Artigo, Gilberto Jasper - Nostalgia do bem

Jornalista/gilbertojasper@gmail.com

 

            Meu pai foi vereador em Arroio do Meio, no Vale do Taquari, em 1968. Época do bipartidarismo, onde detentores de mandato sequer tinham vencimentos. Também não contavam com um séquito de assessores. 

         Lembro-me de diversos episódios daquele período. Em casa, recebíamos inúmeros agricultores, que falavam dialetos em alemão ou italiano. Cedo da manhã meu pai os recebia na porta do ônibus, vindo da colônia. Eram levados a repartições públicas, como a Exatoria Estadual e outras para resolver pequenos problemas. À tardinha eram levados à estação rodoviária e voltavam para casa.

         Recordo do prefeito de então, Benito Johann, empresário gentil e educado, que era da Arena. Com frequência ele vinha à nossa casa no final do dia tomar chimarrão e trocar ideias com meu pai. Aos oito anos, achava aquilo estranho, porque,  afinal, era adversário político do velho Giba, a quem perguntei os motivos dos encontros.

         Certo dia, meu pai fez indagação diretamente ao “seu” Benito que calmamente respondeu:

         - Sim, teu pai é adversário, mas não inimigo. Quando tenho ideia sobre algum projeto, converso com ele e peço sugestões. Assim, conseguimos aprovar muitos projetos por unanimidade. Desta maneira, passamos à população a ideia sobre a importância do que foi aprovado pela Câmara de Vereadores – explicou com a paciência habitual.

         Lembro todos os dias daqueles tempos ao assistir o noticiário político. Vivemos em uma época de intolerância e desinteligência. Do personalismo em detrimento do interesse público. Da carência de imparcialidade e isenção na veiculação de conteúdos. E de muito ódio disseminado por todas as plataformas e ferramentas, digitais ou não.

         Soa piegas e ingênuo recordar “os bons tempos” – como dizem os velhos como eu -, mas um pouco de respeito, dignidade, empatia e ética não fariam mal à política. A compra disfarçada, via emendas parlamentares e tantos outros artifícios, explica a escalada das abstenções em dias de eleição. A tendência é o agravamento da crise política e moral.


DataFolha mostra muito pessimismo sobre o estado atual e futuro da economia

 A Folha de S. Paulo publica, hoje, dia 1o,  pesquisa realizada pelo Datafolha, que revela amplo pessimismo entre os brasileiros em relação à economia do país. 

A pesquisa contrasta de maneira significativa com a pesquisa Radar Febraban, divulgada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) há apenas uma semana, que apresenta um panorama edulcorado e surpreendente, extremamente otimista sobre o ano que se inicia.

O editor tem cópia integral da pesquisa da Febraban, que é estranhíssima (leitores podem pedir cópia integral pelo Whats do editor, 51.99945.o9810).

De acordo com o Datafolha, o otimismo dos brasileiros com o Ano Novo caiu para 47%, o menor patamar desde 2020. Pela primeira vez em cinco levantamentos, menos da metade dos entrevistados acredita que a situação econômica da população melhorará no próximo ano. A pesquisa do Datafolha sugere uma visão negativa sobre a trajetória econômica do país, com 61% dos brasileiros acreditando que a economia está no caminho errado. Entre os entrevistados, apenas 32% veem a trajetória econômica como correta, e 6% não souberam responder.

A disparidade entre as duas pesquisas levanta questões sobre a percepção dos brasileiros em relação à economia e à atuação do governo. Enquanto o Datafolha aponta para um cenário de desconfiança e pessimismo, a Radar Febraban sugere que a maioria da população mantém uma visão positiva, impulsionada por indicadores econômicos favoráveis. Os números da economia parecem justificar mais os resultados do Ipespe do que do Datafolha.