Artigo, Adão Paiani - De coragem, ovelhas e lobos

De coragem, ovelhas e lobos

Adão Paiani*

“Nenhuma outra força retrógrada forte existe no mundo como ele. Longe de estar moribundo, o Islamismo é militante e sectário da fé. Ele já se espalhou por toda a África Central, levantando guerreiros destemidos em cada etapa; e apesar do cristianismo abrigado nos braços fortes da ciência, e a ciência por si, contra os quais vêm lutando, a civilização da Europa moderna pode cair, como caiu a civilização da Roma antiga.”
“Muçulmanos individuais podem mostrar qualidades esplêndidas, mas a influência da religião paralisa o desenvolvimento social de quem segui-la.”
Winston Churchill, em 1899.

A história tem demonstrado que a falta de preparo, ou coragem, de determinados lideres tem antecedido as grandes conflagrações mundiais.
O exemplo mais próximo, e suas conseqüências, têm no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial, onde Neville Chamberlain insistiu por quase uma década numa política de apaziguamento em relação a Hitler e aos nazistas.
O resultado todos nós hoje sabemos. Milhões de mortos, massacres, o holocausto, economias e países destruídos, e uma civilização às portas de um colapso e de sua própria destruição.
O mesmo se repete hoje. O apaziguado da vez é o Islã. Lideres importantes se intimidam frente a uma pretensa religião que possui mais de um bilhão de seguidores, mas que de fé verdadeira, na transcendência e na divindade, nada possui; sendo tão somente um sistema brutal e sanguinário de domínio geopolítico, com práticas bárbaras capazes de causar repulsa mesmo entre os piores criminosos e desajustados de nossa própria sociedade.
Não há que se dialogar com o Islã; não há que se dar legitimidade a ele como religião, pois isso é tudo que ele não é. Não há que se dialogar com um sistema que incentiva a submissão, mutila e impõe aberrações às mulheres, que violenta crianças, que mata homossexuais em razão de sua condição, impondo um cotidiano de terror nos lugares onde domina; e que explode, tortura e mata inocentes pelo mundo inteiro.
Não há que se dialogar com esse sistema, por absolutamente imoral, irracional, ilegítimo e ilegal, à luz de tudo o que a nossa civilização construiu e representa. A única resposta ao Islã não passa por dar-lhe legitimidade, mas submetê-lo às regras da civilização.
Mas quem consegue colocar essa obviedade na cabeça das principais lideranças ocidentais, a começar por uma que deveria ser iluminada em suas atitudes e decisões temporais?
Ir ao Egito, onde cristãos tem sido sistematicamente massacrados por muçulmanos, reunir-se com alguns milhares de pessoas, rir-se dos próprios chistes e trocadilhos, trocar ósculos e amabilidades com lideres islâmicos, sem impor nada em troca, pode servir ao próprio e disfarçado ego de um líder, para fazer a delícia da mídia internacional amestrada, e às manchetes dos telejornais da noite; mas é uma tragédia para a causa da humanidade.
Um pastor que se divide entre apascentar suas ovelhas e afagar os lobos, a quem mesmo serve?
Resta-nos a esperança de que a providência possa colocar no caminho da humanidade alguém politicamente incorreto, como Churchill: um glutão, com seus charutos, scotch whisky e, aparentemente, todos os defeitos do mundo, mas com coragem para dizer que a única maneira de sobrevivermos é lutando nas praias, em terra firme, nos campos, nas ruas e nas montanhas. E não nos rendermos. Nunca.

* Adão Paiani é advogado em Brasília/DF.

Artigo, Marcelo Aiquel - Os desavergonhados

Artigo, Marcelo Aiquel - Os desavergonhados

      Escrevo hoje para falar sobre tipos que não tem um pingo de vergonha na cara, além de achar que todos são uns idiotas sem memória.   Escrevo, e explico detalhadamente:
      Em primeiro lugar vem a cretinice comprovada do PT, através da Dilma e de seu mentor e parceiro, o canastrão Lula da Silva.
      E que é facilmente comprovada por meio de declarações públicas feitas na TV, em 1º de maio de 2015, ou seja, há menos de um ano. Naquela oportunidade (os vídeos da época são a prova viva disso) a ANTA – falando em nome da presidência, e do PT – defendeu a Reforma da Previdência (como um ato necessário) e da Terceirização do emprego.
      Agora, na greve geral patrocinada pelo PT e seus capachos satélites, não é que o motivo principal alegado pelos baderneiros foi exatamente a Reforma da Previdência e a defesa dos direitos dos empregados.
      Ah, também teve o chavão do “Fora Temer”. Como se toda esta pelegada incoerente não tivesse votado – em massa – na chapa Lula/Temer. E, 4 anos depois, na chapa Dilma/Temer.
      Além disso, não se tem notícia de um só destes baderneiros grevistas ter votado nos adversários destas duas chapas. Portanto, estão querendo colocar para fora o mesmo político que escolheram para eleger. Depois, a oposição é que age com incoerência... São uns desavergonhados!
      Em segundo lugar, mas não menos importante no contexto, está a grande mídia,muito parcial e extremamente tendenciosa. Os jornais e os telejornais concederam imensos espaços para “festejar” a greve, inclusive mostrando e publicando entrevistas com os personagens líderes do movimento. Longos minutos (nos mais variados grupos jornalísticos) para que estes repetissem o mesmo surrado discurso protecionista aos trabalhadores.
      E eu não assisti um só repórter perguntar a estes “chefes” qual seria a sugestão para resolver o problema da Reforma da Previdência.
      Juro que fiquei interessadíssimo em conhecer um plano alternativo. Mas a nossa zelosa e competente imprensa sequer me proporcionou a chance de aprender alguma coisa com tais “gênios”.
      Não sei se foram mais desavergonhados os líderes da greve ou os representantes da imprensa que se anuncia como imparcial e justa.
      Para encerrar este artigo de opinião, não posso evitar uma pergunta bem objetiva: a adesão à greve foiespontânea ou forçada?
      Pois os responsáveis pelo movimento comemoraram o sucesso da ação, mas NINGUÉM os condenou por agredirem ao sagrado direito à liberdade dos cidadãos. Trabalhadores que foram impedidos – na marra, na pressão, e até na força – de trabalharem. E pessoas que foram encurraladas – em barreiras e bloqueiosilegais– e frustradas de se locomover livremente.
      Pelo que pude notar, sem a força (que gerou temor à população pacífica) e a desordem (que assustou ao povo pacato), a tal de GREVE foi um rotundo fracasso.
      Tivemos apenas a vitória dos desavergonhados anarquistas que ainda tem o despudor de alegar DEMOCRACIA.
      Que Deus os perdoe, eis que não sabem o que dizem.
      SÃO TODOS UNS SEM VERGONHAS!


      Marcelo Aiquel – advogado (29/04/2017)

Ex-dirigentes confirmam que PROS vendeu tempo de TV ao PT em 2014

De acordo com 'Veja', ex-deputado Salvador Zimbaldi confirmou ter recebido pacote de R$ 500 mil de ex-executivo da Odebrecht. PROS nega denúncias e diz que declarou doações.
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Ainda de acordo com a revista, esses dirigentes afirmaram que o PROS vendeu, por R$ 2 milhões, seu tempo de rádio e tv para candidatos que disputavam eleição para governos estaduais em 2014.
De acordo com eles, a venda foi feita às campanhas de Paulo Skaf, candidato do PMDB em São Paulo; Delcídio do Amaral, candidato do PT em Mato Grosso do Sul; Marconi Perillo, candidato do PSDB em Goiás; e Anthony Garotinho, candidato do PR no Rio de Janeiro.
O PROS negou, em nota, as acusações. De acordo com o partido, todas as doações de campanha que recebeu foram "devidamente prestadas a Justiça eleitoral." O PROS afirmou ainda que os ex-dirigentes do partido que falaram à revista "não fazem parte do PROS, foram expulsos do partido e desde então tentam intervir na executiva por meio de ações judiciais infrutíferas, inclusive, com uma delas extinta diante da ilegitimidade ativa deles."
O presidente Michel Temer afirmou que não vai se pronunciar. O PT disse que não vai comentar as denúncias. A reportagem contatou a assessoria da ex-presidente Dilma Rousseff, mas não havia obtido reposta até a última atualização desta reportagem.
Veja ao fim da reportagem o que dizem os partidos e políticos citados.
Em depoimento ao Ministério Público Federal dentro de acordo de delação premiada no âmbito da Lava Jato, o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Alexandrino Alencar, afirmou que o PT orquestrou um esquema para a compra do tempo de rádio e tv de cinco partidos que faziam parte da coligação de apoio à candidatura de Dilma: PROS, PCdoB, PRB, PDT e PP.
De acordo com Alexandrino, cada partido receberia R$ 7 milhões, que foram pagos pela Odebrecht. Ainda de acordo com ele, o intermediário da operação foi o então tesoureiro da campanha presidencial de Dilma, Edinho Silva, hoje prefeito de Araraquara (SP).
De acordo com a mais recente edição da revista "Veja", o ex-deputado federal pelo PROS Salvador Zimbaldi admitiu que recebeu de Alexandrino Alencar um pacote contendo dinheiro, que foi repassado ao partido.
Zimbaldi, de acordo com a revista, disse que ficou sabendo depois que dentro do pacote havia R$ 500 mil e que se tratava de parte do pagamento pela venda do tempo de tv do PROS ao PT.
O ex-deputado contou, ainda segundo Veja, que pegou o pacote a pedido do presidente do PROS, Eurípedes Junior. Depois de recebe-lo das mãos de Alexandrino Alencar, contou Zimbaldi, o pacote foi entregue a um funcionário do partido, que o levou a Brasília.
Por meio de nota, o presidente do PROS, Eurípedes Junior, afirmou que "nega com veemência as acusações."
O ex-tesoureiro e fundador do PROS, Niomar Calazans, disse à revista ter testemunhado a transação. Ele afirmou que, antes do primeiro turno da eleição de 2014, Eurípedes Junior, que estava negociando o tempo de tv com o PT, teria comentado com ele: "vai entrar uma grana boa aí, fechamos acordo com a Dilma."
Segundo Calazans, o dinheiro teria ido para o bolso do presidente do partido e abastecido campanhas políticas na forma de caixa dois.
O presidente de honra do partido, Henrique José Pinto, também acusa o atual presidente Eurípedes Junior. Ele disse que, na época, chegou a comentar com Eurípedes se os R$ 7 milhões não eram dinheiro demais. Segundo Henrique José Pinto, Eurípedes teria respondido: "é pouco, vale R$ 50 milhões."
Henrique José Pinto, de acordo com a revista, também afirmou que o PROS vendeu tempo de rádio e tv às campanhas de Paulo Skaf, candidato do PMDB em São Paulo; Delcídio do Amaral, candidato do PT em Mato Grosso do Sul; Marconi Perillo, candidato do PSDB em Goiás; e Anthony Garotinho, candidato do PR no Rio de Janeiro.

O presidente de honra do PROS, afirmou, segundo a Veja, que "o Eurípedes pediu R$ 10 milhões a cada candidato nos estados, mas acabou fechando por R$ 2 milhões."

Contra a corrupção dos aliados não houve greve

By Michel Siekierski

Não houve paralisação contra o maior esquema de corrupção da história;
Não houve paralisação contra o apoio e financiamento de ditaduras pelo mundo todo;
Não houve paralisação contra o partido que nos jogou em nossa mais profunda recessão;
Não houve paralisação contra a fraude fiscal;
Não houve paralisação pelos 12 milhões de desempregados;
Não houve paralisação por quase metade dos trabalhadores, que estão em situação informal graças aos "direitos" que uma casta de privilegiados tenta preservar;
Não houve paralisação contra uma eleição financiada por negociatas entre o rei e os empresários amigos do rei;
Não houve paralisação contra a apuração secreta dos votos;
Não houve paralisação contra a compra do Poder Legislativo;
Não houve paralisação contra o aparelhamento do Estado;
Não houve paralisação contra as indicações mais do que suspeitas para a suprema corte;
Não houve paralisação contra a criação da Guarda Nacional;
Não houve paralisação por haverem feito um referendo e ignorado seu resultado;
Não houve paralisação contra o projeto totalitário de poder;
Não houve paralisação pela prisão dos responsáveis pela situação em que nos encontramos nem, muito menos, do chefe da quadrilha que idealizou tudo.
Isso é tudo que você precisa saber sobre essas pessoas que agora se dizem muito preocupadas com "retrocessos".


Artigo, Tito Guarniere - Nwem tudo é propina

Os procuradores do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato têm um problema: eles “se acham”. Tomados de vocação messiânica, estão convencidos de que vieram ao mundo para redimir o Brasil do mal e da corrupção. Para tanto se consideram revestidos de uma superioridade moral que os distingue dos comuns mortais. Um pouco de modéstia e humildade não lhes faria mal.
Assim, diante da crítica mais trivial, reagem de forma autoritária, atacam de volta e sempre com o mesmo argumento: querem acabar com a Lava Jato. É como se fossem profetas da verdade, como se nunca cometessem erros. Seria bom se fosse verdade.
Sempre fui a favor de que as delações premiadas deveriam fluir abertas. Decerto não estou entre aqueles que botam a mão no fogo pelos políticos citados. Podemos ficar indignados no limite com a bandalheira geral. Mas convenhamos, de que forma alguém pode se defender de acusações contra si se não as conhecem? Isso é coisa de ditaduras, de estados totalitários.
O sigilo se tornou um instrumento de poder, de acusar de nada e de tudo, de delitos graves e infrações leves, de crimes eleitorais e de enriquecimento ilícito, tudo no mesmo balaio e ao mesmo tempo. Só a Polícia Federal, o Ministério Público (este, mais do que todos) e os juízes tinham acesso ao conteúdo dos depoimentos. Durante meses as delações vazaram ao critério e gosto exclusivo dessas autoridades.
Com o fim do sigilo das delações, decidido pelo ministro Fachin, do STF, tudo vai ficando mais claro. O delator Mário Amaro da Silveira, ex-diretor da Odebrecht, revelou uma doação de R$ 500 mil reais em favor da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) mas se queixa: “Ela foi eleita e não fez nada por nós”. Pedro Novis, outro delator da mesma Odebrecht reclama de José Serra (PSDB-SP): “Serra nunca nos ajudou”. Benedicto Júnior, da mesma empreiteira, sobre Eduardo Paes (PMDB-RJ): “ele nunca nos deu nenhum benefício”. Apesar da insistência do procurador que o interrogou, o mesmo Benedicto Júnior negou três vezes que a doação ao governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) estivesse ligada a contrapartida.
O que ficou claro nas delações dadas a conhecer é que nem tudo é propina. A força tarefa da Lava Jato parte do pressuposto de que todas as doações são ilegais. Porém se elas não são condicionadas a alguma vantagem ao doador, ou não há delito ou o delito é menor. Se não há benefício ao doador, então é porque o político citado não contribuiu para o sobrepreço de obras, a concessão de favores fiscais ou desonerações, o contrabando de emendas em medidas provisórias e que tais.
É verdade: as empresas doadoras sempre esperam algo em troca. Como diz um delator, esperam “fluidez”. Bem, doar dinheiro de campanha era legal. E esperar fluidez e boa vontade do governo não chega a ser crime. Empresas que têm negócios com o Estado sabem o estrago que um governo pode causar quando está de mau humor.
O fim do sigilo revela que não é tudo igual, que há graus diferentes de peso, medida e gravidade nas delações, permitindo-nos uma noção mais nítida e uma avaliação mais justa dos delitos e dos personagens envolvidos.

titoguarniere@terra.com.br

Atigo, Jorge Jatobá - Previdência e Desigualdade

Previdência e Desigualdade
Jorge Jatobá
O país precisa enfrentar os conflitos distributivos advindos do seu sistema previdenciário. Os discursos de grupos – vinculados a partidos políticos ou não – e dos “coletivos” de interesse incrustados no aparelho de estado brasileiro contra a Reforma da Previdência são reveladores desse fato.
O atual sistema previdenciário brasileiro é profundamente desigual e injusto. As diferenças entre o Regime Geral da Previdência Social (RGPS), sob a égide do INSS, que cobre a grande parte dos trabalhadores brasileiros, e os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) que contemplam os servidores públicos federais, estaduais e municipais bem como os políticos, são muito significativas. Eis alguns exemplos: i) o servidor público se aposenta com salário integral e obtém como inativo os mesmos reajustes dos ativos; ii) os servidores públicos não têm teto, se aposentando com a remuneração integral de final de carreira enquanto os trabalhadores submetidos ao regime geral estão sujeitos a um teto de R$ 5.500; iii) ganhos de produtividade de servidores na ativa são concedidos também aos aposentados (caso dos auditores do Ministério do Trabalho)
Ambos regimes são deficitários. O déficit do regime geral (INSS) foi de R$ 149 bilhões em 2016. No mesmo ano, o déficit previdenciário dos servidores federais foi de R$ 121 bilhões. Entre os regimes próprios dos estados, o déficit previdenciário no ano passado foi de R$ 90 bilhões. As despesas dos estados com inativos é mais do que o dobro das receitas. Contraste-se agora os déficits com os números de beneficiários.
As diferenças entre os número.s de beneficiários é bastante significativa. Os servidores públicos protegidos pelos regimes próprios são minoritários em comparação ao total dos trabalhadores brasileiros que estão submetidos ao regime geral, mas seus déficits são, no conjunto, 41,6% maiores (R$ 211 bilhões= 121+90 contra R$ 149 bilhões).Em 2016, o número de servidores públicos aposentados na União, Estados e principais municípios das capitais e do interior foi de 1,051,4 mil. No mesmo ano, o número de aposentados pelo RGPS foi da ordem 18.000,4 mil, ou seja, 18 vezes maior, mas com um déficit R$ 72 bilhões menor. A resolução do déficit previdenciário do setor público, em todos os níveis, é crítica para o sucesso da Reforma da Previdência.
Para os servidores públicos federais já houve mudanças em 2003. A proposta em exame pelo Congresso Nacional completa a convergência para as regras do setor privado, acabando com diferenças injustificáveis, especialmente quando se observa a pirâmide da distribuição de renda brasileira, onde os servidores públicos federais se situam no topo (entre os 5% mais ricos). Uma vez que a proposta de Reforma da Previdência extingue esses privilégios, reduzindo as desigualdades e acabando ao final de um período de transição com os cidadãos de segunda classe que não fazem parte do aparelho de estado, observa-se, sob os mais falaciosos argumentos, a resistência das várias castas de funcionários públicos ao projeto de reforma. Neste lócus reacionário se reúnem os sindicatos e associações de fiscais da receita e do trabalho, promotores, magistrados, procuradores, professores das universidades, etc. Todos temem perder seus privilégios. A CUT, braço sindical do PT, e que tem uma forte presença na organização e mobilização dos servidores públicos, lidera o movimento de resistência a reforma. Essa iniciativa é conservadora colocando os interesses corporativos acima dos interesses do país e da maioria dos trabalhadores. O temor de perder privilégios explica, também porque fiscais da receita divulgaram, através de associação de classe (ANFIP), dados manipulados com má fé para afirmar que não existe déficit na Previdência, na tentativa de confundir a opinião pública e perturbar o debate responsável sobre o tema.
No caso dos servidores públicos estaduais, o governo federal recuou na proposta de legislar por norma constitucional a previdência dos estados. As corporações estaduais (auditores fiscais, procuradores, promotores, juízes, professores, etc.) pressionaram os governadores e bancada federal para que a reforma não avançasse, posicionando-se na defesa, também, de seus interesses. Esses grupos, que formam a elite do serviço público dos estados, são poderosos politicamente, detendo substantiva capacidade de pressão sobre os governantes. Em decorrência dessa pressão, as propostas relativas à previdência dos estados foi retirada do projeto original e devolvida para o colo dos governadores que, no entanto, teriam prazo fatal para enviá-las e aprová-las nas Assembleias Legislativas. Os governadores vão ter que se defrontar com os interesses e privilégios das corporações estaduais. Esses grupos possuem aposentadorias generosas que respondem em boa parte pelo elevado déficit previdenciário dos estados. Os casos do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul são emblemáticos de onde pode-se chegar com o descontrole da previdência pública e subordinação aos interesses dessas corporações.

Todos esses movimentos são conservadores. Defendem “direitos” (“nenhum direito a menos”) que na verdade, no contexto da sociedade brasileira, são privilégios que custam muito caro ao país e aos bolsos dos brasileiros e que se constituem em uma das principais razões pelas quais somos uma sociedade profundamente desigual

Pontos do relatório

Pontos do relatório
Veja os principais pontos do relatório de Rogério Marinho (PSDB-RN) da reforma trabalhista, aprovado nesta terça-feira em comissão especial na Câmara:
Férias em três etapas
Hoje, as férias podem ser tiradas em dois períodos, desde que um deles não seja inferior a 10 dias corridos.
Pelo novo texto, desde que o empregado concorde, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a 14 dias corridos e os demais não poderão ser menores do que 5 dias corridos, cada um. Também fica vedado o início das férias no período de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado.
Acordo
O parecer de Marinho estabelece as situações que poderão ser negociadas entre empregadores e trabalhadores e, em caso de acordo, vão prevalecer sobre a lei trabalhista. (veja a lista completa no final desta reportagem)
Entre os pontos que poderão ser negociados, estão, além do parcelamento de férias em até 3 vezes no ano, a jornada de trabalho, a redução de salário e a constituição de banco de horas. Por outro lado, as empresas não poderão discutir, por exemplo, o fundo de garanta, o salário mínimo, o décimo terceiro e as férias proporcionais.
Terceirização
O relatório propõe uma série de salvaguardas para o trabalhador terceirizado. Em março, o presidente Michel Temer sancionou uma lei que permite a terceirização para todas as atividades de uma empresa.
O parecer inclui uma espécie de quarentena, na qual o empregador não poderá demitir o trabalhador efetivo e recontratá-lo como terceirizado num período de 18 meses.
A empresa que recepcionar um empregado terceirizado terá, ainda, que manter todas as condições que esse trabalhador tem na empregadora-mãe, como uso de ambulatório, alimentação e segurança.
Contribuição sindical
Atualmente, o pagamento da contribuição sindical é obrigatório e vale para empregados sindicalizados ou não. Uma vez ao ano, é descontado o equivalente a um dia de salário do trabalhador. Se a mudança for aprovada, a contribuição passará a ser opcional.
Multa
Pela legislação atual, o empregador que mantém empregado não registrado fica sujeito a multa de um salário-mínimo regional, por empregado não registrado, acrescido de igual valor em cada reincidência.
Na reforma enviada pelo governo, o texto propõe multa de R$ 6 mil por empregado não registrado, acrescido de igual valor em cada reincidência. No caso de microempresa ou empresa de pequeno porte, a multa prevista é de R$ 1 mil. O texto prevê ainda que o empregador deverá manter registro dos respectivos trabalhadores sob pena de R$ 1 mil.

Em seu parecer, porém, Rogério Marinho reduziu o valor da multa para R$ 3 mil para cada empregado não registrado. No caso de micro e pequenas empresas, a multa será de R$ 800. Na hipótese de não serem informados os registros, ele reduziu a multa para R$ 600.

Artigo, Hélio Bicudo - Não há motivo para prender Lula

NÃO HÁ MOTIVOS PARA PRENDER LULA (Hélio Bicudo)

"Prender Lula só porque lavou dinheiro ocultando duas propriedades?
Só porque ganhou imóveis e reformas de empreiteiras às quais tinha favorecido?
Só porque recebeu propina fingindo que fez palestras que nunca deu?
Só porque fez o BNDES emprestar 8 bilhões para Odebrecht fazer obras sem concorrência em países bolivarianos?
Só porque comandou uma organização criminosa que quebrou a Petrobrás?
Só porque contratou sondas superfaturadas da Schahim para receber comissões e dinheiro sujo para a campanha?
Só porque mandou acobertar o assassinato do prefeito Celso Daniel pagando com dinheiro da comissão das sondas?
Só porque fez a Petrobras fornecer nafta à Braskem abaixo do valor de mercado por vários anos, causando prejuízo superior a 5 bilhões segundo o TCU?
Só porque saqueou os palácios ao ir embora, levando não só presentes de Estado como até a prataria da casa?
Só porque escolheu e elegeu uma presidente incompetente, despreparada, desequilibrada e burra, propositadamente, esperando com isso sucedê-la 4 anos depois?
Só porque a elegeu tapeando o povo numa campanha criminosamente mentirosa, irrigada com dinheiro roubado da Petrobras?
Só porque permitiu que sua quadrilha saqueasse os fundos de pensão de quase todas as Estatais, prejudicando as aposentadorias de centenas de milhares de petroleiros, carteiros, bancários?
Só porque permitiu que a Bancoop lesasse milhares de bancários para favorecer a OAS e ganhar um triplex no Guarujá?
Só porque deu aval político e dinheiro para que organizações criminosas como o MST invadissem e depredassem impunemente fazendas, centros de pesquisa e prédios públicos?
Só porque sistematicamente comprou apoio político através do Mensalão e Petrolão?
Só porque colocou um cupincha no Sesi Nacional, que transformou a instituição num cabide de empregos para os companheiros e parentes vagabundos?
Só porque ajudou o enriquecimento ilícito de seus filhos em troca do favorecimento de empresas de telefonia e outras?
Só porque vendeu medidas provisórias isentando montadoras de impostos em troca de comissões?
Só porque inchou o governo e as estatais com centenas de milhares de funcionários supérfluos, quebrando o Estado e provocando déficit público RECORD?
Só porque loteou mais de 30 mil cargos de confiança com seus apaniguados, dando o comando das estatais e autarquias para petistas incompetentes que mal sabem administrar suas vidas?
Só porque elegeu outro poste como prefeito da maior cidade do país, também com dinheiro roubado das estatais?
Só porque comprou milhões de votos com programas de esmola como o Bolsa Família?
Só porque criou o Bolsa Pescador, e deixou 3 milhões de falsos pescadores se inscreverem para receber a sua esmola compradora de votos?
Só porque criou o MONOPÓLIO DAS INDÚSTRIAS PETROQUÍMICAS no país?
Só porque aumentou nossa carga tributária de 33 para 40% do PIB?
Só porque aumentou nossa dívida pública para quase três trilhões de reais, tornando-a impagável?
Só porque favoreceu o sistema financeiro com taxas exorbitantes de juros, transferindo renda dos pobres para os ricos?
Só porque conseguiu fazer o Brasil torrar toda a bonança da maior onda de alta das comodities na década passada?
Só porque loteou todas as agências reguladoras fazendo-as inúteis na proteção dos cidadãos?
Só porque tentou aparelhar até o STF nomeando ministros comprometidos com a proteção à sua ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA?
Só porque deixou a Bolívia expropriar a refinaria da Petrobras sem fazer nada?
Só porque humilhou nossas Forças Armadas nomeando ministros da Defesa comunistas e incompetentes?
Só porque favoreceu comercialmente ditaduras como as de Angola, Venezuela e outras?
Só porque esfriou relações e esnobou as maiores economias do mundo, direcionando nossas relações exteriores para países inexpressivos comercialmente, apenas no afã de ganhar prestígio e votos na ONU?
Só porque humilhou o Itamaraty orientando a política externa através de consiglieri mafiosos como Marco Aurélio Garcia?
Só porque nos envergonhou deixando nossas embaixadas e consulados sem dinheiro para pagar aluguéis?
Só porque comprou um aerolula da Airbus pelo triplo do que poderia ter comprado um Embraer e promovido nossa indústria aeronáutica?
Só porque descuidou dos programas de saúde pública através de ministros incompententes e desvio de verbas, permitindo a volta de doenças como a dengue e o zika?
Só porque aparelhou todas as universidades federais com reitores de esquerda, obtusos e incompetentes?
Só porque fez o Brasil ser motivo de chacota no mundo inteiro?
Só porque nos tirou o orgulho de sermos brasileiros?
Só por estes motivos?"


ORA. NÃO É JUSTO .

Boff: onde se leu, leia-se

Boff: onde se leu, leia-se
Ricardo Noblat

O teólogo Leonardo Boff engoliu a indignação que o levara a postar em seu blog no último dia 18 uma dura nota com críticas a “uma sociedade de ladrões e de bandidos que assaltaram o país”, e preferiu cobrar, ontem, do PT uma “séria autocrítica” em sua próxima reunião nacional para não correr o risco de “nunca se redimir” por erros cometidos enquanto governou.
Boff havia dito em sua nota que se enganam “aqueles que eu, pelo fato de defender as políticas sociais que beneficiaram milhões de excluídos realizadas pelos dois governos anteriores do PT e de seus aliados, tenha defendido o partido. A mim não interessa o partido, mas a causa dos empobrecidos”.  Passou a dizer que o PT precisa se refundar e buscar um discurso “construtivo”.
A nota do blog foi escrita por Boff a propósito de um artigo publicado no jornal El País pela jornalista Carla Jiménez, que ele transcreveu na íntegra. A certa altura do artigo, Jiménez disse:
“Lula, por outro lado, mais do que os crimes a que responde, feriu de golpe a esquerda no Brasil. Ajudou a segregá-la, a estigmatizar suas bandeiras sociais e contribuiu diretamente para o crescimento do que há de pior na direita brasileira. Se embebedou com o poder. Arvorou-se da defesa dos pobres como álibi para deixar tudo correr solto e deixou-se cegar. Martelou o discurso de ricos contra pobres, mas tinha seu bilionário de estimação. Nada contra essa amizade. Mas com que moral vai falar com seus eleitores?"
Ontem, Boff fez questão de elogiar Lula e de afirmar que discordava do trecho do artigo de Jiménez que o mencionara. Dissertou sobre o “momento turbulento” que o Brasil atravessa. Pregou um entendimento entre Lula, Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer para superar a crise. E antecipou que se Lula for eleito presidente da República em 2018 terá de fazer um “novo pacto social” para governar.

Sim, Boff chamou de “jornaleco” o jornal de Vitória da Conquista, na Bahia, que segundo ele, foi responsável pelo fato de sua nota no blog ter viralizado na internet. Contudo, adepto da prática da caridade como todo bom cristão, comentou: “Não me chateio com essas coisas. Quem se expõe publicamente está exposto à incompreensão. Acho ruim quando se faz uma divulgação para ofender a pessoa”.

Demora ou rejeição de ajustes na Previdência antecipam dificuldades

Demora ou rejeição de ajustes na Previdência antecipam dificuldades

Há cerca de duas semanas, o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, perguntou a 40 economistas de bancos e consultorias se um atraso, ou não aprovação, da reforma da Previdência afetaria os preços de ativos, se poderia atrapalhar o ciclo de alívio monetário e as expectativas para a economia. A maioria dos profissionais chegou a uma mesma conclusão: o risco Brasil sofreria deterioração pressionando a taxa de câmbio e a inflação que poderia, sim, forçar uma parada no processo de corte de taxa de juro.
“ Se a reforma da Previdência não passar, a leitura é que o limite de gastos não se sustenta e que o ajuste terá que ser feito via aumento de imposto, começando este ano”, afirma Sérgio Vale, economista-chefe da MBA Associados. Ele  entende que, muito provavelmente, isso jogaria o risco Brasil e o câmbio para cima.
A inflação de preços livres subiria, puxando o IPCA e inibindo a queda do juro.
“ A recessão estaria de volta este ano, agravada pelo ciclo eleitoral muito arriscado no ano que vem. A volta da crise abriria espaço para um candidato com discurso agressivo e extremista. Mesmo que não ganhe, deixará o mercado arisco como em 2002. A dúvida é se as empresas aguentam 5 anos de recessão, talvez 6, a depender de quem ganhe a eleição. Uma reforma frustrante aumenta o risco da economia, mais à frente, abortar a recuperação atual”, diz Vale.
“ Se o governo não conseguir aprovar a reforma da Previdência, a percepção de risco deverá elevar-se substancialmente, causando forte desvalorização do real que pressionaria a inflação, reduzindo o escopo para um ciclo mais prolongado de queda da Selic” avalia Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil.
Luiz Fernando Castelli, economista da GO Associados, tem visão semelhante. No resultado extremo de rejeição total do projeto do governo- possibilidade que Castelli descarta, uma vez que o governo cedeu em vários pontos da proposta inicial- o ciclo de alívio monetário poderia ser abortado e, no limite, o juro inclusive poderia ser elevado.
André Muller, economista-chefe da AZ Quest, diz que a flexibilização monetária só é possível porque há perspectiva de sustentabilidade fiscal. Para isso a reforma é essencial. Muller entende que o resultado é menos relevante para o cenário de juros em 2017 do que para os anos subsequentes. “ A aprovação de uma reforma suficiente para diminuir o risco fiscal é condição necessária para manter juros em um dígito no médio prazo”.

Para Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi, o mercado já tem margem nos ativos que embute uma reforma “não ideal”. “ A questão é o quanto a reforma poderá perder de consistência. Com perda significativa, o mercado estará embutindo um prêmio de risco maior e juro mais alto do que o esperado no melhor cenário que é o de cortes mais amplos.”

Taxa de suicídio entre jovens sobe 10% desde 2002

Taxa de suicídio entre jovens sobe 10% desde 2002
Dados do Mapa da Violência 2017 obtidos com exclusividade pela BBC Brasil mostram 2.928 casos somente em 2014.

Leia a reportagem completa:

De assunto mantido entre quatro paredes a tema de série na internet, o suicídio de jovens cresce de modo lento, mas constante no Brasil: dados ainda inéditos mostram que, em 12 anos, a taxa de suicídios na população de 15 a 29 anos subiu de 5,1 por 100 mil habitantes em 2002 para 5,6 em 2014 - um aumento de quase 10%.
Os números obtidos com exclusividade pela BBC Brasil são do Mapa da Violência 2017, estudo publicado anualmente a partir de dados oficiais do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.
Um olhar atento diante de uma série histórica mais longa de dados permite ver que o fenômeno não é recente nem isolado sobre o que acontece com a população brasileira. Em 1980, a taxa de suicídios na faixa etária de 15 a 29 anos era de 4,4 por 100 mil habitantes; chegou a 4,1 em 1990 e a 4,5 em 2000. Assim, entre 1980 a 2014, houve um crescimento de 27,2%.
Criador do Mapa da Violência, o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz destaca que o suicídio também cresce no conjunto da população brasileira. A taxa aumentou 60% desde 1980.
Em números absolutos, foram 2.898 suicídios de jovens de 15 a 29 anos em 2014, um dado que costuma desaparecer diante da estatística dos homicídios na mesma faixa etária, cerca de 30 mil.
"É como se os suicídios se tornassem invisíveis, por serem um tabu sobre o qual mantemos silêncio. Os homicídios são uma epidemia. Mas os suicídios também merecem atenção porque alertam para um sofrimento imenso, que faz o jovem tirar a própria vida", alerta Waiselfisz, coordenador da Área de Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).
O sociólogo aponta Estados do Centro-Oeste e Norte em que a taxa de suicídio de jovens é maior, num fenômeno que os especialistas costumam associar aos suicídios entre indígenas: Mato Grosso do Sul (13,6) e Amazonas (11,9).
Na faixa etária de 15 a 29 anos, a taxa de suicídio tem se mantido sempre um pouco acima da verificada na população brasileira como um todo, segundo a publicação "Os Jovens do Brasil", lançada por Waiselfisz em 2014, com um capítulo sobre o tema.
Segundo a publicação, o Brasil ainda apresenta taxas de suicídio relativamente baixas na comparação internacional feita com base em dados compilados pela ONU.
Em países como Coreia do Sul e Lituânia, a taxa no conjunto da população supera 30 por 100 mil habitantes; entre jovens, supera 25 por 100 mil habitantes na Rússia, na Bielorússia e no Cazaquistão.
Em números absolutos, porém, o Brasil de dimensões continentais ganha visibilidade nos relatórios: é o oitavo país com maior número de suicídios no mundo, segundo ranking divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2014.
Depressão, drogas, abusos e bullying
O suicídio na juventude intriga médicos, pais e professores também pelo paradoxo que representa: o sofrimento num período da vida associado a descobertas, alegrias e amizades, não a tristezas e morte.
O tema foi debatido na quinta-feira (20) numa roda de conversa organizada pelo Centro Acadêmico Sir Alexander Fleming (Casaf), do curso de Medicina da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com a presença de estudantes e professores.
Segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil, o problema é normalmente associado a fatores como depressão, abuso de drogas e álcool, além das chamadas questões interpessoais - violência sexual, abusos, violência doméstica e bullying.
A cientista política Dayse Miranda, coordenadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em Suicídio e Prevenção da UERJ, participou do debate e destacou os relatos dos estudantes.
"Fiquei impressionada como os alunos falaram de sofrimento, seja deles, seja a dificuldade para lidar com o sofrimento de outros jovens, além do uso excessivo de medicamentos, que eles naturalizam", afirma.
"Um deles disse considerar impossível um aluno passar pelo terceiro ano de Medicina sem usar remédios para ansiedade e depressão."
A coordenadora-geral do centro acadêmico de Medicina, Elisabeth Amanda Gomes Soares, de 22 anos, aluna do sexto período, diz que a intenção ao promover o evento foi debater a saúde mental do estudante.
Segundo ela, o aluno de Medicina muitas vezes acaba se distanciando das questões mais humanas e esquece a vida social e familiar para se dedicar ao curso, sucumbindo às pressões.
"É muita cobrança por competitividade, nota, sucesso, presença... Temos de discutir isso dentro do curso, é um tema ainda pouco falado", afirma.
Dayse Miranda destaca, entre os jovens que cometem suicídio, o grupo que tem de 15 a 24 anos. "É um período que inclui adolescência, problemas amorosos, entrada na faculdade, pressão social pelo sucesso... Depois dos 25 anos, já é um jovem adulto, as preocupações mudam, já são mais relacionadas a emprego", avalia.
"Também alerto não ser possível falar do jovem como um grupo único. Há diferenças entre grupos sociais. O aluno de Medicina é parte de uma elite. Como é em outros grupos? Temos de discutir esse tema seriamente, pois o problema vem crescendo."
Ambiente escolar
Psiquiatra da infância e da adolescência e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Carlos Estelita estuda a interface entre o suicídio e outros fenômenos violentos - desde famílias que vivem em comunidades urbanas tomadas por tiroteios e vivem o estresse diário dos confrontos até jovens indígenas que se sentem rejeitados tanto por suas tribos como por grupos brancos.
O bullying no ambiente escolar é citado por ele como um dos principais elementos associados ao suicídio. "Pessoas que seguem qualquer padrão considerado pela maioria da sociedade como desviante, seja o tênis diferente, a cor da pele, o peso, o cabelo ou a orientação de gênero, são hostilizadas continuamente e entram em sofrimento psíquico", afirma Estelita, professor do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, ligado à Fiocruz.
"Temos de alertar também para a transformação do modelo tradicional de família e para o fato de que a escola nem sempre consegue incluir esse jovem."
Outra dificuldade é falar do assunto com jovens. Muitas vezes, estratégias que funcionam com adultos não têm o mesmo resultado quando usadas com adolescentes - e, entre as peculiaridades desse grupo, está a forma como usa a internet e as redes sociais.
A rede vem sendo palco para grupos que não só romantizam o suicídio, mas exortam jovens a cometê-lo, usando a falsa ideia do desafio. O psiquiatra sublinha a necessidade de uma política nacional de atendimento a urgências, pois, muitas vezes, os profissionais não sabem como lidar com casos de tentativas de suicídio.
A psicóloga Mariana Bteshe, professora da Uerj, diz que os pais devem estar atentos a qualquer mudança brusca no comportamento do jovem, como, por exemplo, um adolescente expansivo que, de repente, fica introspectivo, agressivo, tem insônia, dorme demais ou passa muito tempo no quarto.
Mais uma vez, o alerta especial vai para o uso da internet, e Bteshe lista, na contramão do jogo que incentivaria o suicídio, iniciativas que tentam combater a depressão e lançam desafios "do bem", como o jogo da Baleia Rosa.
"Muitas vezes o jovem fica muito tempo na internet, e os pais não sabem o que ele anda vendo ou com quem anda falando. É preciso que a família, mantendo a privacidade do jovem, busque uma forma de contato com ele e abra um espaço de diálogo", afirma a psicóloga, que defendeu na Fiocruz uma tese de doutorado sobre suicídio.
Bteshe reitera que silenciar sobre suicídio não ajuda a combater o problema. Este é um dos tabus associados ao tema, o chamado "Efeito Werther" - a ideia de que falar de suicídio pode inspirar ondas de casos por imitação.
O nome vem do protagonista do livro "Os sofrimentos do jovem Werther", de Goethe, publicado em 1774, sobre um rapaz que se suicida após um fracasso amoroso e cujo exemplo teria provocado outros suicídios de jovens.
Atualmente, diz a psicóloga, a diretriz da OMS é abordar o tema sem glamour, sem divulgar métodos e sem apontar o suicídio como solução para os problemas - agindo sem preconceito e oferecendo ajuda a quem precisa.


O “bon vivant” do agreste

O “bon vivant” do agreste

Carlos José Marques, diretor editorial, Istoé


Foi o amigo dileto, Emílio Odebrecht, que o ajuda desde os idos de 70 com presentes, agrados e muita propina, quem assim o classificou: “Lula é um bon vivant, não tem nada de esquerda, gosta de coisa boa!”. Mimos como uma conta aberta em seu nome no valor de R$ 40 milhões, com saques à disposição em dinheiro vivo na hora desejada, reformas de sítio, palestras regiamente pagas em troca de vantagens, apartamento, jatinhos, terreno, qualquer coisa. Era só o “chefe” mandar. Ou pedir. Ajuda meu filho, meu irmão, meu compadre, meu partido. Valia a pena. No universo idílico que ronda Lula tudo é fruto de uma benevolência extrema. Do toma-lá-da-cá. Dos favores. Nos idos dos anos 80, o memorável “Senhor Diretas” Ulysses Guimarães já diagnosticava com uma precisão cirúrgica: “o mau de Lula é que ele parece gostar de viver de obséquios”. Os fatos teimaram em demonstrar. Estavam certos Ulysses e o patriarca do grupo que agora faz a “delação do fim do mundo”. O petista sempre deu sinais nesse sentido. Quando da primeira vitória nas eleições presidenciais, lá foi ele comemorar com uma garrafa de vinho Romanée-Conti, ao custo de US$ 5 mil (paga por outro amigo, naturalmente). Lula jactava-se pelos ventos da sorte e pelas boas relações com os amigos. Não há como negar: ele também é um fiel e generoso amigo. Ao menos dos ricos amigos, numa convivência tão estreita como promíscua. Fez mais por eles que recebeu. Não há dúvida. Foi capaz de prejudicar estatais e o povo que recolhe impostos em prol dos negócios da empresa do amigo Emílio. Seguiu sempre a surrada máxima “para os amigos, tudo!”. Com o patrimônio alheio – de cada um de nós, brasileiros. Você bancou a farra. Mas isso é detalhe. Não seria da conta de ninguém, é verdade, se o deplorável hábito de pedir tudo a todos ocorresse estritamente na platitude das relações desinteressadas. Infelizmente não foi bem assim. O que ele fez chama-se corrupção. Em benefício próprio e dos seus. Com a quebra inexorável das finanças de um País. Está evidenciado. Lula instaurou a corrupção como política de Estado. Em suas gestões, e na da sucessora Dilma , os desvios ganharam conotação de praga endêmica, institucionalizada e alastraram-se para cada departamento, autarquia ou organismo federal. Às favas com os escrúpulos. Lula hoje diz que as acusações são mentira. Só ele fala a verdade. Seria a história mais fabulosa do mundo um conluio tão bem arquitetado de delatores, que contam em requintes de detalhes as tramoias do grande líder, com o intuito exclusivo de condená-lo. Quem não se condói de tamanha injustiça? Lula agora reclama das noites insones, temerário de ser preso a qualquer momento. Os companheiros ideológicos desembarcam. O marxista Noam Chomsky, admirador de primeira hora, reclamou do partido e do seu criador que “simplesmente não pode manter as mãos fora da caixa registradora…que está roubando o tempo todo”. A alternativa do retirante nordestino que virou presidente – e acredita estar sendo penalizado por essa condição – é reagir no grito. Insistir na nauseabunda mentira. Seus convictos aliados – detentores de uma fé incondicional, que enxergam o homem quase como uma divindade, a despeito de seus reincidentes pecados – convocam a militância para armar um verdadeiro circo de protestos em frente à sede da Polícia Federal, em Curitiba, onde no próximo dia 3 acontece o que já vem sendo chamado como o “embate do século” entre o paladino da justiça, Sergio Moro, e o cacique objeto da cega veneração. Os mais extremados abarrotam as redes sociais com ameaças de “guerra civil”, num tom belicoso que extrapola para o crime, sem receio de reprimendas. A lei, ora a lei, não vale para o grande comandante. Quando você nasce como a alma mais honesta que existe, qualquer um precisa respeitar. Ele está acima dos demais. Não podem pairar dúvidas sobre seus atos. É preciso louvar a santidade. Ela não mente, não erra, não comete faltas. Onipotente, onisciente, acima do bem e do mal, não pode ser alcançada pelas infâmias da raia miúda, nem condenada pela justiça dos mortais. De forma alguma. Por esse modo muito peculiar de visão dos fatos, Lula não pediu nada a ninguém. Lula não levou propina. Não armou quadrilha de desvios. Muito menos costurou esquemas que lesaram o Tesouro. Aquele sítio, com notas frias, ora bolas, era do amigo. O tríplex, de outro amigo. O apê onde mora, também. Se de 2006 para cá uma empresa quis dar mais de R$ 10 bilhões, como confessou, em propinas para Lula e sua turma do poder, o problema é dela. Se ganhou como contrapartida grandes obras públicas, foi sorte. O Estádio do Corinthians, sonho de mais de R$ 1 bilhão de Lula, era merecido. Maldosos, os brasileiros! Há de se perguntar aos áulicos seguidores do petista se por acaso tiveram tempo e o cuidado de ouvir os depoimentos dos delatores, gravados em áudio e vídeo e mostrados a quem quisesse ver? Atentaram para o volume de informações, para a avalanche de evidências e provas já colhidas? É esse o País que desejam para si e para os seus, sob o julgo de um esquema de bandalheira sem fim? A ladroagem ilimitada e a arrogância populista não podem virar exemplo. Destruiu recentemente a Venezuela nas mãos do caudilho Hugo Chaves. Não podem se repetir pela ambição desmedida do “bon vivant” Lula.

Lula e Dilma boicotaram a Petrobrás para Braskem comprar a Ipiranga

Maior negócio realizado no país até então, a venda do grupo gaúcho Ipiranga em 2007 passou por acertos de bastidores que incluíram compromissos assumidos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silv. porDiçlma Roussef, na época ministra de Minas e Energia, també,m presidente do Comnselho de Administração da Petrobrás,e pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci,  com a Odebrecht. Desde antes da eleição de 2002 haveria a garantia de que um futuro governo do PT não impediria a privatização e a concentração da petroquímica no país.

Relatos sobre esse episódio estão nos depoimentos do empresário Emílio Odebrecht e do ex-diretor de relações de institucionais da empresa Alexandrino de Alencar a procuradores da Lava-Jat, ambos apresentadosontem a noite pelo Jornal Nacional.

A intervenção de Lula no caso do RS foi em 2005, quando o então presidente teria agido para que a Petrobras, por meio do seu braço no segmento, a Petroquisa, não comprasse a Ipiranga Petroquímica (IPQ) – um dos negócios do grupo gaúcho, que também tinha postos de combustíveis e uma pequena refinaria.

A Braskem tinha unidades no polo petroquímico de Triunfo, assim como a IPQ, e as duas, com a Petroquisa, eram sócias na Copesul, central de matérias-primas do complexo. Se a Petroquisa adquirisse a IPQ, também controlaria a operação mais importante do polo.

– Ficaríamos capengas na Copesul e isolados em Camaçari (sede do polo petroquímico baiano). Do ponto de vista de estratégia de negócios e logística, seria um desastre – diz Emílio em um dos vídeos gravados com sua delação.

O empresário conta que esteve com Lula "para alertá-lo dessas manobras e a Petrobras acabou por não adquirir a Ipiranga, o que permitiu, em 2007, à Braskem, adquirir os ativos petroquímicos do grupo Ipiranga", narra em um dos anexos de seus depoimentos.

Alexandrino de Alencar faz relato mais incisivo. O executivo não situa a data, mas afirma que "antes do primeiro mandato de Lula" se encontrou com o então candidato e Antonio Palocci no apartamento de Pedro Novis, em São Paulo. Emílio também estaria presente.

"Na oportunidade, deixamos claro ao candidato Lula que o setor petroquímico era prioritário para a Odebrecht, considerada 'a joia da coroa' para o grupo", relatou Alexandrino.

Alexandrino lembra o episódio da Ipiranga. Relata que, em 2006, a Odebrecht usou sua influência para barrar os planos da Petrobras. "A solução encontrada pela companhia foi incluir o assunto na pauta das reuniões com o presidente Lula e Antonio Palocci, para que nos auxiliassem a convencer a Petrobras a adquirir a Ipiranga em parceria conosco e com o grupo Ultra, o que efetivamente ocorreu a partir de 2007", diz um dos anexos do depoimento do executivo com forte atuação no Estado.


No mesmo ponto, Alexandrino prossegue afirmando que, como contrapartida ao apoio de Lula e Palocci, afirma ter conhecimento "de relevantes doações em 2002 e 2006 a Palocci". Em 2006, lembra Alexandrino, foram US$ 650 mil à campanha do ex-ministro, afirmando terem sido feitos provavelmente por caixa 2 por serem valores bem acima do que a Odebrecht costumava contribuir para candidatos a deputado federal.

Artigo,Adão Paiani -Pelego !

PELEGO!
Adão Paiani*
Nasci e fui criado numa família trabalhista; com foto de Getúlio em lugar de destaque na sala, e outras de Jango e Brizola espalhadas pela casa. E sempre soube que “pelego” era a pior coisa que se podia dizer de alguém. Quase tão ruim como “dedo duro” ou “alcagüete”, que é praticamente a mesma coisa.
Minha avó de adoção, uma negra de origem yorubá, gostava de política. E me ensinou a gostar também, a ter opinião própria e não ter medo, desde que me conheci por gente. Minha mãe não gostava. Depois do que havia acontecido com meu pai, dizia que tinha de criar um filho sozinha, e não podia se “meter a besta”.
Como tinha que ser, estudava numa escola pública. Um colégio mantido pela Brigada, que é como se chama a Policia Militar no RS. Uma vez, lá por 72/73, tinha meus 8/9 anos, na “Semana da Brigada Militar”, houve um concurso de desenhos. Os alunos tinham que desenhar o trabalho dos “brigadianos”. As crianças desenharam o que se esperava: um policial prendendo um bandido, outro ajudando uma velhinha a atravessar a rua, ou controlando o trânsito. Mas quem disse que eu era normal?
Desenhei várias pessoas de punhos erguidos e levando faixas onde se lia “Anistia para Leonel Brizola”, e os brigadianos batendo. A mãe foi chamada na escola. Queriam saber de onde eu tinha tirado aquilo. Nunca esqueci a expressão de temor e constrangimento dela, ao me levar pela mão, em silêncio, de volta pra casa naquele dia. Devia pensar “É bem filho do pai dele mesmo!”.
Fiz esse longo preâmbulo para chegar ao que interessa. Já no final dos anos ‘70, ouvia falar que o tal de “Lula” era uma cria dos milicos – mais precisamente de um tal General Golbery - para tirar espaço do verdadeiro líder da oposição ao regime militar, que era Leonel de Moura Brizola.
A história me perseguiu por vários anos, sempre com detalhes mais ou menos sórdidos, até que em finais dos anos ‘90 escutei a mesma coisa, com detalhes muito precisos, de uma fonte insuspeita: meu amigo Jair Krischke, o mito, advogado defensor dos direitos humanos no Brasil e na América Latina durante os “anos de chumbo”. Um homem que jamais poderia ser acusado de pertencer à direita.
Jair contava a história com detalhes e convicção de quem tinha conhecimento dos fatos. O PT nunca o perdoou por falar essa e outras verdades, apesar dele haver livrado muitos de seus dirigentes históricos da cadeia durante a repressão.
A informação de que Lula esteve na “folha de pagamento” da Odebrecht por pelo menos 37 anos, vendendo o controle de greves ao patriarca da empreiteira, Norberto, a exemplo do que já fazia com as montadoras de veículos quando no controle do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, agora se vê, é compatível com sua trajetória, e tudo que já se falava dele dentro da própria esquerda e do movimento sindical.
O ladrão de hoje sempre existiu. E já estava lá, naqueles primeiros anos, escondido atrás do sindicalista arrivista, vulgar, amante da boa vida, e pelego.
Demorei 40 anos para ter a convicção de chamar Lula daquilo que ele sempre foi: pelego. Tempo demais. Era só ter olhado com atenção, à época, as fotos de sua prisão pelo DOPS, Elas falam por si mesmas. O grande “líder sindical” e “defensor” da classe trabalhadora, na verdade nunca passou de um reles, abjeto e desprezível pelego. Nada mais do que isso. Pelego!


*Adão Paiani é advogado em Brasília/DF.

Patriarca da Odebrecht relata reunião com Lula sobre reformas em sítio de Atibaia

O patriarca da maior construtora do país, Emílio Odebrecht, afirmou, em sua delação premiada da Lava Jato, que teve uma reunião com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, para confirmar que as obras do Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), ficariam prontas em um mês. Era final de 2010, término do segundo mandato. Os delatores revelaram que executaram uma reforma de R$ 1 milhão na propriedade a pedido da ex-primeira dama Marisa Letícia.
Emílio contou aos procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato que, no encontro, o petista não teria ficado surpreso com a informação. “Eu disse: olhe, chefe, o senhor vai ter uma surpresa e vamos garantir o prazo que nós tínhamos dados no problema lá do sítio”. Anotações e e-mails foram entregues pelo delator, como forma de comprovar a reunião. A Lava Jato sustenta que o sítio em Atibaia, no interior de São Paulo, é patrimônio oculto do ex-presidente Lula, registrado em nome de dois sócios de seus filhos. Lula nega.
Segundo o depoimento de Alexandrino Alencar, que seria a ponte entre Emílio e Lula, a ex-primeira dama teria pedido, durante um evento de celebração do aniversário de Lula, em 2010, que a construtora ajudasse a terminar as reformas. O executivo teria informado Emílio sobre a solicitação. “Alexandrino me avisou do pedido de Dona Marisa e me disse para não comentar nada com o ex-presidente, pois Dona Marisa havia informado que o sítio era uma surpresa”, apontou.
“Pedi a Alexandrino que conversasse com algum empresário nosso para identificar um engenheiro da Odebrecht que pudesse coordenar as obras, mas que nossa participação não fosse revelada, para evitar qualquer constrangimento, e assim foi feito”, garantiu. Emílio Odebrecht ainda relatou que, da "parte dele", o segredo foi mantido "até o final do mandato do ex-presidente", quando houve a reunião no Planalto.
O valor final da obra, de acordo com as delações da empreiteira, foi de R$ 1 milhão. Os executivos revelaram ainda ter combinado a emissão de notas frias com o advogado de Lula, Roberto Teixeira, em nome de Fernando Bittar, para que a defesa pudesse argumentar que o imóvel não é do ex-presidente e que as reformas foram bancadas por Fernando.

Delator diz que ajudou advogado de Lula a ocultar que Odebrecht executou reforma de sítio em Atibaia

Delator diz que ajudou advogado de Lula a ocultar que Odebrecht executou reforma de sítio em Atibaia

Delator diz que comprou cofre para guardar dinheiro da obra na propriedade frequentada pela família de Lula; Instituto Lula afirmou que "o sítio não é de propriedade do ex-presidente".

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Por Fabiano Costa, G1, Brasília

Delator diz que cuidava de reformas no sítio em Atibaia e confirma que seria para Lula
Responsável pela obra do sítio de Atibaia (SP) frequentado pela família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o engenheiro civil Emyr Costa contou à Procuradoria Geral da República (PGR) que ajudou a elaborar um contrato falso para esconder que a Odebrecht havia executado a reforma da propriedade rural. Costa relatou ainda que comprou um cofre para guardar R$ 500 mil repassados, em espécie, pela empreiteira para executar a obra (veja no vídeo acima a partir do minuto 12).
O sítio está registrado em nome dos empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar, sócios do filho do ex-presidente, Fábio Luis Lula da Silva. No entanto, os investigadores da Lava Jato dizem que há indícios de que a propriedade pertenceria ao ex-presidente da República e de que a escritura apenas oculta o nome do verdadeiro dono.
Em janeiro, a Polícia Federal pediu ao Ministério Público Federal para prorrogar o prazo de encerramento do inquérito que investiga o caso.
O Instituto Lula afirmou que "o sítio não é de propriedade do ex-presidente". "Seus donos já provaram tanto a propriedade quanto a origem lícita dos recursos que utilizaram na compra do sítio", diz a nota.
Segundo Costa – que atuava como engenheiro da Odebrecht Ambiental –, ele usou o dinheiro para pagar, semanalmente, a equipe de engenheiros e operários e os materiais de construção da reforma do sítio.
Emyr Costa contou detalhes da obra em depoimento de delação premiada com o Ministério Público. Ele é um dos 78 executivos e ex-dirigentes da empreiteira que fizeram acordo com a PGR para relatar irregularidades cometidas pela construtora em troca de eventual redução de pena.
Em um dos trechos do depoimento de 32 minutos à PGR, o engenheiro explicou aos procuradores como auxiliou o advogado Roberto Teixeira – amigo do ex-presidente – e o ex-dirigente da Odebrecht Alexandrino Alencar a redigir um contrato falso para maquiar o envolvimento da construtora na reforma do sítio.
Conforme o delator, na reunião com Teixeira e Alexandrino, ele informou que as despesas da obra seriam pagas em dinheiro vivo e que seria subcontratada uma empreiteira menor para executar o serviço.
Em meio à conversa, destacou Costa, Roberto Teixeira sugeriu que o engenheiro procurasse o empreiteiro para elaborar um contrato de prestação de serviços em nome do proprietário que aparece na escritura do imóvel, Fernando Bittar.
Diante da proposta do advogado, contou o delator, ele próprio sugeriu que fosse colocado no contrato um valor inferior aos R$ 700 mil que foram gastos na obra. Emyr Costa explicou que decidiram definir que a reforma havia custado R$ 150 mil para que ficasse compatível com a renda de Bitta.
"Eu fui lá para que não aparecesse que foi feito pela Odebrecht em benefício de Lula. Vai lá e faz um contrato entre Bittar e Carlos Rodrigo do Brato, que tem uma construtora e, nesse mesmo objeto, eu declarei: sauna, coloca um valor até mais baixo para ser compatível com a renda do Bittar", observou Costa.
"A gente colocou mais baixo que os 700 mil [reais]. Colocamos 150 mil e eu fiz o contrato pessoalmente, marquei uma reunião, levei o contrato, pedi para ele assinar e emitir uma nota no valor do contrato. Ele me devolveu e eu e eu voltei um dia antes para o senhor Roberto Teixeira eu fui sozinho e me registrei novamente na portaria", complementou.
Delator diz que cuidava de reformas no sítio em Atibaia e confirma que seria para Lula
Cofre
Emyr Costa afirmou que foi destacado para coordenar a obra do sítio no final de 2010 em uma conversa com o executivo Carlos Paschoal, responsável pelas operações da Odebrecht em São Paulo. Segundo o engenheiro, à época ele comandava os projetos de saneamento da construtora entre São Paulo e São Caetano do Sul, município do Grande ABC.
Ele explicou à PGR que a Odebrecht entregou a ele R$ 500 mil em espécie para que ele administrasse a reforma do sítio. O delator disse aos procuradores que nunca tinha visto tanto dinheiro vivo.
A cifra elevada fez com que ele decidisse comprar um cofre para guardar o dinheiro. Costa destacou que, todas as semanas, sacava R$ 100 mil do cofre para entregar à empresa subcontratada para fazer a reforma.
“Eu peguei toda informação e mostrei para Carlos Paschoal e disse que era necessário 500 mil [reais]. Ele me autorizou a começar o trabalho e disse que ia entregar o dinheiro através dessa equipe de operações estruturadas. Ele pediu para ligar para a senhora Maria Lúcia Soares. Eu nunca tinha feito uma obra dessa natureza e comprei um cofre. Semanalmente, eu entregava R$ 100 mil. Eu recebi esse dinheiro em espécie”, contou o delator.
"[Paschoal] me disse que era para eu destacar um engenheiro de confiança para mandar até o apartamento do Lula e fosse até o sitio de Atibaia fazer umas reformas. Essa reunião foi na construtora", disse Emyr Costa aos procuradores, ressaltando que ouviu de seu chefe que a propriedade também era utilizada por Lula.
Reforma
O engenheiro contou no depoimento que a reforma do sítio de Atibaia incluiu a construção de uma casa para os seguranças da Presidência da República que atuavam na equipe de Lula, suítes na casa principal, duas áreas de depósitos para adega e quarto de empregada, sauna, conserto de vazamento da piscina e conclusão de um campo de futebol.
Dono da Odebrecht, o empresário Emilio Odebrecht afirmou em depoimento, no acordo de delação premiada, que a reforma do sítio de Atibaia custou à construtora cerca de R$ 700 mil (veja no vídeo abaixo, a partir do minuto 7).
Petição 6780 - Emilio Odebrecht - Lula e Paulo Okamotto - vídeo 2
Emílio afirmou, ainda, que a propriedade sempre foi tratada dentro da empresa como se pertencesse ao ex-presidente da República. Segundo o empresário, foi a ex-primeira-dama Marisa Letícia quem pediu ajuda para concluir as obras, que já estavam em andamento no sítio.
O pedido, relata Emílio, foi feito em 2010, no último ano do segundo mandato de Lula na Presidência da República.
No ano passado, o instituto já havia se pronunciado sobre o sítio, afirmando que o ex-presidente frequenta o local desde que encerrou o mandato (em 2011); que o sítio pertence a "amigos da família"; e que "a tentativa de associá-lo a supostos atos ilícitos tem o objetivo mal disfarçado de macular a imagem do ex-presidente".
Recibos
Em março do ano passado, a Polícia Federal encontrou no apartamento de Lula, em São Bernardo do Campo (SP), documentos referentes a intervenções e reformas no sítio de Atibaia. Na ocasião, os investigadores afirmaram ter encontrado recibos de compras no Depósito Dias Materiais de Construção Ltda em favor do engenheiro Igenes dos Santos Irigaray Neto e cujo local de entrega indica o endereço do sítio Santa Bárbara.
À época, a ex-proprietária do depósito disse que a Odebrecht pagou as compras para a reforma do imóvel. Ela destacou ainda que Irigaray Neto teria sido contratado por meio do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, um dos réus da Lava Jato.
Na mesma operação de busca e apreensão, os policiais localizaram com a família de Lula um documento intitulado “Sítio Atibaia” que, de acordo com a PF, continha “anotações possivelmente referentes a cronograma de obras; desenhos de plantas e projetos”.
Havia ainda um “pedido de capa de piscina” elaborado pela empresa Acqua Summer Piscinas, em Atibaia, em 18 de janeiro de 2011, em nome do servidor da presidência Rogério Aurélio Pimentel, que atua como assessor de Lula. Pimentel comprou o objeto por R$5 50. A encomenda foi entregue no Sítio Santa Bárbara.
Em sua delação premiada, Emyr Costa contou para a Procuradoria Geral da República que viu pela "televisão" que, na operação no apartamento de Lula, a PF havia apreendido vários recibos do sítio frequentado pela família do ex-presidente.
Ele informou aos procuradores que a maioria do material de construção usado na reforma foi comprado em Atibaia. Segundo ele, apenas a sauna instalada na propriedade foi adquirida fora do município.
O engenheiro relatou que, até a equipe da Odebrecht assumir a reforma, quem estava à frente da obra era um grupo de arquitetos contratos por Bumlai.

"Esse arquiteto tinha feito projeto principal, que era das quatro suítes. Isso já estava sendo feito, nosso trabalho foi de conclusão da obra", enfatizou.

Tito Guarniere - A trapalhada da carne fraca

TITO GUARNIERE
​A TRAPALHADA DA CARNE FRACA
Há um mês atrás a Polícia Federal botou em cana quase 30 agentes sanitários e dirigentes de empresas na Operação Carne Fraca. Estariam mancomunados para vender, no mercado interno e no exterior, carne com prazo de validade vencida, contaminada de bactérias, além de usar papelão para encher linguiças e outros embutidos. Foi uma operação espetacular, como manda o figurino atual, feita com ampla cobertura da mídia, causando revolta entre os consumidores e previsível reação dos mercados compradores internacionais.
Não demorou e logo se viu que não era nada daquilo. A Polícia Federal, o Ministério Público e juízes, com sangue nos olhos para combater o mal, porém imprudentes e desatentos, ignorando medida e proporção, haviam transformado irregularidades pontuais em um escândalo de proporções épicas.
Nenhum dos afoitos e descuidados agentes do Estado, provavelmente, conhecia algum caso recente de intoxicação alimentar por causa da carne de gado ou de frango, ainda que fosse por ouvir dizer. Nenhum deles quis saber de que modo foi possível sair por aí vendendo carne podre – cujo cheiro é inconfundível - sem que ninguém tenha notado. E nem de longe cogitaram de como o Brasil poderia ter chegado a posição invejável no mundo, no comércio de proteína animal, sem cumprir o dever de casa, que começa na obediência estrita das normas sanitárias. Nenhum deles parou para pensar. Simplesmente tocaram bala.
As consequências foram desastrosas para os produtores de carne e para o País. Imediatamente, mais de dez países declararam a carne do Brasil sob suspeição, cancelando pedidos, mandando investigar de perto, e ameaçando suspender definitivamente a compra de fornecedores brasileiros.
As empresas do segmento e o governo tiveram que sair às pressas apagando incêndios pelo mundo, tentando diminuir o impacto da denúncia e mostrando o que era a mais simples verdade: a operação carregou nas tintas, exagerou na dose. Tudo indica que a “crise” foi debelada pela pronta intervenção do governo e das empresas. Tudo voltou ao normal, mas não sem antes causar um grave prejuízo às exportações nacionais, sem provocar um susto desnecessário, que poderia ter sido de consequências devastadoras, no instante em que o País tenta a duras penas sair da recessão.
A Operação Carne Fraca desapareceu da mídia. Não se sabe se existe ainda alguém preso. Não se ouve falar nada de quem bolou a malfadada “blitz”, de quem a executou, de que autoridades assinaram os papéis da ação mal ajambrada.
Entre mortos e feridos todos se salvaram, inclusive as autoridades responsáveis pela operação. Não pediram desculpas, não receberam nenhuma advertência pela ação temerária e mal calculada, não tiveram (nem terão) nenhum prejuízo nos seus bons salários e continuarão levando vida normal. Talvez sintam algum remorso na hora de traçar uma picanha suculenta ou uma costela gorda e macia – mas só pelo medo de engordar. Eles – os autores da patacoada – podem saborear carne brasileira à vontade que não lhes causará nenhum mal.

titoguarniere@terra.com.br

Marcelo S. Portugal: Odebrecht e o capitalismo de compadres

Marcelo S. Portugal: Odebrecht e o capitalismo de compadres
Professor titular na UFRGS, Ph.D. em Economia

O capitalismo gerou o maior desenvolvimento já visto na história humana. Desde seu início, o nível de renda da população do planeta Terra cresce aceleradamente. O padrão de vida das pessoas e os indicadores sociais melhoraram mais nos últimos 250 anos do que em toda a história da humanidade até então.

O capitalismo é um sistema de competição. No qual empresas competem no mercado tentando obter lucros ao oferecer bens e serviços que são mais baratos ou melhores que aqueles produzidos pelos seus concorrentes. É a competição, o mercado, os consumidores que determinam quais são as empresas bem-sucedidas. Aquelas que lucram mais e prosperam.

No Brasil tem se intensificado nos últimos anos uma espécie de capitalismo distinto. É o chamado Capitalismo de Compadres ou Capitalismo de Laços ou ou Capitalismo de Estado ou ainda, como chamam os ingleses, Crony Capitalism. Nele, Estado controla e regula muitos setores econômicos, seja diretamente, através de empresas estatais, ou por meio de regulações ou ainda pela concessão de subsídios creditícios ou tributários. No Capitalismo de Compadres, não há uma competição livre entre as empresas. Ao contrário. O Estado cria dificuldades para vender facilidades.

Os vídeos das delações premiadas da Odebrecht são uma aula sobre o funcionamento das entranhas do Capitalismo de Compadres. O empresário "ajuda" o agente político e, em troca, o agente político "ajuda" a empresa. Além do fato jurídico de que essa ajuda é, na verdade, corrupção, há um fato econômico relevante. Embora o Capitalismo de Compadres seja melhor do que o socialismo puro do ponto de vista da geração de progresso para o país, ele não é capaz de tornar o Brasil um país desenvolvido.


Precisamos de uma nova rodada de liberalização comercial, de desregulamentação de mercados, principalmente na área trabalhista, de eliminação dos subsídios creditícios e tributários destinados aos amigos do rei. Como disse Mário Covas nos anos 90, o Brasil precisa de um choque de capitalismo.

Artigo, Ricardo Noblat - Primeiramente, fora Lula !

Primeiramente, fora Lula!, (por RICARDO NOBLAT, em O GLOBO)
Publicado em 16/04/2017 14:05 e atualizado em 17/04/2017 09:51

Lula viveu de obséquios. Vive. O dinheiro não o atrai. A rotina da política, tampouco. O conforto e as facilidades, sim. Terceiriza a missão de obtê-las

Quem foi Marcelo Odebrecht? O mandachuva do país durante o reinado do PT? O chefe de uma sofisticada organização criminosa? Ou o “bobo da corte” afinal preso e forçado a delatar?

E Lula, quem foi? O primeiro operário a chegar ao poder? O maior líder popular da História? Ou o presidente que fez da corrupção uma política de Estado?

Marcelo será esquecido. Luiz Inácio Odebrecht da Silva, jamais.

Em dezembro de 1989, poucos dias após a eleição do presidente Fernando Collor de Melo, o deputado Ulysses Guimarães (PMDB-SP), ex-condestável do novo regime, almoçava no restaurante Piantella, em Brasília, quando entrou a cantora Fafá de Belém, amiga de Lula. “Como vai Lula?”, perguntou Ulysses. Fafá passara ao lado dele o domingo da sua derrota para Collor.

E contou: “Lula ficou muito chateado, mas começamos a beber e a comer, os meninos foram para a piscina e ele acabou relaxando”. Ulysses quis saber: “Tem piscina na casa de Lula?” Fafá explicou: “Tem, mas a casa é de um compadre dele, o advogado Roberto Teixeira”. Ulysses calou-se. Depois comentou com amigos: “O mal de Lula é que ele parece gostar de viver de obséquios”. Na mosca!

Lula viveu de obséquios. Vive. O dinheiro não o atrai. A rotina da política, tampouco. O conforto e as facilidades, sim. Terceiriza a missão de obtê-las.

O poder sempre o fascinou. E para conquistá-lo e mantê-lo, mandou às favas todos os escrúpulos que não tinha.

Os que o cercam em nada se surpreenderam com a figura que emerge das delações dos executivos da Odebrecht.

É um pragmático, oportunista, que se revelou um farsante. Emilio, o patriarca dos Odebrecht, decifrou Lula muito antes de ele subir a rampa do Palácio do Planalto. Conquistou-o com conselhos e dinheiro.

Perdeu nas vezes em que ele foi derrotado. Recuperou o que perdeu e saiu com os bolsos estufados quando Lula e Dilma governaram. Chamava-o de “chefe”. Emílio era o chefe.

Nos oito anos da presidência do ex-operário que detestava macacão e sonhava com gravatas caras, o país conviveu com o Lula que pensava conhecer e, sem o saber, também com Luiz Inácio Odebrecht da Silva, só conhecido por Emílio e alguns poucos.

“Cuide do meu filho”, um dia Lula pediu a Emílio. Que retrucou: “Cuide do meu também”. Emílio cuidou de Fábio. Lula, de Marcelo.

De Lula cuidaram Emílio e Marcelo, reservando-lhe uma montanha de dinheiro em conta especial para satisfazer-lhe todas as vontades. Lula retribuiu com decisões governamentais que fizeram a Odebrecht crescer muito mais do que a Microsoft em certo período.

A Odebrecht pagou a Lula, e Lula pagou a Odebrecht, com a mesma moeda – recursos públicos. Quem perdeu com isso?

A Odebrecht ganhou mais dinheiro à custa de Lula do que ele à custa dela, mas Lula foi mais esperto. Criou seu próprio banco, administrado pela empreiteira. E quando precisava sacar, outros o faziam em seu nome.

Imagina não ter deixado impressões digitais nas negociatas em que se meteu. A polícia já identificou muitas. E outras serão identificadas antes do seu depoimento em Curitiba.

Corrupção mata. Mata sonhos, esperanças, alucinações. Mata o passado, o presente e compromete o futuro. Mata também de morte morrida à falta de saneamento, hospitais, escolas, segurança pública. A impunidade mata tanto ou mais.


 hora e a vez são da Justiça. E ela será julgada pelo que fizer ou deixar de fazer.

Veja os indiciados

Alessandra Klass Guimarães Martins
Alice Mitico Nojiri Gonçalves - Esposa de Daniel Gonçalves Filho, atua na parte de lavagem de capitais dos valores ilícitos recebidos pelo marido, segundo a PF
Andre Luis Baldissera - Diretor da empresa BRF (BR FOODS S/A)
Antonio Garcez da Luz - Fiscal federal agropecuário
Arlindo Alvares Padilha Junior - Agente de Polícia Federal, lotado em Foz do Iguaçu
Brandízio Dario Junior
Carlos Cesar - Agente de inspeção federal
Celso Dittert de Camargo
Charlen Henrique Saconatto
Daniel Gonçalves Filho - Fiscal agropecuário e atuou como Superintendente Regional do MAPA
Daniel Ricardo dos Santos
Dinis Lourenço da Silva - Fiscal federal agropecuário
Edson Luiz Assunção - Fiscal Federal Agropecuário
Eduardo Vilela Magalhães
Fábio Zanon Simão - Advogado
Fabiula de Oliveira Ameida
Flavio Evers Cassou - Funcionário da empresa Seara Alimentos Ltda
Francisco Carlos de Assis - Médico veterinário e fiscal federal agropecuário
Frederico Augusto de Azevedo Lima - Sócio nas empresas Curtume Centro Oeste Ltda e Gaia Curtume Ltda
Gercio Luis Bonesi - Fiscal federal agropecuário
Gil Bueno de Magalhães - Fiscal federal agropecuário
Heuler Iuri Martins
Idair Antonio Piccin - Um dos proprietários da empresa Produtos Frigoríficos Peccin Ltda
Ines Lemes Pompeu da Silva
José Antonio Diana Mapelli
José Eduardo Nogalli Giannetti - Representante do grupo PECCIN
José Nilson Sacchelli Ribeiro
Josenei Manoel Pinto - Agente de inspeção sanitária
Juarez José de Santana - Chefe da unidade técnica regional de agricultura de Londrina
Julio Cesar Carneiro - Superintendente do Mapa em Goiás
Kelli Regina Marcos
Laercio José Brunetto
Lauro João Lobo Alcantara
Lucimara Honorio Carvalho
Luiz Alberto Patzer
Luiz Carlos Zanon Junior - Fiscal federal agropecuário lotado na Unidade Técnica Regional de Agricultura de Londrina
Mara Rubia Mayorka
Marcelo Zanon Simão
Marcos Cesar Artacho
Maria do Rocio Nascimento - Médica veterinária, fiscal federal agropecuária, e chefe do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa).
Nair Klein Piccin - Sócia da empresa Produtos Frigoríficos Peccin Ltda
Nazareth Aguiar Magalhães
Nilson Alves Ribeiro
Nilson Umberto Sacchelli Ribeiro - Empresário, dono da empresa Frigobeto
Normélio Peccin Filho - Um dos proprietários da empresa Produtos Frigoríficos Peccin Ltda
Paulo Rogério Sposito - Proprietário do Frigorífico Larissa Ltda
Rafael Nojiri Gonçalves - Filho de Daniel Gonçalves Filho, atua na parte de lavagem de capitais dos valores ilícitos recebidos pelo pai, segundo a PF
Renato Menon - Fiscal federal agropecuário
Roberto Borba Coelho Junior
Roberto Brasiliano da Silva - é ex-assessor parlamentar do ex-deputado pecuarista José Janene
Roberto Mülbert
Ronaldo Sousa Troncha
Roney Nogueira dos Santos - Gerente de relações institucionais e governamentais da empresa Brasil Foods
Sebastião Machado Ferreira - Agente de inspeção sanitária e industrial de produtos de origem animal
Sérgio Antonio de Bassi Pianaro - Agente de inspeção sanitária
Sidiomar de Campos
Silvia Maria Muffo
Sonia Mara Nascimento
Sylvio Ricardo D'almas
Tarcisio Almeida de Freitas - Agente de inspeção sanitária
Valdecir Belacon
Vicente Claudio Damião Lara

Welman Paixão Silva Oliveira - Médico veterinário

Ao criar Lula para destruir Brizola, os militares conseguiram arrasar o país

Ao criar Lula para destruir Brizola, os militares conseguiram arrasar o país

Posted on abril 15, 2017 by Tribuna da Internet     
  
Carlos Newton

Como agora todos sabem, através das informações do empresário Emilio Odebrecht, as quais são conhecidas há décadas, mas muitas lideranças de esquerda se recusavam a acreditar, Lula realmente foi uma invencionice do general Golbery do Coutto e Silva, famoso alter ego da revolução de 1964, para evitar que o trabalhista Leonel Brizola chegasse ao poder. Quem conheceu Golbery sabe que era um mestre nos bastidores da política. O cineasta Glauber Rocha merecidamente o chamou de “o gênio da raça” e quase foi crucificado por essa frase de efeito.

Conforme o comentarista Antonio Santos Aquino há anos tem relatado aqui na “Tribuna da Internet”, Lula foi um filhote da ditadura, que fez até curso na Johns Hopkins University, em Baltimore, assistido por um tradutor. O general Golbery jamais imaginou que sua cria chegasse ao poder, mas a vida é muito mais imaginosa do que a ficção.

SEM CARÁTER – Também não há a menor novidade sobre o caráter de Lula, sua trajetória já foi dissecada em três livros arrasadores, escritos por Ivo Patarra, José Nêumane Pinto e Romeu Tuma Jr. Há também as declarações dos criadores do PT que se afastaram dele, como Hélio Bicudo, Cesar Benjamim, Vladimir Palmeira, Fernando Gabeira, Heloisa Helena, Paulo Delgado, Plínio de Arruda Sampaio, a lista é interminável, tudo público e notório.

Até mesmo a prisão de Lula na ditadura foi uma farsa, conforme mostra a célebre foto do camburão, com Lula fumando um cigarro e interpretando o papel de “Barba”. O então agente federal Romeu Tuma Jr. estava lá e não deixa ninguém mentir, porque também aparece em outra fotografia do ato da prisão. Ele tinha intimidade com Lula, que costumava dormir no sofá da casa do temido Romeu Tuma pai.

ENGANOU MEIO MUNDO – O fato é que Lula enganou todo mundo, até mesmo Golbery. O líder metalúrgico criou o PT, viu que poderia substituir Brizola na disputa pelo poder, candidatou-se três vezes, foi enganando, enganando… até que saiu vitorioso na quarta tentativa, ao derrotar um candidato fraco e sem carisma, o tucano José Serra.

O resto é mais que sabido. Depois de eleito, Lula isolou os intelectuais do PT e livrou-se deles, dilatou e sindicalizou a máquina administrativa, usou as estatais como fonte inesgotável de recursos pessoais e eleitorais, ampliou ao máximo os programas sociais, sem fiscalizá-los, e criou projetos educacionais eleitoreiros, como o Pronatec, com seus supostos cursos técnicos, e o Prouni (Universidade para Todos), que fez a festa das faculdades particulares, com as bolsas totais e parciais custeadas pelo MEC para estudantes sem a menor condição de ingressar no ensino superior.

DILAPIDAÇÃO TOTAL – Essa farra do boi embriagado custou e ainda custa muitos recursos públicos, elegeu e reelegeu uma candidata mambembe e patética como Dilma Rousseff, e o resultado está aí – vamos penar até sair de recessão, enquanto isso o novo governo liquida as conquistas sociais e os direitos trabalhistas, o país anda para trás, de forma implacável, impiedosa e impactante.

O pior é que a Era Lula provocou uma escassez de novas lideranças.
Estamos num deserto de homens e ideias, como dizia o ministro Oswaldo Aranha, que teria sido um grande presidente, se Vargas não tivesse lançado o general Eurico Dutra, uma versão mais antiga da “vaca fardada” que o general Mourão Filho depois imortalizaria, ao definir sua própria condição.

O fato é que os militares impediram Brizola de chegar ao poder, mas esqueceram de que era fundamental existir um líder civil capaz de comandar o país, não importa se representasse a direita ou a esquerda.
Bastava que fosse decente, preparado e nacionalista, porque as velhas ideologias estão ultrapassadas, precisam desesperadamente de atualização.

E vida que segue, como dizia nosso amigo João Saldanha, que jamais deixou de ser comunista e hoje estaria deprimido com a política nacional.


NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Lula é um fenômeno. Orgulhando-se de jamais ter lido um só livro, tornou-se doutor honoris causa de 31 universidades espalhadas pelo mundo. Agora, todos sabem que é um doutor de araque, e a primeira instituição que pretende lhe tomar o título é a Universidade de Coimbra. As outras 30 terão de tomar idêntica iniciativa. É só uma questão de tempo. (C.N.)