Carla Rojas Braga: sequestraram o Brasil

Carla Rojas Braga: sequestraram o Brasil
O povo brasileiro precisa acordar e querer a liberdade!

Somos vítimas de sequestradores e não lutamos?

Nossa apatia com a política nos faz parecermos reféns .

Síndrome de Estocolmo é um estado no qual vítimas têm um relacionamento afetivo com o captor. Recebeu este nome em referência ao famoso assalto do Kreditbanken, quando as vítimas continuavam a defender os sequestradores mesmo depois de dias em liberdade. Manifesta-se assim: durante o processo, os reféns começam por identificarem-se com os sequestradores como defesa, por medo de retaliação.

As tentativas de libertação são vistas como uma ameaça porque o refém corre risco de ser agredido.

Os sintomas são consequências de um estresse físico e emocional intenso.

O amor e ódio para com o captor é estratégia inconsciente de sobrevivência das vítimas.

A mente faz a ilusão para proteger a psique e a identificação com o sequestrador ocorre para propiciar uma fuga da realidade perigosa e violenta à qual a pessoa está sendo submetida.

O sequestrador danifica a mente da vítima porque é um psicopata.

Talvez possamos verificar tal tipo de personalidade em alguns políticos.

Têm a expectativa de explorar os demais e grande inclinação para violação das regras, sem se importarem com os direitos alheios.

Não sentem temor de enfrentar ações punitivas, completamente carentes de sentimentos de culpa. Normalmente, suas relações duram tempo suficiente em que acreditam ter algo a ganhar.

Têm facilidade em influenciar pessoas, com eloquência, ora adotando um ar de inocência, ora de vítimas, ora líderes.

Portanto, o povo-eleitor-refém é uma presa fácil.

O povo-refém é aquele que, em função do estresse decorrente dos crimes cometidos pelos políticos fica tão assustado que é capaz de defendê-los nas próximas eleições. Os sentimentos de frustração, decepção e revolta podem mascarar-se defensivamente e hipnoticamente como idolatria e apatia para manifestar-se.

O medo leva à desesperança e à morte moral através da submissão.

O povo brasileiro precisa acordar e querer a liberdade !

Caso contrário, seremos eternamente reféns de políticos sequestradores de votos e de almas!


Está na hora de sairmos da zona de DESconforto e agir!

Artigo, Joesley Batista, Folha de S. Paulo - 67 dias e 67 noites de uma delação

67 dias e 67 noites de uma delação

Dezessete de maio de 2017, aniversário de 12 anos de um dos meus filhos -que deixaria a escola e sairia do país a meu pedido-, foi também o dia do meu renascimento. Senti-me um novo ser humano, com valores, entendimento e coragem para romper com elos inimagináveis da corrupção praticada pelas maiores autoridades do nosso país.

Em vez de comemorar seu aniversário, minha filha juntou-se a milhões de brasileiros que tomavam conhecimento de episódios de embrulhar o estômago. Naquele dia vazou para a imprensa o conteúdo do acordo de colaboração premiada que havíamos assinado com a Procuradoria-Geral da República. Confesso que minha reação foi de medo, preocupação e angústia.

Afinal, uma semana antes estivera em audiência no Supremo Tribunal Federal para cumprir os ritos necessários à homologação do acordo. Era essa a notícia que eu estava ansiosamente aguardando, não a do súbito vazamento.

Desde então, vivo num turbilhão para o qual são arrastadas minha família, meus amigos e funcionários.

Imagens minhas e da minha família embarcando num avião, tiradas do circuito interno do Aeroporto Internacional de Guarulhos, foram exibidas na TV, como se estivéssemos fugindo. Um completo absurdo.

Políticos, que até então se beneficiavam dos recursos da J&F para suas campanhas eleitorais, passaram a me criticar, lançando mão de mentiras. Disseram, por exemplo, que, depois da delação, eu estaria flanando livre e solto pela Quinta Avenida, quando, na verdade, nem em Nova York eu estava.

Para proteger a integridade física da minha família, decidi ir para uma pequena cidade no interior dos Estados Unidos, longe da curiosidade alheia. Nessa altura, porém, eu já havia sido transformado no inimigo público número um, e nada do que eu falasse mereceria crédito.

Minha exata localização nem seria assim tão relevante, a não ser por revelar uma estrutura armada com o objetivo de transformar a realidade complexa, plena de nuances, num maniqueísmo primário, em que eu deveria ser o mal para que outros pudessem ser o bem.

Mentiras foram alardeadas em série. Mentiram que durante esse período eu teria jantado no luxuoso restaurante Nello, em Nova York; mentiram que eu teria viajado para Mônaco a fim de assistir ao GP de Fórmula 1; mentiram que eu teria fugido com meu barco.

A lista das inverdades não parou por aí. Mentiram que eu estaria protegendo o ex-presidente Lula; mentiram que eu seria o responsável pelo vazamento do áudio para imprensa para ganhar milhões com especulações financeiras; mentiram que eu teria editado as gravações.

Por fim, a maior das mistificações: eu teria estragado a recuperação da economia brasileira, como se ela fosse frágil a ponto de ter que baixar a cabeça para políticos corruptos.

De uma hora para outra, passei de maior produtor de proteína animal do mundo, de presidente do maior grupo empresarial privado brasileiro, a "notório falastrão", "bandido confesso", "sujeito bisonho" e tantas outras expressões desrespeitosas.

Venderam uma imagem perfeita: "Empresário irresponsável e aproveitador toca fogo no país, rouba milhões e vai curtir a vida no exterior".

A única verdade que sei é que, desde aquele 17 de maio, estou focado na segurança de minha família e na saúde financeira das empresas, para continuar garantindo os 270 mil empregos que elas geram.

Por isso, demos início a um agressivo plano de desinvestimento que tem tido considerável êxito, o que demonstra a qualidade da equipe e das empresas que administramos.

De volta a São Paulo, onde moro com minha mulher e meus filhos, vejo na imprensa políticos me achincalhando no mesmo discurso em que tentam barrar o que chamam de "abuso de autoridade".

Eles estão em modo de negação. Não os julgo. Sei o que é isso. Antes de me decidir pela colaboração premiada, eu também fazia o mesmo. Achava que estava convencendo os outros, mas na realidade enganava a mim mesmo, traía a minha história, não honrava o passado de trabalho da minha família.

Poucos mencionam a multa de R$ 10,3 bilhões que pagaremos, como resultante do nosso acordo de leniência. Essa obrigação servirá para que nossas próximas gerações jamais se esqueçam dessa lição do que não fazer.
Não tenho dúvida de que esse acordo pagará com sobra possíveis danos à sociedade brasileira.

Hoje, depois de 67 dias e 67 noites da divulgação da delação, resolvi escrever este artigo, não para me vitimar -o que jamais fiz-, mas para acabar com mentiras e folclores e dizer que sou feito de carne e osso. E entregar ao tempo a missão de revelar a razão.


JOESLEY MENDONÇA BATISTA, empresário, é dono do grupo J&F

Ricardo Noblat - Retrato de um corrupto

Retrato de um corrupto
Ricardo Noblat

Lula é corrupto. É o que ele é até sentença em contrário. Continuará a ser caso a Justiça em segunda instância confirme a decisão do juiz Sérgio Moro que o condenou a nove anos e seis meses de prisão.

Então ficará impedido de assumir cargos públicos por sete anos. No caso do tríplex do Guarujá, Lula incorreu em dois crimes: corrupção passiva e lavagem de dinheiro. É réu em mais quatro processos.

Lula insiste em dizer que somente o povo tem o direito de julgá-lo. Como se o exercício do voto em uma democracia dispensasse a existência da Justiça. Prega o desrespeito às leis uma vez chancelado pelo povo.

Se não reconhece que o mensalão existiu, por que admitir os crimes de que o acusam? Mente sem pejo. Na política, a verdade é tudo aquilo o que os políticos querem vender como tal.

Getúlio Vargas chamou de “Estado Novo” o regime autoritário que comandou entre 1937 e 1946. Jânio Quadros morreu repetindo que renunciara à presidência devido à ação de “forças terríveis”. Fê-lo para voltar com poderes ilimitados.

Ao golpe militar de 1964, responsável pela morte e o desaparecimento de 434 pessoas, os militares deram o nome de “revolução” e ainda hoje o festejam assim.

Para tentar sobreviver, Lula jamais abdicará do papel de vítima. Foi vítima do destino ao nascer de mãe analfabeta e de pai mulherengo que a deixou com oito filhos; da seca do Nordeste que o fez embarcar em um pau-de-arara com destino ao sul do país; da miséria na periferia da capital de São Paulo; do torno mecânico que lhe amputou um dedo; da ditadura que o perseguiu; e por fim do preconceito das elites.

É inocente dos seus atos. De não ter estudado por alegada falta de tempo; de não ter-se preparado para entrar na vida pública confiando na própria intuição; do seu primeiro governo ter pagado propinas a deputados; de o seu segundo governo ter parido o maior escândalo de corrupção da história do país; de ter elegido um poste que acabou no chão; e de ter construído uma fortuna à base de obséquios.

Valeu-se da esquerda para alcançar o poder. Governou com a direita, os 300 picaretas que identificou no Congresso, e outros tantos que ajudou a criar.

Emparedado pela Justiça tirou a fantasia de Lulinha Paz e Amor, autor da Carta aos Brasileiros, para vestir a da jararaca venenosa, de volta ao regaço da esquerda. Se ela ensaiava refletir sobre seus erros, o ensaio foi adiado. É refém dele. Seguirá refém.

A condenação de Lula por Moro imobiliza o PT e seus parceiros e unifica os políticos alvejados pela Lava Jato. Todos torcem para que Lula seja bem-sucedido porque isso lhes abriria as portas para que também escapem da punição da Justiça e dos eleitores.

A próxima eleição presidencial se dará mais uma vez à sombra de Lula, como a primeira depois de 21 anos de ditadura e como as posteriores.

Se ele não puder disputá-la, seu apoio ainda valerá ouro para políticos carentes de votos (alô, alô, Renan Calheiros!).

Se ele um dia defendeu José Sarney como “um homem incomum”, a merecer reverências, o mínimo que espera é ser tratado como o mais incomum dos homens, seja pela Justiça ou pelos crentes nas urdiduras do destino. Há que reconhecermos: Lula é de fato um homem especial.


Poderia ter entrado para a História com a maior aprovação popular conferida a um governante. Preferiu entrar como o primeiro ex-presidente da República do Brasil condenado por corrupção

De rabo preso com Maduro

De rabo preso com Maduro

Gente que dorme e acorda na porta dos mercados para comprar comida que acaba antes de a fila andar. Falta de remédios, ataduras e até de soro fisiológico. Famílias que vasculham lixos e assam animais de estimação para servir no jantar. Mais de uma centena de mortos pela repressão em manifestações contra o governo. Essa é a Venezuela, cujo regime e seu ditador, Nicolás Maduro, receberam apoio incondicional do PT e PCdoB, e parcial do PDT, signatários da resolução final da 23ª reunião do Foro São Paulo, realizada na Nicarágua.

A solidariedade ao regime totalitário de Maduro, expressa em viva voz pela presidente do PT, senadora Gleisi Hoffman, há uma semana, na abertura do Foro, causa repulsa diante da tragédia humanitária do país vizinho. Tão grave que não comporta qualquer tipo de defesa ideológica.

E, ao que tudo indica, ideologia está longe de ser de fato a inspiração para as falas.
  
Os discursos petistas sempre deram trela ao faz de conta que o ex-presidente venezuelano morto, Hugo Chávez, chamou de socialismo do século 21. Mas, no ver e crer, as identidades do PT com essa turma se consolidaram em outras searas.

Chávez, o gênio que conseguiu parir um golpe sobre si para se tornar presidente, obteve do Brasil do ex Lula tudo e muito mais do que podia esperar. Traduzindo em miúdos, usufruiu de trocas maravilhosas, favores envolvendo fortunas – US$ 98 milhões só na conta de corrupção da Odebrecht, declarados pela empreiteira em oitiva à promotoria dos Estados Unidos.

Muitas transações ainda carecem de explicações, se é que elas existem.

Em um país povoado por denúncias cotidianas, poucos se lembram da festa patrocinada por Lula e Chávez para lançar a pedra fundamental da construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que teria 60% dos US$ 2,4 bilhões orçados para a sua construção custeados pela PDVSA, estatal petrolífera venezuelana.

Isso foi em 2005. Dois anos depois, Chávez se apropriou dos ativos da Petrobrás na Venezuela e, mesmo sem ter colocado um único centavo, reclamava do atraso das obras pernambucanas. Em 2013, Dilma Rousseff anistiou as dívidas da Venezuela com a obra, que, nesta altura, já custava cinco vezes mais: US$ 13,4 bilhões.

Uma aventura de comunhão bolivariana com custos e prejuízos fenomenais para o Brasil, que jamais serão pagos. Ainda inconclusa, a refinaria já consumiu US$ 18 bilhões dos brasileiros e produz menos da metade da previsão inicial de 230 mil barris de petróleo/dia.

Chávez morreu em março de 2013, sem ver as consequências desastrosas da gastança populista que promoveu nos anos em que o petróleo batia recordes de preço no mercado mundial.

Assim como Lula e depois Dilma, ele se regozijava de ter eliminado a miséria. Em 2011, a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) chegou a divulgar que o chavismo reduzira 50% da pobreza do país. Cinco anos depois, o percentual de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza atingiu 81%, embora os dados manipulados pelo regime apontem 18,3% de redução da miséria em 2016.

Além da mentira quase infantil das estatísticas oficiais, facilmente desmanteladas pelo cotidiano -- um salário mínimo venezuelano consegue comprar comida para apenas três dias, isso quando encontra produtos à venda --, a ditadura Maduro luta contra muitas outras frentes. E a pior delas não é a oposição formal, a qual ele tenta derrotar a tiros, literalmente, e com a convocação surreal de uma Constituinte, cujo objetivo é mantê-lo no poder.

Está tendo de enfrentar as vítimas do populismo subsidiado pela ignorância e custeado pelo petróleo, sem ter fartura e muito menos inteligência para fazê-lo.

Abusa da repressão, das milícias armadas, promove a matança, estimula uma guerra civil. Ainda assim tem apoio da esquerda brasileira, irrestrito quando se trata do PT.

Talvez porque os rabos do presidente venezuelano e do PT estejam enrolados em uma trama de difícil equação para ambos.

Maduro foi apontado por Mônica Moura, mulher de João Santana, marqueteiro de Lula e de sua pupila, como pagador de pacotes de dinheiro ilícito, em espécie, para remunerar o trabalho da dupla durante a campanha vitoriosa da Dilma de Chávez. Tudo com conhecimento e aval do governo petista.

O PT de Lula -- que gravou vídeo em favor de Maduro na disputa de 2013, que se arvorou a falar em nome do “povo brasileiro” ao defendê-lo, em abril, quando a chancelaria nacional propôs a suspensão da Venezuela do Mercosul, e que agora se solidariza e apoia a realização da Constituinte pró-Maduro --, é cúmplice e parceiro da ditadura venezuelana.


De um lado, usa a crença bolivariana para alimentar a fé cega dos seus. De outro, busca evitar a derrota fatal de um companheiro -- não de armas, mas de “malfeitos”--, que pode lançar ainda mais lama nos 13 anos de governos petistas. Não importa quantos mais Maduro mande prender ou matar.

Nota da Abraji

A Abraji acompanha com preocupação as repetidas manifestações de governantes e ex-governantes brasileiros contra jornalistas cujas reportagens os incomodaram. Está se tornando comum políticos recorrerem às mídias sociais e à própria claque para atacar o repórter pessoal e individualmente, quase nunca contestando o conteúdo do trabalho jornalístico e muitas vezes evitando enfrentar o veículo no qual a história foi publicada. É uma relação desproporcional, pois atores políticos mobilizam seus exércitos virtuais contra o repórter. São milhares contra um.

É direito de todo cidadão contestar e criticar reportagens, assim como é dever da imprensa e dos jornalistas ouvir e publicar as críticas. Isso, entretanto, não justifica tentativas de intimidação virtual que, como já ocorreu, podem se transformar rapidamente em agressões verbais e físicas.


A Abraji continuará acompanhando de perto essas tentativas de intimidação e de desmoralização públicas. E sempre denunciará quando o direito da sociedade a uma imprensa vigilante e crítica for ameaçado por iniciativas dessa natureza.