O caso do Trensurb

Os ex-presidentes da Trensurb, Porto Alegre, Humberto Kasper, Marco Arildo Prates da Cunha, Eliseu Padilha e Marco Maia, estão na lista de Janot por terem recebido propina.

Muita gente não entendeu por que razão Kasper e Arildo estavam no rol divulgado pelo Estadão.

É isto.

O inquérito de número 4.434, aberto por ordem do ministro do STF Edson Fachin, atinge em cheio quatro gaúchos envolvidos na obra de extensão da linha do Trensurb entre São Leopoldo e Novo Hamburgo. Dois deles têm foro privilegiado por exercício do cargo: Eliseu Padilha (PMDB), ministro da Casa Civil, e Marco Maia (PT), deputado federal. Os outros dois, Marco Arildo Prates da Cunha e Humberto Kasper (ambos ex-diretores do Trensurb), serão beneficiados pelo fato de serem investigados no mesmo procedimento dos políticos com foro privilegiado. É alvo da apuração também o ex-ministro Paulo Bernardo. Os episódios aconteceram durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

 Os quatro foram delatados por dois ex-dirigentes da empreiteira Odebrecht, Benedicto Junior e Valter Lana, em colaboração ao Ministério Público Federal (MPF). O valor inicial do contrato correspondia a R$ 323,9 milhões. Conforme os delatores, Marco Maia exigiu 0,55% do valor do contrato para ajudar a não "ter entraves" no negócio. Ele teria encontrado representantes da empreiteira num restaurante do Hotel Intercity em Porto Alegre, em 2008. No mesmo ano, o então deputado federal Eliseu Padilha (PMDB) teria solicitado o pagamento de 1% do valor do contrato, em decorrência de sua possível interferência no processo licitatório. Outro 1% teria sido requisitado pelo então ministro do Planejamento Paulo Bernardo (PT).

"Todas as demandas foram atendidas, sendo os pagamentos implementados entre os anos de 2009 e 2010 por meio do Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht. Os beneficiários foram identificados no sistema de informática 'Drousys' como 'Bicuíra' (Ministro Eliseu Padilha), 'Aliado' (Deputado Federal Marco Maia), 'Sucessor' (Marco Arildo) 'Jornalista' (Humberto Kasper) e 'Filósofo' (Paulo Bernardo)", relata trecho da delação.

Não é a primeira suspeita envolvendo essa ampliação do Trensurb. O MPF já abriu em 2011 uma investigação sobre superfaturamento na obra, cujo início em 2001 tinha um orçamento de R$ 270 milhões. Quando a ampliação foi concluída, em 2014, teve um custo final de R$ 953 milhões, após vários aditivos contratuais.

"A obra do ramal até Novo Hamburgo é marcada por vários vícios que oneraram seu custo e retardaram sua conclusão. O custo ficou em torno de R$ 100 milhões por quilômetro, valor notoriamente exorbitante, sem paralelo em administrações minimamente austeras, até porque a região não apresenta qualquer adversidade geográfica", resumiu o procurador da República Celso Três, ao propor a apuração.


O procurador ressalta que cerca de R$ 80 milhões foram destinados ao aumento da calha (vazão) do Arroio Luiz Rau, em Novo Hamburgo, paralelo à linha do Trensurb. Três salienta que esse dinheiro foi aplicado sem projeto executivo ou planilha de preços. E lembra que os aditivos não podem ultrapassar 25% do valor da obra, mas superaram muito o montante.

Lista de Senadores

A relação de senadores da Lista de Fachin inclui algumas surpresas, como as relacionadas com os nomes de Kátia Abreu, PMDB, e Vanessa Grazziotin, PCdoB, duas das mais vistosas viúvas de Dilma Roussef. A comunista foi para a lista com o marido.

Veja os nomes dos senadores. O PMDB lidera de longe o rol dos que serão investigados.

Do PMDB:
- Eunício Oliveira, do PMDB do Ceará, presidente do Senado;
- Romero Jucá, do PMDB de Roraima;
- Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas;
- Edison Lobão, do PMDB do Maranhão;
- Marta Suplicy, do PMDB de São Paulo;
- Kátia Abreu, do PMDB de Tocantins;
- Eduardo Braga, do PMDB do Amazonas;
- Valdir Raupp, do PMDB de Rondônia;
- Garibaldi Alves Filho, do PMDB do Rio Grande do Norte.
Do PSDB:
- Aécio Neves, do PSDB de Minas Gerais;
- Cássio Cunha Lima, do PSDB da Paraíba;
- Eduardo Amorim, do PSDB de Sergipe;
- Ricardo Ferraço, do PSDB do Espírito Santo;
- José Serra, do PSDB de São Paulo;
- Antonio Anastasia, do PSDB de Minas Gerais.
Do PT:
- Paulo Rocha, do PT do Pará;
- Humberto Costa, do PT de Pernambuco;
- Jorge Viana, do PT do Acre;
- Lindbergh Farias, do PT do Rio de Janeiro.
Do PSB:
- Fernando Bezerra Coelho, do PSB de Pernambuco;
- Lidice da Mata, do PSB da Bahia;
- Dalírio Beber, do PSDB de Santa Catarina;
Do DEM:
- José Agripino Maia, do DEM do Rio Grande do Norte;
- Maria do Carmo Alves, do DEM de Sergipe.
Do PP:
- Ciro Nogueira, do PP do Piauí;
- Ivo Cassol, do PP de Rondônia.
Do PCdoB:
- Vanessa Grazziotin, do PCdoB do Amazonas.
Do PTC:
- Fernando Collor de Mello, do PTC de Alagoas.
Do PSD:

- Omar Aziz, do PSD do Amazonas.

Artigo, Tito Guarn iere - Não vai dar certo

Artigo, Tito Guarn iere - Não vai dar certo
Há 25 ou 30 anos Roberto Campos costumava dizer que o Brasil não corria o menor risco de dar certo. Era uma manifestação comum em Campos, contra tudo o que vinha do Estado, em oposição ao nosso apego ao estatismo, à nossa crença de que o Estado tudo resolve e de que existe almoço grátis e governo grátis.
Mas diante de duas ou três notícias tomadas ao acaso é de se perguntar: será que Campos só estava fazendo ironia? Vejam o Renan Calheiros. A vida do sujeito é um rolo só. Está metido em uma dezena de processos, inclusive na Lava Jato. É o líder do PMDB no Senado. Pois não é que o homem, sem mais aquela, rompeu com o governo de Michel Temer, do seu partido, e se declara feliz de ter migrado para a oposição?
Não é, em si, censurável mudar de posição. Mas então ele deveria, antes de tudo, renunciar à liderança do partido no Senado. Disso ele não cogitou. Apenas saiu do governo, atirando na terceirização e na reforma da previdência, dois pilares do governo Temer.
Mas o que isso tem a ver com o futuro do Brasil? Tem muito, porque Renan é dos políticos mais influentes e poderosos da República. E se ele é capaz de agir com tal vulgaridade, primarismo e oportunismo, que juízo devemos fazer dos demais pais da pátria, dos políticos de varejo, do baixo clero, dos que pouca ou nenhuma influência detêm?
Outra figurinha carimbada nessa ordem de consideração é Ciro Gomes. Este, ao contrário de Roberto Campos, me impressionou durante algum tempo: cheguei ao ponto de votar nele para Presidente. Sabem como é, ninguém escapa de momentos da mais pura bobeira.
Ciro anda por aí todo prosa, defendendo teorias exóticas (não há crise da Previdência, é uma invenção de FHC, Lula, Dilma e Temer), batendo parelho em quem lhe aparece pela frente (Doria, Temer de novo, Dilma, que segundo ele é uma tonta) e, como um cangaceiro vulgar, prometendo receber à bala a turma de Moro, se o procurarem. Cangaceiro por cangaceiro prefiro Renan, que é mais autêntico. Mas como o Brasil pode dar certo? Ao menos Renan nunca foi e nem será candidato a Presidente. E Ciro está aí de novo, agora homiziado no PDT, o sexto ou sétimo partido a que se filiou, desde os tempos em que era fogoso militante da Arena Jovem.
De Ciro - que é chamado em certas áreas de “Bala Perdida” - só há uma certeza: ele vai continuar brilhando na série desembestada de incongruências, patacoadas e outras categorias de bobagem.
O empresário Paulo Vellinho desabafou: há duas castas no Brasil, a dos 3,7 milhões de aposentados e pensionistas do serviço público, que têm um custo anual de R$156 bilhões de reais, e a dos 29,2 milhões de aposentados e pensionistas do setor privado, de custo anual na ordem dos R$150 bilhões de reais. É preciso dizer mais para demonstrar o descalabro da previdência social brasileira?
Pois ainda assim um boa parte dos leitores - certamente servidores públicos - caiu de pau na fala do empresário, dizendo que ele fez um raciocínio superficial, não analisou bem os dados, não sabe fazer contas, e coisas assim.
Como o País pode dar certo, com tanta gente bailando no escuro à beira do precipício?

titoguarniere@terra.com.br 


Artigo, Marcelo Aiquel - Três episódios com muita desfaçatez

Artigo, Marcelo Aiquel - Tr^des episódios com muita desfaçatez

      Ontem houve a repercussão de três novos episódios (eles se multiplicam diariamente) onde a CARA DE PAU reinou absoluta:
      O primeiro envolvendo novo depoimento de Marcelo Odebrecht, o MO, empresário ligadíssimo à panaceia – remédio de todos os males – financeira do PT.
      Ele – que foi o grande mecenas do Lula – bancou praticamente todas as “palestras” do iletrado, até ser preso pela Lava Jato.
      Pois, agora, ao denunciar seu antigo protegido e AMIGO, foi obrigado a escutar a justificativa mais eivada de desfaçatez de toda a história republicana do Brasil.
      O ex-aliado Lula da Silva teve a coragem de declarar – através de seus advogados, como convém aos grandes malfeitores – que nunca manteve qualquer relação de amizade ou negócios com quem lhe sustentou financeiramente por anos. Disse mais: que desconhece ser AMIGO da construtora que lhe bancava a vida e os projetos criminosos, além de inúmeras viagens em aviões privados.
      Então tá. Me engana que eu gosto!
      É inacreditável tal desculpa, que se assemelharia ao Batman jurar que nunca viu o Robin.
      Taxar de inacreditável esta MENTIRA é ser generoso com tamanha cara de pau. Digna do maior meliante vivo deste país.
      O segundo episódio ocorreu na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, quando quatro edis (desnecessário declinar quais partidos representam) se opuseram à concessão de homenagem ao Estado de Israel, pela passagem de seu 69º ano de independência.
      Onde está a desfaçatez do quarteto e de seus partidos?
      Nas campanhas que fazem em época de eleição,estes “cara de paus”nunca deixam de implorar votos da grande colônia israelita.
      E o pior. Enganando e iludindo a boa fé dos judeus até conseguem algumas adesões. Para depois, pisotearem na história daquele povo sofrido.
      São tão incoerentes e cretinos que sequer me dou ao trabalho de nomina-los aqui, mas certamente a comunidade israelita há de lembrar-se deles no próximo pleito.
      O terceiro episódio vem com a marca do maior grupo de mídia do Brasil, a Rede Globo. Este conglomerado que adora posar de vestal, mas tradicionalmente corre para o lado vencedor quando o peso da balança aponta para um lado. O lado do apelo popular.
      Foi assim nos anos 60; na época do Collor; com o PT e com a Venezuela. E assim seguirá a sua linha, pendendo sempre para agradar a opinião pública. Afinal, “temos que estar ao lado do povo”. Nem que seja traindo a nossa própria linha editorial.É de um posicionamento absolutamente volúvel a nossa vênus platinada.
      Pois a Globo acaba de lançar uma nova minissérie tratando da “ditadura” nos anos 70.
      Totalmente parcial, a história agride ao famoso editorial escrito pelo seu fundador Roberto Marinho e publicado no principal jornal do grupo, saudando a ação dos militares em 1964.
      Mas, para quem sempre age com desfaçatez visando interesses próprios, nenhuma novidade.


Foi tortura digital', diz deputada, que teve fotos de filha vazadas na internet.

na mesma semana que via ser aprovado na Câmara Federal projeto de sua autoria que protege crianças ao serem ouvidas como vítimas ou testemunhas de crime, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) viveu o drama dentro de casa.


A parlamentar acompanhou a filha, Maria Laura Pacheco, 16, à Delegacia da Infância de Porto Alegre para denunciar o vazamento de fotos e a difusão de legendas falsas que rotulavam a adolescente como usuária de drogas e doente terminal.

Desde os primeiros posts em 21 de fevereiro, a deputada, que também é ex-ministra dos Direitos Humanos, acionou a Polícia Federal e o Ministério Público em busca da identificação e punição dos criminosos que, segundo ela, espalham ódio na internet e usaram sua filha adolescente para atingi-la.

"Continuo buscando Justiça", afirma, em entrevista exclusiva à Folha. "Que sejam identificados e responsabilizados aqueles que colocaram as imagens da minha filha nas redes sociais e manipularam a história dela. É algo que vai ficar marcado para sempre na vida da Laura. Como mãe, não posso desistir de protegê-la."

Leia a seguir o depoimento completo.

"Naquela tarde, eu estava no plenário da Câmara dos Deputados acompanhando uma sessão marcada por uma grande emoção. Tinha acabado de ser aprovado projeto de lei de minha autoria que trata como crianças vítimas de violência devem ser ouvidas para não serem revitimizadas.

Foi quando meus assessores me levaram até o gabinete para me mostrar as imagens da minha filha vazadas nas redes sociais. Meu primeiro pensamento foi ligar para Laura e dizer: 'Estamos juntas. Tu não cometeu nenhum crime. Isto é um crime contra ti'.

Sei que nos casos de violência contra mulheres e meninas, as vítimas é que se sentem mal. Invertem o papel.

Minha filha mora em Porto Alegre. Fica com o pai durante a semana, enquanto eu estou em Brasília. Não consegui passagem naquela noite e só embarquei pela manhã. Ficamos o tempo todo falando pelo telefone.

Eu me senti muito mal, pois usaram a minha filha para me atingir. Aquelas legendas falsas e mentirosas foram feitas e divulgadas com intenção política de dizer que eu não sou uma boa mãe.

Foi mais uma violência, além de todas as palavras ruins e o ódio nas rede sociais e dentro do próprio Congresso contra mim. De tudo que passei na vida, foi o pior ataque que sofri.

MENTIRAS E VERDADES

A única coisa que me tranquiliza é que minha filha não é aquela menina descrita naquelas legendas ou apresentada nas imagens. Ela está bem, não tem Aids nem é soropositiva. Não é uma pessoa que utilize drogas pesadas, nem vive aquele contexto [descrito em legendas em sites como Faca na Caveira, entre outros].

Saber que é tudo mentira me dá muita raiva, mas se fosse verdade ela também deveria ter sido protegida [dos ataques].

Se uma filha minha estivesse naquela condição, tentando cometer suicídio ou internada, o que repito não é verdade, não poderiam dizer isso de uma adolescente que deveria ser ainda mais protegida. Até para garantir que ela fosse tratada.

Só o que me conforta é minha filha não estar doente. Laura tem 16 anos, é muito criativa. Tem um jeito peculiar de se vestir, de se ver. É uma menina muito interessante neste sentido. Charmosa. Ela escreve muito bem e fez um texto sobre o episódio.

'Eu não entendia como alguém se achava capaz de julgar uma relação de mãe e filha se baseando em meia dúzia de fotos do Instagram... O ponto é que essa gente não sabe nada da nossa vida. Sabem nossos nomes e se acham no direito de invadir a privacidade de uma família', escreveu ela em um post no Facebook, em que concluiu dizendo que tinha orgulho de ser minha filha.

Laura também me disse: 'Mãe, tu sempre me protegeu e evitou me mostrar em público, mas agora eu tenho que aparecer para mostrar que estou bem'. Ela quer que as pessoas vejam que está legal.

Aquelas fotos tiradas do Instagram dela não são atuais. Laura já teve um distúrbio alimentar, sempre foi muito magra. Houve momento em que nos preocupamos muito com a drástica e rápida perda de peso, o que gerou atenção especial. Com acompanhamento, o problema de baixo peso foi superado.

Hoje, o problema mais grave da minha filha é o carimbo que tentaram colocar nela. Em uma foto, ela aparece com um machucado no pé, uma picada de aranha numa excursão de colégio. Na legenda criminosa aquilo virou sequelas por uso de drogas pesadas. Ela recebeu flores? Estava hospital, escreveram na foto.

Aquela imagens foram tiradas do Instagram dela, que hoje é fechado. Foram postadas nos Estados Unidos. A Polícia Federal está rastreando. Pedimos a retirada das imagens. No entanto, elas estão disseminadas na internet.

A exposição pública de uma adolescente é um agravante. Laura está conseguindo construir uma armadura bem forte, compreendendo que isto foi uma violência contra ela e contra mim por defender direitos das mulheres, das meninas.

Um ataque pelo fato de eu ser uma mulher atuando em um mundo masculino e que está processando um parlamentar [Jair Bolsonaro (PSC-RJ)] que me agrediu no plenário e que tem consigo uma rede de ódio.

Tenho acompanhado Laura nos depoimentos à Delegacia da Infância. A delegada quer rastrear outros ataques que ela tem sofrido. Minha filha recebeu ameaças anônimas de morte e estupro.

Neste momento de vulnerabilidade, tenho estado ao lado dela. Tirei licença e fiquei dez dias direto com ela. Vim para casa botar minha menina no colo. Foi o pior momento de todos esses 24 anos de mandato parlamentar. Eu adoeci, foi Laura quem me incentivou a voltar a trabalhar. Filho também coloca a gente no colo.

REDES SOCIAIS

Muitas vezes, eu me pergunto qual foi a razão de a minha filha colocar aquelas imagens nas redes sociais. Mas é o mundo, ela não pode ser criminalizada nem atacada por isso. As pessoas são chamadas a viver tudo nas redes sociais, a contar do momento em que acordaram até quando vão dormir.

Como legisladores, temos de estabelecer regras sobre o uso destas informações. Não se pode culpar o jovem pela manipulação e pelo uso indevido. Mesmo que ela tivesse feito uma bobagem - e não é o caso -, eu jamais ficaria contra ela.

Lógico que ela mereceu uma reprimenda minha por ter postado fotos que não deveria, mas Laura é como qualquer outra adolescente postando foto na internet. Eles [quem vazou as imagens] é que são criminosos.

Depois do episódio, minha filha fechou o Instagram dela. Laura também tem Facebook. É impossível impedir um jovem de estar nas redes sociais hoje em dia.

Laura é também muito ligada em questões de direitos humanos. Cresceu no ambiente de diversidade sexual, do enfrentamento da violência. Com 4, 5 anos, ela brincava de fazer CPI em casa, quando me fez a pergunta mais difícil: 'Quando vai acabar mesmo essa exploração sexual?', indagou-me ela, fazendo o papel de jornalista.

Isso me marcou muito. Aquela menina continua me perguntando quando vai acabar o racismo, a violência. Conversei com Eleonora Menicucci [ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres do governo Dilma Rousseff]. Quando ela foi torturada durante a Ditadura Militar usavam a filha bebê contra ela.

Neste episódio, eu mi senti como em uma tortura pública. Claro que os ataques não têm o mesmo caráter físico, mas psicológico. Quando um parlamentar te agride e te chama de vagabunda na arena pública, todo mundo se sente podendo te agredir também.

Eu responsabilizo os grupos de direita movidos a ódio. Há uma dimensão ideológica por trás dos ataques à minha filha. O que ficou claro é que nem todos os que elogiam torturadores e fazem discursos pedindo intervenção militar no Brasil agiram contra minha filha. Mas os que fizeram os ataques têm estas posições.

Isso é terrível na sociedade atual que vivemos. É a era da destruição moral das pessoal via internet. Nós sentimos o baque, mas não vamos nos vitimizar. Se minha filha está bem, eu estou bem.

Tenho consciência de que só a agrediram tão fortemente por uma iniciativa perversa política.

A convenção dos Direitos das Crianças da ONU diz que elas não devem ser atacadas por opiniões políticas dos seus pais. A maior injustiça que pode haver para uma família é que os filhos paguem o preço das opções dos pais.

Senti de imediato um peso enorme. Será que minhas opções e minhas opiniões chegaram a um plano que prejudicam tão grandemente minha filha? Estou certa em seguir na vida pública? Venho me fazendo estes questionamentos todos.

É como se tivessem dito: "Aqui não é o seu lugar [no Congresso, na vida pública]. É um processo de intimidação que tem a ver com gênero, com condição de mulher e mãe.

Não importa se tem o meu marido lá, o pai dela, que é professor e cuida da nossa filha. Pagamos um preço por esse arranjo, de ser o homem que organiza sua vida de forma a estar presente e mais próximo de casa. O papel se inverteu, enquanto eu, a mulher e mãe, fico indo e voltando.

É uma família diferente, mas de gente que se ama e se cuida. Laura hoje está bem, cercada do carinho dos amigos e da família. A minha sensação é de que ela se sentiu apoiada.


Eu continuo buscando Justiça para que sejam identificados e responsabilizados aqueles que colocaram as imagens da minha filha nas redes sociais e manipularam a história dela. É algo que vai ficar marcado para sempre na vida dela. Como mãe, não posso desistir de protegê-la."

Nota do governo sobre a saída do PDT

O governo do Estado recebe a decisão do PDT como parte do processo democrático. O partido teve todas as oportunidades de contribuir com o governo por meio de ideias e espaços políticos. Agradecemos aos quadros trabalhistas que se dedicaram com lealdade e espírito público à construção de uma nova realidade para o Rio Grande do Sul.

Desejamos que os projetos eleitorais do próximo ano não pautem, tão precocemente, as importantes decisões políticas que precisam ser tomadas. A tarefa de construir um novo Estado não pode ser relegada ou adiada, sob pena de comprometer a governabilidade dos próximos mandatos.

Agir com responsabilidade no presente é fundamental para construir um futuro sustentável. Seguimos firmes na tarefa de modernizar o Estado, promover o crescimento e servir às pessoas, especialmente àquelas que mais precisam. Nesse propósito, continuamos contando com a colaboração de todos os gaúchos voltados ao interesse social.