Prefeitura de Esteio, RS, faz pesquisa inédita sobre vírus chinês

A Prefeitura de Esteio, na Região Metropolitana de Porto Alegre, está realizando, junto a quatro universidades gaúchas, um estudo inédito sobre a presença do coronavírus no Município. Intitulado “Perfil epidemiológico, genômico e clínico do vírus SARS-CoV2 causador de COVID-19”, o levantamento inova ao realizar um amplo estudo epidemiológico, detalhado em 12 objetivos específicos, capaz de estimar a prevalência da infecção, acompanhar a evolução da doença, avaliar padrões moleculares virais por meio de sequenciamento genético e indicar evidências e estratégias para o fim do distanciamento social.

A produção de pesquisas científicas é uma das principais ferramentas para entender o novo coronavírus (COVID-19) e buscar meios para reduzir a disseminação da doença e soluções para enfrentá-la. O Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) analisa a pesquisa em Brasília, por sua relevância.

A Prefeitura de Esteio prevê destinar quase R$ 400 mil para o estudo, valores que serão utilizados para a aquisição de 2 mil testes rápidos e moleculares, kits de proteção individual e remuneração da equipe responsável pela coleta. A análise será desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Unisinos e da Universidade Feevale.

A proposta é realizar a testagem da população esteiense, junto à aplicação de um questionário, como forma de mapear e acompanhar o comportamento da população em relação à COVID-19 e reportar o que aconteceu com os participantes do levantamento que testaram positivo para a doença. A previsão é que o trabalho de campo inicie em maio.


A pesquisa também prevê o sequenciamento genético (análise da composição do vírus) das amostras positivas. Isso auxiliará a identificar padrões da doença, informações que serão comparadas com as disponíveis em bancos de dados públicos, no Brasil e no exterior, de pacientes com coronavírus e de casos registrados em outros surtos de síndromes respiratórias recentes (como a H1N1). A intenção é descrever a evolução do vírus, identificando suas eventuais mutações, as mudanças em sua capacidade de transmissão e a variação das manifestações clínicas apresentadas. Os resultados poderão ajudar no desenvolvimento de ações de controle ao coronavírus e também na criação de soluções para futuros casos ou surtos.


“O sequenciamento vai permitir entender as composições molecular e genética do vírus e, por meio da comparação com informações já disponíveis de outros estudos, verificar seu perfil e suas possíveis mutações”, destaca a coordenadora da pesquisa, Prof. Dra. Claudia Thompson, docente do Programa de Pós-Gradução em Ciências da Saúde da UFCSPA.


Conforme o projeto da pesquisa, o levantamento de dados deve ter duração de dois meses, com realização de coletas pelos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) a cada 15 dias. A estimativa é abranger uma amostra com cerca de 2 mil participantes. “Como o teste será a domicílio, vamos necessitar a colaboração da população em receber as equipes da pesquisa. A ideia é aplicar o questionário a todos os moradores da residência, possibilitando à pessoa saber se está com o vírus ou não e também colaborando com a coletividade a partir dos resultados do teste, que poderão ser usados como base para a tomada de decisões pelos gestores públicos, por exemplo”, afirmou Claudia.


A Prefeitura também dará acesso aos pesquisadores aos relatórios de exames moleculares coletados pelo Município, com uma estimativa de 3 mil pessoas testadas, bem como ao prontuário eletrônico de pacientes que apresentarem resultado positivo para COVID-19 (desde que a pessoa autorize o uso das informações). A intenção é disponibilizar os resultados do estudo para a comunidade em geral em um painel visual online (dashboard). Outro recurso eletrônico que permanecerá como legado para a Administração Municipal é o aplicativo a ser criado para aplicação do questionário, que reunirá as informações para a Prefeitura em um banco de dados, podendo ser utilizado em outros levantamentos.


“O estudo trará contribuições à saúde e à gestão pública de curto prazo, ajudando governos e a sociedade a agir neste momento de pandemia, mas também subsidiará o estabelecimento de estratégias e ações de médio a longo prazo, pela profundidade com que a pesquisa se propõe a analisar o vírus e os pacientes por ele afetados”, ressalta o prefeito Leonardo Pascoal. “O conhecimento sobre a doença auxiliará a Administração Municipal na definição de medidas de prevenção e enfrentamento ao coronavírus incluindo, por exemplo, o grau de flexibilização das atividades econômicas e em que medida a circulação de pessoas deve ser restringida”, conclui o chefe do Executivo esteiense.