Os contrastes da catástrofe

A militante socialista Cíntia Cruz, diante da calamidade que devasta o Rio Grande do Sul e consterna o Brasil, usou as redes sociais e postou: "Não é à toa que a mãe Terra está limpando o lugar que mais consome carne do sul do país", ou seja, tantos mortos e desaparecidos, tantas vidas arruinadas, o desespero de tanta gente, todo o sofrimento é, em suas palavras, merecido, mera reação da "mãe Terra" castigando gente que não tem a superioridade moral dos que não comem carne - supostamente a militante é vegana podendo vangloriar-se de uma tal superioridade.

Esse "modus operandi" nada tem de inédito. Há menos de um ano, depois que um ciclone extratropical provocou destruição em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o portal da Folha de S. Paulo publicou coluna de Marcelo Leite intitulada: "Mudança climática castiga eleitores de Bolsonaro no Sul". Dirão que não há nexo entre um e outro? Dá para ignorar o intuito ideológico que move declarações tão estapafúrdias?

A fala de Cíntia Cruz, então assessora de deputado, repercutiu muito mal. Aí ela voltou às redes sociais para desculpar-se. (Marcelo Leite publicou uma coluna em que pediu desculpas e reconheceu o caráter ignóbil do que havia declarado.)

Cíntia Cruz é pré-candidata do PSOL à Câmara Municipal de Florianópolis: pediria ela desculpas se não houvesse tido prejuízo em sua imagem ao desdenhar o sofrimento da população gaúcha e revelar falta de compaixão? Não quero afirmar nada nesse sentido. Não a conheço pessoalmente.

O chefe dela, deputado Marquito (PSOL-SC), em comunicado remetido ao portal Sensus Notícias, falou que, diante do comentário, exonerou a assessora. Mas teve a cautela de, afirmando discordar da postagem que ela fez, dar-lhe uma melhoradinha na imagem: disse lamentar a situação, em especial pelo fato de Cíntia Cruz ser uma "líder comunitária dedicada a ações humanitárias e ambientais".

O contraste é vergonhoso. Uma multidão de voluntários - de diferentes regiões do país - trabalha sem parar no resgate de pessoas e de animais, erguendo um facho de esperança, que consola, que encoraja, que acima de tudo salva vidas. É luz que contrasta com as sombras em que a tribo da militante anima um teatro de fantoches, tribo que fala, fala, fala e, no fim, é pura teoria, só ressentimento e autopropaganda.

A reportagem flagrou a estrada lotada de carros com reboques carregando barcos e jet skis, vindos de longe, gente guiada pelo amor ao próximo, sem outra finalidade que socorrer, salvar, ajudar, amar - comovente! Enquanto isso, hienas desvairadas, que se guiam pelo cheiro de cadáver, aproveitam para atacar, num esforço - que se espera vão - de politizar a catástrofe, sempre a serviço do poder revolucionário.

Sim, tem o empresário de Curitiba, [*] que reuniu 30 amigos, barcos e jet skis: o grupo viajou uma noite inteira e se atirou sem descanso ao trabalho de salvar vidas. E tem gente pobre que, no pouco que possui, ainda acha o que ofertar a quem nada tem. Homens, mulheres, jovens e idosos acolhem, preparam refeições, providenciam roupas, doam tempo e esforço. É no anonimato que a maioria realiza o trabalho de socorrer e confortar desesperados. É o lado nobre da humanidade, muito maior do que a falange dos "retóricos da empatia" (pseudoempatia), quer dizer, os infames profetas do humanismo fake.

Grandes catástrofes revelam o que há de melhor e pior na humanidade: do mais sublime ao mais perverso. Aliás, aí está uma verdade que o cérebro atrofiado pela doutrinação socialista não assimila: em todas, todas as pessoas há o bem e o mal, prevalecendo aquilo que é alimentado. Havemos de pensar nisso quando somos desafiados a recriar o Rio Grande do Sul: com que critério escolheremos nossos líderes? Certo é que será uma tarefa para fortes, não para frívolos cultuadores de utopias.

 

[*]Clique no link para conhecer o empresário Andy Terezo:

 

http://blogdopolibiobraga.blogspot.com/2024/05/por-que-ele-pegou-o-jet-ski-e-foi.html

 

Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo.

E-mail: sentinela.rs@outlook.com



Vistorias para pagamento do Proagro, RS, sairão por meios remotos, decide CMN

Em relação ao programa Proagro, o CMN decidiu que as vistorias técnicas necessárias para o pagamento das indenizações do programa poderão ser feitas com o uso de sensoriamento remoto e por meio de dados paramétricos da produtividade dos municípios. A mudança agilizará o pagamento de indenizações aos produtores rurais afetados pelas enchentes.

Em reunião extraordinária, ontem, o Conselho Monetário Nacional aprovou medidas para dar aos bancos "melhores condições de atuar no sentido de amenizar os efeitos econômicos da situação de calamidade pública decorrentes dos eventos climáticos no Rio Grande do Sul", afirmou o Banco Central (BC), em nota.

Uma das medidas aprovadas permite que as instituições financeiras não caracterizem como ativos problemáticos as reestruturações de exposições de crédito afetadas pela calamidade no Rio Grande do Sul.  Sem a mudança, as instituições financeiras que tivessem que renegociar as dívidas de pessoas e empresas afetadas pelas inundações enfrentariam uma elevação do provisionamento e da exigência de capital. 

Outra medida aprovada na reunião foi isentar do cumprimento do compulsório sobre depósitos de poupança, pelo período de um ano, as instituições financeiras que possuírem mais de 10% de sua carteira de crédito concedida para pessoas físicas residentes ou pessoas jurídicas estabelecidas nos municípios em estado de calamidade pública. O montante estimado de liberação de compulsório é de R$ 8,3 bilhões, com efeito previsto para ocorrer no dia 27 de maio. "Trata-se de oferta de liquidez visando à manutenção do normal funcionamento da intermediação financeira", explica o BC.