Alta do IPCA de fevereiro não indica alta de inflação para o ano


O IPCA de fevereiro registrou alta de 0,43%, conforme dados do IBGE divulgados ontem, ficando acima do esperado pelo mercado (0,38%). Esse resultado, porém, trouxe uma abertura favorável, com uma devolução importante da pressão altista anterior no setor de serviços. Embora o principal vetor da aceleração em relação a janeiro, quando houve alta de 0,32%, tenha sido Educação (4,93%), a variação de preços de alimentação fora do domicílio arrefeceu (de 0,79% para -0,04%). Além disso, é importante ressaltar que os reajustes escolares sazonais ficaram em nível bastante baixo. Dessa forma, qualitativamente, o quadro prospectivo para o ano segue confortável.
Dentro de Alimentação e Bebidas, entretanto, merecem destaque as altas de feijão, batata e tomate, que pressionaram alimentação no domicílio – e reforçaram a percepção de que pode haver viés altista nos preços do grupo à frente, conforme observado nas recentes divulgações do IPC-Fipe e do IPA Agrícola. Por outro lado, Transportes recuaram (de 0,02% para -0,34%) – a despeito do avanço de gasolina –, refletindo a dissipação dos efeitos dos reajustes de transportes coletivos de janeiro. Outros vetores do movimento altista foram Vestuário (-0,33%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,49%), compensados parcialmente pelo recuo de Despesas Pessoais (0,18%). Com isso, o IPCA acumulou altas de 3,89% nos últimos doze meses e de 0,75% no ano. Concluímos, assim, que apesar de riscos altistas pontuais no curto prazo, especialmente com relação à alimentação, nossa expectativa de manutenção da taxa básica de juros continua mantida, com o IPCA de março em patamar similar ao de fevereiro.