Artigo, Fabro Boaz Steibel, Zero Hora - Quem vai acessar o 5G?
O 5g é a experiência ilimitada da rede de que precisamos.
Mas, ou o 5g é para todos, ou teremos um brasil ainda mais desigual
Vem aí o novo padrão de internet móvel, o 5G. O ano
previsto de lançamento é 2022, mas você deveria se perguntar desde já quem vai
ter acesso a essa tecnologia primeiro. O 5G vai mudar sua experiência de vida,
principalmente se você ainda está na escola.
Primeiro, imagine que seu celular não precisará jamais de
wi-fi. Isso porque o smartphone, que é a principal porta de entrada para
internet hoje, deixará de depender da internet fixa. A internet do seu plano
móvel será usada para tudo.
Com isso, virá a segunda transformação: qualquer coisa,
não só o seu celular, poderá ser conectada à rede. A internet das coisas, que
hoje se resume a máquinas de cartão de crédito e a uns poucos relógios
inteligentes, deve finalmente decolar.
Em um futuro próximo, qualquer objeto eletrônico poderá
ter internet. O medidor de eletricidade da sua casa, sua geladeira ou sua
fechadura. Nas lojas, os caixas devem desaparecer. Imagine um objeto que você
gostaria que falasse, e você acaba de inventar um filão de mercado que o 5G
pode vir a criar.
A experiência de cidade também vai mudar. Todas as
sinaleiras, bueiros, vagas de estacionamento. Tudo que puder ser monitorado
será. E, com esses objetos conectados, novas experiências de cidade virão (e
novos desafios para proteger nossa privacidade também)
Alunos de escolas públicas brasileiras estão, em mais da
metade dos casos, desconectados da internet. Enquanto a Estônia conectou todas
as escolas com internet rápida em 1997 (ou seja, no século passado) e o Uruguai
fez o mesmo recentemente, no Brasil, a grande maioria das escolas possui internet
insuficiente para fins pedagógicos.
Sim, a maioria das escolas públicas brasileiras não
possui internet suficiente para ensino. Muitas nem internet têm. É como se,
enquanto alguns alunos vivessem na Dinamarca, outros estivessem na Eritreia ou
no Timor Leste, onde menos de 10% das pessoas têm acesso à internet.
O Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE) conseguiu
conectar 60 mil escolas. Mas a velocidade meta entregue pelo programa é de
míseros 2 mega. Isso por escola (não por aluno). A reforma da Lei Geral de
Telecomunicações e do Fust, o Fundo de Universalização dos Serviços de
Telecomunicações, beira o redesenho do nosso modelo de conectividade. Mas a
reforma não deixa claro se as escolas vão ter prioridade para acesso à internet
ou não.
O 5G é a experiência de internet ilimitada de que
precisamos.
O 5G deve ser celebrado. Mas temos um problema a
resolver:
ou o 5G é para todos, ou teremos em um Brasil ainda mais
desigual. Para reverter isso, já que vamos conectar todo mundo, por que não
começar pela escola?