O Sínodo para a Amazônia que o Vaticano
pretende realizar, de 6 a 27 de outubro, é o assunto que mais tira do sério os
militares, denuncia neste domingo o site Alerta Total, em artigo assinado por Jorge Serrão.
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O evento tem tudo para ser a grande crise diplomática do Governo
Bolsonaro, no curto prazo. No Palácio do Planalto e no “Forte Apache” (sede do
comando do Exército Brasileiro), a expectativa é que a Santa Sé cancele o
encontro que tem como relator escalado o Arcebispo de São Paulo, Dom Cláudio
Hummes. Vem aí a “canelada-anunciada”: Jair Messias Bolsonaro x Papa Francisco,
com diplomatas e generais no ringue...
No site oficial do Instrumentum
Laboris(http://www.sinodoamazonico.va), o Vaticano “vende” o evento como “um
grande projeto eclesial, cívico e ecológico que visa superar confins e
redefinir as linhas pastorais, adequando-as aos tempos atuais”. O texto
acrescenta: “Nove países compartilham a Pan-amazônia: Brasil, Bolívia,
Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa e
nesta região, importante fonte de oxigênio para toda a Terra, concentra-se mais
de um terço das florestas primárias do mundo. É uma das maiores reservas de
biodiversidade do planeta, abrigando 20% da água doce não congelada”.
A publicação oficial do Vaticano apenas relata: Em 15 de
outubro de 2017, o Papa Francisco convocou a Assembleia Sinodal para
a Pan-amazônia indicando como finalidade principal “encontrar novos caminhos
para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, sobretudo dos indígenas,
muitas vezes esquecidos e sem a perspectiva de um futuro sereno, também por
causa da crise da floresta Amazônica, pulmão de importância fundamental para o
nosso planeta”.
Entre os Generais brasileiros, circula um paper que
resume a crítica geral ao Sínodo para Amazônia. O Alerta Total reproduz a
mensagem:
Divide-se em três partes, que abordam as seguintes
temáticas: “A voz da Amazônia entendida como escuta daquele território”,
“Ecologia integral” e “Igreja com o rosto amazônico”.
Em seu conjunto, trata-se de um repositório de metáforas
construído em torno da ideia-força sintetizada no conceito de “ordem integral”.
A “ordem integral” é uma ideia abstrata que pretende
congelar a situação econômica e social existente, mas omite a verdadeira
intenção política.
A manobra psicológica proposta pretende mobilizar as
minorias indígenas e quilombolas dispersas no território e nas periferias dos
grandes centros, com a finalidade de “sufocar” a cultura da maioria.
Os organizadores parecem ignorar a composição da massa
populacional nativa, de cerca de 70% de mestiços, 25% de brancos e apenas 5% de
minorias.
O apelo à “ecologia integral” relativiza os valores
cristãos, submetendo-os à prevalência dos paradigmas culturais paleolíticos das
etnias remanescentes.
Omite qualquer alusão ao esforço civilizatório imposto no
passado pela própria Igreja, que resultou na superação dos paradigmas do
tribalismo e da antropofagia, embora ainda persista em muitas tribos o costume
do infanticídio dos bebês deficientes.
Em síntese, o discurso do “Instrumentum Laboris” subverte
a ordem política, econômica e social dos estados pan-amazônicos, sem revelar o
propósito político-institucional dos organizadores.
O Alerta Total acrescenta: Definitivamente, por
trás dos panos, a reunião – supostamente religiosa, católica -, na verdade é
uma interferência indevida, uma agressão à soberania brasileira. No entanto, o
bom senso de realidade nos obriga a admitir que o Brasil exerce, ainda muito
mal, sua soberania sobre a Amazônia que nossos antepassados duramente
conquistaram. Há muito que fazer para “conservar a Amazônia para os
brasileiros” – como bem pregava o saudoso Almirante Roberto Gama e Silva,
frisando sempre que empregava o correto verbo “conservar” e não o “onguístico”
termo “preservar”.
No caso da Amazônia, Bolsonaro já endureceu o discurso
contra os “sabotadores transnacionais”. No entanto, é preciso ir muito além do
mero discurso nacionalista. O Brasil tem de avançar com o Programa Barão
do Rio Branco – que tem potencial para impulsionar um mercado interno para
integrar a Calha Norte do Amazonas, Amapá e Roraima, estendendo a BR-163 até a
fronteira com o Suriname. Será construída a Ponte Barão do Rio Branco e
implantado um sistema de transporte modal hidro-rodo-ferroviário estratégico na
região.
Bolsonaro deve centrar seus discursos no Programa Barão
do Rio Branco, e não perder tempo com as repetidas e previsíveis críticas
canalhas dos falsos e bem remunerados ambientalistas – há muito especializados
em produzir notícia negativa, mundo afora, contra a missão brasileira
deconservar a Amazônia, explorando-a de maneira realmente sustentável e
respeitando a rica diversidade ambiental.
Como repórter, já fiz algumas grandes reportagens na
Amazônia. É inenarrável a vivência de quem passou quatro horas no meio da
selva, em absoluto silêncio numa canoa, observando o magnífico cenário ao
redor. Nestas aventuras, sempre me incomodou a vergonhosa constatação da
perigosa, imperdoável e criminosa ausência do Estado brasileiro na maior parte
da Amazônia. Ela é nossa? Claro que sim! Por isso, não podemos mais dar mole!
É essa passividade em relação à Amazônia que o Brasil tem
de mudar. Na prática, na vida real, e não só no discurso ufanista,
“nacionalista”...