Artigo, Silvio Lopes - Irresignação que salva

          Marchamos, inapelavelmente, para um nível de decadência moral da sociedade brasileira cujo limite de retorno é incerto, senão, até mesmo, impossível.  Por mais que queiramos ser otimistas- e me incluo entre estes- mais e mais o que vimos é o fluir de um processo avassalador de desconstrução integral dos pilares de moralidade que sustentam uma civilização. 


         Os chamados pesos e contrapesos institucionais, que servem para contrabalançar desvios autoritários de condutas, parecem ter sido esquecidos( ou se tem omitidos), justo no momento em que mais precisaríamos de sua interação e/ou intervenção. 


          Nações que outrora ocupavam o pódio entre as mais civilizadas- Europa, com raras exceções, e os Estados Unidos da América, entre elas - hoje sucumbem à tirania de usurpadores de plantão, num processo inexorável de mergulho numa decadência social, ética e moral. Buscar a verdade, pesquisá- la que seja, tem sido um exercício intolerado mesmo dentro das chamadas repúblicas democráticas, como no Brasil. 


          O governo arbitrário, a opressão, a perseguição a indivíduos que simplesmente tornam públicas suas inquietações e fazem questionamentos, parecem normais - pior ainda - justificáveis ou até...inevitáveis ou, necessários.


           Mesmo quando as raras instituições que ainda restam se insurgem contra a tirania estabelecida, são desprezadas, senão que caladas, e seus integrantes perseguidos e aprisionados, ou física, ou intelectualmente. Diante desse quadro, e quando ao homem comum  é negado  o direito constitucional de espernear, de reagir contra as injustiças e ataques ao estado democrático de direito oriundos de instituições públicas( o STF, a principal), é porque já ultrapassamos o limite que nos separava do campo da barbárie e do totalitarismo assassinos.


         A esperança, tênue, é verdade, mas que pode nos salvar da barbárie para a  qual caminhamos pelos "progressistas" e seus aliados judiciais, está diretamente lincada à crescente e sólida irressignação do nosso povo que, afinal, parece ter sido tomado de consciência de seu poder e que só ele é que poderá desencadear o que seja a "salvação da lavoura". É o que (observo à distância), começa a tomar corpo. Torçamos para isso. O Brasil não pode se tornar a tirania que uns pretendem que seja. Não podemos permitir que a barbárie seja o destino desta que tem a vocação para ser uma grande nação. 


Sílvio Lopes, jornalista, economista e palestrante.

Simers vai monitorar transição da gestão hospitalar no RS

Mudança precisa assegurar financiamento adequado, valorização dos médicos, organização do sistema e atendimento digno à população.


O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) acompanha com atenção a transição da gestão da rede hospitalar de média e alta complexidade em Porto Alegre, um processo que pode redefinir o futuro da assistência em saúde no estado. Para a entidade, a mudança só será benéfica se vier acompanhada de garantias concretas de financiamento, valorização dos profissionais médicos, organização eficiente do sistema e, principalmente, de um atendimento digno para a população.


A rede hospitalar da capital gaúcha é uma das principais portas de entrada para pacientes de todo o Rio Grande do Sul que necessitam de tratamentos especializados e de alta complexidade. Hospitais como Clínicas, Conceição, Cristo Redentor e Vila Nova, além de outros centros de referência, absorvem grande parte da demanda não apenas de Porto Alegre, mas também de cidades da Região Metropolitana e do interior.


Nos últimos anos, esse sistema tem operado em estado de alerta, enfrentando problemas crônicos como superlotação, instabilidade nos contratos de prestação de serviços, defasagem nos repasses financeiros e ausência de um planejamento integrado. Essa situação impacta diretamente tanto a qualidade do atendimento ao paciente quanto às condições de trabalho dos profissionais da saúde.


“A transição precisa assegurar que os hospitais recebam recursos compatíveis com suas demandas reais, que os contratos sejam estáveis e atualizados e que os médicos, que sustentam o atendimento na linha de frente, sejam devidamente valorizados”, afirma o presidente do Simers, Marcelo Matias.


Além do financiamento adequado, o Simers defende que o processo de transição seja pautado pela transparência e pelo diálogo com a categoria médica e com as entidades representativas da classe, para que as soluções não sejam apenas administrativas, mas também estruturantes e duradouras.


A entidade reforça, ainda, a necessidade de descentralização do atendimento, uma vez que a centralização excessiva em Porto Alegre sobrecarrega hospitais e profissionais, além de prejudicar pacientes que dependem de deslocamento para acessar serviços de alta complexidade. Para o Simers, o fortalecimento da rede hospitalar em outras regiões é um passo fundamental para reduzir a pressão sobre a capital e tornar o sistema de saúde estadual mais justo e eficiente.


Enquanto o processo de transição avança - pois a ação não é imediata e pode ser concluída em até um ano - o Sindicato se compromete a monitorar de perto cada etapa, atuando para que a reorganização da rede hospitalar não apenas corrija falhas históricas, mas inaugure um novo ciclo de sustentabilidade, respeito aos profissionais e qualidade de atendimento aos pacientes.


“O Simers vai estar vigilante. Os médicos e a população não podem ser surpreendidos por decisões que comprometam o funcionamento do SUS em nosso estado”, conclui Matias.


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Artigo, Marcus Vinicius Gravina - Tiro na mosca

“Democracia de Aparência, Tirania de Fato”

O título do artigo do Dr. Dagoberto Godoy no Blog Polibio Braga (17/04) é uma súmula perfeita, diante da conjuntura atual do Brasil. 

Vejam o motivo do meu aplauso: “A tirania moderna não se instala com tanques nas ruas, mas com narrativas oficiais, decisões extravagantes de altas cortes e uma justiça que escolhe a quem punir e a quem proteger. Mantêm-se as eleições, os partidos, os rituais – mas faltam meios eficazes de conferência dos votos. Quem não se curva à narrativa dominante é calado, desmonetizado, preso, ou deslegitimado publicamente. Tudo isto em nome da defesa da democracia.”

Encerra, tão bem quanto iniciou citando o poeta Yevtushenko: “Quando a verdade é substituída pelo silêncio o silêncio se torna mentira”.

O Dr. Dagoberto Godoy, apresentado como advogado e engenheiro não é somente isto. Foi um destacado presidente da FIERGS.

Como eu gostaria de ler de outros dirigentes dessa Entidade  empresarial e, de outras similares, um pronunciamento de igual discernimento sobre momento político/administrativo do país - com enorme predominância nefasta da maioria do STF.  

Se fosse uma competição eu diria que ele acertou na mosca. Claro, incisivo e patriótico.

Os dirigentes eleitos por seus pares ao comando de entidades civis, que temam represálias pessoais e as suas empresas pela postura que devam assumir em defesa dos seus representados, têm que ir para casa. 

Nossas entidades civis - Confederações e Federações - não devem ser confundidas como um antro de formação de puxa sacos ou vassalos. A começar pelos que só têm olhos para o cofre do BNDES, participação em Conselhos Palacianos, viagens internacionais com o presidente da República  e a sua esposa nos badalados  eventos promovidos para a apresentação da nossa Primeira Dama ao mundo. 

Os empresários que compõem os colégios eleitorais de suas entidades de classe, ao terem de escolher quem falará por eles devem, ficar atentos a isto. Nossas entidade precisam mais do que figuras decorativas em Conselhos Palacianos criados para apoiarem quem nem sempre merece. 

Há várias formas de benefícios além das famigeradas Emendas Parlamentares. Muitos empresários e banqueiros sabem disso e quais são. Os anais da Lava Jato, se não foram destruídos, como os filmes do 8 de janeiro, dos prédios da Praça dos Três Poderes - Brasília provam o que estou dizendo. Não é narrativa. É fato incontestável. 

Não é de coragem dos dirigentes classistas que precisamos,  mas de ombridade e de caráter  

Pensem, nisto!

Caxias do Sul, 17.04.2025

 

Opinião do editor - Eduardo Leite e suas circunstâncias

O governador gaúcho Eduardo Leite está com agenda multifacetada neste momento, operando simultaneamente em três grandes frentes pelo menos:

1) A gestão do governo estadual do RS.
2) A sucessão presidencial.
3) A sucessão estadual.

Em todas as três grandes frentes, é duvidoso que obtenha sucesso.

1) A gestão do governo estadual do RS
É fora de dúvida que Eduardo Leite acumula ativos administrativos e políticos de sucesso e isto que o mantém na vitrina.

2) A sucessão presidencial
Neste ítem, Eduardo Leite opera como biruta de aeroporto e agora nem sabe se fica ou se sai do ninho tucano, sempre em busca de uma ambicionada e certa derrota eleitorasl, caso consiga emplacar seu nome no PSDB ou PSD. Além disto, Leite nem sabe ao certo se será candidato a presidente, mas já trabalha a possibilidade de renunciar de novo ao objetivo maior, disputando uma das duas cadeiras do Senado.

3) A sucessão estadual
Atuando como chefete político de paróquia, o governador faz das tripas coração para apoiar a candidatura do seu vice, o emedebista Gabriel Souza. Neste sentido, não se importa de deixar cadáveres pela estrada, como o de rifar sua secretária de Cultura, Beatriz Araújo, para garantir o apoio do PDT ao seu delfim. Com mais robusta aliança, Leite espera vencer pelo menos no 2o turno, contando com o apoio da esquerda do PT, do Psol e do PCdoB, como aconteceu na sua disputa pela reeleição.



 A escolha dos titulares do Comitê Gestor do IBS (Imposto sobre Bens e Serviço), criado pela reforma tributária para gerir a arrecadação do ICMS (estadual) e ISS (municipal), esbarra em impasses com as entidades que representam os municípios.  A FNP (Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos), que reúne gestores de grandes cidades, quer assegurar mais controle sobre o processo de escolha dos representantes. Querem isonomia com os governadores, que podem indicar e alterar seus representantes. 


A proposta enfrenta resistência da CNM (Confederação Nacional dos Municípios), que representa prefeituras de médio e pequeno porte.  Os representantes dos municípios vão indicar 27 titulares para o conselho do IBS. Eles se somarão aos 27 representantes dos Estados. Governadores têm poder de alterar seus indicados. É o que a FNP deseja. A CNM defende que haja mandatos...

O colegiado será responsável por gerir o novo imposto que unificará o ICMS (estadual) e o ISS (municipal). Estima-se que esse novo imposto movimentará mais de R$ 1 trilhão por ano quando estiver plenamente implementado. Dentro da entidade, usa-se o termo “Super Secretaria dos Municípios e dos Estados de Fazenda” para dar a dimensão que o conselho terá.  “Esse critério [de ter mandato para o indicado pelos prefeitos] não tem razoabilidade. Se mudou um prefeito, um governador, ou terminou um mandato, não é razoável que não possa mudar. E se [o escolhido] não seguir a orientação, também não é ra...

E se [o escolhido] não seguir a orientação, também não é razoável não poder mudar. Para nós, esse critério é cláusula pétrea. Não tem lógica sem isso”, disse ao Poder360 o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), vice-presidente da FNP. O comitê terá 27 representantes dos Estados e 27 dos municípios. Cada grupo deve apresentar uma chapa. A FNP argumenta que fez acordo com a CNM para ter 13 assentos e deixaria 14 para eles. “No decorrer do processo, a CNM tomou a decisão unilateral de marcar a eleição e concorrer para as 27 vagas. Somos contra judicialização, mas não dava para sair as...

Entrevista completa

Neste vídeo é apresentada uma conversa exclusiva com o escritor Michel Laub, que assina o posfácio da edição brasileira de "O Crematório Frio". Originalmente publicado em húngaro em 1950, este relato impactante de József Debreczeni sobre os horrores de Auschwitz permaneceu inédito em outras línguas por mais de sete décadas. Laub compartilha suas impressões sobre a obra, discute a relevância de testemunhos históricos como este e reflete sobre a importância de manter viva a memória do Holocausto. A edição brasileira, traduzida por Zsuzsanna Spiry, foi lançada em janeiro de 2025 pela Companhia das Letras. Assista para entender mais sobre este clássico redescoberto da literatura do Holocausto e sua pertinência nos dias atuais.

PF investiga Abin

 Numa inédita investigação da Polícia Federal sobre o serviço secreto do governo federal, o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, e o ex-diretor adjunto do órgão, Alessandro Moretti, prestaram depoimento em Brasília. As oitivas duraram cerca de cinco horas e foram realizadas no âmbito das investigações sobre a atuação paralela da Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, informa a Agência Brasil, mas o fato é que o objeto das invetigações policiais abrange também os primeiros três meses do atual governo federal nomeado lulopetista, notícia que vem sendo sonegada. Segundo nota divulgada à imprensa, a ação de inteligência começou no governo de Bolsonaro e foi tornada sem efeito pela Abin, em março de 2023, após a direção interina do órgão tomar conhecimento do caso.

A investigação corre em segredo de Justiça, e os detalhes dos depoimentos não foram divulgados.

De acordo com a PF, policiais e delegados da corporação que estavam cedidos à Abin, além de servidores do órgão, teriam participado de uma organização criminosa para cumprir ações ilegais de espionagem. Durante a apuração, os investigadores da PF descobriram que foi realizada uma ação para obtenção de informações sigilosas de autoridades do Paraguai envolvidas nas negociações do contrato de energia da usina hidrelétrica de Itaipu, operada pelos dois países. O caso foi revelado pelo Portal Uol.De acordo com a reportagem, o monitoramento das autoridades paraguaias teria ocorrido entre junho de 2022, durante o governo de Bolsonaro, e março de 2023, início do governo Lula.

Diante dos fatos apurados, a PF decidiu tomar o depoimento de Luiz Fernando Corrêa, atual diretor da Abin, e de Moretti, que foi exonerado do cargo em janeiro de 2024, para esclarecer os fatos. 

Após a divulgação do monitoramento, o Itamaraty negou qualquer envolvimento do atual governo com a espionagem ao Paraguai.



 


Deputado do PSOL encerra greve de fome, mas processo de cassação seguirá

Depois de 8 dias, acabou a greve de fome iniciada pelo deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), tudo depois de um acordo com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sobre o andamento do processo que pode levar à cassação do seu mandatato.Glauber Braga parou de se alimentar em protesto contra o avanço de um processo que pode cassá-lo na Câmara dos Deputados. Desde o dia 9, o parlamentar estava dormindo nas instalações da Câmara e, segundo a assessoria, tomando apenas água, soro e isotônicos.

Qual é o acordo, segundo Hugo Motta:

 -Garanto que, após a deliberação da CCJ, qualquer que seja ela, não submeteremos o caso do deputado ao Plenário da Câmara antes de 60 dias para que ele possa exercer a defesa do seu mandato parlamentar.Após este período, as deputadas e os deputados poderão soberanamente decidir sobre o processo.

O deputado não escapará da cassação.