QUANDO O LAMENTÁVEL E O HEDIONDO TRAVESTEM A IMPUNIDADE COMO "JUSTIÇA"

QUANDO O LAMENTÁVEL E O HEDIONDO TRAVESTEM A IMPUNIDADE COMO "JUSTIÇA"
A questão ultrapassa (e muito) o caso de Manaus.
Não pretendo, nem há como abordar um assunto tão complexo como a segurança pública em uma postagem do facebook.
Ainda mais, quando tal questão perpassa, ora pela inépcia, ora pela omissão, ora pela conivência de sedizentes "autoridades públicas constituídas" que não têm, pelos mais diversos motivos, hombridade, firmeza e constância de propósito, para tratar do tema e, realmente, querer tratar do tema, como dever ser tratado.
Vejo como hediondo o uso dos termos acidente ou fatalidade, para nominar o que ocorreu e ocorre com os Policiais que perdem, diariamente, suas vidas para manter a segurança e a ordem pública. Chamar isso de acidente ou fatalidade não é uma licença poética, é um escárnio. Mais, é um desrespeito, uma desumanidade e um crime, porque revela a falta de retidão moral e a notória falta de caráter de parte de quem assim concebe tais fatos como acidente ou fatalidade.
É hediondo ver e sentir que somos um país que a politicagem legitima através do voto criminosos a ponto de os alçar aos cargos de vereadores, prefeitos, deputados, governadores, senadores e presidentes, pelo que nós, cidadão de bem, concebemos como mandato.
E também é hediondo ver e sentir que somos um país que unge criminosos, como secretários municipais, secretários estaduais, diretores de entidades ou ministros de Estado, pelo que nós, cidadãos de bem, concebemos como nomeações.
Está longe de ser uma diferença semântica o que nós concebemos como "autoridades públicas constituídas", quando contrastado pelo que elas mesmas, hoje, se concebem como tal, haja vista que elas sim, é que contribuem (e muito) para a DESORDEM, ou por serem ineptos, ou negligentes, ou imprudentes, ou imperitos.
É hediondo ao meu ver relegar ao esquecimento ou à indiferença a vida dos bravos heróis que são chamados a manter ou restabelecer a ORDEM e a SEGURANÇA, exatamente quando estas desaparecem, evidentemente, como consequência daqueles que foram suas respectivas causas.
Será que o Estado dará a pronta resposta as famílias desses Policiais que ficaram completamente desagregadas, sem seus respectivos pais/mães de família?
Ou essa "pronta resposta" só é devida às famílias dos criminosos que morreram, para as quais de pronto se prometeu e segue se prometendo as indenizações, como também, imediatamente, para estas o Estado presta as respectivas condolências?
Não faltará político e agente público canalha nos velórios e enterros, para fazer discursos hipócritas, pensando que isso, juntamente com a entrega de uma bandeira do Estado ou do País, trará consolo ou algum reparo às famílias desses heróis.
Não! Vozes para fazer discursos hipócritas, isso não faltará, como nunca faltou e nunca falta, quando heróis partem para o Oriente Eterno.
A entrega de uma bandeira a uma família em luto, só é digna de ser considerada como um ato honrado, quando entregue pelas mãos de quem sempre foi honrado, porque aí, exatamente aí, a honra em lágrimas de quem a entrega, abre um espaço de cumplicidade, quando se põe a olhar nos olhos da honra em lágrimas de quem a recebe dizendo, verdadeiramente:
- Sinto muito, meus sentimentos diante da irreparável perda.
E quiçá este dizer venha seguido de um verdadeiro abraço, de quem realmente sente a perda, assim como sente quem perdeu.
Estes políticos e agentes públicos a que me referi acima não têm honra nenhuma.
Uma bandeira, quando entregue por mão sujas, não ameniza a dor de quem foi colocado, abruptamente, em estado de luto. É mera peça de tecido que, quando entregue por mãos sujas, será colocada em prateleira de armário, pela família de quem sempre soube o valor que esta bandeira realmente tem.
Lamentável e hediondo, ao meu ver, é não querer tratar como acidente a morte da maioria destes presos, destaco, cri-mi-no-sos, que morreram em Manaus.
Uma pena que tenha "passado para outra vida", apenas uma facção das que entraram em conflito.
Uma grande pena!
Deveriam ter "passado" as duas facções, isso sim!
Esses criminosos, destaco, são irrecuperáveis!
Não são vítimas, nem injustiçados, são verdadeiros algozes!
A maioria, no caso de Manaus, cada um, com mais de 8 mortes nas costas e vários com mais de 10 estupros, cada qual.
Nesta existência esses criminosos não têm e não terão conserto.
E ainda há quem defenda uma 2° chance para esta cambada?
Acaso eles concederam uma única chance às vítimas de seus crimes?
- Aos Policiais que mataram?
- Aos filhos destes Policiais ou dos cidadãos de bem que até hoje choram a morte dos pais e mães, vítimas de assaltos, de roubo, de latrocínio, de assassinato ou de homicídio, ou como queiram o termo a ser escolhido?
- As mulheres que estupraram?
- As famílias que dizimaram ou com a morte ou com a venda de drogas?
- O que eles fazem para ressarcir este custo impagável, em especial, às suas vítimas, bem como as famílias que têm de custear anos de internações, para tentar, quiçá, um dia, com as graças divina, acabar tendo alguns momentos de conviver, com aqueles que seguiram pelo caminho das drogas, pelas mais variadas razões?
Você não concorda com o texto, OK, é legítimo divergir.
Então vamos imaginar que você está agora no viva-voz diante de famílias que foram vítimas desses criminosos e dos crimes acima relatados que eles tenham praticaram.
O viva-voz está ligado...
Transmita a elas e tenha certeza que elas querem ouvir as suas explicações e compreender melhor a sua divergência.
Explique!
Vamos, explique!
Vamos... coragem... explique!
Eu sabia...
Nós sabíamos...
Estas explicações são deveras inconsistentes, antes mesmo de serem proferidas, porque buscam guarida na deturpação dos Direitos Humanos, através de sofismas ou falácias, ora porque colocam Direitos Humanos dos criminosos como premissa principal totalmente falsa, ora porque sequer cogitam os Direitos Humanos das vítimas e dos que foram vitimizados pelos criminosos, para estabelecerem um "resultado válido".
E com isso se tem, óbvio, algo talidomidicamente ilógico, bem como uma aporia.
Direitos Humanos os têm quem é humano, não quem opta pela barbárie, a ponto de amar eventual existência do estado da anomia, para fazer resplandecer aos olhos de todos seu atavismo.
Não queiram me dizer que a resposta as perguntas acima são encontradas, todas, através de uma panaceia que conduz todas ao "cumpriram a pena que lhes foi fixada pelo Estado", porque ao meu ver isso ensejaria uma gaiatice, na medida em que se sabe que tais "penas" encontrarão seus "descontos" na remição de dias trabalhados, ou no "bom comportamento", para permitir que sejam drasticamente reduzidas e, logo nos próximos dias, a provável soltura para "responder em liberdade" haverá de encontrar na reincidência, o que criminosos mais sabem fazer: delinquir.
Apenas poucos chamam isso de justiça, mas tenho certeza que muitos, senão quase a totalidade, chamam isso com letras garrafais de IMPUNIDADE.
Não, francamente, o que descrevi, jamais será causa de algum ressarcimento para as vítimas e as suas famílias, porque não existem próteses para almas amputadas.
Ao meu ver, é fundamental para a sociedade, e já passa da hora, antecipar as existências desses criminosos, para que possam remir seus pecados, em outro mundo, o mais rápido possível.
Do contrário farão novas vítimas.
É ciclo vicioso que não tem fim e, nele só não crê, quem é Cândido ou acredita em lições Panglossianas.
A mesma medida vale para agentes públicos (vereadores, prefeitos, deputados, secretários municipais, secretários de Estado, diretores de entidades, governadores, senadores, juízes, desembargadores, ministros do Poder Executivo, ministros do Poder Judiciário e Presidentes da República), advogados e políticos sujos (corruptos e ou ímprobos), saliento, para evitar deturpações, que não estabelecem a diferença entre o lícito do ilícito, e com este último se imiscuem, se entretêm e optam, como trampolim de 5ª categoria, para o que concebem como prosperidade financeira, tornando-se, com isso, empresários do crime.

Tratam-se, é bem verdade, de falidos morais e intelectuais, que podem até ter algum dia se instruído, mas nunca se moralizam ou hão de se moralizar, porque matam, por vias oblíquas e escusas, milhões inocentes, ora com a improbidade, ora com a corrupção (ainda mais quando recebem propinas) e que fazem vítimas outros bilhões, estes sim, inocentes, que deixam de receber o que o Estado deveria proporcionar gratuita e minimamente: educação, merenda escolar, saúde e segurança pública em nível de excelência.

NÃO HÁ COMO TRAZER ESPECTADORES DE VOLTA À TV TRADICIONAL!

NÃO HÁ COMO TRAZER ESPECTADORES DE VOLTA À TV TRADICIONAL!

(Maurício Stycer - Folha de S. Paulo, 25/12) 1. Demorou um pouco, mas a Globo, finalmente, aceitou que não há mais como trazer para a televisão linear parte do público que a trocou pela internet. O ano de 2016 se encerra com acenos explícitos a este espectador desinteressado em seguir a grade rígida da emissora.  No último domingo (18), no início da tarde, no intervalo de "A Cara do Pai", a Globo informou aos espectadores que o seu aplicativo on-line iria exibir às 16h30 um programa especial sobre os bastidores do "Melhores do Ano", uma atração que a emissora programou para as 17h30.

2. Ou seja, convidou o público a trocar a própria Globo, no momento em que estaria exibindo um filme, "O Espetacular Homem-Aranha", pelo Globo Play (acessível via laptop, smartphone ou mesmo o próprio aparelho de TV), onde poderia ver o blogueiro Hugo Gloss entrevistando atores da emissora.  A emissora também passou a antecipar, em seu aplicativo, a exibição de episódios inéditos de suas séries.  Não que a Globo tenha desistido da TV aberta. Muito pelo contrário. Ela ainda é, no Brasil, o principal motor da indústria audiovisual, na qual estão concentrados os maiores investimentos em publicidade e os principais esforços de criação.

3. Mas me parece altamente simbólico o reconhecimento de que é preciso competir no mesmo campo em que outras gigantes já estão nadando de braçada.  A Amazon, por exemplo, acaba de lançar o seu serviço de vídeo por streaming em 200 países. Ainda que o conteúdo oferecido deixe a desejar, convém lembrar, como fez o jornalista Andre Mermelstein, do Teletime, que o faturamento da Amazon é 15 vezes superior ao da Netflix -e, portanto, a sua capacidade de investir em conteúdo próprio e licenciamento é enorme.

4. Nos Estados Unidos, a "velha mídia" já se deu conta, há mais tempo, da necessidade de se adequar aos novos tempos. O anúncio da compra da Time Warner pela AT&T em outubro, por US$ 85,4 bilhões, foi o sinal mais recente -e eloquente- de que é preciso se armar para a guerra.  Como disse Randall Stephenson, principal executivo da AT&T, assumir o controle da HBO e da Warner Bros., entre outros ativos, vai permitir à empresa oferecer conteúdo de vídeo on demand de maneira a compensar as perdas com a divisão de TV via satélite do grupo, a DirecTV.

5. Diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, a legislação brasileira não permite que uma mesma empresa atue na produção de conteúdo e na sua distribuição, o que obrigará a AT&T, caso a fusão seja aprovada, a vender a Sky no Brasil. Trata-se da segunda maior empresa de TV por assinatura no país, com 5,3 milhões de assinantes.  No final de novembro, a AT&T lançou nos EUA o DirecTV Now, um serviço de streaming com 60 canais, incluindo alguns considerados indispensáveis, como ESPN e Disney, por US$ 35 mensais (cerca de R$ 115).


6. Como observou o "New York Times", é um serviço claramente dirigido aos "cortadores de cabo", ou seja, consumidores que desistiram de pagar por TV a cabo (ou satélite), mas dispõem de internet banda larga. A associação entre plataformas que oferecem conteúdo audiovisual e provedores de internet, sem vinculação a operadoras de TV paga, é outra tendência dando seus primeiros passos no Brasil. A HBO lançou o seu serviço, seguida pela Crackle, ambas ainda limitadas a alguns Estados. A crise econômica ainda ajuda quem aposta no atraso, mas o ritmo das mudanças parece mais acelerado do que nunca.

Joabel Pereira: Manaus, massacre e oportunismo

Joabel Pereira: Manaus, massacre e oportunismo
Jornalista

Já se disse que um dos maiores problemas do nosso país é a consagração dos "profetas do acontecido". No entanto, ao acompanhar o noticiário envolvendo o ocorrido na capital do Amazonas, surge um subproduto tão ou mais assustador que o próprio massacre: o oportunismo.

É claro que a situação do sistema prisional brasileiro é péssima, da mesma forma que a permissividade legislativa e o formalismo de decisões judiciais se tornam um incentivo à deterioração interna e externa. Dentro dos presídios pela "administração" de facções, fora deles, pela efetivação das ordens que os "batizados", familiares e defensores, cumprem e que se materializam nos furtos, roubos e homicídios.

O massacre de Manaus é etapa semifinal do domínio do crime sobre a sociedade. A partir daí, só a barbárie geral, com as organizações criminosas ganhando condição formal e institucional, infiltradas nos setores que deveriam governador e administrar o país.

A comprovação dessa possibilidade e da incapacidade de mudança no organizar e agir em defesa da sociedade está na desfaçatez com que o "caso Manaus" é tratado.

Revolta ouvir de todos os setores, citados para não deixar dúvida: governo do Amazonas, Ministério Público do Amazonas, TCE do Amazonas, Polícia Federal, Ministério Público Federal, Ministério da Justiça e Poder Judiciário, este, da Vara de Execuções ao STF, que tudo era conhecido.

Assim, estamos diante da mais evidente e declarada omissão suscetível de penalização, no mínimo com o afastamento de todos os que sabiam e nada fizeram para prevenir. Ou, muito pior e bem mais provável, temos o mais apurado caso de oportunismo.

Dói ver e ouvir relatos de levantamentos e informações que anunciavam que se tratava de uma bomba prestes a explodir e nada foi feito para evitar. Revolta a naturalidade com que representantes de todos os setores referidos se mostram preocupados e interessados em soluções que não implementaram, a tempo de evitar o pior.


Decididamente, omissão e oportunismo parecem as duas faces de uma mesma moeda, a do escárnio à sociedade e suas necessidades. São elas que engordam a demagogia e fortalecem a certeza de que o próximo massacre fará esquecer o que estamos testemunhando.