Votos da esquerda podem decidir a eleição na capital gaúcha Guilherme Kolling

Votos da esquerda podem decidir a eleição na capital gaúcha
Guilherme Kolling
A abstenção no primeiro turno foi brutal na disputa pela prefeitura de Porto Alegre. Ao todo, 34,82% dos eleitores optaram por não escolher seu futuro prefeito, entre votos brancos, nulos e os que não compareceram nas seções eleitorais.
Isso totaliza 382.535 cidadãos da Capital que não exerceram seu direito de voto, número bem superior aos sufrágios de Nelson Marchezan Júnior (PSDB) e Sebastião Melo (PMDB), que ficaram em primeiro e segundo lugares, respectivamente, com 213 mil e 185 mil votos.
A tendência é que a abstenção aumente no segundo turno, tendo em vista que os candidatos da esquerda, Raul Pont (PT) e Luciana Genro (PSOL), que ficaram na terceira e na quinta colocações - a soma dos dois dá 203 mil votos -, já afirmaram que não apoiarão nem Marchezan, nem Melo.
O voto "nem-nem", inclusive, já é pregado desde domingo por muitos ativistas de PT, PSOL e seus aliados - defendem publicamente o voto nulo em 30 de outubro, data do segundo turno.
Mas ainda que até lideranças passem a sustentar que a melhor opção é anular o voto, os partidos não são "donos" da decisão dos eleitores.
Em outras palavras, é pouco provável que todos esses 203 mil eleitores de Pont e Luciana abdiquem da votação, ainda que uma parcela considerável deva mesmo se abster.
Marchezan larga como favorito pela vantagem e a primeira colocação nas urnas apuradas no domingo. Entretanto, a diferença para Melo é pequena, menos de 30 mil votos. Nesse cenário, os votos da esquerda podem decidir a eleição.
É natural, neste primeiro momento, que Marchezan e Melo concentrem esforços em atrair os 97 mil eleitores de Maurício Dziedricki (PTB), que ficou em quarto lugar. Ou ainda que tentem convencer uma parcela dos 382 mil eleitores que não votaram em ninguém no primeiro turno.
Mas também já há sinalizações para atrair votos da esquerda. Marchezan declarou que não se considera de direita e avalia que esses conceitos estão ultrapassados. O PMDB aposta na histórica oposição PT-PSDB no plano nacional.
Entretanto, a maior rivalidade no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre é entre PT e PMDB. E o fator Michel Temer (PMDB), após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), aumentou ainda mais a ojeriza de petistas ao PMDB. 

Fica difícil para Marchezan e Melo até tentarem se favorecer de um voto de esquerda anti-PSDB ou anti-PMDB. Nesse ambiente, é provável que algumas diferenças de propostas possam ser o diferencial. O desafio será, então, como atrair o eleitor da esquerda sem afastar os já conquistados.

Artigo, João Satt Filho, Zero Hora - Segundo turno quem define é o centro

João Satt Filho: 2° turno quem define é o centro
Estrategista
04/10/2016 - 05h20min | Atualizada em 05/10/2016 - 08h50min
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Depois de mais de 25 anos observando e trabalhando na condição de estrategista de marketing, aprendi que a primeira pesquisa do segundo turno muitas vezes é absolutamente desconcertante. Os votos migram em uma velocidade impressionante.
Quem define o segundo turno são os votos do centro. Explicando: o universo político brasileiro, de uma forma em geral, é distribuído em três pacotes: 30/40/30, ou seja, 30% da esquerda, 30% da direita e 40% do centro. A questão é que esse voto do centro não é monolítico, tem a centro-direita e a centro-esquerda.
No segundo turno, a estratégia, o posicionamento e a abordagem do discurso dos candidatos têm que ser revisitados. Para vencer, é preciso entender que vai pesar tanto o voto útil, quanto o voto gerado pela identificação com o propósito do candidato. O desafio é criar uma conexão emocional com as pessoas.
De nada adianta encher os ouvidos das pessoas com detalhes de programas de governo e inundar de críticas o adversário. Conquistar a confiança é o maior desafio; o atalho é a coragem de falar e enfrentar a verdade.
No final do dia, os eleitores querem saber: esse cara vai me ajudar ou não?
O segundo turno não é uma etapa de convencimento, e sim de identificação.
Dentro desse contexto, Porto Alegre apresenta uma situação peculiar neste segundo turno: em tese, temos dois candidatos de centro-direita. A pergunta que fica é: para quem vão os votos da esquerda? Não acredito no radicalismo sob forma de abstenção ostensiva. A vida continua e, na última linha, a grande questão é: qual dos dois vai me permitir dormir em paz, enquanto minha família está sob a mira de um revólver nas ruas?

Já vi e participei de situações em que quem estava na frente no primeiro turno acabou ganhando. Da mesma forma, também assisti o contrário: quem ficou em segundo lugar, na virada para o segundo turno já saiu na frente com mais de 10% em relação ao oponente. Política e futebol acabam ficando muito parecidos, nem sempre a estratégia que trouxe o time até as finais é aquela que vai fazer o time campeão.

Invetigado pela PF, prefeito Jairo Jorge diz que não sabia de nada

Fustigado pela oposição e por investigações da Polícia Federal e Justiça Eleitoral, o prefeito de Canoas, Jairo Jorge, PT, coordenador da candidata Beth Colombo, tirou nota para dizer que não tem envolvimento em um esquema de repasse ilegal de dinheiro de empresas que mantêm contratos com a administração municipal para custear a eleição da aliada. A PF apreendeu R$ 500 mil de dinheiro ilícito no comitê central da campanha do PT-PRB e na casa do tesoureiro e dirigente do PT, Guilherme Ortiz. 

O prefeito está sendo investigado, mas só reagiu depois que foi retirado o segredo de justiça do caso.

A investigação começou depois de uma denúncia anônima, recebida no fim de agosto. À PF, o delator disse que havia financiamento de caixa 2 na campanha de Beth por meio de empresas que prestam serviços ao município e acrescentou que Jairo, como coordenador-geral, seria o mentor da "empreitada criminosa". O inquérito foi instaurado com manifestação favorável da Procuradoria Regional Eleitoral e autorização do Tribunal Regional Eleitoral.

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Leia a nota de Jairo Jorge na íntegra.

A denúncia feita contra mim, de forma anônima, conforme demonstra os documentos disponibilizados pelo inquérito, mostra que se trata de um denunciante com aberto interesse político-partidário.

Não tenho qualquer relação com os fatos noticiados e isso está sendo comprovado junto à Polícia Federal. Faço questão de prestar todos os esclarecimentos e disponibilizar toda a documentação necessária.

Durante o primeiro turno, fui responsável pela Coordenação Geral da Campanha, uma atribuição política, feita fora do horário de expediente da Prefeitura e que não envolve as questões específicas a cargo de cada um dos vários coordenadores.

Por isso, quero registrar o meu repúdio veemente à tentativa da oposição de fazer a minha ligação com esses fatos.

Canoas me conhece, assim como a probidade e transparência da minha gestão ao longo de 8 anos, reconhecida e premiada em todo o Rio Grande e no Brasil pela inovação, empreendedorismo e participação.

Trabalhei muito nesses 8 anos e tenho orgulho das transformações que realizei em Canoas, mudanças na saúde, educação, segurança, enfim em todas áreas. São mais de 750 obras entregues até agora.

Quero reafirmar a todos a minha crença na Justiça, na Polícia, no Ministério Público e nas instituições.

Jairo Jorge
Prefeito de Canoas


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O mapa do impasse da eleição americana

Entre Hillary e Trump, o resultado é mais incerto do que você pensa
Geraldo Samor

Essa história é para quem gosta de opcionalidades e resultados fora do desvio-padrão.

Um fato novo está começando a borbulhar na corrida presidencial americana, com repercussões bizarras para o resultado da eleição.

Gary Johnson, o candidato do Partido Libertário, já está com 24% de intenção de votos em seu Estado natal do Novo México, onde já foi governador. (Hillary tem 35%, Trump 31%).

Obviamente, Johnson tem chance zero de ser eleito no sistema americano, em que o Presidente é escolhido num Colégio Eleitoral dominado pelos dois principais partidos, e não pelo voto direto.

Mas se ele levar o Novo México — em meio à alta rejeição de Trump e Hillary — aumentam as chances de que nenhum dos dois candidatos principais obtenha a maioria dos votos no Colégio Eleitoral, ou seja, 270 votos.
Assumindo que Trump vença em Estados onde a disputa é muito apertada (como Flórida, Ohio e Nevada), a eleição poderia acabar assim: Hillary com 267 votos no Colégio Eleitoral, Trump com 266, e Johnson com 5. (veja o mapa acima)
Esta possibilidade já estava sido discutida em alguns setores do meio político americano, mas ganhou mais relevância hoje, quando o estatístico Nate Silver desenhou (literalmente) este cenário.

Neste caso, como nenhum dos candidatos teria obtido a maioria dos votos (270), a Emenda No. 12 da Constituição americana joga a decisão para a Câmara de Deputados, onde cada Estado terá direito a um voto.  (A Câmara pode escolher entre as três pessoas mais votadas:  Hillary, Trump e Johnson, a menos que um dos três morra durante o processo; neste caso, o Presidente da Câmara, Paul Ryan, pode apontar um terceiro.)

Hoje, dos 50 Estados americanos, 33 têm delegações de maioria republicana, 14 têm maioria democrata, e em três há empate.  Mas o que importa é a composição da nova Câmara, que toma posse em janeiro.

Imagine que, depois da eleição, a relação republicano-democrata passe a ser 30-20.  Se delegados de cinco Estados ‘republicanos’ se recusarem a votar em Trump, a coisa ficaria em 25-25, ou seja: novo empate.

Mas calma.  Segundo Nate Silver, cujos modelos estatísticos já acertaram tanto que ele vendeu sua empresa para a ESPN, “nas 20.000 simulações com pesquisas que fizemos esta manhã, os cenários em que nem Clinton nem Trump conseguiram a maioria no Colégio Eleitoral e Johnson ganhou pelo menos um Estado apareceram apenas 30 vezes, colocando as chances em 0,15%."

Ele diz que “um cenário de impasse um pouco mais comum é Trump e Clinton cada um terem 269 votos eleitorais, e Johnson nenhum.”  Felizmente, segundo ele, as chances de isso acontecer são de apenas 0,4%.


Mas para um mundo cada vez mais acostumado com ‘black swans', e num país absurdamente dividido e que já enfrentou uma eleição contestada — em que votos tiveram que ser recontados na Flórida e a Suprema Corte decidiu a fatura — tentar medir o ‘impossível' não é mais desperdício de tempo.