Hospital Moinhos de Vento realiza cirurgia robótica torácica inédita no Sul do Brasil

Procedimento realizado na tarde de quarta-feira (14) foi considerado um sucesso

      Mais um importante passo tecnológico da medicina gaúcha e, sobretudo, no tratamento de câncer de pulmão em fases iniciais, ocorreu na tarde de quarta-feira (14), no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Pela primeira vez no Sul do Brasil foi realizada uma lobectomia pulmonar robótica. A cirurgia, que durou pouco mais de uma hora, foi considerada um sucesso e abre caminho para novos procedimentos do gênero na instituição.

      A paciente, uma mulher com um nódulo pulmonar que estava aumentando de tamanho, se recupera bem e poderá ter alta ainda neste fim de semana. Tanto o tempo de duração da intervenção como o de recuperação são menores se comparados às cirurgias tradicionais. “Isso é possível porque o uso dessa ferramenta causa menos sangramento no pós-operatório. Outra vantagem é que, como o aparelho é tridimensional, protege o espaço entre as costelas por onde entra, dói menos e a recuperação é mais rápida”, explica Airton Schneider, cirurgião que coordenou o procedimento na quarta-feira.

      Para Schneider, com a utilização de robôs as cirurgias terão cada vez mais segurança e precisão, com menos dor ao paciente e maior rapidez na recuperação. “A robótica é mais uma ferramenta para tratar câncer de pulmāo em fases iniciais com segurança e qualidade, algo de grande relevância por se tratar de uma patologia tão comum e tão mortal em nossa sociedade. A partir de agora, o Hospital Moinhos de Vento também está habilitado a fazer essas cirurgias robóticas torácicas”, conclui o cirurgião.

      “A cirurgia robótica marca uma nova era na medicina. O Robô Cirúrgico da Vinci proporciona uma maior amplitude de movimento, destreza e precisão que podem ser maximizados por um cirurgião experiente”, assinala André Berger, líder do programa de Cirurgia Robótica do Hospital Moinhos de Vento e professor de Urologia na University of Southern Califórnia, nos Estados Unidos, com mais de 2 mil cirurgias realizadas com a técnica robótica.

Como funciona
      Durante o procedimento de cirurgia robótica, o médico controla as ações do robô por meio de um console, como se fosse sua própria mão, porém com visão tridimensional, importante para dar a dimensão de profundidade. A máquina também tem dispositivos que impedem movimentos acidentais bruscos e, por ter uma rotação de 360°, alcança espaços e estruturas internas com mais eficácia e menos danos.

      Até então, intervenções desse tipo só haviam sido realizadas em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Fortaleza. Para realizar a cirurgia, os médicos passaram por um processo de credenciamento e capacitação junto à empresa que comercializa o aparelho, além de encontros com especialistas em cirurgia robótica em Nova York, nos Estados Unidos.

Lourival Sant'Anna: A onda antiglobalismo


- O Estado de S.Paulo

A escolha do futuro chanceler Ernesto Araújo trouxe à tona no Brasil a discussão sobre o significado do antiglobalismo, por ele defendido

A escolha do futuro chanceler Ernesto Araújo trouxe à tona no Brasil a discussão sobre o significado do antiglobalismo, por ele defendido. Sob a influência dessa doutrina, o presidente Donald Trump rompeu ou reviu acordos multilaterais firmados pelos EUA e os britânicos decidiram sair da União Europeia (UE).

Os antiglobalistas creem que os valores ocidentais e cristãos, assim como as culturas e identidades nacionais, estão ameaçados pelo livre trânsito de pessoas, produtos, serviços, capitais, ideias e costumes, chamado de globalização.

Os antiglobalistas evitam se colocar diretamente contra a globalização, associada ao livre-comércio e ao capitalismo, para não causar rejeição em parte dos conservadores que pretendem atrair.

Daí a ênfase do antiglobalismo na cultura, na identidade, na religião e na moral. Em vez de falar em comércio, eles preferem o tema da imigração; em vez de integração, soberania. Tanto no plano conceitual quanto no prático, porém, é muito frágil essa dissociação entre “globalismo” e “globalização”.

O livre trânsito de pessoas é um desdobramento lógico do livre-comércio. A mão de obra é um componente da produção, tanto quanto matérias-primas, insumos, peças, máquinas e capital. Foi por isso que a União Europeia criou a Área Schengen, que eliminou os controles de fronteiras para pessoas e mercadorias entre 22 países do bloco e outros 6, que estão a ele associados.

O principal argumento em favor do Brexit no plebiscito de 2016 foi o suposto descontrole da entrada de imigrantes vindos do continente europeu para as ilhas britânicas. Além disso, havia a queixa de que os “eurocratas”, não eleitos pelos britânicos, tomavam decisões que interferiam no seu dia a dia. E que os contribuintes britânicos pagavam mais do que lhes era entregue pela UE.

Com o tempo, ficou claro para a maioria dos britânicos que a decisão foi um erro. Hoje, as pesquisas indicam que um novo plebiscito daria vitória ao “não”. A saída do Reino Unido do Mercado Comum Europeu seria tão devastadora para sua economia que a primeira-ministra Theresa May teve de fazer uma série de concessões para manter o país nele.

Conclusão: os britânicos continuarão obedecendo às decisões tomadas em Bruxelas e em Estrasburgo, sede do Parlamento Europeu, sem poder votar. Em vez de ganhar, vão perder soberania.

O antiglobalismo de Trump também começa a cobrar um preço econômico e político. A derrota nas eleições para a Câmara dos Deputados se deveu, em parte, ao descontentamento em Estados agrícolas, pela queda nas exportações para a China.

Uma das razões da desvalorização das ações americanas tem sido a perspectiva de perda de competitividade, com a ruptura das cadeias de valor (o fornecimento de componentes da China e de outros países) e menor acesso a mercados, causados pelas retaliações às elevações de tarifas promovidas pelo presidente.

É verdade que a guerra comercial com a China tem um ingrediente geopolítico: a resistência dos EUA em ceder espaço para a potência emergente. Mas Trump tem adotado medidas protecionistas também contra aliados, como Canadá, México, União Europeia, Japão e Coreia do Sul. Até o Brasil já entrou no seu radar.

Os EUA e o Reino Unido têm economias avançadas, que aliás se beneficiaram enormemente com a globalização. Os impactos causados por Trump e pelo Brexit, embora negativos, podem ser assimilados por elas. A posição do Brasil é mais frágil. O seu isolamento comercial do restante do mundo já causou imenso atraso no seu desenvolvimento.

Por mais que o ministro Paulo Guedes tenha colocado o comércio exterior sob seu guarda-chuva, a política externa pode atrapalhar a economia, como mostra o cancelamento da missão comercial brasileira pelo Egito, em reação ao anúncio da transferência da embaixada para Jerusalém.

Artigo, Adão Paiani - Crônica de um jornal na sarjeta

*Adão Paiani, advogado em Brasília, ex-ouvidor da Segurança Pública no RS

A Brigada Militar é uma instituição que completa 181 anos de uma história que se confunde com o Rio Grande e o povo gaúcho. Não é apenas uma força policial. Ao chamar-se de "Brigada" e não de "Polícia" Militar, como suas congêneres por todo o país, já bem demonstra de onde veio, e qual o seu compromisso com este povo e esta terra; a quem, aliás, sempre serviu e defendeu com bravura ao longo de sua quase bicentenária história.

O jornal Zero Hora, fundado em maio de 1964 pelo jornalista Ary de Carvalho, em 1970 passou para o controle do Grupo RBS, sob a condução de Maurício Sirotsky Sobrinho, homem de dignidade, honradez e espírito público inquestionáveisque.

Já foi o jornal da família gaúcha, e esse era o projeto de Maurício. Hoje, a cada dia se torna mais um pasquim desqualificado, ideologicamente comprometido e, salvo raras e honrosas exceções, refúgio de uma geração de "jornalistas" medíocres, subalternos e alienados.

O jornal que já publicou os melhores chargistas do Brasil, hoje contenta-se em oferecer suas páginas a um desqualificado que, até hoje, poucos tinham se dado ao trabalho de conhecer, tamanha é a mediocridade de seus traços, personagens e idéias.

Mas as idéias, mesmo de um medíocre da categoria deste tal de Alexandre Beck, trazem suas consequências. O desenho - que não merece ser chamado de charge, pois é inferior a esta arte - ofende a Brigada Militar e os valorosos homens e mulheres que a integram.

Os gaúchos de bem - e principalmente as crianças - não precisam temer os brigadianos, seja em razão da cor de sua pele, classe ou condição social. E mesmo os fora-da-lei, a quem o pseudo-chargista defende, sabem que serão tratados pelos honrados homens e mulheres da corporação dentro dos estritos limites da lei.

Quem tem medo de polícia é bandido.Quem se porta dentro da lei, não tem o que temer. Mas esse, certamente, não é o caso do meliante, autor do desenho, e de seus patrões, donos do grupo de comunicação onde trabalha.

Esses, a propósito, devem temer qualquer polícia; afinal, ainda estão bem vivas a história de um dos membros da família, envolvido em um rumoroso e brutal caso de estupro em Santa Catarina (onde, aliás, vive o desenhista);  e é notório que seus principais integrantes devem, em breve, acertar suas contas com a justiça, face aos desdobramentos da Operação Zelotes, que revelou as fraudes milionárias praticadas pela empresa e seus dirigentes.

Enquanto isso não acontece, o Grupo RBS e o jornal Zero Hora poderiam salvar um pouco da dignidade que lhes resta e, além de dispensar o "desenhista", formalizar um pedido de desculpas, não apenas à Brigada Militar e seus integrantes, mas a todo o povo gaúcho.

Será pedir muito a um veículo que um dia já pode ser chamado de jornal, mas que hoje somente serve a finalidades menos nobres?

O silêncio demonstrará que Zero Hora, e o Grupo que a pública, estão definitivamente, na sargeta. Ainda bem que Maurício Sirotsky não viveu para presenciar isso.

*Advogado em Brasília/DF