Artigo, Marcelo Aiquel - Lula será o Nelson Mandela sul-americano ?

Artigo, Marcelo Aiquel - Lula será o Nelson Mandela sul-americano ?

         Este ano de 2018 tem todos os ingredientes para entrar na história em razão de fatos importantes, como as eleições presidenciais em outubro.
         Depois de uma “quase guerra civil”, conclamada pelos líderes do PT e alguns figurantes que – oportunisticamente – se aproveitaram da onda golpista que invadiu o vocabulário dos bolivarianos, por ocasião do impeachment (para mim, uma faxina) da presidente Dilma, mais conhecida pelas suas rotundas gafes do que por algum mérito, querem agora, os bolivarianos, salvar o LULA.
         Pra bom entendedor, estes buscam realmente salvar a si próprios, pois acreditam que o “Chefe Lula” lhes alcançará a tábua de salvação, caso sobreviva aos vários processos judiciais que enfrenta.
         Mas, não devo comentar sobre isso neste momento, principalmente após escutar o patético e esdrúxulo senador eleito pelo PT gaúcho, Paulo Paim, comparar Lula ao Prêmio Nobel de 1993, Nelson Mandela. Disse o senador que uma condenação em segundo grau e a consequente prisão do energúmeno de nove dedos guindaria Lula à condição de perseguido e injustiçado, igualando-o ao ex-presidente da África do Sul.
         Além de haver pisoteado na história (isto depois de rasgar um exemplar da Constituição Federal na tribuna da Câmara dos Deputados em 2001), fazer uma comparação do cidadão Luiz Inácio Lula da Silva com Nelson Mandela é obra de muito fanatismo (ou oportunismo) do senador. O mesmo que já “ameaçou” deixar o PT diversas vezes.
         Porque, a rigor, nem um “jerico” daria crédito a este desvario (apenas mais um) do infeliz político gaúcho.
         Porém, como entramos num ano de eleições, nada mais natural do que o senador “jogar pra torcida” a fim de conquistar votos.
         A cometer tal sandice o senhor Paim esqueceu (logicamente em proveito próprio) dois fatos bastante relevantes: (i) o ex-presidente Nelson Mandela lutou bravamente contra o apartheid, durante anos, combatendo a segregação que tratava os negros como sub-raça; (ii) e  passou mais de VINTE (20) ANOS na prisão, por conta de uma condenação que o privou da liberdade (prisão perpétua), que recebera.
         Uma considerável parcela da sociedade mundial participou de eventos e manifestos em prol da liberação do líder africano, mas, curiosamente, não se soube de políticos incitando a população para uma luta armada para reagir à decisão judicial, como se vê – hoje – no Brasil.
         Encerrando, declaro que nunca fui um simpatizante do senhor Mandela, porém, compará-lo com o LULA é um exercício espetaculoso que só serve para diminuir consideravelmente as virtudes do ex-presidente da África do Sul.
         Depois desta, gostaria de lançar uma campanha pacífica e objetiva: AJUDE A NÃO REELEGER O SENADOR PAIM, pois o país precisa de parlamentares que não tenham delírios, como esta infeliz comparação do Paulo Paim.
         Senador: menos. Por favor!


         EM TEMPO: Se para ser comparado ao Mandela, o Lula passar 20 anos na cadeia, até eu garanto que o chamarei de LULA MANDELA!

Ana Amelia Lemos: ninguém está acima da lei

Ana Amelia Lemos: ninguém está acima da lei

 O fato político relevante que vai marcar o início de 2018 no Brasil não está relacionado a qualquer decisão do Executivo ou do Congresso, mas no âmbito do Judiciário. No dia 24 de janeiro, no TRF-4, ocorrerá o julgamento, em segunda instância, do processo no qual o ex-presidente Lula foi condenado a nove anos e seis meses pelo juiz Sergio Moro, no caso do tríplex de Guarujá. O resultado do julgamento terá desdobramentos na disputa eleitoral, pois poderá impedir ou garantir a presença de Lula no pleito presidencial.

Sem entrar no mérito da sentença que cabe aos desembargadores, é oportuno sublinhar que o rito dos processos, originados na Operação Lava Jato, tem ocorrido de forma correta na aplicação da lei, pautado que foi, desde o início, pela atuação exemplar do então relator, ministro Teori Zavascki. É inaceitável, portanto, que, face a esse julgamento, o Judiciário seja agora desafiado com ameaças veladas ou explícitas, por manifestações dos outros poderes ou pelos aliados do réu.

O Judiciário precisa continuar cumprindo seu papel de forma soberana e independente.
Ninguém está acima da lei. "Pau que bate em Chico bate em Francisco". É assim que tenho me manifestado! É assim que tenho votado! A Lava Jato, pelo notável trabalho desenvolvido até aqui, é das poucas unanimidades no Brasil!

O Judiciário precisa continuar cumprindo seu papel de forma soberana e independente, mesmo que embates recentes no STF tenham gerado constrangimentos à instituição pelo tom pouco edificante de alguns confrontos verbais entre ministros. Não é o que se espera dos membros da Suprema Corte, que não deve ser palco de disputas de natureza política ou ideológica.

Aliás, fui honrada com a relatoria de propostas de emendas constitucionais que tramitam no Senado, alterando a forma de escolha dos ministros do STF. No meu relatório, levei em consideração as sugestões contidas nas PECs dos senadores Cristóvão Buarque (PPS-DF) e Lasier Martins (PSD-RS). Em síntese, buscamos assegurar a independência dos ministros a partir da democratização do processo de escolha por lista tríplice, com mandatos de 10 anos sem direito à recondução. Creio que, dessa forma, reafirmamos o papel que cabe ao STF como guardião da Constituição, com independência e autonomia