Artigo, J.R. Guzzo - É o fim do paraíso democrático

 Desde a cômica situação de desordem criada durante a apuração das últimas eleições presidenciais norte-americanas, quando foi possível votar antes do dia da eleição, depois de encerrada a votação, por e-mail, por telefone ou por transmissão de pensamento, a vida política nos Estados Unidos ganhou uma certa coloração de republiqueta bananeira da América Central.


O presidente Donald Trump acusou o adversário Joe Biden de roubar a eleição, com a ajuda das máquinas estaduais de apuração que são controladas pelo partido de oposição. Biden acusou Trump de estar tentando virar a mesa para fugir de sua derrota nas urnas. Agora, em mais um empreendimento destinado a dobrar a meta da baderna, grupos pró-Trump invadiram fisicamente o Congresso, que votava a confirmação do resultado da eleição. Uma mulher que trabalhava no local morreu após ter sido baleada.


Foi citada, acima, a América Central. Mas, francamente, qual foi a última vez que aconteceu um negócio desses na América Central, ou em qualquer outro país latino-americano? Os “hermanos” do Norte nos consideram a nós todos, há 200 anos, como um bando de boçais que usam “sombrero”, fazem “siesta” de tarde e são incapazes de entender o conceito de democracia – e, muito menos, de viver dentro de uma. E agora?


E agora nada, porque os americanos vão continuar achando o que sempre acharam; as pessoas preferem acreditar naquilo que têm dentro das suas cabeças, e não no que têm diante dos olhos. Mas ninguém aqui no Brasil está obrigado a continuar olhando os Estados Unidos como um paraíso democrático inalcançável para nós – nem continuar achando que mudar para a Flórida é o máximo a que um ser humano pode aspirar nesta vida.

Artigo, Ruy Gessinger - A noite dos horrores

- O autor tem blog e é desembargador aposentado do RS.

Está acontecendo algo muito errado. Vão se esvaindo, a cada ano, noções de bom comportamento. Penso que talvez seja nossa índole que está no nosso DNA moral. Tenho casa na praia, em Xangri-lá, a uma quadra do mar. Quando começou a pandemia decidi me mudar para essa casa, que de resto tem todo conforto e excelentes vizinhos que também decidiram ficar no litoral, enquanto a coisa não se normaliza. Nos supermercados e na rua todos comportados, guardando distância, usando máscara, obedecendo às normas de trânsito, geralmente todos acostumados com as rótulas e seus consequentes cuidados. Pois bastou chegar o Natal e tudo começou a se deteriorar. Hordas andando pelas ruas sem máscaras, sons a todo volume, tanto nos carros como em aparelhos na praia. Quando a pandemia se estabeleceu as praias estavam quase desertas. A polícia militar, no entanto, ficava abordando os transeuntes, retirando-os da orla. Autoridades fecharam os clubes de tênis, proibiram mil coisas. Nós, como ovelhinhas dóceis no rebanho, nos curvamos em prol da vida. O Natal perdeu completamente seu sentido. Agora ele ficou com a missão de reunir amigos ruidosos, com muita bebida alcoólica, gritaria, automóveis andando em velocidade pela orla. E aí ninguém mais daqueles que no inverno obstavam as simples caminhadas, agora não estão vendo nada. Interpelei um dos policiais e lhe perguntei se não estava vendo o que acontecia. Deu de ombros. Mas tudo ainda era um prólogo do pior que estava por vir. No dia 30 de dezembro já não se podia mais dirigir, tamanha a quantidade de pessoas embriagadas e, por isso, perigosas. Nos supermercados uma grande aglomeração. Por sorte nós nos tínhamos prevenido com os víveres. O pior, no entanto, aconteceu dia 31. Aí o boi se foi com a corda. A civilidade foi à breca. A orla tomada de gente, pouquíssimos com máscara, garrafas atiradas no chão. Mas haveria o pior. No começo da tarde começaram os foguetes. Nós temos duas cadelas que se desesperaram. Fizemos o que deu para as acalmar. Para evitar que se ferissem, dado seu medo, ficamos sempre perto delas, dentro de casa. O foguetório com mil decibéis foi até a noite do dia primeiro do ano. As drogas estão sendo consumidas sem pudor ao lado das guaritas. O xixi é realizado a céu aberto, na frente de crianças. A humanidade custou milhares de anos, estabelecendo preceitos, para que todos convivessem em harmonia. Os transgressores nos chavearam dentro de casa. Chegou finalmente a segunda-feira. Sumiram-se os vândalos. A praia é de novo nossa. Mas sábado e domingo voltaremos ao cárcere.

Quinta-feira, 7 de janeiro de 2021.



Novas normas de flexibilização em Porto Alegre

 O plano regional de cogestão da R10 será assinado neste sábado, 9, às 11h30, no Paço Municipal. O anúncio foi feito pelo prefeito Sebastião Melo durante a primeira videoconferência do Comitê para o Enfrentamento à Covid-19 (CE-Covid) e do Conselho Multissetorial para o Enfrentamento à Covid-19 (Comue-Covid), que ocorreu nesta sexta-feira, 8. A aprovação do plano possibilita que Porto Alegre, que hoje está na bandeira vermelha, adote as regras sanitárias da bandeira laranja.


Além do prefeito da Capital, assinam o documento os gestores de Alvorada, Viamão, Cachoeirinha, Gravataí e Glorinha, municípios que integram a R10. A partir da aprovação do plano de cogestão regional neste sábado, as novas medidas de flexibilização valem a partir do domingo.


"Neste processo, é fundamental a conscientização e o comprometimento dos cidadãos, para as atividades serem retomadas com responsabilidade. É possível resgatarmos a rotina da cidade, respeitando os protocolos; o grande problema está nas aglomerações clandestinas que não cumprem as regras" - Prefeito Sebastião Melo.


Com a participação de representantes de entidades de diversos setores, a reunião também reforçou a disposição do governo em manter um canal constante de diálogo com a sociedade. Melo reforçou o propósito da gestão de adotar medidas responsáveis que equilibrem a proteção da saúde com a preservação dos empregos e renda dos porto-alegrenses.


"Temos muita vontade de acertar, mas sempre com diálogo e solidez. O município não toma decisões sozinho. Queremos ouvir propostas e as diferentes visões para construção de soluções de enfrentamento à pandemia", afirma o prefeito. O vice-prefeito, Ricardo Gomes, que também participou da reunião, lembra que a administração municipal não pode flexibilizar mais do que permite a norma estadual. "Faremos um trabalho intenso para abrir o máximo possível dentro do que a normativa estadual permite", observa.


O secretário extraordinário de Enfrentamento à Covid-19, Renato Ramalho, destaca que a prefeitura irá reforçar os protocolos sanitários e a fiscalização. “Vamos flexibilizar, mas com muita responsabilidade. A fiscalização municipal será reforçada. Empresários e comerciantes têm que fazer a sua parte para evitar aglomerações, respeitar o distanciamento entre os clientes e as cuidados de higiene, sob pena de termos que adotar novamente medidas restritivas”, completa.


"Estamos acompanhando dia a dia a evolução da taxa de ocupação dos leitos de UTI. Apesar da tendência de queda, seguimos preparados para atender a demanda caso seja necessária a abertura de mais leitos junto aos hospitais parceiros da Prefeitura", reforçou o secretário municipal da Saúde, Mauro Sparta.


Principais mudanças a partir de domingo, 10 (clique aqui):


Missas e cultos

Agora: máx. 30 pessoas ou 20% do público

Como fica: 30% do público


Restaurantes, bares, lanchonetes, inclusive em shoppings:

Agora: ingresso até as 22h, com encerramento às 23h / 40% 50% lotação

Como fica: sem restrição de horário / 50% lotação


Comércio essencial de rua (farmácias, supermercados etc.)

Agora: sem limite de ocupação / 50% de trabalhadores

Como fica: sem limite de ocupação / 75% de trabalhadores


Comércio não essencial de rua (vestuários, eletrônicos, móveis etc.)

Agora: 50% dos trabalhadores / ingresso até 22h, encerramento 23h

Como fica: 50% dos trabalhadores / sem restrição de horário


Shoppings - Comércio não essencial

Agora: ingresso até 22, encerramento 23h / 50% trabalhadores / 50% ocupação

Como fica: sem restrição de horário / 50% trabalhadores / 50% ocupação


Shoppings - Comércio essencial

Agora: sem restrição de dia e horário / 50% trabalhadores / sem restrição de lotação

Como fica: não muda


Bancos e lotéricas

Agora: 50% trabalhadores

Como fica: 75% trabalhadores


Condomínio

Agora: fechamento das áreas comuns (piscinas, salão de festa, churrasqueira etc) / academia com atendimento individualizado

Como fica: permite áreas comuns / distanciamento 4m / academia 10m2


Serviços de forma geral (imobiliárias, salões de beleza, lavanderia etc)

Agora: 25% trabalhadores

Como fica: 50% trabalhadores

Obs1: Advocacia e contabilidade: 75% dos trabalhadores

Obs2: Continua sendo, preferencialmente, teletrabalho


Clubes sociais

Agora: abertos para atividades físicas para manutenção de saúde / fechado para lazer / fechamento das áreas comuns / 25% trabalhadores / 25% lotação

Como fica: aberto para lazer / abertas áreas comuns (piscina, academia etc), com distanciamento de 10m2 / 50% trabalhadores / 50% lotação


Piscinas em geral

Agora: apenas em clubes sociais e para atividade de saúde

Como fica: autorizadas de uma forma geral, com ocupação de 1 pessoa a cada 10m2


Academias

Agora: 16 m2 / 25% trabalhadores / 25% lotação

Como fica: 1 pessoa a cada 10m2 / 50% trabalhadores


Eventos

Agora: corporativos, sociais e entretenimento = fechados / teatros, espetáculos etc = apenas ambiente aberto

Como fica: permitidos de uma forma geral / ambiente aberto ou fechado / com limites que variam de 70 a 2500


Este masterial é da prefeitura, assinado por Lissandra Mendonça