Artigo, Marcelo Aiquel - Realmente o Brasil não é um país sério.

E, infelizmente, os brasileiros também não são

      Sei que muita gente vai se sentir ofendida com esta afirmação do subtítulo. Mas, quando a inteligência nos ensina que só veste uma carapuça quem sabe que ela lhe serve, fique a vontade. Se for o seu caso, bom proveito no uso da dita cuja.
      Então,passo a explicar porque hoje, em pleno feriado da terça-feira gorda, resolvi escrever algo tão óbvio para a maioria das pessoas de bom senso.
      Depois de passar os últimos sessenta dias escutando notícias incessantes, e alarmantes, sobre o maior desastre ecológico das Américas (aquele mesmo que aerudita presidente Dilma chamou de desastre “natural”... como se a natureza tivessealgumaparticipação emum fato causado pelo descaso da mão humana, somado à negligência dos órgãos oficiais), fui surpreendido ontem, ao assistir no Jornal Nacional da TV Globo, com uma matéria mostrando o povo festejando o carnaval na cidade histórica de Mariana, em MG.
      Aos canalhas que lá faziam festa, pouco importava se haviam centenas de vítimas bem ali do lado.
      E se os chamo de canalhas é porque não encontrei outro adjetivo que combinasse mais com o perfil desta gente. Afinal, segundo os nossos dicionários, canalha é a definição correta para alguém de comportamento vil, reles, mesquinho, torpe, repugnante. E eu emendo: egocêntrico e egoísta!
      A irresponsabilidade e o egoísmo de quem resolveu brincar exatamente onde recentemente muitos perderam o que lhes era mais valioso, só porque é carnaval, demonstra que, além de apreciar o circo, estes canalhas não tem memória. Muito menos coração.
      Ignorando completamente a convocação do Papa Francisco para o ano da misericórdia e da solidariedade, este “bloco dos canalhas” resolveu que dançar o carnaval sobre os destroços da tragédia era o mínimo que seu egoísmo permitia. Imagino que muitos destes “urubus de plantão” não quiseram mudar os planos feitos há meses; ou então perder os pacotes turísticos comprados.
      Ou seja, para ajudar na catástrofe pouca gente foi à Mariana(a própria presidente demorou semanas até sobrevoar a área, com a sua pose de inteligente, sempre pronta a fazer novas, falsas, e mentirosas promessas).
      Mas para os feriados de carnaval...
      A euforia dos foliões canalhas ficou ainda mais elevada quando um carro pipa criou uma chuva artificial para refresca-los. A TV mostrou!
      Bem assim. Enquanto a vizinhança sofre com a total falta de água, no carnaval festivo de Mariana se fez até chuva artificial. Com um único objetivo: refrescar estes foliões canalhas.
      Que disparate! Que vergonha!
      E são por fatos lamentáveis como estes que se fala na certeza da reeleição do Lula – o homem mais honesto da nação – já em 2018.
      Afinal, quem vota é exatamente este povo que não é sério; este povo canalha que prefere o circo. E tem memória de formiga.


      Marcelo Aiquel - advogado