Eis as 50 cidades mais desenvolvidas do Sul do Brasil

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro publica todos os anos o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM). Nesta edição, Concórdia (foto), no oeste catarinense, lidera o ranking na região Sul. Organizada pelo Portal AMANHÃ, a lista traz 24 cidades gaúchas, 15 paranaenses e 11 catarinenses. Lajeado é a primeira localidade do Rio Grande do Sul a aparecer no levantamento enquanto Maringá é o melhor município do Paraná. Curitiba é a única capital da região a figurar no ranking (veja a lista completa a seguir). No Brasil, Extrema, em Minas Gerais, é a campeã com o índice de 0,905.

Metodologia
O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal varia de 0 a 1: quanto mais próximo de 1, melhor é o desenvolvimento da cidade. A nota é calculada segundo a análise de três conjuntos de indicadores. Em Educação, a federação analisa o número de matrículas na educação infantil, a proporção de estudantes que abandonam o ensino fundamental, além da distorção idade-série, o número de professores com ensino superior, a média de aulas diárias e o resultado do Ideb no ensino fundamental. Já em Emprego e Renda, o índice leva em conta o quanto a cidade gera de empregos formais, sua capacidade de absorver a mão de obra local, quanto de renda formal é gerada, os salários médios e a desigualdade social. O índice de Saúde é calculado, por sua vez, com base no número de consultas pré-natal, óbitos por causas mal definidas, óbitos infantis por causas evitáveis e número de internações sensíveis à atenção básica (ISAB). O ano-base de todos os indicadores usados na pesquisa é 2013.
Acesse aqui o relatório completo.
Pos.CidadeUFIFDM
ConcórdiaSC0,8933
LajeadoRS0,8813
Arroio do MeioRS0,8758
MaringáPR0,8740
ApucaranaPR0,8729
WestfaliaRS0,8673
PanambiRS0,8666
São Bento do SulSC0,8648
CianortePR0,8647
10ºCampo MourãoPR0,8643
11ºParanavaíPR0,8627
12ºCuritibaPR0,8618
13ºBento GonçalvesRS0,8613
14ºPato BrancoPR0,8607
15ºChapecóSC0,8602
16ºBalneário CamboriúSC0,8594
17ºIbirubáRS0,8590
18ºNavegantesSC0,8579
19ºMarauRS0,8571
20ºMedianeiraPR0,8545
21ºItajaíSC0,8538
22ºParaíRS0,8535
23ºCampo BomRS0,8532
24ºSanta RosaRS0,8519
25ºBlumenauSC0,8514
26ºFrancisco BeltrãoPR0,8511
27ºToledoPR0,8507
28ºCascavelPR0,8494
29ºIvotiRS0,8486
30ºSanta Cruz do SulRS0,8483
31ºMandaguariPR0,8480
32ºJaraguá do SulSC0,8476
33ºGramadoRS0,8473
34ºNova PetrópolisRS0,8452
35ºCascaRS0,8449
36ºBrusqueSC0,8444
37ºIjuíRS0,8434
38ºVeranópolisRS0,8433
39ºFarroupilhaRS0,8432
40ºPresidente LucenaRS0,8430
41ºJoinvilleSC0,8430
42ºSerafina CorrêaRS0,8425
43ºLondrinaPR0,8411
44ºEncantadoRS0,8397
45ºTeutôniaRS0,8394
46ºSão José do InhacoráRS0,8387
47ºTimbóSC0,8387
48ºUmuaramaPR0,8380
49ºNova BassanoRS0,8377
50ºJandaia do SulPR0,8375
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'A Venezuela já implodiu, e é preciso haver um pacto', diz historiadora de Caracas

'A Venezuela já implodiu, e é preciso haver um pacto', diz historiadora

SAMY ADGHIRNI
DE CARACAS /Folha de São Paulo

Uma das intelectuais mais respeitadas da Venezuela, a historiadora e cientista política Margarita López Maya diz que o país já implodiu e que a única solução à grave crise econômica e social é um pacto entre o governo chavista e a oposição, hoje no comando da Assembleia Nacional unicameral.
Para López Maya, que recebeu a Folha em seu escritório, a alta participação e o resultado contundente em favor dos opositores na eleição legislativa de dezembro reflete uma mudança já em curso.
Ela questiona, porém, a viabilidade dos esforços parlamentares para abreviar a Presidência de Nicolás Maduro e afirma que uma renúncia seria a opção mais viável.
López Maya diz que o apego popular ao chavismo se esvai aos poucos, como o desencanto de uma relação amorosa, e critica a mentalidade venezuelana rentista que existia já antes de Hugo Chávez (1999-2013).
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Folha - A transição já começou na Venezuela?
Margarita López Maya- O voto de dezembro foi em favor de uma mudança política, que começou pelo Legislativo, agora independente do Executivo. Isso abre caminho para uma transição democrática ou de qualquer outra natureza. Estamos indo em direção a algo diferente. Maduro tem uma carta na manga, que é ter sido designado por Chávez, mas é um homem incapaz, ignorante e indeciso.
Ele está na política desde os 14 anos de idade, foi chanceler, presidente da Assembleia Nacional, um alto quadro do PSUV [partido chavista], mas revelou-se uma nulidade. Isso gera desgosto e angústia dentro do chavismo, e alguns grupos se movimentam para removê-lo, mas não sei até que ponto isso pode surtir efeito.

Há perspectiva de saída de Maduro no curto prazo?
Muitos cenários estão em aberto. O mais barato e menos traumático é a renúncia, embora não haja sinal de que isso ocorrerá. Se a situação se tornar economicamente insustentável, algo que deve acontecer neste ano, pode chegar o momento em que ele terá de cair. Caso renuncie, a Constituição obriga a convocar uma eleição. [O vice-presidente] Aristóbulo [Isturiz] assumiria a Presidência por 30 dias até que se realize esta eleição, que, aliás, o governo não teria condições de ganhar.
Acho que a aposta do governo é dar um jeito de conseguir dinheiro para chegar até janeiro, porque, se Maduro sair a partir desta data, Aristóbulo ficaria na Presidência até o fim do mandato [2019].
De todo modo, tem de haver acordo com a oposição. Mesmo que haja eleições antecipadas e que a oposição conquiste o Executivo, ela precisará compor com todo o aparato administrativo e os quadros militares chavistas. E, se houver renúncia depois de janeiro, Aristóbulo também precisaria de um pacto para se manter.
Como seria esse pacto?
O país já implodiu, e medidas econômicas são indispensáveis para reverter a crise.
Mas antes de implantar um pacote, é preciso adotar medidas sociais de emergência para proteger as pessoas que dependem de produtos regulados, pois essas pessoas ficarão muito afetadas quando houver uma desvalorização.
A pobreza subiu para 72%. Sem essas medidas, haverá fome. Você não pode deixar as pessoas expostas à tempestade. Um pacto também é necessário para renovar os poderes públicos. A oposição não pode fazer nenhum acordo com o governo se não houver mudança no Tribunal Supremo de Justiça (STJ, corte suprema), no Ministério Público e outros órgãos que precisam recuperar sua independência e autonomia.
Um setor da oposição defende uma emenda constitucional para abreviar o mandato presidencial e outro prefere um referendo revogatório.
Tudo isso é muito complicado. As leis não têm caráter retroativo. Se você aprovar uma lei, ela vale para o mandato seguinte, não para o atual. Além disso, uma emenda precisaria passar pelo TSJ, onde será certamente bloqueada. Ou seja, este caminho não procede.
Um revogatório também é complicado porque as pessoas estão mais preocupadas com seus problemas diários do que em se mobilizar numa coleta de assinaturas e depois votar em um referendo. Acho que a oposição se deu seis meses para encontrar uma saída com a esperança de que Maduro renuncie.
As divisões dentro da oposição e do governo dificultam a definição dos respectivos candidatos em caso de eleição antecipada?
Não acho. Estamos falando de uma presidência para conduzir um processo de transição durante três anos até terminar o mandato de Maduro. Esse presidente teria que ter um perfil muito específico. É preciso alguém disposto a se sacrificar pela pátria, um veterano, como foi Adolfo Suárez na Espanha após a morte do [ditador Francisco] Franco [1975].
Poderia ser [o presidente opositor da Assembleia Nacional, Henry] Ramos Allup, que tem 72 anos e está no final de sua carreira política.
Do lado do chavismo é mais complicado, não porque há muitos candidatos, mas justamente porque não há ninguém. Na ciência política existe a figura do herói da retirada, o homem que poderia ajudar o chavismo a sair de cena com dignidade. O PSUV teria que buscar alguém capaz de capturar gente para além do chavismo. Poderia ser Aristóbulo.
O resultado de dezembro foi um voto castigo ao governo ou um pedido para mudar o modelo?
As duas coisas. Houve participação massiva, de mais de 70%. Isso é quase um comparecimento em nível de eleição presidencial.
Como em quase todas as eleições na era Chávez, as pessoas votaram como se fossem morrer caso não o tivessem feito. E é sempre um voto contra ou o favor do modelo no poder. Por isso mesmo, por esse caráter plebiscitário, foi um claro rechaço à gestão de Maduro. E isso significa que se quer uma mudança não só dos atores, mas da maneira como o país está sendo conduzido.
Não me atrevo a ir mais longe porque houve forte abstenção no setor chavista. As forças de oposição conquistaram cerca de 400 mil votos a mais que na eleição presidencial de 2013. O voto chavista caiu em mais de dois milhões. Há um desejo de mudança mas não necessariamente um voto em favor da oposição que esteja claro.
Muitos dizem que a oposição ganhou graças a um voto "emprestado".
Desde 2013 o chavismo vem perdendo voto. Até mesmo a última reeleição de Chávez, em 2012, foi a sua vitória com menor porcentagem, cerca de 54%. Na primeira vez, em 1998, ele teve 56%, depois 60% e 64%. Há um deslocamento paulatino rumo à oposição, mas ainda não há um voto contundente em favor da oposição.
Por que não há esse voto contundente em favor da oposição?
O chavismo foi uma força política muito popular que teve seu apogeu em 2006, quando a sociedade estava dividida entre uma maioria de mais de 60% e uma minoria de 35 ou 38%. Hoje a coisa está se invertendo. É como na vida amorosa, quando nos desencantamos pouco a pouco do parceiro. Muitos ainda pensam: 'estou desencantado, mas não posso votar nesses inimigos de Chávez e da pátria', mas cada vez mais se aproximam da oposição.
Falta proposta clara à oposição?
Essa história de que a oposição não tem mensagem é relativa.
Há dois modelos de sociedade em disputa. Um é o que se chama socialismo do século 21, centralizado, hierárquico, com forte concentração de poder no Executivo e no qual tudo pertence e é regulado pelo Estado.
O outro é capitalista, mais ocidental e moderno e supõe uma democracia mais representativa. Mas essa alternativa não é completamente clara porque há coisas que são politicamente custosas de dizer na Venezuela.
Ninguém na oposição fala do que fazer com a estatal petroleira. A Venezuela é um país petroleiro, rentista e acostumado a um petroestado que provê tudo desde antes de Chávez. Nos últimos 17 anos, porém, o discurso chavista reforçou ainda mais essa visão de que o Estado tem que te proteger, te dar casa e comida.
Estados podem prover infraestrutura, esgoto, terrenos, créditos, empregos etc, mas casa? Aqui o governo se compromete a dar casa a todos aqueles que não têm. É algo impossível de fazer. Há uma distorção muito forte na cultura dos venezuelanos, que vem do rentismo e que faz com que seja muito difícil corrigir o discurso político.
Tivemos uma crise pesada nos anos 1980, o governo ficou muito endividado, a arrecadação petroleira caiu, a inflação ficou galopante e havia escassez. A crise de hoje é a mesma, que não foi solucionada.
Nas vacas gordas, entram tantos dólares que vale a pena importar qualquer coisa porque sai mais barato do que produzir aqui. E quando o preço do petróleo cai, o aparato produtivo já ficou destruído. O petróleo se manterá baixo e vai obrigar a buscar uma saída. Mesmo que suba, ficará em torno de US$ 30 ou US$ 40 o barril, o que é totalmente insuficiente para a Venezuela.
A população está disposta a encarar um aumento da gasolina?
Quando [o então presidente] Carlos Andrés Pérez aumentou a gasolina [em 1989], deu-se o Caracazo [protestos que deixaram centenas de mortos]. Mas quando [o presidente seguinte Rafael] Caldera implantou suas medidas, o mal estar era tão grande que as pessoas praticamente estavam pedindo alguma reação, e não houve o mesmo impacto.
Maduro já recuou três vezes de aumentar a gasolina, mas as pessoas têm bom senso. O problema é que os efeitos de um aumento não serão sentidos no curto prazo. Aumentar a gasolina não gera mais dólares, ao contrário de uma desvalorização, que é necessária.
Por que não houve outro Caracazo apesar da percepção generalizada de que esta crise é pior que a de 1989?
Naquela época ainda existiam meios de comunicação independentes, que contavam o que estava acontecendo. Hoje há saques diários de caminhões e vários episódios violentos, mas isso não sai na mídia, só nas redes sociais.
O Caracazo já está acontecendo em pequenos episódios que acabam rapidamente controlados. Além da censura, você tem militares por todos os lados na rua. No Caracazo não era assim. A repressão de 2014 ainda é muito presente. Além disso, qual seria a motivação de um novo Caracazo se não há nem sequer alimentos e eletrodomésticos para saquear?