Eis a conversa entre o hacker chantagista e Marcela Temer

O Jornal Hoje, da TV Globo, teve acesso ao processo de investigação da Polícia Civil e da denúncia feita pelo Ministério Público de São Paulo. Ao todo, são 1.109 páginas que detalham como o hacker conseguiu ter acesso a arquivos pessoais e íntimos da mulher de Temer. Em depoimento, o hacker disse que conseguiu pegar os dados de Marcela após comprar um arquivo de computador no bairro de Santa Ifigênia, no Centro de São Paulo. Ele entrou nos arquivos remotos, copiou todas as senhas, fotos e áudios do celular de Marcela. E, depois, o hacker passou a chantageá-la.

Eis os principais trechos da conversa entre o bandido e Marcela Temer:

Bandido - Achei que esse vídeo joga o nome de vosso marido na lama quando você disse que ele tem um marqueteiro que faz a parte baixo nível. 
Marcela - Quer negociar comigo? Isso é montagem. E aí, vai fazer o quê? Quer me encontrar ?
Bandido - Sabe que não é montagem, não tem corte.”.
Marcela - Bandido, criminoso, minha vida é limpa e basta. Montagem, montagem, não tenho medo de você.

A Folha apurou que o marqueteiro a que o hacker se refere é Arlon Viana, atual assessor do presidente Michel Temer.

A Polícia Civil de São Paulo, que era comandada pelo hoje ministro da Justiça licenciado, Alexandre de Morais, criou uma força-tarefa para prender o hacker. 

Nenhum arquivo furtado do celular da primeira-dama faz parte do processo, que antes estava em segredo de Justiça, mas agora se tornou público. O aúdio da conversa de Marcela com o irmão desapareceu do processo.

Em nota, a assessoria de imprensa da Presidência da República disse que a expressão “jogar na lama” o nome de temer está fora de contexto e que a primeira-dama não vai comentar o caso. A nota também afirma que a Lei Carolina Dieckman preserva os direitos de privacidade das pessoas que tenham seu sigilo violado no meio digital.

O processo foi aberto em abril, ganhou classificação “prioritária” e foi concluído 6 meses depois.
O advogado de Souza, Valter Bettencort Albuquerque, se disse "chocado" com a decisão de colocar um réu primário em regime fechado por cinco anos. "Por ele ser de baixa periculosidade, deveria ser regime aberto ou semiaberto", disse Albuquerque.

Souza já estava preso desde maio, e a juíza Eliana Cassales Tosi de Mello, da 30ª Vara Criminal, manteve a prisão preventiva.

"Mike", "Kilo" , "Tango" e "Tim"
No processo, todos os nomes das "vítimas protegidas" foram substituídos por codinomes. Quando o hacker fazia menção a Marcela, o escrivão registrava “Mike”. Quando o hacker se referia a ele próprio, o nome que era registrado era “Tim”. Karlo, o irmão da primeira-dama, virou “Kilo”.
"No dia 18 de abril de 2016, através da anterior clonagem do celular xxx, pertencente à vítima protegida 'MIKE', para o celular xxx, bem como se valendo da linha de Brasília xxx, também hackeada (clonada), SILVONEI JOSÉ DE JESUS SOUZA, constrangeu a vítima 'MIKE', mediante grave ameaça. O indiciado lhe enviou uma mensagem de voz, entre ela e seu irmão, sobre coisas corriqueiras da cidade, dizendo-lhe o indiciado que 'queria ganhar algum' e que tinha pessoas interessadas em comprá-las, e com intuito de obter, para si ou para outrem, indevida vantagem econômica", diz o início da sentença.
O presidente Michel Temer é nomeado como "Tango" nas investigações. O irmão da primeira-dama relatou em depoimento que recebeu ameaças de Silvonei, o Tim, para que ele lhe pagasse para não revelar fotos do hoje casal presidencial.
"A vítima 'KILO' afirmou que conversou com seus familiares a respeito do que aconteceu e foi narrado em suas primeiras declarações, tomando conhecimento que sua irmã e seu esposo, também se manifestam em ter seus dados protegidos, sendo nestes autos identificados como 'MIKE' e 'TANGO', respectivamente, e os mesmos vêm recebendo telefonemas no celular de sua irmã, que foi clonado, onde o indiciado afirma estar com uma cópia dos dados do telefone celular de sua irmã 'MIKE' e, assim a ameaça em divulgar tais dados caso ela não efetue o pagamento da importância de R$300.000,00, para não constrangê-la perante amigos, outros familiares e a mídia", diz o processo.
Na decisão, a juíza Eliana de Mello diz que as provas são suficientes para se "imputar a prática do estelionato ao ora acusado. Da mesma forma, restou demonstrado que o réu constrangeu a vítima 'Mike' mediante grave ameaça", diz trecho.

Artigo, Guilherme Fiuza, O Globo - O rebolado da patrulha

Depois dos aplausos a Lula em São Bernardo, vaias a Sérgio Moro em Nova York. Notícia hoje em dia é a que tem mais gente espalhando nas redes antissociais. Se você for muito curioso e obstinado, até descobre o que aconteceu de fato. Nas duas situações acima foi o seguinte: durante o velório de dona Marisa, Lula disse que não tem medo de ser preso e foi ovacionado por sua claque; em palestra na Universidade Columbia, meia dúzia de militantes tentou impedir a fala de Moro e foi vaiada pela plateia. A repercussão do protesto ganhou o mundo (da Lua). A realidade tem mania de atrapalhar a narrativa coitada.

Ninguém duvida do destemor de Lula. Quem não teme transformar o velório da esposa em comício não teme nada. E a claque foi junto. Um daqueles teólogos de passeata chegou a declarar que Moro devia pedir perdão a Deus pela morte de Marisa Letícia. Eles não economizam (o Brasil sabe disso). Dilma — não se esqueça dela — também apareceu, aproveitando a mensagem de solidariedade para encaixar um panfletinho contra os algozes da nobreza petista. Um show de elegância e dignidade.

Não se sabe se Deus perdoará o juiz Sérgio Moro pela perseguição a essa gente inocente, mas a providência divina tem sido sentida por aqui. O fato de Dilma Rousseff continuar à solta, por exemplo, é um milagre. Uma pessoa que esteve no epicentro do maior assalto à República estar flanando por aí, contando história triste para tolos e soltando frases de autoajuda no Twitter, só pode ser uma bênção dos céus. Aqui na Terra estão jogando o besteirol, tem muito choro contra Moro e Dallagnol. E agora a turma do mamãe Dilma eu quero voltar a mamar tem um truque novo: atacar Sarney e Renan Calheiros.

É um espetáculo impressionante o rebolado intelectual dessa gente bondosa, que agasalhou Renan e Sarney por 13 anos no camarote VIP da DisneyLula — e agora diz que a presidenta mulher foi arrancada do palácio para dar lugar a esses bandidos amigos do Temer. São os deuses da narrativa.

Vamos dar uma passadinha na realidade — esse lugar tosco e sem emoção — só para você poder ir ao banheiro e escovar os dentes. Intervalo comercial: Michel Temer é um político antiquado de um partido fisiológico; esse político assumiu a Presidência da República com a deposição da sua antecessora, flagrada numa fração dos crimes que cometeu (não se preocupe, na volta do intervalo a gente diz que foi golpe); o antiquado, fisiológico, branco, feio e chato Michel Temer tirou os simpáticos parasitas petistas do comando da engrenagem nacional — a saber: Fazenda, Banco Central, Tesouro, BNDES e Petrobras — e colocou lá os melhores gestores do mundo (são brasileiros, mas mundialmente reconhecidos). O resultado foi desastroso: o risco país caiu pela metade, a inflação despencou (e vai cair mais), os juros caíram, o câmbio idem, a bolsa subiu mais de 50%, e as projeções para a retomada do emprego são claras.

É ou não é um quadro terrível? Com a vida melhorando assim de forma obscena, como vamos poder encantar o povo com o nosso presépio de coitados profissionais? Se os demônios enxotaram os anjinhos, o pessoal vai perceber que há algo errado com esse inferno.

Daí surgiu a ideia genial: dizer que Temer está lá para proteger da LavaJato as raposas do PMDB — aquelas que eram uma fofura ao lado do Lula. Por outro lado, é importante continuar espalhando que Moro foi vaiado, que ele tem de fazer um estágio no purgatório etc, porque se ele pegar todo mundo — Lula, Dilma e as raposas do PMDB — pode sobrar só o pessoal que está consertando o Brasil. Aí seria o horror.

Isso já aconteceu na época do Plano Real, e foi muito triste. No que a vida do povo melhorou para valer, toda essa turma que fica linda no espelho fazendo papel de progressista sumiu. Ou melhor, podiam ser vistos pelos cantos, repetindo suas lamúrias populistas como Napoleões de hospício, sem conseguir impressionar nem adolescente em mesa de bar. Um flagelo.

Um dos eventos marcantes desse período foi a privatização da telefonia. Era a chance da ressurreição, a hora de se vestir de herói da esquerda contra a venda do que é nosso (deles). Muito grito e pedrada — olha a Cedae aí — para montar o enredo revolucionário, mas com final trágico: as telefônicas foram privatizadas, a vida do povo melhorou, e os canastrões da bondade caíram em desgraça.


Depois voltaram com tudo, e deram ao Brasil sua mais emocionante história (policial). Ano que vem tem mais. A não ser que os brasileiros se convençam finalmente de que a melhor encenação desses heróis é mesmo a de Napoleão de hospício.

Jones Martins quer modernizar a Consolidação das Leis do Trabalho

Jones Martins quer modernizar a Consolidação das Leis do Trabalho

         Foi instalada nesta quinta-feira (9) a comissão especial que vai discutir a reforma trabalhista na Câmara dos Deputados. O deputado Daniel Vilela (PMDB-GO) é presidente e o deputado Rogério Marinho (PSDB-RN) o relator.
     O deputado federal Jones Martins – único representante do PMDB-RS pela Região Metropolitana de Porto Alegre – foi escolhido como membro titular da Comissão, que inicia os trabalhos na próxima terça-feira (14), quando será proposto cronograma para ouvir centrais sindicais, associações e trabalhadores, entre outros.
     A reforma encaminhada pelo governo (PL 6787/2016) prevê, entre outros pontos, a validade do negociado sobre o legislado em relação a alguns pontos, como parcelamento de férias, participação nos lucros da empresa e cumprimento da jornada limitada a 220 horas.
     O parlamentar diz que o País precisa modernizar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e sua legislação engessada, antiga:
      - São regras que não possibilitam a flexibilização das relações endurece e emburrece a relação entre capital e trabalho. Não é possível acharmos que está tudo bom na CLT que muitas vezes desemprega, onera e faz do Brasil um recordista em demandas trabalhistas.
     Jones lembra que todos os anos a Justiça do Trabalho é sobrecarregada com mais de 3 milhões de ações:
     - A Justiça do Trabalho, criada para estabelecer regras e dar juízo no que diz respeito às relações de trabalho, é pesada, demorada, custa muito para os cofres públicos. A Comissão já iniciou esse grande debate que vai trazer um novo horizonte para as relações de trabalho e emprego e dará  e  um novo horizonte que vai proporcionar a geração de novos postos de trabalho e vai desonerar a folha de pagamento. Oitenta por cento da folha de pagamento hoje responde por encargos trabalhistas. Nós precisamos mudar essa lógica.
     Jones afirma ser preciso debater e rever, de forma ampla e irrestrita, toda a legislação, sem preconceito:

- Eis aqui o ambiente para discussão, o fórum legítimo constitucional para que todas as ideias sejam discutidas – finaliza o deputado.

Nota sobre o argumento ad hominem

Nota sobre o argumento ad hominem
Dentre todas as imposturas retóricas utilizadas por difamadores, destaco como das mais comuns e eficazes a falácia ad hominem ou contra a pessoa. Essa posição, em um debate, pode ser assumida por quem não tem o preparo intelectual requerido ou revela uma condição de opinador para assuntos para os quais não possui a menor qualificação, o que é muito frequente. Mas, sobretudo, é um expediente próprio de ideólogos patifes e propagandistas movidos por uma causa que julgam acima de questão. O difamador sabe que não pode atacar nem a validade nem a verdade do argumento que ele pretende contestar, daí ataca a pessoa que elabora o argumento, tentando diminuí-la, vinculando-a a interesses secretos, comprometendo seu passado, suas preferências ou suas relações pessoais. Ataca até mesmo sua origem, religião ou procedência nacional.

Isto é uma tática deliberada dos infames para, a um só tempo, desviarem-se do cerne do assunto escrutinado e mancharem a reputação dos que defendem posições opostas às deles. O expediente é eficaz, muitas vezes, porque desloca a discussão do plano lógico para o plano emocional. Em várias ocasiões, este desolocamento faz com que recaia sobre o debatedor intelectualmente honesto o ônus da prova de sua decência e, quando isto acontece, o debate fica contaminado por questões psicológicas laterais ao assunto que importa.  Esta é uma das razões pelas quais é impossível discutir com um fanático. Na história política recente, a falácia foi exaustivamente utilizada pelos nazistas para desconstituir tudo que era, segundo eles, “judaico”. Também pelos comunistas, que, até hoje, marcam tudo o que não está de acordo com sua visão de mundo, com a palavra “fascista”.