Jornadas em Cachoeira


O deputado federal e Presidente da comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados, Ronaldo Nogueira abriu as Jornadas Brasileiras de Relações do Trabalho em Cachoeira do Sul, no Vale do Jacuí. Idealizador da reforma trabalhista, Nogueira disse que antes havia muita insegurança jurídica, tanto para patrões, como para empregados. “Não dá para nós oferecermos, ao setor empreendedor, subjetividade e portas para litigância de má fé. A lei entrou em vigor no dia 11 de novembro de 2017 e as empresas voltaram a contratar. Custe o que custar o Brasil vai crescer e ter pleno emprego”, afirmou.
Já o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho (TST) do Mato Grosso do Sul Amaury Pinto Rodrigues Junior comentou que havia um excesso de proteção jurídica, causando instabilidade e prejudicando muitas ações. “O empregador se vê privado de conceder um privilégio, que não está regulamentado. O objetivo não é retirar a proteção, mas impedir que o excesso trouxesse a insegurança jurídica e tornasse inviável a parceria entre empregados e empregador”, concluiu.
Encerrando as palestras, o ministro aposentado do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Gelson de Azevedo disse que julgou dezenas de ações trabalhistas. E, citando alguns exemplos de erros que aconteciam antes da reforma, falou do caso de vigilantes de carros fortes de bancos, que não tinham o cumprimento do seu intervalo legal para almoçar e descansar. “É importante que se traga à luz do direito certos trabalhos que antes não tinham apoio. A lei não é perfeita, é muito boa. E o que ainda faltar, será feito pelo o que a sociedade exige”, ponderou Azevedo. A próxima edição será sábado (07), em Capão da Canoa, às 12h30, no Araçá Hotel.

Gaúcha é eleita presidente da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV)


Pela primeira vez na história, uma brasileira assume a presidência da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV). Regina Vanderlinde, professora de biotecnologia da Universidade de Caxias do Sul, foi eleita nesta sexta-feira (6/7), em Paris, capital francesa, para suceder a alemã Monika Christmann pelos próximos três anos no comando da principal entidade vitivinícola do mundo. Ela é a terceira mulher a presidir a OIV de forma consecutiva.
A eleição aconteceu na Assembleia Geral Extraordinária da OIV, com 36 dos 45 votos dos países membros favoráveis à candidata brasileira e 99,2 votos ponderados. “Agora o Brasil entra, definitivamente, no mapa vitivinícola mundial. Todos vão querer saber por que e como uma brasileira assumiu o comando da principal organização do vinho. É um atestado definitivo da qualidade da produção dos vinhos brasileiros”, afirma o presidente da seção gaúcha da Associação Brasileira de Sommelier (ABS-RS), Orestes de Andrade Jr. Logo após sua eleição, Regina disse ao presidente da ABS-RS: “Eu espero ser uma embaixadora, divulgando e promovendo o vinho brasileiro pelo mundo”.

A OIV é quem define os padrões internacionais para a produção de vinhos e derivados da uva. A organização acompanha todos os aspectos econômicos e comerciais do setor no mundo todo. “É uma honra e uma grande conquista para o Brasil. Um reconhecimento à importância crescente da nossa vitivinicultura”, comemora o presidente do Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho), Oscar ló. O diretor-executivo do Ibravin acrescenta que a produção brasileira de vinhos e derivados deve ganhar maior atenção e destaque no mundo com a presidência da OIV. “É mais uma oportunidade que se abre para mostrarmos nossos produtos em nível internacional”, observa.
Em contato com Orestes Jr., presidente da ABS-RS, Regina também disse que o seu mandato será pautado por três ações fundamentais. Primeiro, o desenvolvimento do setor vitivinícola em todos os níveis, mobilizando todo o potencial científico e técnico para enfrentar os novos desafios presentes e futuros. Segundo, contribuir para promover um modelo de comércio internacional baseado na legalidade e na transparência das trocas comerciais. E, por último, incentivar a ideia de que viticultura e desenvolvimento territorial sustentável caminham juntos permitindo o turismo enológico. “Quero exercer uma ação diplomática constante para integrar novos países à OIV, além de trabalhar para que a organização seja reconhecida pelo Codex Alimentarius”, disse Regina.

A candidatura de Regina Vanderlinde teve forte apoio do governo brasileiro, por meio do Ministério da Agricultura e do Ministério das Relações Exteriores. Conforme nota do MRE, durante seu mandato, Regina Vanderline buscará fortalecer o comércio e o turismo vitivinícola e a sustentabilidade da produção, por meio do uso de tecnologia e práticas inovadoras. Em nota, o MRE destaca que a eleição da brasileira coloca em destaque a importância e o potencial de expansão do mercado vitivinícola brasileiro. O consumo anual per capita de vinho no Brasil ainda é modesto (1,53 litros, contra 40 litros na França) e cerca de 80% do que é consumido provém de importações, a despeito do reconhecimento internacional que os vinhos nacionais vêm recebendo.
Professora da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Regina Vanderlinde é natural de Braço do Norte (SC) e formada em farmácia bioquímica e tecnologia de alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina. Tem mestrado e doutorado em enologia pela Universidade de Bordeaux e trabalha na OIV desde 2011. Em 2012, assumiu como secretária científica da Subcomissão de Métodos de Análise de Vinhos da entidade, o primeiro posto permanente obtido pelo Brasil na OIV. Regina ainda é gerente-geral do Laboratório de Referência Enológica (Laren) da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, mantido em parceria com o Ibravin.