Artigo, Astor Wartchow - Alegria e tristeza

      Artigo, Astor Wartchow - Alegria e tristeza

     Retorno de Rondônia, mais precisamente da acolhedora e planejada cidade de Rolim de Moura, de pujante comércio apesar de seus apenas 55 mil habitantes. 
      Rondônia é um estado de grandes áreas de mata e campo, com intensa produção de gado de corte e leiteiro. Também cresce na região a produção intensiva de peixes em açudes. 
      Conhecer e conviver no nordeste e norte brasileiro é sempre uma experiência gratificante, educadora e elucidadora. Mesclam-se de forma comovente a simplicidade, generosidade e alegria de nosso povo, especialista em bem receber conterrâneos e estrangeiros.
      Tanto no norte quanto no nordeste fica muito evidente a dependência social dos recursos estatais federais e estaduais. A pobreza é majoritária.
      Ainda que respeitadas e qualificadas opiniões defendam o centralismo político-tributário brasileiro, não conseguem me convencer sobre o quanto é pernicioso o atual modelo. E por quê?
      Porque gera dependência política, social, econômica e financeira. Mas, pior, muito pior, é a reprodução de um ambiente de “coitadismo e vitimismo”, que aniquila a autoestima popular eis que submetido o povo a mendicância dos respectivos recursos.
      De modo que demagogos, populistas e messiânicos mantêm e reproduzem o clássico coronelismo, porém travestido sob variada retórica. Fraudulenta, obviamente. Meus sentimentos de indignação e frustração transbordam a cada passo e paisagem.
        Diante de tanta área geográfica, tanta terra virgem, como explicar a manutenção de alguns movimentos reivindicatórios, senão por mero aparelhamento político-ideológico.
      Vales e bolsas “disso e daquilo” mantém o povo “anestesiado e amansado”, sem ânimo reivindicatório, independente e libertador.
      O centro-oeste e o norte brasileiro, especialmente, têm um potencial extraordinário de ocupação físico-geográfica e exploração econômica, capaz de “libertar” o povo local, e por extensão beneficiar a todos nós brasileiros.
      Meses antes eu estive em Manaus. Tanto naquela quanto nesta viagem, voltei com o sentimento de alegria e tristeza. Alegria pelo nosso povo e território e suas potencialidades, e tristeza por nossa evidente irresponsabilidade e incompetência na transformação definitiva da nação. 
          



Artigo, Carlos Brickmann - Manda quem pode, mas tem de querer

O Governo de Michel Temer obteve sua primeira grande vitória: os 366 votos a 111 que aprovaram a emenda constitucional 241, limitando o aumento dos gastos oficiais nos próximos 20 anos, foram um 7x1 na oposição. Temer se jogou abertamente na batalha, de tal modo que, se perdesse, teria de repensar todo o seu Governo. Ganhou - e mostrou para o mercado, para os investidores, para os bancos estrangeiros, que tem cacife para reformar a economia e enfrentar vitoriosamente os grupos de pressão.

É ótimo que os estrangeiros voltem a acreditar no Brasil como polo de investimento. E, para isso, uma emenda constitucional aprovada por imensa maioria do Congresso é essencial, mostra que o clima econômico mudou, melhorou, e que daqui pra frente tudo vai ser diferente.

Mas nós somos brasileiros, e sabemos que leis elaboradas para disciplinar despesas públicas nem sempre são executadas em nosso país. Se fossem, esta reforma da Constituição nem seria necessária. Cortar despesas oficiais de maneira a que possam ser suportadas pelo país exige disposição e convicção do governante; exige exemplo. Tudo bem, era o grande lance da conquista da maioria, o lance definitivo, mas banquete para mais de 400 pessoas talvez seja meio muito para pedir corte de despesas.


O presidente Michel Temer tem o controle do Congresso e, portanto, do país. Mas precisa mostrar o caminho para que o país continue a segui-lo.