Artigo, Fabrício Carpinejar, Zero Hora - O único homem honesto que eu conheci

O único homem honesto que eu conheci
Quisera que os meus filhos pensassem o mesmo de mim no futuro

Meu avô sempre dizia que honesto era o seu pai. Para qualquer situação. Quando ouvia as notícias do rádio de manhã na cozinha, no almoço, quando aprontava alguma malandragem e me passava o pito, quando colocava o seu calção e seu chinelo para o entardecer de chimarrão, antes de me dar boa-noite e, de novo, no bom-dia.
Eu confabulava com os meus botões: o que será que ele fez com descomunal excelência e honradez, para ser um exemplo perfeito e recorrente? Chegava a ser chata a evocação, mas não podia menosprezar o amor da sentença, havia uma homenagem a um caráter de exceção, um reverência a um padrão de vida e de clareza. Quisera que os meus filhos pensassem o mesmo de mim no futuro. 
_ Meu pai é que era honesto. O único homem honesto que conheci. 
Já imaginava o seu pai como um super-herói de Guaporé, de sunga por cima do collant, meias coloridas e capa esvoaçante, prendendo assaltantes de banco, ajudando velhinhas a subir no ônibus, desmoralizando os políticos na Câmara de Vereadores, criticando a indolência dos mendigos nos bancos de pedra da praça, devolvendo o troco dos caixas aos aposentados. Sua figura tomou boa parte da memória de minha infância. Pretendia atingir o mesmo grau de retidão, prometi a mim mesmo não mentir mais, com exceção da hora de comer rúcula, que eu detestava. 
Ele devia nunca ter atrasado uma conta, nunca ter passado ninguém para trás, nunca ter enganado esposa, nunca ter faltado ao trabalho, nunca ter omitido a sua opinião, aposto que pedia desculpas no exato momento de uma falha e não cedia à tentação da soberba. Pois o antônimo da honestidade não é a mentira, mas o orgulho.
Surpreso fiquei quando o meu avô pediu que eu buscasse correspondência na agência de Correios da esquina e me entregou a sua identidade para a retirada do volume. Constava que ele era filho de Honesto Carpi. 

Nunca um documento causou tanto estrago em minha personalidade. Demorei a minha adolescência inteira para desfazer a fantasia

Assembléia aprova primeira medida preparatória à adesão do RS ao RRF dos Estados

O governo Sartori obteve importante vitória na sessão de ontem da Assembleia Legislativa, porque 
os deputados aprovaram por 40 votos favoráveis e 8 contrários, o PL 175 2017, que autoriza o Poder Executivo a realizar aditivos nos contratos em que a Lei Complementar nº 156, de 28 de dezembro de 2016 autoriza que a União reestruture as obrigações financeiras estaduais tanto por meio da prorrogação dos prazos de pagamento quanto pela via da redução extraordinária das prestações.

Esta proposta é a primeira de um conjunto de medidas que deverão permitir ao governo estadual renegociar a dívida do RS com o governo federal.

Sartori quer fechar até o mês que vem o acordo de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal dos Estados, o que permitirá carência de 6 anos nos pagamentos mensais da dívida com a União, ampliando também seu limite de endividamento.

O RRF dos Estados e o IPO do Banrisul, permitirá que o governo retome os pagamentos em dia dos salários. 

Também foi aprovado, com 42 votos a favor e 7 contra, o PL 216 2017, do Poder Executivo, que autoriza o governo a repactuar dívidas decorrentes de financiamentos obtidos com recursos do FGTS, bem como a vincular receitas e recursos em contragarantia à garantia da União, nos termos da Lei Complementar nº 156, de 28 de dezembro de 2016. A renegociação prevista na LC 156/2016 dará ao Estado, conforme justifica o Executivo, 20 anos de prazo para amortização das dívidas oriundas da Lei nº 8.727/93. Caso o aditivo seja celebrado ainda em 2017, ao invés de encerrar-se o prazo em 2025, este iria até 2037. “O Estado teria um ganho financeiro, a Valor Presente Líquido, da ordem de R$ 17 milhões. Em termos de caixa, teríamos um ganho, até 2022, por exemplo, de cerca de R$ 75 milhões”, observa o Executivo.