentes e persistentes reuniões entre poderes. Nelas, diálogo e negociação não são sinônimos de entendimento e êxito. Quantas vezes as negociações fracassam e os diálogos não levam a parte alguma!
Por isso, quando ouço postulantes a cargos executivos afirmando que resolverão os problemas com capacidade de negociação e com diálogo, firmo a convicção de que, em breve, estarão pagando o preço da inexperiência. É preciso saber como reagem os parlamentos quando as galerias superlotam, ou quando os corredores dos gabinetes são tomados por corporações funcionais engravatadas, ou pelo cortejo dos amigos.
A palavra final sobre a despesa pública é proferida na Assembleia Legislativa, ou vem, às vezes, escrita pela mão do Poder Judiciário. Quem acompanhar esse diálogo entre poderes, através dos anos, perceberá a sensação de impotência do governante sempre que a impopularidade de qualquer iniciativa abre fissuras na sua base parlamentar. É algo que espanta porque o controle do gasto público está na própria essência da função legislativa e na origem mesma dos parlamentos ao longo da história, desde a Magna Carta de 1215. No entanto, questões de finanças e orçamento suscitam muito pequeno apreço em meio às atividades parlamentares. O orçamento é visto, preferivelmente, sob a ótica do benefício político advindo do gasto e nunca acolhido como um provável ônus político advindo do senso de responsabilidade.
É bom dizer sim ao gasto. É ruim dizer não à despesa. É bom dizer sim ao endividamento. É muito ruim pagar a dívida. O voto – que diabos! – vem do dinheiro despendido e não do dinheiro arrecadado ou economizado.
Haverá quem diga que essa é a lógica da democracia. Mas não penso que se trate de realismo, assim entender. Se realismo for, é um realismo cínico porque não se deveriam salvar mandatos hoje, condenando, ali adiante, as demandas da população ao abandono pelo Estado falido. E a tal ponto chegamos: abandono da população por parte das instituições de Estado que ela custeia para servi-la.
Inverte-se o polo de comando e dependência. A soberania muda de mãos; sai do povo e vai para aqueles a quem constituiu para servi-lo. Já não é o Estado que trabalha para a sociedade, mas é esta que trabalha para manter o Estado. Tal entendimento oposto precisa ser reentronizado nos nossos parlamentos! Deputados e vereadores deveriam sentir-se até mais responsáveis do que governadores e prefeitos em relação às contas públicas. Ao longo da história recente, é prioritariamente de sua conta a crise fiscal da União e dos entes federados. Mas essa consciência só agirá como grilo falante na hora das decisões legislativas quando a própria população tomar consciência, por sua vez, de que a irresponsabilidade deve ser castigada e não premiada na hora da eleição.

Conheça as mudanças no trânsito de Porto Alegre


A Prefeitura de Porto Alegre informa que já foram realizadas alterações no trânsito para transformar a Orla Moacyr Scliar em uma pista de Fórmula 1 para a realização do Heineken F1 Experience, evento programado para o dia 10. A av. Mauá, a partir da rua Gen. Bento Martins, encontra-se bloqueada das 7h desta sexta-feira, 2, até as 23h59 de domingo, 4. Neste ponto, o desvio será realizado pela rua General Bento Martins, rua Washington Luiz, avenida  Augusto de Carvalho. Também encontra-se bloqueada, para a montagem do evento, a rua Pe. Tomé x rua Siqueira Campos, e a av. Pres. João Goulart no sentido Centro/bairro a partir da praça Brigadeiro Sampaio até a rótula João Belchior Marques Goulart. A partir deste ponto, a Edvaldo Pereira Paiva está bloqueada em ambos os sentidos até a Rótula das Cuias, até o dia 13.

Aos usuários do transporte coletivo, as três paradas na av. Loureiro da Silva no sentido bairro, localizadas no Gasômetro, na Câmara dos Vereadores e na Receita Federal, ficam desativadas devido ao desvio realizado pela Bento Martins. A parada do Colégio Parobé estará funcionando normalmente.

Para atender aos inscritos nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que realizarão as provas no Colégio Parobé, que ocorrem nos dias 4 e 11 de novembro, os veículos devem acessar o local pelo Túnel da Conceição e não pela avenida Mauá.

Para o jogo Inter x Atlético Paranaense, 4, às 19h,  quem vem da Região Metropolitana deve acessar a 3º Perimetral, Ipiranga e chegar ao Estádio Beira-Rio pela Edvaldo Pereira Paiva. Outra alternativa é utilizar as avenidas Teresópolis, Nonoai, Campos Velho e acessa o estádio pela região do Barra Shopping.  A partir das 17h, oito ônibus Especial Futebol sairão do Largo Glênio Peres (ao lado do Mercado Público) até o estádio. Além da linha especial, mais de 20 linhas regulares atendem a região pelo corredor da avenida Padre Cacique. Os serviços de lotação, com seis linhas, e de táxi também serão reforçados.

No retorno do feriado de Finados, quem entra na capital pela Castello Branco deve acessar o Túnel da Conceição, Sarmento Leite e João Pessoa. Outra opção é entrar pelo Aeroporto na BR 290 e acessar a 3º Perimetral. 

A partir desta segunda, 5 até o dia 13/11, quando ocorre a desmontagem do evento, o cronograma prevê outras alterações, conforme:

Dia 5/11 à 0:00 até 09/11/ às 20h - montagem
- Bloqueio da avenida Edvaldo Pereira Paiva Bairro/Centro na Rótula das Cuias (Desvio: avenida Augusto de Carvalho, Loureiro da Silva, Vasco Alves, Washington Luiz, Gen. Salustiano, Andradas, Gen. Canabarro)
- Bloqueio da avenida Loureiro da Silva Bairro/Centro x rua Gen. Vasco Alves (Desvio: rua Gen Vasco Alves,Washington Luiz, Gen. Salustiano, Andradas, Gen. Canabarro)
- Bloqueio da avenida Pres João Goulart Centro/Bairro à partir da Praça Brigadeiro Sampaio (Desvio: Pista Bairro/Centro da avenida Pres João Goulart da Praça Brigadeiro Sampaio até a Rótula do Gasômetro)
- Bloqueio da avenida Edvaldo Pereira Paiva Centro/Bairro da rótula do Gasômetro até a Rótula das Cuias (Desvio: avenida Loureiro da Silva, avenida Augusto de Carvalho)

No dia 9/11, das 20h até 12/11 às 6h,  - realização do evento
- Bloqueio da avenida Mauá x rua Gen Bento Martins (Desvio: rua Gen Bento Martins, Washington Luiz, avenida Augusto de Carvalho).
- Bloqueio da avenida Pe. Tomé x rua Siqueira Campos
- Bloqueio da avenida Edvaldo Pereira Paiva Bairro/Centro na Rótula das Cuias (Desvio: avenida Augusto de Carvalho, Loureiro da Silva, Vasco Alves, Washington Luiz, Gen. Salustiano, Andradas, Gen. Canabarro)
- Bloqueio da avenida Loureiro da Silva Bairro/Centro x rua Gen Vasco Alves (Desvio: Vasco Alves, Washington Luiz, Gen. Salustiano, Andradas, Gen. Canabarro)
- Bloqueio da avenida Pe. Tomé x  rua Siqueira Campos

12/11/ às 6h até 13/11 às 23h59 - desmontagem 
- Bloqueio da avenida Edvaldo Pereira Paiva Bairro/Centro na Rótula das Cuias (Desvio: avenida Augusto de Carvalho, Loureiro da Silva, Vasco Alves, Washington Luiz, Gen. Salustiano, Andradas, Gen. Canabarro)
- Bloqueio da avenida Loureiro da Silva Bairro/Centro x rua Gen. Vasco Alves (Desvio: rua Gen Vasco Alves Washington Luiz, Gen. Salustiano, Andradas, Gen. Canabarro)
- Bloqueio da avenida Pres João Goulart Centro/Bairro à partir da Praça Brigadeiro Sampaio (Desvio: Pista Bairro/Centro da avenida Pres João Goulart da Praça Brigadeiro Sampaio até a Rótula do Gasômetro)
- Bloqueio da avenida Edvaldo Pereira Paiva Centro/Bairro da rótula do Gasômetro até a Rótula das Cuias (Desvio: avenida Loureiro da Silva, avenida Augusto de Carvalho)
- Se necessário será bloqueada a avenida Castello Branco Interior/Capital x avenida Mauá para maior fluidez em qualquer uma das etapas.

Telemedicina em UTI pediátrica é lançado pelo Hospital Moinhos de Vento

O projeto é inédito no País. 
Profissionais da instituição de Porto Alegre farão rounds diários, por videoconferência, para atendimento de pacientes em hospitais do SUS em Tocantins e Ceará.

Começou a funcionar nesta quinta, no Hospital Moinhos de Vento, uma forma inédita de atendimento em UTI pediátrica no país. Uma equipe médica em Porto Alegre fará o acompanhamento, por telemedicina, de pacientes em instituições do SUS em Palmas (TO) e Sobral (CE). O projeto TeleUTIP nasce de parceria com o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS).
Nas manhãs de segunda a sexta, médicos e enfermeiros farão videoconferência com seus colegas a 2 mil quilômetros de distância, no Hospital Geral de Palmas, e a 3 mil, no Hospital Regional Norte (HRN), para acompanhar pacientes pediátricos internados em UTI.
Nas instituições de Tocantins e Ceará, as equipes vão conduzir, até os leitos, um carrinho de telemedicina portando, entre outros equipamentos, uma câmera de vídeo de alta resolução. De Porto Alegre, os profissionais do Moinhos de Vento poderão movimentar o equipamento e, entre outros recursos, dar zoom na imagem para ver o paciente mais de perto e verificar dados nos monitores.

Conhecimento de excelência
Cada caso será discutido com os profissionais locais. As decisões – como prescrições de medicamentos, recomendações e condutas – serão anotadas em um prontuário eletrônico. A equipe local precisará dar o ciente nas informações registradas.
“Vamos compartilhar todo o nosso conhecimento de excelência. E todas as especialidades médicas daqui serão oferecidas. Se um paciente necessitar de atendimento cardiológico, por exemplo, haverá um especialista acompanhando o caso”, afirma o médico Felipe Cabral, responsável técnico pelos projetos de Telemedicina do Hospital Moinhos de Vento.
As médicas responsáveis pelas UTIs pediátricas atendidas pelo projeto estavam presentes no lançamento da TeleUTIP, na manhã desta quinta, em Porto Alegre. “Estou impressionada como a telemedicina vai nos ajudar. A tecnologia está avançando e muito. A qualidade da imagem que estou vendo aqui é excelente. Vai ser possível ver muito bem os pacientes”, disse Maria Regina Pinto Komka, coordenadora-chefe da UTI pediátrica do Hospital Geral de Palmas. A instituição é a única na capital de Tocantins com UTI pediátrica. São nove leitos.


Oportunidade para melhorar o atendimento
Manuela Monte, coordenadora médica da UTI pediátrica do Hospital Regional Norte, de Sobral, também aprovou a nova tecnologia. “A nossa UTI é nova, tem cinco anos de funcionamento. A telemedicina será uma excelente oportunidade para qualificar e aprimorar o nosso atendimento. O hospital tem 10 leitos em UTI pediátrica, atendendo uma região com 1,6 milhão de habitantes a 230 quilômetros da capital, Fortaleza.
 O secretário municipal de Saúde de Porto Alegre, Erno Harzheim, também esteve na inauguração do projeto e destacou a importância da telemedicina. “Esse projeto une tecnologia com valores, cuidados, e qualidade assistencial. Essa é a forma de produzir inovação e tecnologia para o bem das pessoas. É unindo um bom conjunto de valores com o que a gente tem de melhor da tecnologia”, destacou o secretário.
A telemedicina é desenvolvida pela Equipe de Responsabilidade Social do Moinhos de Vento em conjunto com a coordenação nacional do Programa Telessaúde Brasil Redes da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, através do Programa de Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS). Por meio desse projeto, instituições de saúde privadas, de reconhecida excelência, desenvolvem projetos para qualificar o SUS.
“Estamos com 29 projetos, por meio do Proadi-SUS, em todo o país na área de educação, pesquisa e gestão. A telemedicina é um grande marco para nós. No ano passado, já tivemos o início do projeto com o Teleoftalmo. Com tecnologia, vamos enfrentar o desafio de melhorar o atendimento de saúde em diferentes regiões do Brasil”, afirma Luiz Eduardo Mariath, gerente de Responsabilidade Social do Hospital Moinhos de Vento.

Expertise a serviço de todo o país
Na abertura do evento de lançamento, o superintendente executivo do Hospital Moinhos de Vento, Mohamed Parrini, destacou o uso da tecnologia para melhorar o atendimento na área de saúde no país. “A telemedicina é mais um desses avanços que reafirmam a nossa essência. São a tecnologia e a expertise de profissionais da área da saúde do Moinhos levando para lugares distantes tudo aquilo que temos de melhor”, frisou.
Ainda no evento de abertura, Carlos Pedrotti, médico de referência do Centro de Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, apresentou os resultados obtidos com o uso dessa tecnologia. A instituição implantou esse modelo de atendimento à distância em 2012, em urgência e emergência. Dois anos depois começou a TeleUTI adulta. Conforme ele, os resultados obtidos mostram a eficiência dessa ferramenta.  “Com a telemedicina, evitamos o retrabalho e o transporte de pacientes para outros centros de atendimento”, ressaltou Pedrotti.

Esta é Gabriela Hardt, a juiza que substituirá Moro na Lava Jato


Os processos da Lava Jato devem permanecer com Gabriela até que ocorra a designação de um novo juiz para a função.

Os processos relativos à Operação Lava Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba passam a ficar sob a responsabilidade da juíza substituta Gabriela Hardt. Nascida em Curitiba, Gabriela estudou engenharia química por dois anos,antes de estudar Direito. Em 2007 prestou concurso para juíza e, em 2009, iniciou a carreira na magistratura, aos 34 anos, como juíza substituta na Justiça Federal, na cidade portuária de Paranaguá.

Aos 42 anos, ela está desde 2014 na 13ª Vara Federal. Substituiu Moro pela primeira vez em janeiro de 2015, ocasião em que determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ex-ministro José Dirceu. Em maio deste ano, ao novamente substituir Moro – que viajara para receber homenagem na Câmara de Comércio Brasil-Estados, em Nova York –, Gabriela Hardt agiu outra vez no processo de Dirceu ao mandar prendê-lo.

Com a saída de Moro da Lava Jato, ela deve ficar a cargo do interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no próximo dia 14, em ação referente ao sítio de Atibaia, no interior paulista.