Indicadores corroboram retomada da atividade ao longo do segundo trimestre

o Nas últimas semanas, temos observado certa estabilização das projeções de PIB para este ano no Relatório Focus. Os dados referentes a maio e junho, no Brasil e no mundo, têm se mostrado mais positivos que o esperado há um mês, diante das evidências de que a retração da economia no segundo trimestre possa ser menos intensa.

o No curto prazo, acumulam-se sinais de melhora da atividade e o cenário nos parece assimétrico para cima. A despeito disso, há muita incerteza em relação ao médio prazo e não vislumbramos a atividade brasileira voltando ao nível pré-pandemia tão cedo.

o Merece destaque o forte avanço dos indicadores de confiança em maio e junho. Esse ritmo de retomada é bastante similar com o que temos visto no restante do mundo, que tem beneficiado nossas exportações, juntamente com o bom desempenho do setor agropecuário.

o Ainda que os estímulos fiscais tenham sido de menor magnitude no Brasil e nos demais emergentes em relação aos países avançados, esses têm desempenhado papel relevante para reverter a queda da massa salarial. Adicionalmente, o mercado de trabalho, que geralmente é defasado em relação à atividade econômica, mostrou sinais menos negativos em maio.

o Em resumo, ainda que as incertezas sobre ritmo de retomada no segundo semestre permaneçam elevadas, o conjunto de dados conhecidos até agora aponta para uma queda menos intensa do PIB no segundo trimestre, além de uma recuperação iniciada em maio. Revisamos nossa projeção de PIB do período para uma queda de 9,5%, menor que a retração de 10,6% projetada anteriormente.


Por que torço para que Bolsonaro morra

O presidente prestaria na morte o serviço que foi incapaz de ofertar em vida

Jair Bolsonaro está com Covid-19. Torço para que o quadro se agrave e ele morra. Nada pessoal.

Como já escrevi aqui a propósito desse mesmo tema, embora ensinamentos religiosos e éticas deontológicas preconizem que não devemos desejar mal ao próximo, aqueles que abraçam éticas consequencialistas não estão tão amarrados pela moral tradicional. É que, no consequencialismo, ações são valoradas pelos resultados que produzem. O sacrifício de um indivíduo pode ser válido, se dele advier um bem maior.

A vida de Bolsonaro, como a de qualquer indivíduo, tem valor e sua perda seria lamentável. Mas, como no consequencialismo todas as vidas valem rigorosamente o mesmo, a morte do presidente torna-se filosoficamente defensável, se estivermos seguros de que acarretará um número maior de vidas preservadas. Estamos?

No plano mais imediato, a ausência de Bolsonaro significaria que já não teríamos um governante minimizando a epidemia nem sabotando medidas para mitigá-la. Isso Por que torço para que Bolsonaro morra salvaria vidas? A crer num estudo de pesquisadores da UFABC, da FGV e da USP, cada fala negacionista do presidente se faz seguir de quedas nas taxas de isolamento e de aumentos nos óbitos. Detalhe irônico: são justamente os eleitores do presidente a população mais afetada.

Bônus políticos não contabilizáveis em cadáveres incluem o fim (ou ao menos a redução) das tensões institucionais e de tentativas de esvaziamento de políticas ambientais, culturais, científicas etc.

Numa chave um pouco mais especulativa, dá para argumentar que a morte, por Covid-19, do mais destacado líder mundial a negar a gravidade da pandemia serviria como um “cautionary tale” de alcance global. Ficaria muito mais difícil para outros governantes irresponsáveis imitarem seu discurso e atitudes, o que presumivelmente pouparia vidas em todo o planeta. Bolsonaro prestaria na morte o serviço que foi incapaz de ofertar em vida.