Artigo de estreia de J.R. Guzzo na Gazeta do Povo - Desencantado com Bolsonaro? Pense mais uma vez

Desanimado, talvez, com o estado geral da República nestes dias? Meio cansado de ser lembrado na mídia, de hora em hora, que o Brasil está à beira do abismo? Com a paciência já perto do fim diante dos alertas de que você vive, Santo Deus, num regime cada vez mais “ditatorial?” Cheio dos três filhos do presidente, do presidente, do Congresso, do STF, dos porteiros de condomínio que contam mentiras, da Rede Globo, da situação, da oposição, do “ritmo lento” na retomada da economia? Ninguém vai dizer aqui que nós temos a solução para o seu problema, porque artigos na imprensa jamais foram a solução para problema algum. Mas um texto de estreia na equipe de colaboradores da Gazeta exige do autor, pelo menos, uma tentativa sincera de sugerir ao leitor algum tipo de pensamento positivo, como se dizia antigamente. Vamos combinar o seguinte, então, como diz o mestre dos mestres dos atores ingleses, Sir Anthony Hopkins: ninguém vai sair vivo disso aqui.

Faz sentido, portanto, aproveitar todas as oportunidades que a vida lhe oferece de não ser infeliz. Pode ter certeza que o contrário é muito pior.

Eis aqui uma dessas oportunidades: lembre-se, a cada vez que lhe jogarem em cima alguma das aflições expostas ali nas primeiras linhas, como estaria a sua vida se há um ano atrás o Brasil tivesse elegido Fernando Haddad para presidente da República. Que tal? É possível que o próprio Haddad fique alarmado com a ideia. Pense um pouco em quem seria o ministro da Fazenda, por exemplo, e sobretudo no que ele estaria fazendo. Pense na Petrobras. Pense nos negócios da Petrobras. Pense nos diretores da Petrobras. Pense nos empreiteiros de obras públicas, nos empresários “campeões nacionais”, na roubalheira praticada nas três formas conhecidas de infinito - o atual, o potencial e o absoluto. Pense nos empréstimos que estariam fazendo, com o seu dinheiro, à Venezuela, Cuba ou Angola. Pense em Dilma Rousseff como ministra de alguma coisa. Já deu para ver onde estaria amarrado o nosso burro, não é mesmo? Então: um pouco mais de ânimo, pessoal, pois o atual governo, seja lá o julgamento que você faça dele, é artigo de primeiríssima qualidade perto do que poderiam estar lhe servindo agora.

Tenha base em informação de confiança e colunistas de opinião para recuperar esse ânimo 
  
Não se trata apenas de imaginar pesadelos que não aconteceram. Trata-se de olhar para os fatos. Em 2015, o último ano-cheio do PT no governo, a inflação foi superior a 10%, indo para 11. Em 2019 será de 3%, e na sua última medição mensal foi zero. Os juros estavam em 14,25% ao ano. Hoje estão três vezes menores, em 5% - o nível mais baixo em 33 anos, quando se começou o trabalho de fazer a sua computação anual. O risco do Brasil como devedor passou dos 500 pontos em 2015; hoje está um pouco acima de 100. Dilma, em sua reta final, deu ao Brasil uma recessão inédita: o PIB caiu em quase 4% no ano. Em 2019 vai subir 1%. O crédito imobiliário está em 6,5% ao ano, um número recorde. Nos seis primeiros meses deste ano, segundo a indiscutível OCDE, o Brasil foi o quarto país do mundo que recebeu mais investimentos estrangeiros. Até 30 de setembro foram criados 760.000 novos empregos. Até esse dia 30, também, a União arrecadou mais de 95 bilhões de reais com privatizações, concessões e vendas de empresas estatais – quatro vezes mais do que tinha planejado. A BR Distribuidora não é mais da Petrobras. O índice da Bolsa de São Paulo está chegando perto dos 110.000 pontos. Fechou abaixo dos 40.000 em 2015.

Desencantado, ainda? Pense mais uma vez.
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J.R.Guzzo é jornalista. Começou sua carreira como repórter em 1961, na Última Hora de São Paulo, passou cinco anos depois para o Jornal da Tarde e foi um dos integrantes da equipe fundadora da revista Veja, em 1968. Foi correspondente em Paris e Nova York, cobriu a guerra do Vietnã e esteve na visita pioneira do presidente Richard Nixon à China, em 1972. Foi diretor de redação de Veja durante quinze anos, a partir de 1976, período em que a circulação da revista passou de 175.000 exemplares semanais para mais de 900.000. Nos últimos anos trabalhou como colunista em Veja e Exame.      

Nota de Ali Kamel, distribuída ao jornalistmo da Globo

Eu me refiro à semana passada, quando um cuidadoso trabalho da editoria Rio levou ao ar no Jornal Nacional uma reportagem sobre o Caso Marielle que gerou grande repercussão. A origem da reportagem remonta ao dia 1° de outubro, quando a editoria teve acesso a uma página do livro de ocorrências do condomínio em que mora Ronnie Lessa, o acusado de matar Marielle. Ali, estava anotado que, para entrar no condomínio, o comparsa dele, Elcio Queiroz, dissera estar indo para a casa 58, residência do então deputado Jair Bolsonaro, hoje presidente da República. Isso era tudo, o ponto de partida.

Um meticuloso trabalho de investigação teve início: aquela página do livro existiu, constava de algum inquérito? No curso da investigação, a editoria confirmou que o documento existia e mais: comprovou que o porteiro que fez a anotação prestara dois depoimentos em que afirmou que ligara duas vezes para a casa 58,  tendo sido atendido, nas palavras dele, pelo “seu Jair”. A investigação não parou. Onde estava o então deputado Jair Bolsonaro naquele dia? A editoria pesquisou os registros da Câmara e confirmou que o então deputado estava em Brasilia e participara de duas votações, em horários que tornavam impossível a sua presença no Rio. Pesquisou mais, e descobriu vídeos que o então deputado gravara na Câmara naquele dia e publicara em suas redes sociais. A realidade não batia com o depoimento do porteiro.

Em meio a essa apuração da Rio (que era feita de maneira sigilosa, com o conhecimento apenas de Bonner, Vinicius, as lideranças da Rio e os autores envolvidos, tudo para que a informação não vazasse para outros órgãos de imprensa), uma fonte absolutamente próxima da família do presidente Jair Bolsonaro (e que em respeito ao sigilo da fonte tem seu nome preservado), procurou nossa emissora em Brasilia para dizer que ia estourar uma grande bomba, pois a investigação do Caso Marielle esbarrara num personagem com foro privilegiado e que, por esse motivo, o caso tinha sido levado ao STF para que se decidisse se a investigação poderia ou não prosseguir. A editoria em Brasilia, àquela altura, não sabia das apurações da editoria Rio. Eu estranhei: por que uma fonte tão próxima ao presidente nos contava algo que era prejudicial ao presidente? Dias depois, a mesma fonte perguntava: a matéria não vai sair?

Isso nos fez redobrar os cuidados. Mandei voltar a apuração quase à estaca zero e checar tudo novamente, ao mesmo tempo em que a Editoria Rio foi informada sobre o STF. Confirmar se o caso realmente tinha ido parar no Supremo tornava tudo mais importante, pois o conturbado Caso Marielle poderia ser paralisado. Tudo foi novamente rechecado, a editoria tratou de se cercar de ainda mais cuidados sobre a existência do documento da portaria e dos depoimentos do porteiro. Na terça-feira, dia 29 de outubro, às 19 horas, a editoria Rio confirmou, sem chance de erro, que de fato o MP estadual consultara o STF.


De posse de todas esses fatos, informamos às autoridades envolvidas nas investigações que a reportagem seria publicada naquele dia, nos termos em que foi publicada. Elas apenas ouviram e soltaram notas que diziam que a investigação estava sob sigilo. Informamos, então, ao advogado do presidente Bolsonaro, Frederick Wassef, sobre o conteúdo da reportagem e pedimos uma entrevista, que prontamente aceitou dar em São Paulo. Nela, ele desmentiu o porteiro e, confirmando o que nós já sabíamos, disse que o presidente estava em Brasília no dia do crime. Era madrugada na Arábia Saudita e em nenhum momento o advogado ofereceu entrevista com o presidente.

A reportagem estava pronta para ir ao ar. Tudo nela era verdadeiro: o livro da portaria, a existência dos depoimentos do porteiro, a impossibilidade de Bolsonaro ter atendido o interfone (pois ele estava em Brasilia) e, mais importante, a possibilidade de o STF paralisar as investigações de um caso tão rumoroso. É importante frisar que nenhuma de nossas fontes vislumbrava a hipótese de o telefonema não ter sido dado para a casa 58. A dúvida era somente sobre quem atendeu e só seria solucionada após a decisão do STF e depois de uma perícia longa e demorada em um arquivo com mais de um ano de registros. E isso foi dito na reportagem. Quem, de posse de informações tão relevantes, não publica uma reportagem, com todas as cautelas devidas, não faz jornalismo profissional.

Hoje sabemos que o advogado do presidente, no momento em que nos concedeu entrevista, sabia da existência do áudio que mostrava que o telefonema fora dado, não à casa do presidente, mas à casa 65, de Ronnie Lessa. No último sábado, o próprio presidente Bolsonaro disse à imprensa: “Nós pegamos, antes que fosse adulterada, ou tentasse adulterar, pegamos toda a memória da secretária eletrônica que é guardada há mais de ano".
  
Por que os principais interessados em esclarecer os fatos, sabendo com detalhes da existência do áudio, sonegaram essa informação? A resposta pode estar no que aconteceu nos minutos subsequentes à publicação da reportagem do Jornal Nacional.

Patifes, canalhas e porcos foram alguns dos insultos, acompanhados de ameaças à cassação da concessão da Globo em 2022, dirigidos pelo presidente Bolsonaro ao nosso jornalismo, que só cumpriu a sua missão, oferecendo todas as chances aos interessados para desacreditar com mais elementos o porteiro do condomínio (já que sabiam do áudio).

Diante de uma estratégia assim, o nosso jornalismo não se vitimiza nem se intimida: segue fazendo jornalismo. É certo que em 37 anos de profissão, nunca imaginei que o jornalismo que pratico fosse usado de forma tão esquisita, mas sou daqueles que se empolgam diante de aprendizados. No dia seguinte, já não valia o sigilo em torno do assunto, alegado na véspera para não comentar a reportagem do JN antes de ela ir ao ar. Houve uma elucidativa entrevista das promotoras do caso, que divulgamos com o destaque merecido: o telefonema foi feito para a casa 65, quem o atendeu foi Ronnie Lessa, tudo isso levando as promotoras a afirmarem que o depoimento do porteiro e o registro que fez em livro não condizem com a realidade. O Jornal Nacional de quarta exibiu tudo, inclusive os ataques do presidente Bolsonaro ao nosso jornalismo, respondidos de forma eloquente e firme, mas também serena, pela própria Globo, que honra a sua tradição de prestigiar seus jornalistas. Estranhamente, nenhuma outra indagação da imprensa motivada por atitudes e declarações subsequentes do presidente foi respondida. O alegado sigilo voltou a prevalecer.

Mas continuamos a fazer jornalismo. Revelamos que a perícia no sistema de interfone foi feita apenas um dia depois da exibição da reportagem e num procedimento que durou somente duas horas e meia, o que tem sido alvo de críticas de diversas associações de peritos.

Conto tudo isso para dar os parabéns mais efusivos à editoria Rio. Seguiremos fazendo jornalismo, em busca da verdade. É a nossa missão. Para nós, é motivo de orgulho. Para outros, de irritação e medo.

Ali Kamel

Assaltos e squestros em Gramado

Os líderes da quadrilha são irmãos (um está no hospital e outro fugiu e está sendo caçado) e empresários na região metropolitana. Ambos são experimentados bandidos.

A Polícia Civil prendeu, ontem,  o sétimo suspeito de envolvimento no sequestro de um empresário e de dois funcionários dele em Gramado, na Serra, na última sexta-feira. O empresário assaltado era dono da chocolates Planalto e tinha vendido há pouco o seu negócio. Os bandidos sabiam da notícia.  130 policiais civis e brigadianos prosseguem as buscas por um oitavo suspeito.

A operação começou já no dia do crime e, desde então, foram registrados três confrontos. 

No primeiro deles, na noite de sexta, dois policiais foram atropelados pelos criminosos — um dos agentes segue internado em um hospital de Caxias do Sul.



Os primeiros suspeitos foram presos no sábado (2), em Taquara, quando um casal em um veículo foi abordado pela Polícia Civil. No momento da abordagem, o motorista tentou atropelar os agentes, que reagiram e atiraram contra o carro. O homem foi baleado em um dos braços e levado ao hospital. A mulher que estava com ele foi presa. Também no sábado, um homem foi preso em Gramado, na localidade de Várzea Grande, com duas pistolas calibre 9 milímetros. No mesmo local, duas mulheres foram detidas. Já no final da tarde de domingo, um homem, que, segundo a polícia, iria resgatar fugitivos em um matagal, foi preso após confronto. No mesmo dia, um criminoso rendeu um casal em uma pousada em Gramado e fugiu com as vítimas em um carro. Ao se deparar com as viaturas da Brigada Militar, ele abandonou o carro com os reféns dentro e fugiu a pé. Este é o fugitivo que segue sendo procurado..

Panvel abre 258 vagas na sua rede do RS


Com a alta do movimento registrada em suas lojas do Litoral gaúcho durante o último verão, a Panvel já se prepara para a próxima temporada. A rede acaba de abrir 258 vagas para contratação imediata nas principais praias da região. São vagas para os cargos de Assistente de Atendimento (cerca de 90% do total), Farmacêutico (5% do total) e Ajudante de Limpeza (5% do total de vagas). Há oportunidades em 13 cidades, com destaque Capão da Canoa (69 vagas), Tramandaí (33) e Xangri-lá (28).

Os interessados podem se candidatar através do site (http://www.grupodimed.com.br/), na opção "Carreira", onde estarão as vagas divulgadas. Interessados também podem entregar os currículos diretamente nas lojas. Atualmente, a Panvel conta com aproximadamente 5.600 colaboradores e, em relação ao mesmo período do ano passado, a rede já gerou aproximadamente 600 novos empregos.

Confira as vagas aberta no Litoral gaúcho:

Cidade
Total de vagas
Tramandaí 
33
Capão da Canoa 
69
Capão Novo
9
Xangri-lá
28
Rainha do Mar
10
Imbé 
12
Atlântida
15
Atlântida Sul
11
Pinhal 
7
Torres
27
Cidreira 
8
Arroio do Sal
11
Cassino
18

Sobre a Panvel

Com quase 50 anos de história e cerca de 450 filiais no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, a Panvel está entre as principais redes de farmácias da Região Sul do Brasil. São 13 mil itens à venda, entre medicamentos e produtos de higiene e beleza, e mais de 700 Produtos Panvel, incluindo maquiagem, proteção solar, ortopédicos, infantis e cuidados masculinos. É uma rede multicanal, com lojas físicas conectadas à uma série de facilidades, como telentrega Alô Panvel, Aplicativo Panvel, Serviço Click & Retire e loja online http://www.panvel.com/, com entrega para todo país.

A rede faz parte do Grupo Dimed, também detentor da distribuidora de medicamentos e produtos de higiene e beleza Dimed e do laboratório Lifar, divisão de desenvolvimento e fabricação de cosméticos, medicamentos e alimentos, responsável pela elaboração de produtos para grandes marcas no Brasil e no exterior, além dos produtos de marca própria Panvel.

A qualidade no atendimento e seu mix completo fidelizam seus clientes. A Panvel investe também em ações de responsabilidade socioambiental, com destaque para o Troco Amigo, que beneficia hospitais da Região Sul; Destino Certo, em que medicamentos vencidos ou em desuso são recolhidos e descartados de forma correta; e o Menos Sacolas na Natureza, que reduz o uso de sacolas plásticas.

A lógica da dissuasão. E o Big Stick ao contrário.


Já descrevi na análise anterior (“Por que de repente a coisa desanda…”) como a sensação de injustiça tem potencial para desencadear rebeliões que parecem brotar do nada. Há ainda outro fator. É preciso que as instituições políticas tenham perdido a necessária capacidade de absorver as ondas de choque quando a insatisfação da massa alcança um ponto crítico.

Ou seja, é preciso que as pessoas tenham se desiludido, ou ao menos atingido um patamar de ceticismo, sobre a possibilidade de resolver “pacificamente” as pendências com o governo. É a situação propícia a que correntes políticas busquem mudar rapidamente, por meio da “rua”, a correlação de forças, e portanto a configuração do poder.

É natural, também por isso, que em qualquer país e qualquer tempo a oposição trabalhe para dificultar que aquelas ondas de choque sejam absorvidas, ao menos enquanto ela própria não alcançar o objetivo de poder. Ou entrando no governo ou promovendo uma troca de guarda. Daí a inutilidade, para a oposição, de platitudes como o adjetivo “construtiva”.

E o governo? Precisa trabalhar dia e noite para impedir o atingimento do ponto nodal em que as pessoas passam a duvidar do “funcionamento” das ditas instituições. E precisa lembrar sempre à sociedade que tem instrumentos repressivos capazes de evitar a perda de poder, e tem também a disposição de usá-los, se for preciso para evitar a perda do controle.

Paulo Guedes é o principal instrumento de Jair Bolsonaro para manter acesa a esperança de que as coisas vão melhorar. Há porém dois complicadores. Nem os mais otimistas acham que a vida vai ficar muito melhor tão rápido, e os realistas sabem que é grande a possibilidade de uma turma expressiva acabar ficando para trás mesmo quando as coisas melhorarem.

Daí que o governo declare repetidamente a disposição de reprimir. É uma tática de dissuasão. E a referência ao AI-5 só chocou quem esqueceu que o bolsonarismo é uma força política externa ao bloco derrotou o ciclo militar em 1984/85. Ele não tem qualquer compromisso com a narrativa da Nova República. Aliás é a expressão atual dos derrotados naqueles dois anos.

Entretanto, a dissuasão pela exibição de força só tem efeito se há a disposição e a capacidade reais de usar a força. E tudo na vida tem dois lados. No Chile, por exemplo, Sebastián Piñera acabou perdendo a capacidade de dissuasão quando quis exibir uma força que não tinha como utilizar plenamente no plano operacional: as Forças Armadas.

E quando você ameaça usar uma força que na prática não está disponível você acaba mandando sinais de fraqueza, e reduzindo portanto a capacidade de dissuasão.

Fica a dica.

*
Governos precisam mostrar permanentemente que estão fortes, e uma parte disso é evitar o isolamento, nas ruas e nos salões. A situação ótima é quando o governo convence a sociedade, especialmente as elites, de que ele é essencial para resolver os problemas. A situação razoável é quando ele dá a impressão de não estar atrapalhando.
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Alon Feuerwerker 
alon.feuerwerker@fsb.com.br

Artigo, Renato Sant'Ana - Ataques orquestrados, prejuízo do Brasil


         No mesmo dia em que a Globo tropeçou na notícia e soltou uma "fake news" no Jornal Nacional (JN), blogs que se pretendem revolucionários faziam malabarismo retórico para dinamitar a reputação do presidente da República. Terá sido só coincidência?
          No JN de 29/10/19, William Bonner anunciou matéria dos jornalistas Paulo Renato Soares, Tyndaro Menezes e Leslie Leitão, malandramente, "ligando" o Presidente Jair Bolsonaro ao assassinato de Marielle Franco.
          O JN reportou a visita de um dos suspeitos pelo homicídio (sic!) à casa de Bolsonaro, com detalhes: condomínio, comunicação por interfone, voz do presidente respondendo, etc., tudo informado por um porteiro.
          Só depois de ligar o nome de Bolsonaro ao crime foi que o JN informou que ele sequer estava na cidade no dia dos acontecimentos, tornando claro que nada daquilo fazia sentido.
          Eis um "pega-ratão": apresenta-se, como se verdadeira fosse, uma história que se sabe falsa. Só depois, quando já é provável a fixação de uma crença obscura na cachola dos desavisados, é que vem a informação do fato que torna evidente tratar-se de falsidade.
          Em menos de 24 horas, porém, o estrago foi desfeito. Carlos (um dos filhos de Bolsonaro) obteve registros do computador do condomínio, provando que nem sequer houve a ligação de interfone para a casa 58, do presidente, que, igualmente comprovado, estava em Brasília na data.
          A promotora Simone Sibilio, do MPE-RJ, disse que o porteiro do condomínio mentiu para a Polícia: "O áudio que temos demonstra que o porteiro falou com a casa 66, a do policial Ronie Lessa, suspeito de ter disparado os tiros contra Marielle."
          Mas, ao mesmo tempo que a equipe do JN operava, um blog, que, nos governos petistas, se locupletava com "patrocínios" de estatais, dava esta manchete, que outros replicaram: "Bolsonaro diz ter afinidade com príncipe saudita envolvido em assassinato de jornalista".
          Na véspera, para fins de negócios entre Brasil e Arábia Saudita, Bolsonaro havia tido reunião com o príncipe herdeiro daquele país, Mohammed bin Salman. E, num arroubo de cordialidade, o presidente falou: "Tenho uma certa afinidade com o príncipe. Em especial depois do encontro em Osaka [no Japão]." Bastou!
          A guerra suja travestida de jornalismo ignorou a passagem do presidente brasileiro pela Arábia Saudita e os negócios celebrados. E, para atingir a imagem de Bolsonaro, explorou o fato de o tal príncipe ser suspeito de estar envolvido na morte do jornalista Jamal Khashoggi, dentro da embaixada de seu país na Turquia.
          Ora, o fundo soberano da Arábia Saudita vai investir US$ 10 bilhões no Brasil, que é o sexto país a receber investimento desse fundo, ao lado de Estados Unidos, Japão, França, África do Sul e Rússia. E daí?
          Um provável destino da dinheirama é a construção da ferrovia planejada para ligar o Mato Grosso ao Pará, com custo estimado em US$ 3 bilhões: recuperação de nossa moribunda malha ferroviária.
          Mas a "tabelinha" da mídia formal com blogs revolucionários desprezou a notícia, dedicando-se apenas a forjar a imagem de um Bolsonaro com "afinidade com assassinos".
          E a campanha continua. No YouTube, para manter em alta o ódio da militância, canais de esquerdistas insinuam que é falso o álibi de Bolsonaro (sua comprovada presença na Câmara Federal), "narrativa", aliás, desqualificada pelo deputado Marcelo Freixo, amigo de Marielle.
          Mas há outra coincidência: tudo ocorreu enquanto repercutia reportagem de Veja (disponível na web desde 25/10/19) em que Marcos Valério aponta Lula como um dos mandantes do assassinato de Celso Daniel.
          Agora, sem dúvidas, há muito a ser criticado no governo de Jair Bolsonaro. O problema é que, na fumaça desta guerra, que visa a extinguir o governo, as suas falhas acabam perdendo visibilidade. Jamais, em 130 anos de República, contra presidente algum, se viu coisa parecida.
          A verdade inelutável é que, se o presidente da República não conseguir governar, o prejuízo vai ser do Brasil, não da família Bolsonaro.

Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo.
E-mail: sentinela.rs@uol.com.br