A busca da essência, por João Satt, publicitário, estrategista, CEO G5. No Jornal do Comércio.

 A busca da essência

João Satt, publicitário, estrategista, CEO G5


Todos nós, pessoas e empresas, estamos face a face ao desconhecido. Transformar, reinventar, redefinir os negócios nos desperta e angustia.  A energia e o tempo são nossos maiores ativos. Por outro lado, a velocidade dos efeitos da disrupção nos atropelam e desafiam.  Armadilhas estão presentes a cada novo dia, evitar o desvio da nossa essência deve ser o principal foco da gestão. 

A visão e condução estratégica do CEO é decisiva para analisar, interpretar e agir com assertividade sobre os cenários de curto, médio e longo prazo. Para muitos setores, o conforto do momento presente é extremamente relaxante. Cuidado. A desatenção aos sinais da mudança pode comprometer o seu negócio.

A surpresa é sempre efeito da falta de consciência. A euforia das vendas e dos resultados do hoje nos fazem acreditar que as vantagens competitivas serão eternas. Fato: nada é eterno, tudo é temporário, inclusive o sucesso do seu negócio. 

A disrupção vem em ondas, quase que imperceptíveis; no entanto, ao chegar na praia, se manifestam impiedosamente como tsunamis.

 Agora, venha comigo e tente fazer esta reflexão:

1. O que sei sobre o que sei;

2. o que sei sobre o que não sei;

3. o que não sei sobre o que sei;

4. o que não sei sobre o que não sei.


Tentei várias vezes fazer esse exercício, tive uma enorme dificuldade. À medida que começava com um dos quadrantes, meus pensamentos se misturavam e o que sobrava era uma ansiedade enorme. 


O ritmo alucinado de querer pegar todas as “oportunidades” nos faz adentrar em trilhas sinuosas, repletas de cantos escuros. Oportunidades não são obrigações a serem realizadas, aprender a dizer não é sabedoria. Me emociono quando leio essa frase de Madeleine L’Englie: “A capacidade de escolher que nos torna humanos”.  

Veja bem, negócios não são feitos apenas de escolhas racionais, precisa ter alma, coração. Do contrário, não terá o menor sentido para as pessoas. O surfista não pega todas as “boas ondas”. Ao contrário, com olhar sereno, vasculha o mar a todo instante. A tensão vem de não saber o próximo ato, enfim: como e quando o desconhecido vai impactar o seu cenário atual?


Os novos caminhos passam pela inovação aberta, o que pressupõe exposição a riscos uma vez que são construídos dentro de ecossistemas colaborativos. Não existe transformação sem que haja a construção de uma nova cultura, base do novo mindset. O foco é a captura de valor, para tanto quem responde é a ponta: pessoas. 


Agora, me conte, aqui no ouvido: você sabe qual é a essência do seu negócio? Essa pergunta já deixou muita gente sem dormir, e o pior: as noites de insônia não trouxeram as respostas. 


Na insana corrida por vantagens comparativas aos concorrentes, esquecemos que por aí não chegaremos a entregas singulares. E quando você não é único, no final do dia, vende preço. Priorize a busca pela essência do seu negócio, analise se através dela você captura valor, mas faça logo, antes que os tsunamis cheguem na sua praia.