Sexta-feira gorda para Lula

 Ele está desmoralizado por inquéritos, investigações, denúncias, julgamentos, condenações e uma prisão por grossa corrupção, Lula da Silva foi enfiado na presidência em função de uma liberdade fajuta concedida por chicana jurídica do STF ao libertá-lo e através de uma eleição mais do que polêmica realizada sob os auspícios do TSE.

Foi isto que os empregados tangidos pela direção da Volks saudaram na visita do ogro nordestino, esta semana, contidos atrás de cercadinhos, sob forte vilância de seguranças e num recindo fechado impenetrável.

Lula da Silva não se atreveu, até agora, a ir para o meio do povo, porque sabe que sua situação no governo cheira a farsa e crime continuado.

 Em pé a bordo de um Volkswagen Virtus Cabriolet, um carro conceito que, segundo a empresa, foi desenvolvido apenas para a ocasião – e que ficará na Garagem VW – o presidente da República, Lula da Silva passeou na tarde de sexta-feira, 2, pelas linhas de montagem da fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, SP, repetindo gesto feito em 2003, quando subiu em um Polo conversível, e em 2005, sobre um Fox, em outras visitas à unidade.



Artigo, J.R.Guzzo, Gazeta do Povo - Polícia Federal está cada vez mais parecida com A. de Moraes

As conclusões da Polícia Federal no inquérito que o ministro Alexandre de Moraes mandou abrir em junho do ano passado, para apurar suspeitas de “crimes contra a democracia” por parte das empresas internacionais que operam redes de comunicação social, são mais uma prova material do grau de deformação a que o STF reduziu a atividade policial no Brasil de hoje.


O inquérito, numa democracia séria, nunca poderia ter sido aberto, pois se destinava a investigar um crime que simplesmente não existe – dar opinião sobre uma lei em discussão no Congresso Nacional. A polícia, no mesmo tipo de sociedade, também não poderia escrever o relatório que escreveu. As provas apresentadas são notícias da imprensa e as opiniões de uma repartição universitária do Rio de Janeiro que funciona como célula política, mais o julgamento pessoal dos policiais sobre o caso.


Ninguém pode ser acusado de ser contra a aprovação de uma lei – ou de ser a favor. Afinal, projetos de lei estão aí justamente para isso: ser debatidos.


A banalidade com que a autoridadepública trata a violação permanente das leis no Brasil acabou produzindo umfenômeno curioso: a cada inquérito que faz, a Polícia Federal fica maisparecida com o ministro Alexandre de Moraes. Não tenta mais fazer, nos casos dirigidospor ele, o trabalho profissional que o público espera da polícia – ou seja, descobriro que de fato aconteceu. Sua preocupação é ser uma espécie de assistente deacusação para o ministro, em todas as vezes que ele acumula as funções de juize promotor ao mesmo tempo. Ele quer que a gente descubra isso ou aquilo? Entãovamos descobrir exatamente o que ele quer que seja descoberto.


Essa aberração, naturalmente, está levando a PF produzir conclusões cada vez mais aberrantes. É uma espécie de linha de montagem. Já saiu dali, por exemplo, a “aparente agressão” que teria sido feita contra Moraes no aeroporto de Roma – um tipo de delito até então desconhecido. Os policiais também dizem, com toda a seriedade do mundo, que descobriram estilingues e bolas de gude com os “golpistas” do dia 8 de janeiro; falam num tom de denúncia gravíssima, como se tivessem descoberto a arma secreta que o Doutor Silvana iria usar no seu plano para controlar o mundo. Tornaram-se os maiores especialistas do planeta na apreensão de celulares, notebooks e passaportes. Conseguiram a “delação premiada” do coronel Mauro Cid, uma bomba de hidrogênio que destruiria o bolsonarismo; até hoje, cinco meses depois, não se sabe o que se delatou.


O inquérito das redes sociais é mais uma joia na coroa. “As grandes empresas de tecnologia, nomeadamente a Google e a Telegram”, concluíram os investigadores, “adotaram estratégias impactantes e questionáveis contrárias à aprovação do Projeto de Lei 2.630” – o da censura das redes sociais, um sonho de Lula, de Moraes e, como se vê agora, da PF.


Deixe-se de lado anomalias como ouso da expressão “questionáveis”, julgamento de valor que não cabe a polícia fazernum inquérito. A demência, nessa história, é acusar alguém de ser contra a lei damordaça. Como assim? Ninguém pode ser acusado de ser contra a aprovação de umalei – ou de ser a favor. Afinal, projetos de lei estão aí justamente para isso:ser debatidos. Acusar a Google e a Telegram de serem contra o PL 2.630 é omesmo que acusar um deputado de subir à tribuna e exigir a rejeição do textodefendido pelo governo.


Nem a PF foi capaz de dizer que as empresas cometeram “crimes contra a democracia”. Mas hoje não se perde viagens nessas coisas. Como não dá para dizer, oficialmente, que Google e Telegram praticaram um delito de opinião, a polícia acusa as duas de crimes contra as “relações de consumo” e “abuso de poder”, embora não tenham poder para dar uma multa por estacionamento proibido. Mas é a esse nível que se desce, quando os governos criam uma polícia política.



Rota

 Com o ataque ao integrante da Rota, foi desencadeada nova fase da Operação Escudo na região. Segundo a polícia, o efetivo de diversos batalhões, incluindo o Choque, se deslocou no início da noite de sexta-feira em direção à Baixada Santista. O governo decretou luto e mandou caçar o assassino. Os jornalões temem um banho de sangue, o que seria compreensível.


O ex-presidente Jair Bolsonaro decidiu sair do seu refúgio em Angra dos Resie e viajou para São Paulo, neste sábado, tudo  para participar do sepultamento do policial militar Samuel Wesley Cosmo, das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota). Samuel foi baleado por um bandido na madrugada deste sábado, tudo durante patrulhamento em Santos, litoral paulista.

Bolsonaro decidiu prestar apoio aos familiares do militar. O sepultamento ocorre neste momento, 15h30min, no Cemitério do Araçá, na capital paulista.

De acordo com a PM, o soldado Samuel foi baleado por volta das 17h desta sexta (2/2), quando estava em patrulhamento com a sua equipe na Avenida Brigadeiro Faria Lima, no bairro Rádio Clube, na zona noroeste de Santos. De acordo com a corporação, não havia tiroteio ou incursões no momento em que o PM da Rota foi atingido.



Rumo ao Texas

 Uma grande caravana de veículos que partiu do estado da Virgínia na segunda-feira  realizaa protestos contra a imigração em três pontos da fronteira dos Estados Unidos com o México neste sábado, 3. Com o slogan “Take Our Border Back” (recuperar nossa fronteira, em tradução livre), os organizadores garantiram que as manifestações serão pacíficas, mas, em plena campanha presidencial com alta polarização, críticos temem que um ato como esse possa alimentar a violência contra imigrantes.

Eis como reportagem do New York Times conta o caso:


Depois de viajar centenas de quilômetros, o comboio de carros pretende realizar eventos perto de Eagle Pass, no Texas – local de um renhido impasse entre as autoridades estaduais e federais americanas sobre a segurança da fronteira – bem como em Yuma, no Arizona, e San Ysidro, na Califórnia.


Dois caminhoneiros que lideram a iniciativa – Vincent Saben, de Massachusetts, e Kip Coltrin, da Louisiana – estimam que até 300 veículos se juntaram à caravana até a quinta-feira, com mais de 4.400 pessoas.


Divisão

O objetivo dos protestos é colocar a segurança das fronteiras nos holofotes, uma vez que o número de tentativas de entrada ilegal nos Estados Unidos atingiu níveis recordes no governo do presidente Joe Biden, um democrata que pleiteia a reeleição em novembro. O Partido Republicano, incluindo seu principal candidato presidencial, o ex-presidente Donald Trump, apelaram a políticas mais restritivas – e procuraram galvanizar sua base eleitoral com a questão migratória.


Uma pesquisa Reuters/Ipsos realizada no final de janeiro revelou que, para os eleitores republicanos, a imigração é sua preocupação principal.


Trump, sem surpresa, fez dessa questão um dos maiores focos da sua campanha – e provocou controvérsia ao dizer repetidamente que os imigrantes ilegais nos Estados Unidos estavam “envenenando o sangue do nosso país”, linguagem que suscitou críticas por ser xenofóbica e ecoar a retórica do nazismo.


Ponto de tensão

A cidade de Eagle Pass tornou-se cento da disputa entre a Casa Branca e o governador do Texas, o republicano Greg Abbott. O estado enviou forças da Guarda Nacional para a fronteira e instalou arame farpado e barreiras de boias flutuantes no Rio Grande, para impedir a travessia de migrantes. No entanto, as autoridades federais são responsáveis pela segurança na divisa com o México, não as estaduais, levando a disputas jurídicas e políticas com o governo Biden.


Num evento separado dos protestos, Abbott deverá fazer uma aparição em Eagle Pass, no domingo, 4, com 14 governadores republicanos para defender as ações de fiscalização das fronteiras do estado.

Editorial, Estadão - O STF insulta os brasileiros

No que depender do Supremo Tribunal Federal (STF), em particular do ministro Dias Toffoli, falta muito pouco para que milhões de brasileiros passem a acreditar que, talvez, no auge da Operação Lava Jato, tenham vivido uma espécie de surto coletivo. Tudo o que viram, leram e ouviram a respeito do monumental esquema de corrupção envolvendo as maiores empreiteiras do País durante os governos do PT, a despeito das inúmeras provas fornecidas pelos próprios acusados, aceitas como perfeitamente válidas em todas as instâncias judiciais ao longo de anos, simplesmente não aconteceu – e, pior, que as empresas envolvidas foram vítimas de uma sórdida conspiração da Lava Jato.


Em setembro do ano passado, o ministro Dias Toffoli decidiu liminarmente anular todas as provas que consubstanciaram o acordo de leniência da Odebrecht, hoje rebatizada como Novonor. Como dissemos nesta página na ocasião, o despacho com tintas imperiais “foi uma decisão exagerada e desequilibrada que, numa só canetada, colocou abaixo o trabalho de anos de várias instituições estatais”. Quase três meses depois, o mesmo Dias Toffoli voltou a apor sua pena sobre o papel em que decidiu reescrever a história recente do País. Com mais uma infeliz canetada, o ministro, aproveitando o recesso de fim de ano do Poder Judiciário, suspendeu o pagamento da multa de R$ 10,3 bilhões prevista no acordo de leniência firmado entre a J&F e as autoridades brasileiras.


Dias Toffoli parece seguir imparável no que se revela como uma autoatribuída missão de mostrar à sociedade que as investigações da Operação Lava Jato, as revelações da imprensa profissional e as confissões de centenas de executivos envolvidos em tramoias com agentes públicos – sem falar na extraordinária soma em dinheiro que tiveram de devolver ao erário – não passaram de uma conspiração urdida nos corredores do Poder Judiciário e do Ministério Público Federal em Curitiba. Na quinta-feira passada, foi a vez de o ministro suspender o pagamento da multa de R$ 6,8 bilhões da Odebrecht (em valores corrigidos), sob quase os mesmos argumentos que o levaram a decidir favoravelmente ao pleito da J&F. Dias Toffoli foi convencido pela equipe de defesa da Odebrecht de que seus executivos teriam sofrido “chantagem institucional” para assumir a autoria dos crimes e firmar os acordos de leniência.


É curiosa, para dizer o mínimo, a interpretação exótica que o ministro Dias Toffoli faz da suposta coação, ou “chantagem”, de que teriam sido vítimas os executivos da Odebrecht. Em primeiro lugar, são necessárias doses generosas de candura ou boa vontade para acreditar que uma das maiores empresas privadas do País, assessorada, portanto, por uma equipe de advogados de primeira linha, poderia ser forçada a assinar o que quer que fosse. Ademais, que constrangimento ilegal ou abuso de autoridade seriam esses que, ora vejam, só serviriam para sustar os ônus do acordo de leniência, mantendo íntegros os bônus do pacto? Não faz sentido.


Se firmados à força, sob chantagem, todos os acordos devem ser anulados em seus termos, inclusive os que beneficiam as empreiteiras, como a possibilidade de voltar a participar de licitações públicas e o fim do acordo de não persecução criminal. No limite, que os processos voltem à estaca zero, os erros cometidos pela força-tarefa da Operação Lava Jato sejam saneados e os implicados voltem a responder por seus atos.


Tudo é ainda mais estupefaciente quando se observa que, até hoje, nenhuma das decisões monocráticas do ministro Dias Toffoli sobre os acordos de leniência foi submetida ao crivo do plenário do Supremo. Ocioso esperar que seus pares cassem essas liminares, algo que raramente acontece na Corte. Mas os outros dez ministros poderiam ao menos dar um sinal à sociedade de que o Supremo ainda é um tribunal colegiado, como diz a Constituição.


Na abertura do ano Judiciário, no dia 1.º passado, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, comemorou o fato de que “as instituições funcionam na mais plena normalidade” hoje. Resta a pergunta: para quem?