Safra recorde dá alento à economia


Milho é o grande destaque e terá sua produção aumentada em 23%, para 99,3 milhões de toneladas

As perspectivas para a safra de grãos 2018/2019 são favoráveis o bastante não só para ajudar a economia a sair do marasmo, como para induzir o governo a ter mais cautela ao tratar de temas afins ao agronegócio, como as políticas para o meio ambiente e os melhores caminhos para que a produtividade agrícola continue crescendo. O mais recente levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) não apenas prevê que a safra de grãos será recordista, atingindo 241,3 milhões de toneladas, como que as quantidades exportadas seguirão crescendo. O recorde anterior foi alcançado na safra de grãos 2016/2017, de 238,4 milhões de toneladas.
Enquanto a estimativa de área plantada feita pela Conab aponta para uma expansão de 2% em relação à safra 2017/2018, o volume de grãos colhidos deverá crescer 6%, mostrando utilização mais eficiente da terra. O milho é o grande destaque, pois, com expansão da área plantada de 4,3%, terá sua produção aumentada em 23%, para 99,3 milhões de toneladas. O avanço da segunda safra de milho deverá atingir 35,6%, porcentual elevadíssimo, favorecido pelo clima e pela migração de áreas de feijão primeira safra, cana-de-açúcar e pastagens.
A soja é o principal item agrícola, com produção estimada em 115 milhões de toneladas na safra em curso, e poderá se beneficiar com a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, maior importadora global. Entre julho e agosto, a Conab elevou em 3% as estimativas para exportação de soja, que poderá atingir 70 milhões de toneladas. Para o milho, a estimativa é de exportação de 34,5 milhões de toneladas, 2,9% mais do que nas previsões anteriores.
O terceiro item por ordem de importância é o arroz. A produção deve cair, mas a Conab ressalva que “o rizicultor nacional tem mantido a produção ajustada ao consumo, incrementando a produtividade com a utilização de um melhor pacote tecnológico”. Em campo positivo aparecem o algodão, o amendoim e a segunda e a terceira safras de feijão.
Produção alta e bons estoques permitem que a agricultura tenha papel decisivo para manter a inflação baixa, favorecendo o consumo das famílias. Além disso, as exportações brasileiras do agronegócio, de US$ 47,7 bilhões no primeiro semestre, dos quais cerca de 45% provêm do complexo soja, são decisivas para o superávit da balança comercial do País.

Artigo, J.R. Guzzo, Veja - Pessoas e pragas


Artigo, J.R. Guzzo, Veja - Pessoas e pragas
Ou existe tomate do jeito que ele é na vida real, com defensivos agrícolas, ou não existe tomate

Todo mundo sabe o que é um tomate. Ou melhor, falando uma linguagem mais científica: grande parte dos 7 bilhões de habitantes do planeta, talvez a maioria, sabe o que é um tomate. O que bem menos gente sabe é que o tomate é também um dos vegetais que mais recebem defensivos químicos em toda a agricultura mundial — ou “agrotóxicos”, como diz o universo ecológico brasileiro. Não muitos, enfim, sabem que os melhores tomates do mundo são cultivados na área do vulcão Vesúvio, vizinha a Nápoles, na Itália (pelo menos na opinião praticamente unânime dos italianos). O tomate dali é maravilhoso, mas não é mágico. Recebe toneladas de defensivos agrícolas todos os anos, sem falar de fertilizantes, produtos para aumentar o rendimento das culturas e intervenções genéticas de última geração. Os napolitanos não fazem isso porque gostam de gastar dinheiro com “agrotóxicos”, mas porque, se não o fizerem, os seus tomates morrerão. E aí: o que seria da pizza? E do molho al sugo? E do ketchup?

O problema não seria só com a pizza de Nápoles e do resto da Itália. Sem tomate iria acabar, do mesmíssimo jeito, a pizza da Mooca, de São José dos Ausentes e da Groenlândia, porque ninguém ainda descobriu como seria possível cultivar tomates, em volume que faça algum sentido, com a ação natural das abelhas, trato de algas marinhas e outras lendas presentes no aparelho mental da população naturalista, orgânica, vegana, e por aí afora. Você decide, então: ou existe tomate do jeito que ele é na vida real, ou não existe tomate. A lógica comum diria que é melhor deixar os tomates quietos, como eles estão — mesmo porque, ao que se sabe, pouquíssima gente morre neste mundo por comer a macarronada da mamma. Mas vá você dizer isso a um combatente a favor da alimentação natural e contra “o veneno na minha comida”. Será acusado de ser um “defensor do agronegócio”, da “indústria química”, da “ganância”, do “lucro” e daí para baixo. Mais: vai ser carimbado como retrógrado, fascista e inimigo da saúde humana em geral.

Não se trata de uma questão só de tomates. O trigo e a soja, o arroz e o feijão, o milho e a batata, e todos os alimentos produzidos em massa na face da Terra têm de receber hoje montanhas de produtos químicos para sobreviver — ou é assim ou desaparecem. O problemão, nesse caso, é como alimentar na prática os 7 bilhões de cidadãos citados acima. Não apareceu até agora uma única resposta coerente para isso. O que existe mesmo, no mundo das realidades, é a seguinte opção: ou você alimenta as pessoas ou alimenta as pragas. Pior ainda, quem vai levar na cabeça são os mais pobres, pois a maioria da população global é constituída de pobres — e, por eles serem muitos, criam o incômodo de consumir mais comida que todas as classes médias, altas ou altíssimas do mundo somadas. São eles os que vão comer menos — até porque não têm dinheiro para comprar sua janta nas lojas “biô”, orgânicas ou naturalistas do Leblon.

Nunca houve tanto agronegócio no mundo. Nunca se consumiram tanta carne, frango e outras proteínas básicas. Nunca houve tanto alimento para o homem — e nunca se produziu e vendeu tanto produto artificial para o campo. Ao mesmo tempo, jamais a população do planeta foi tão grande como hoje. Nem tão bem alimentada, até por questões legais — uma Volkswagen, por exemplo, é obrigada por lei a oferecer pelo menos dois tipos de proteína em seus refeitórios, no almoço e no jantar, todos os dias. Só consegue cumprir a lei se acha frango e boi em quantidade suficiente — e para isso frangos e bois têm de engordar cada vez mais depressa, o que é impossível sem hormônios, rações com componentes químicos, vacinas. Milhares de outras empresas brasileiras precisam, por lei, fazer exatamente a mesma coisa — ou os fiscais vão lhes socar em cima uma quantidade de multas capaz de levar até o Google à falência.

Como fica, então? Se estivessem pondo “veneno” na comida, você iria ver gente caindo morta na sua frente em cada esquina, todo dia. Em vez disso, a população só aumenta. É óbvio que o uso da química, biogenética e outras tecnologias na agricultura é uma questão de doses certas, produtos de qualidade, mais segurança quanto aos seus danos potenciais à saúde, mais competência no manejo. Mas nunca, também, houve progressos tão espetaculares na melhoria científica dos adubos, pesticidas, transgênicos e tudo o mais que se põe nas lavouras. São os fatos. A alternativa é voltar à Idade da Pedra, quando a alimentação era 100% natural — e o sujeito precisava ter uma sorte do cão para chegar vivo aos 30 anos de idade.

O Sínodo da Amazônia vem aí para defender o congelamento da situação econômico-social da Amazônia


O Sínodo para a Amazônia que o Vaticano pretende realizar, de 6 a 27 de outubro, é o assunto que mais tira do sério os militares, denuncia neste domingo o site Alerta Total, em artigo assinado por Jorge Serrão.

Leia tudo:

 O evento tem tudo para ser a grande crise diplomática do Governo Bolsonaro, no curto prazo. No Palácio do Planalto e no “Forte Apache” (sede do comando do Exército Brasileiro), a expectativa é que a Santa Sé cancele o encontro que tem como relator escalado o Arcebispo de São Paulo, Dom Cláudio Hummes. Vem aí a “canelada-anunciada”: Jair Messias Bolsonaro x Papa Francisco, com diplomatas e generais no ringue...

No site oficial do Instrumentum Laboris(http://www.sinodoamazonico.va), o Vaticano “vende” o evento como “um grande projeto eclesial, cívico e ecológico que visa superar confins e redefinir as linhas pastorais, adequando-as aos tempos atuais”. O texto acrescenta: “Nove países compartilham a Pan-amazônia: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa e nesta região, importante fonte de oxigênio para toda a Terra, concentra-se mais de um terço das florestas primárias do mundo. É uma das maiores reservas de biodiversidade do planeta, abrigando 20% da água doce não congelada”.

A publicação oficial do Vaticano apenas relata: Em 15 de outubro de 2017, o Papa Francisco convocou a Assembleia Sinodal para a Pan-amazônia indicando como finalidade principal “encontrar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, sobretudo dos indígenas, muitas vezes esquecidos e sem a perspectiva de um futuro sereno, também por causa da crise da floresta Amazônica, pulmão de importância fundamental para o nosso planeta”.

Entre os Generais brasileiros, circula um paper que resume a crítica geral ao Sínodo para Amazônia. O Alerta Total reproduz a mensagem:

Divide-se em três partes, que abordam as seguintes temáticas: “A voz da Amazônia entendida como escuta daquele território”, “Ecologia integral” e “Igreja com o rosto amazônico”.

Em seu conjunto, trata-se de um repositório de metáforas construído em torno da ideia-força sintetizada no conceito de “ordem integral”.

A “ordem integral” é uma ideia abstrata que pretende congelar a situação econômica e social existente, mas omite a verdadeira intenção política.

A manobra psicológica proposta pretende mobilizar as minorias indígenas e quilombolas dispersas no território e nas periferias dos grandes centros, com a finalidade de “sufocar” a cultura da maioria.

Os organizadores parecem ignorar a composição da massa populacional nativa, de cerca de 70% de mestiços, 25% de brancos e apenas 5% de minorias.

O apelo à “ecologia integral” relativiza os valores cristãos, submetendo-os à prevalência dos paradigmas culturais paleolíticos das etnias remanescentes.

Omite qualquer alusão ao esforço civilizatório imposto no passado pela própria Igreja, que resultou na superação dos paradigmas do tribalismo e da antropofagia, embora ainda persista em muitas tribos o costume do infanticídio dos bebês deficientes.

Em síntese, o discurso do “Instrumentum Laboris” subverte a ordem política, econômica e social dos estados pan-amazônicos, sem revelar o propósito político-institucional dos organizadores.  

O Alerta Total acrescenta: Definitivamente, por trás dos panos, a reunião – supostamente religiosa, católica -, na verdade é uma interferência indevida, uma agressão à soberania brasileira. No entanto, o bom senso de realidade nos obriga a admitir que o Brasil exerce, ainda muito mal, sua soberania sobre a Amazônia que nossos antepassados duramente conquistaram. Há muito que fazer para “conservar a Amazônia para os brasileiros” – como bem pregava o saudoso Almirante Roberto Gama e Silva, frisando sempre que empregava o correto verbo “conservar” e não o “onguístico” termo “preservar”.

No caso da Amazônia, Bolsonaro já endureceu o discurso contra os “sabotadores transnacionais”. No entanto, é preciso ir muito além do mero discurso nacionalista. O Brasil tem de avançar com o Programa Barão do Rio Branco – que tem potencial para impulsionar um mercado interno para integrar a Calha Norte do Amazonas, Amapá e Roraima, estendendo a BR-163 até a fronteira com o Suriname. Será construída a Ponte Barão do Rio Branco e implantado um sistema de transporte modal hidro-rodo-ferroviário estratégico na região.

Bolsonaro deve centrar seus discursos no Programa Barão do Rio Branco, e não perder tempo com as repetidas e previsíveis críticas canalhas dos falsos e bem remunerados ambientalistas – há muito especializados em produzir notícia negativa, mundo afora, contra a missão brasileira deconservar a Amazônia, explorando-a de maneira realmente sustentável e respeitando a rica diversidade ambiental.

Como repórter, já fiz algumas grandes reportagens na Amazônia. É inenarrável a vivência de quem passou quatro horas no meio da selva, em absoluto silêncio numa canoa, observando o magnífico cenário ao redor. Nestas aventuras, sempre me incomodou a vergonhosa constatação da perigosa, imperdoável e criminosa ausência do Estado brasileiro na maior parte da Amazônia. Ela é nossa? Claro que sim! Por isso, não podemos mais dar mole!

É essa passividade em relação à Amazônia que o Brasil tem de mudar. Na prática, na vida real, e não só no discurso ufanista, “nacionalista”...


Vetos presidenciais

Após a publicação de veto no Diário Oficial da União, a Presidência da República encaminha mensagem ao Congresso, em até 48 horas, especificando suas razões e argumentos. Sendo assim, o veto é sempre motivado (art. 66, §1º, CF).

A protocolização da mensagem na Secretaria Legislativa do Congresso Nacional dispara o prazo constitucional de 30 dias corridos para deliberação do veto pelos senadores e deputados em sessão conjunta (arts. 57, § 3º, IV,e 66, da CF).

Nos termos regimentais, publicados os avulsos, a matéria está pronta para deliberação do Plenário. Decorrido o prazo de 30 dias sem deliberação, é incluída na ordem do dia e passa a sobrestar as demais deliberações até a votação final do veto (art. 66, §6º, da CF).

A convocação de sessão conjunta é prerrogativa do Presidente do Senado Federal, que dirige a Mesa do Congresso (art. 57, §5º CF). Para a apreciação de veto, o Regimento Comum fixa como data de convocação de sessão a terceira terça-feira de cada mês, impreterivelmente. Em não ocorrendo nesta data por qualquer motivo, a sessão conjunta é convocada para a terça-feira seguinte (art. 106, §§1º e 2º, do RCCN).

A discussão dos vetos é feita em globo, concedendo-se cinco minutos aos oradores inscritos para esse fim. O processo de votação pode se iniciar após a discussão de quatro senadores e seis deputados (art. 106-A, § 2º, do RCCN).

Para a rejeição do veto é necessária a maioria absoluta dos votos de Deputados e Senadores, ou seja, 257 votos de deputados e 41 votos de senadores, computados separadamente. Registrada uma quantidade inferior de votos pela rejeição em umas das Casas, o veto é mantido (art. 66, § 4º, CF e art. 43 do RCCN).

A votação de vetos é ostensiva e nominal, por meio de cédula eletrônica de votação, a eCedula, podendo haver destaque para deliberação em painel eletrônico (arts. 46, 106-B e 106-D do RCCN). Os requerimentos de destaques são para dispositivos individuais ou conexos. Esses requerimentos não dependem de deliberação do plenário e são propostos pelo líder do partido, observando-se a proporcionalidade regimental (art. 106-D do RCCN).

Na votação por meio da eCedula ou por painel eletrônico a apuração dos votos começa pela Câmara dos Deputados, salvo se o projeto de lei vetado for de iniciativa do Senado – aí a primazia se inverte. Os votos da outra Casa somente são apurados se o veto for rejeitado na primeira (art. 66, § 4º, CF e arts. 43 e 106-B do RCCN). Para a votação por meio da eCedula, haverá orientação dos líderes às suas bancadas pelo prazo de um minuto. Se pelo painel eletrônico, além dessa orientação, haverá encaminhamento pelo prazo de cinco minutos, por dois senadores e dois deputados.

A votação por meio da eCedula foi um avanço estabelecido pela Resolução nº 1, de 2015-CN que, em obediência aos preceitos constitucionais relativos ao princípio da eficiência e do devido processo legal, ofereceu celeridade ao processo legislativo dos vetos, de forma ainda mais transparente e segura.

Por fim, caso o veto seja rejeitado, as partes correspondentes do projeto apreciado são encaminhadas à promulgação pelo Presidente da República em até 48 horas ou, na omissão deste, pelo Presidente ou Vice-Presidente do Senado, em igual prazo (art. 66, §7º, CF). O mesmo procedimento prevalece quando, após a sanção, a promulgação da lei não é feita pelo Presidente da República

Como pedir que continuem lutando, se os deixamos sozinhos?


- Carlos Fernando dos Santos Lima

Pessoas me encontram em ruas e aeroportos, cumprimentam-me, tiram selfies e pedem para que a Lava Jato não desanime, não esmoreça.
Fico pensando nessas horas como deve estar se sentindo Deltan Dallagnol, ainda Procurador da República- pois eu estou aposentado agora- sendo vítima da sanha de hienas, subalternos velhacos puxa saco de Calheiros, Gilmares e Maias.
Será justo deixar sacrificar Deltan Dallagnol para que fiquemos em casa, cansados talvez dos movimentos de rua, paralisados pela inépcia política de Bolsonaro, descrentes de que é possível mudar?
Não somos nós que ajudamos as 10 Medidas contra a Corrupção, nós que nos manifestamos contra a degeneração da política brasileira, nós que salvamos o Ministério Público quando o Congresso tentou aprovar a PEC 37 em 2013?
Agora, não só vão punir Deltan Dallagnol por exercer sua cidadania, por ter tido a coragem expor de maneira clara e serena a indignação popular, mas também desejam cortar o combate à corrupção pela raiz, ameaçando com a hipócrita Lei de Abuso de Autoridade de prisão juízes, procuradores e policiais que ousarem investigar políticos.
Há muito abuso no Brasil, evidentemente. Há o abuso de bloquearam investigações, de impedirem a justiça de funcionar, de soltarem criminosos, de usarem um inquérito secreto e fora da competência constitucional para proregerem-se a si mesmos; de insistirem em vender seus votos a cada projeto de lei… Há tantos abusos que é vergonhoso pretender punir magistrados, promotores e policiais por trabalharem.
Onde você esteve nestes últimos 5 anos? Se esteve do lado do Brasil, volte a lutar. Cada uma da mais de duas milhões de pessoas que assinaram a proposta das 10 Medidas contra a Corrupção deve voltar à luta ativa. Cada entidade que se mobilizou Brasil a fora deve voltar à se mobilizar.
De outra forma, como pedir que Deltan Dallagnol continue a lutar se o deixamos sozinho?