JBS é foco principal da Operação Carne Fraca

JBS  é foco principal da Operação Carne Fraca

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira, 17, a maior operação da sua historia. Trata-se da Operação Carne Fraca, que combate corrupção de agentes públicos federais e crimes contra Saúde Pública. Executivos do frigorífico JBS Friboi. Dois executivos da empresa foram presos.

O esquema seria liderado por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. Segundo a PF, a operação detectou em quase dois anos de investigação que as Superintendências Regionais do Ministério da Pesca e Agricultura do Estado do Paraná, Minas Gerais e Goiás ‘atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público’.
Em nota, a PF informou que aproximadamente 1100 policiais federais estão cumprindo 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao esquema.
“Os agentes públicos, utilizando-se do poder fiscalizatório do cargo, mediante pagamento de propina, atuavam para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva.
Dentre as ilegalidades praticadas no âmbito do setor público, denota-se a remoção de agentes públicos com desvio de finalidade para atender interesses dos grupos empresariais. Tal conduta permitia a continuidade delitiva de frigoríficos e empresas do ramo alimentício que operavam em total desrespeito à legislação vigente”, diz a nota da PF.
As ordens judiciais foram expedidas pela 14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba/PR e estão sendo cumpridas em 7 estados federativos: São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goias.
O nome da operação faz alusão à conhecida expressão popular em sintonia com a própria qualidade dos alimentos fornecidos ao consumidor por grandes grupos corporativos do ramo alimentício. A expressão popular demonstra uma fragilidade moral de agentes públicos federais que deveriam zelar e fiscalizar a qualidade dos alimentos fornecidos a sociedade.

Contra todas as dificuldades: o "pedido de socorro" que pode levar o Banrisul a subir mais 100% na Bolsa

Contra todas as dificuldades: o "pedido de socorro" que pode levar o Banrisul a subir mais 100% na Bolsa

Apesar das resistências para a privatização do Banrisul, analistas do BTG seguem apostando que o Rio Grande do Sul terá que tomar medidas desesperadas para amenizar problema fiscal - e vender o banco é uma delas

"Mesmo com a alta de cerca de 50% dos papéis, que podem dar a impressão de que a ação já está precificando a possível privatização, essa não é a nossa opinião", apontam os analistas do banco. Eles ressaltam que, nos preços atuais, as ações do Banrisul são negociadas a uma relação entre preço e book value (patrimônio líquido) de uma vez, abaixo dos múltiplos de 1,2 vez do ABC Brasil (ABCB4) e de 1,1 vez do Banco do Brasil (BBAS3). Eles apontam ainda que o BB registrou um ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) de 8,5% em 2016, versus 10,5% do Banrisul.

Os analistas do banco ainda reforçam a sua expectativa de que, com a privatização, o Banrisul pode ter seu preço reavaliado facilmente para 2 vezes o book value, o que oferece um potencial de 100% de valorização em relação aos níveis atuais. "Como resultado, nós achamos que a relação risco-retorno de ter o Banrisul é assimétrica para alta", apontam os analistas.

No meio do caminho...
A convicção com o call acontece mesmo após duas conversas do banco um tanto quanto desanimadoras com especialistas sobre o assunto. Em um encontro com Gabriel Leal de Barros, economista do Instituto Fiscal Independente, destacou que o Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul são os estados com pior situação fiscal. Nos últimos dois anos, o Rio Grande do Sul implementou vários ajustes-chave, mas o endividamento continua muito alto, fazendo com que a relação entre dívida líquida como percentagem da receita líquida seja a maior entre os estados brasileiros (de 213%, acima dos limites estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, de 200%).

Uma vez que o governo federal não injetará dinheiro, estados como o Rio Grande do Sul precisarão levantar dinheiro via venda de ativos para melhorar a relação entre dívida e receita uma vez que, mesmo com os ajustes, os estados continuarão reportando déficits primários pelos próximos um ou dois anos. Segundo Barros, o estado precisa de R$ 10 bilhões em suas contas para alcançar níveis razoáveis de endividamento, o que torna necessária a venda de ativos.

Desta forma, no caso específico do Rio Grande do Sul, o governo federal está demandando a privatização do Banrisul. Vale destacar que, no final de fevereiro, as ações do banco subiram fortemente após o ministro da Fazenda Henrique Meirelles falar sobre o novo projeto de recuperação fiscal dos estados. Pela proposta, o estado que firmar um acordo de recuperação fiscal com o governo federal será beneficiado com a suspensão por 36 meses do pagamento das dívidas com a União, mas terá que assumir o compromisso de adotar rigorosas medidas de saneamento das finanças estaduais, entre as quais a privatização de bancos e empresas estaduais de água, saneamento, eletricidade.

Porém, o governo estadual pressiona para que a privatização do Banrisul não aconteça, O secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul, Giovani Feltes, negou recentemente de forma enfática que o Banrisul e uma das empresas de saneamento estaria na lista para privatização e está demandando mudanças no projeto de lei. "Na visão de Barros, o governo não quer mudar isso, mas é uma negociação que está em andamento", aponta o BTG.

Há muita incerteza nesse cenário, apontam os analistas do banco, mas uma série de eventos pode levar a uma decisão. Na sexta, o secretário da Fazenda gaúcho e a equipe técnica do Tesouro vão se encontrar. Já na próxima segunda, o Tesouro anunciará as condições para o estado estar no plano de recuperação fiscal.

Vale destacar que Aod Cunha, ex-secretário do Rio Grande do Sul e ex-presidente do Conselho de Administração do Banrisul disse aos analistas do BTG no mês passado que via como altamente improvável que a privatização ocorra, uma vez que há um custo político muito alto para fazer esse movimento, apontando ainda que pesquisas no passado indicaram que 89% da população está contra a privatização. Esses números também implicam que um plebiscito provavelmente rejeitaria a venda do banco. Vale destacar que um referendo estadual é necessário para a privatização, a menos que a constituição estadual seja alterada, o que por sua vez requer a aprovação de dois terços dos membros da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. (Clique aqui para ver a análise completa).

... uma pedra que pode ser retirada?
Porém, mesmo com as dificuldades, os analistas do BTG destacam:  "sempre fomos muito céticos em relação à privatização do Banrisul, devido aos fortes laços entre o banco (e a sua marca) e o Rio Grande do Sul. Mas mudamos essa visão devido à situação calamitosa do estado. Situações desesperadas e únicas exigem decisões difíceis e ainda avaliamos que o ministério da Fazenda continuará pressionando para que o Banrisul seja incluído como uma garantia para o estado receber ajuda do governo federal".

Desta forma, os analistas do BTG seguem considerando o banco como uma boa aposta - apesar de todos os obstáculos que estão no caminho para a sua privatização.


Gustavo Grisa: uma primavera gaúcha ainda é possível

Gustavo Grisa: uma primavera gaúcha ainda é possível
Economista

Primavera significa a volta de tempos mais prósperos, mais otimistas, mais pacíficos. No imaginário das pessoas, um renascimento, após longo e tenebroso inverno.

Os últimos anos têm sido particularmente duros com o Rio Grande do Sul, o já muito conhecido e falado cenário de estagnação econômica, relativo esvaziamento cultural e perda de centralidade e de autoestima já vem de décadas. Os gaúchos demoraram para "cair na real", mas, quando o fizeram, foi de uma forma feia, com um cansaço, como que sucumbindo à recorrência de lamentação pela má segurança, saúde pública, educação como problemas praticamente insolúveis. Mais recentemente, temos o Estado em colapso e a questão da insegurança pública como "case" nacional, uma imagem ruim que carrega certo autoflagelo.

Todas são questões aparentes, que não podem mais ser empurradas para baixo do tapete. Por bem não temos mais as bravatas, a negação, que tanto nos atrapalhou em tempos passados. Mas também é absurdo fazermos terra arrasada, desistirmos de buscar os caminhos, não fáceis e não óbvios é verdade, para recuperar o nosso Estado. Por baixo dessa camada de Rio Grande "em crise", segue vivo, como que submerso, um gigante econômico, cultural, muito resiliente e certamente ávido por voltar a ter autoestima, a ser inovador e fonte de boas notícias.


É ainda possível termos uma "Primavera Gaúcha". Ao percorrer o Estado, se vê que o problema é de pactuação, gestão e iniciativa, muito mais do que de condições para o desenvolvimento. Colocar à frente as coisas boas e as melhores pessoas que temos, dar condições para quem empreende, resolver questões prioritárias e parar de investir naquilo que sabemos trazer pouco resultado. Entender que não há recursos para tudo, é preciso fazer escolhas. Valorizar os gestores públicos e privados que fogem do lugar-comum, que não são medrosos. Fazer a mudança geracional. Deixarmos de ser tão chorões e reclamões. Pensar e agir por soluções. Fazer diferente, romper com a mesmice.