Nota de 14 Partidos diz que Dilma é algoz e não vítima

Confira a nota na íntegra:
1. Os partidos políticos adiante identificados, através de seus lideres ou representantes partidários na Câmara dos Deputados, vem a público para REPUDIAR DE FORMA VEEMENTE o triste espetáculo que a Nação assistiu, na manhã desta terça-feira, encenado pela Sra. Presidente da República, perante correspondentes da imprensa estrangeira no país, em que procurou desqualificar a soberana decisão da Câmara dos Deputados do Brasil, no último dia 17, quando esta, obedecendo fielmente o regramento estabelecido pelo STF - Supremo Tribunal Federal -, autorizou o processamento da denúncia formulada contra ela por prática de crimes de responsabilidade, nos termos dos arts. 85, VI e 167, V da Constituição Federal e arts. 10, item 4 e 11, item 2 da Lei nº da Lei 1.079/50, em razão da abertura de créditos suplementares sem a autorização do Congresso Nacional, bem como no art. 11, item 3 da Lei 1.079/50, em razão da contratação ilegal de operação de créditos, as chamadas "pedaladas fiscais".
2. A Sra. Presidente da República insistiu no erro de tachar de "ilegal" e "golpista" a ação dos senhores deputados, omitindo propositadamente que o rito do impeachment foi determinado pelo Supremo Tribunal Federal, nos julgamentos das inúmeras e frustradas tentativas de seu governo de impedir a atuação do poder legislativo. O Impeachment foi chancelado pela Suprema Corte do Brasil.
3. O parecer da Comissão Especial relatado pelo Deputado Jovair Arantes, que demonstra os crimes de responsabilidade por ela cometidos, restou aprovado pela contundente maioria de 367 votos, dentre os 513 representantes do povo brasileiro.
4. A Câmara dos Deputados autorizou para que o Senado Federal dê andamento no processo e promova o julgamento da Sra. Presidente, onde ela terá, novamente, amplo direito de defesa, sob o comando do Presidente do Supremo Tribunal Federal.
5. A Sra. Presidente da República, desconsidera que está sendo acusada de ter cometido um dos maiores crimes que podem ser praticados por uma mandatária, já que a vítima, no caso, é toda a nação. Para defender-se ela inverte sua posição de autora em vítima.
6. A vã tentativa de vitimização, sob a alegação de injustiça, não encontra amparo no relatório da Comissão Especial, na decisão do Plenário da Câmara dos Deputados, nas decisões do STF, na realidade dos fatos e na soberana vontade da ampla maioria da população brasileira.
Brasília, DF, 19 de abril de 2016
PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO - PMDB - SENADOR ROMERO JUCÁ - PRESIDENTE EM EXERCÍCIO
PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA - PSDB - LÍDER ANTÔNIO IMBASSAHY
PARTIDO SOCIAL DEMOCRÁTICO - PSD - LÍDER ROGÉRIO ROSSO
PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO - PSB - LÍDER FERNANDO COELHO FILHO
DEMOCRATAS - DEM - LÍDER PAUDERNEY AVELINO
PARTIDO REPUBLICANO BRASILEIRO - PRB - MARCOS PEREIRA - PRESIDENTE NACIONAL
PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO - PTB - LÍDER JOVAIR ARANTES
SOLIDARIEDADE - SD - LÍDER GENECIAS NORONHA
PARTIDO TRABALHISTA NACIONAL - PTN - RENATA ABREU - PRESIDENTE NACIONAL
PARTIDO SOCIAL CRISTÃO - PSC - LÍDER ANDRÉ MOURA
PARTIDO POPULAR SOCIALISTA - PPS - LÍDER RUBENS BUENO
PARTIDO VERDE - PV - LÍDER SARNEY FILHO
PARTIDO REPUBLICANO DA ORDEM SOCIAL - PROS - LÍDER RONALDO FONSECA
PARTIDO SOCIAL LIBERAL - PSL - LÍDER ALFREDO KAEFER

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Análise, Reinaldo Domingos - Poupança, ações, títulos públicos...qual o melhor investimento na crise?

Quem consegue guardar dinheiro, mesmo com a crise, enfrenta uma grande dúvida, qual o melhor investimento perante um cenário altamente instável. Realmente essa não é uma pergunta fácil, principalmente, se formos levar em conta que muitos investidores perderam muito dinheiro investindo em ações e a poupança vem rendendo menos que a inflação.
Outra novidade recente, é que alguns economistas já estão questionando os riscos do Tesouro Direto, devido ao fato de que, até 2018, a dívida pública deverá crescer substancialmente, impossibilitando que o Governo honre com compromissos. O que poderá afetar o Tesouro Direto. Por isso, a recomendação agora, sem dúvida nenhuma, é de cautela.
Mesmo com um panorama incerto, ainda não vejo que seja momento de desespero, sendo que, sabendo planejar os investimentos, com certeza se obterá ótimos lucros. A primeira questão a ser levada em conta é que não existe uma fórmula exata sobre o tema, reforçando que o mais importante é saber por que se vai investir, isto é, quais os objetivos que dará para o dinheiro e como se montará uma estratégia para que se poupe dinheiro para esse investimento.
Para auxiliar nessas escolhas, respondi duas perguntas mais frequentes sobre o tema:
Qual risco da aplicação? De forma geral, o risco de uma aplicação financeira é diretamente proporcional à rentabilidade desejada pelo empreendedor, ou seja, quanto maior o retorno estimado pelo tipo de aplicação escolhida, maior será o risco. O risco da aplicação significa que o empreendedor poderá não conseguir o retorno prometido ou mesmo perder uma parcela do montante aplicado. Para tanto, é importante conhecer muito bem os atributos de cada aplicação, tais como o nível de risco, retorno, o tempo de aplicação, os tributos e outras despesas que serão cobradas, como, por exemplo, a taxa de administração exigida por fundos de investimentos, tendo em vista que poderão comprometer a rentabilidade dos investimentos. É bom lembrar sempre que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura.
Onde investir? Onde investir o dinheiro poupado é sempre uma decisão difícil, devido à grande quantidade de opções de ativos financeiros existentes no mercado. Mas, indubitavelmente, sempre há ótimas opções de investimento. O dinheiro poupado deverá ser dividido em investimentos direcionados aos objetivos e sonhos de curto, médio e longo prazos.

Sonhos de curto prazo são aqueles que se pretende realizar em até um ano. Para esses, é interessante aplicar em caderneta de poupança, pois, quando necessitar terá a disponibilidade de retirar sem pagar taxas, imposto de renda ou perder rendimentos. Outra opção é Tesouro Direto.

Já os sonhos de médio prazo abrangem um período de um à dez anos. São aqueles que não ocorrem imediatamente, mas conseguimos visualizar a realização em um período não tão longo, para estes são interessantes linhas que tenham prazos pré-estabelecidos no período do sonho a ser realizado. Dentre as opções recomendo Tesouro Direto, CDB, Fundo de Investimentos e ouro. Neste caso, o melhor é pesquisar em pelo menos três instituições financeiras de grande porte.

Já os sonhos de longo prazo, são aqueles que a maioria das pessoas acreditam que não irão realizar, por representar algo muito distante. O tempo destes sonhos é acima de dez anos, o que faz com que muitos desanimem antes mesmo de começar. Afirmo, seja qual for o seu sonho ele é factível de ser realizado, mas, é preciso perseverança e começar imediatamente. Para estes sonhos recomendo investir em Tesouro Direto, previdência privada, e ações. No caso de investimento em ações, o melhor é investir no máximo 20% do dinheiro total com essa finalidade, isto porque existe grande risco por depender do desempenho da empresa na qual investe.


Reinaldo Domingos, mestre em educação financeira e presidente da Associação Brasileira de Educação Financeira, da DSOP Educação Financeira autor de diversos livros sobre o tema, dentre os quais Terapia Financeira (Editora DSOP).

Empresários gaúchos se unem para discutir mentalidade empreendedora do RS

Um grupo de empresários gaúchos, capitaneado pelo designer e empresário Mário Verdi, promoverá um debate altamente qualificado, com a presença de palestrantes de são Paulo e do Rio de Janeiro, sobre as saídas que podemos buscar na ciência e na inovação para a grave crise que assola o Rio Grande do Sul.

Engajados na proposta de trazer uma agenda positiva de alteração da mentalidade empreendedora gaúcha, o grupo se mobilizou num modelo de crowd funding privado para financiar o evento, que é aberto ao público.

O seminário, que ocorrerá no dia 25 de abril, segunda-feira, no Hotel Sheraton, tem nome sugestivo: Antropobusiness : a sobrevivência do organismo empresarial em pauta.

Destaque para a palestra de Clemente Nóbrega que, a partir da aplicação de conceitos da física à gestão, tornou-se um dos mais respeitados pensadores brasileiros da atualidade quando o assunto é gestão, empreendedorismo e inovação. É autor dos livros "Em busca da empresa quântica", "Antropomarketing", "Innovatrix, inovação para não gênios" e do provocativo "A intrigante Ciência das Ideias que dão Certo”. O seminário, que também apresentará a chefe da área de inovação do Itaú-Unibanco, Ellen Kiss , e o diretor da MJV Inovação e co-autor do livro Design Thinking : inovação em negócios, Maurício Vianna,

"É nítida a estagnação da supremacia inovadora na região sul. Precisamos trazer um novo ingrediente que crie um ambiente favorável ao risco inerente à construção do novo, em detrimento da segurança previsível do "erro zero", disseminada de maneira sistemática nas útlimas décadas onde nosso diferencial foi a qualidade total", aponta Verdi. Além de Verdi, integram o time de promotores do evento os empresários Analisa de Medeiros Brum, da Happy House Brasil, César Paz, da AG2, Tiago Lemos, da Ventiur, Atila Franco, da CDA Branding for People, Daniel Sperb, do Unilasalle, Marcelo Paes, da Tantum Inovação, e os executivos Luis Fernando Colling e Fernanda Griebeler, ESPM, através de seu diretor Richard Lucht, Luciano Weber, da Device Autmation e Evandro Scariot, da Automatech,

Serviço 

O que: seminário Antropobusiness: a sobrevivência do organismo empresarial em pauta.
Quando: 25 de Abril, segunda-feira
Onde: Sheraton Hotel, Porto Alegre

“Inovação é sobre o futuro. Tem riscos. É experimental e aberta”, diz físico Clemente Nóbrega que faz palestra em Poa em abril

Pode parecer estranho, mas Clemente Nóbrega é um físico que respira gestão e empreendedorismo. Na física, ele buscou as soluções para garantir a sobrevivência e competitividade das organizações. Conheça um pouco da história e das ideias do autor, que palestra no dia 25 de abril, segunda-feira, no Hotel Sherathon, durante o Seminário Antropobusiness: a busca por uma liderança para a sobrevivência das organizações empresariais.

Como um físico acabou se interessando por gestão e empreendedorismo? O que essas áreas têm em comum?

Nóbrega – Sou um físico especializado em energia nuclear. Trabalhei 14 anos nesta área, que abandonei para me tornar executivo de empresa. Outros 14 anos depois, virei pesquisador de assuntos do mundo empresarial. Meu tema é inovação como veículo para aumentos de produtividade. Inovação é um conceito complexo e multifacetado, que ainda não foi sistematizado. Todo mundo fala nele, mas poucas empresas têm processos para “fazer a inovação acontecer”. Interesso-me por inovação motivada pelo mesmo impulso que me levou à Física lá atrás: problemas não resolvidos. Físicos gostam de se imaginar resolvendo grandes problemas (todo físico um dia sonhou ser um Einstein, mas o tempo os força a acomodarem-se a ambições mais modestas).

O senhor, em uma de suas obras, fala em empresa quântica. Que conceito é esse?

Nóbrega – A ideia é a seguinte: houve uma mudança radical em física no início do século XX ,a partir do momento em que foi possível olhar para dentro da matéria, vasculhar seu interior e contemplar sua intimidade. O que apareceu foi um mundo estranho e intrigante. Um mundo que não se deixa capturar pelas noções que nos ajudam a funcionar no dia a dia, nem podia ser descrito pelo nosso vocabulário corriqueiro. O mundo “ali dentro” não era como o mundo “aqui fora”. Foi preciso inventar outra linguagem e alterar todo o quadro mental vigente para dar conta daquela realidade nova.

A física quântica foi essa linguagem. Construída através do talento de um punhado de cientistas, acabou consolidando-se como a maneira certa para se lidar com aquele universo perturbador do interior da matéria.

Linguagem esquisita, contra intuitiva, que desafiava o senso comum – zombava dos princípios que todos usavam para falar, descrever e entender o mundo e as coisas. O paradoxo, a incerteza, a falta de objetividade, a impossibilidade de se relacionar causa com efeito são suas marcas registradas.

Mas, esquisita como é, a física quântica dá certo. “Dar certo” em ciência e em business é gerar coisas úteis. É levar a resultados.
Fora da Física, no mundo das organizações, a linguagem usual faliu diante da complexidade crescente do mundo. O desafio dos gestores hoje é análogo ao dos físicos do início do século. Temos de colocar em marcha em nossas empresas e nossas vidas algo que nos possibilite lidar criativamente com o caos e a incerteza  do mundo.

Essa coisa de "empresa quântica" reflete simplesmente isso: os pressupostos que sempre usamos, os princípios em que sempre nos apoiamos no dia a dia para guiar nossa ação – produzir ,ser feliz – nada disso está funcionando mais, assim, precisamos do equivalente a uma linguagem quântica para a empresa .

As empresas, como organizações sociais, são complexas e tendem à desorganização. Por que isso ocorre e qual a vacina para que a desordem natural não comprometa os objetivos e viabilidade das empresas?

Nóbrega – As organizações tendem a se desorganizar por causa de uma lei da Física que, essencialmente, diz que o estado natural de qualquer coisa é a desordem, a não ordem. É chamada de lei da entropia. Entropia é uma medida da desordem de um sistema. Sistemas de quaisquer naturezas tendem à desordem (entropia crescente) se não forem submetidos a fluxos contínuos de energia. Tudo o que vemos organizado/estruturado no mundo natural está submetido a fluxos contínuos de energia. Pode ser um feto, uma flor, um animal. Tudo depende de energia que, em última análise, vem do sol. Na empresa e organizações em geral, essa energia vem da liderança – a mais importante função gerencial. É a liderança que impede o sistema empresarial de se acomodar em seu estado natural. É ela que tira o sistema do equilíbrio, da uniformidade, da "entropização" crescente.

O senhor criou um conjunto de práticas que viabilizam a construção de inovação em organizações, chamada INNOVATRIX. Qual a premissa dessa metodologia e em que tipo de organizações ela pode ser aplicada?

Nóbrega – INNOVATRIX é um método de solução de problemas baseado na TRIZ – uma abordagem inventada por um russo chamado Geinrich Altschuller nos anos 1940. Foi ele que originou o que hoje chamamos de inovação sistemática. A aplicação do método começa identificando contradições existentes no sistema que estamos tratando. Contradições geram lacunas que afastam o sistema do que chamamos de seu estado ideal. O método sugere rotas para fazer alterações no sistema de modo que ele se aproxime do seu estado ideal.

A inovação sistemática (INNOVATRIX) enfatiza a eliminação do que impede o funcionamento ideal do sistema, não a adição de recursos a ele. Para produzir inovação, ela valoriza a reconfiguração do que já existe. Suas soluções são desenhadas a partir de um vasto corpo de conhecimentos muito gerais sobre soluções que deram certo em contextos diferentes.

O ponto de partida do INNOVATRIX é o seguinte: alguém, em um contexto qualquer, já resolveu um problema “parecido” com o que você tem. Busque sua solução a partir daí. Há uma base que justifica esta afirmação: essa base tem origem num tipo de saber não intelectual, muito prático.

Inovação sistemática é uma ciência prática que se apoia na análise de (literalmente) milhões de problemas em áreas distintas. Uma ciência experimental, digamos assim, que começou “artesanalmente” nos anos 1940 e tem ganhado relevância nas últimas décadas. Uma ciência baseada no conhecimento de quem faz (a practitioner science). Ela não tem teoria por trás.

Um físico muito conhecido – Stephen Hawking, personagem central do filme “A teoria de Tudo” – capturou bem esse espírito quando disse: “desisti de ser rigoroso, quero apenas estar certo”.

Hoje há um culto à inovação. Ela apresenta-se como a grande perspectiva, mas também como um enorme desafio para as corporações. Em que medida a inovação efetivamente pode garantir a sobrevivência das empresas? Por que inovar é algo tão difícil para as organizações?

Nóbrega – Inovação pode ser sistematizada e tornar-se um processo nas empresas. O desafio maior é que, por definição, inovação tem riscos maiores do que aqueles do dia a dia. Inovação é sobre o futuro. Tem riscos. É experimental e aberta.

Em qualquer organização, inovar conflita com a operação rotineira. Inovar é sempre antinatural para a organização. Por quê? “Operação do dia a dia” embute tudo o que a empresa aprendeu a fazer bem ao longo de sua existência. É previsível e confiável. É graças a ela que a empresa adquire seu direito de existir.


Mas, esse direito não é vitalício. Para estender “ seu prazo de validade” ela tem que inovar, ou seja, tem que desafiar a moldura definida por aquilo que faz melhor.

Senadores prensam Renan para que forme hoje mesmo a Comissão Especial do Impeachment

Renan Calheiros manobra para dar tempo ao governo Dilma. Ele fala em concluir o processo no dia 21 de setembro, mas, se puder, deixará tudo para o último dia do governo do PT. O problema são os "russos", porque a imensa maioria do Senado que Dilma fora do governo, já. 

Como aconteceu na Câmara, o Senado também precisa formar uma comissão especial, com 21 senadores titulares e 21 suplentes para analisar a denúncia.

Alguns senadores na sessão de hoje, terça, logo depois da leitura. 

O presidente Renan Calheiros quer dar um prazo de 48 horas para que os líderes dos partidos indiquem os senadores. 

Com a escolha do presidente e do relator, a comissão é instalada e vai ter 10 dias úteis para fazer e votar um parecer admitindo, aceitando ou não o processo de impeachment. Em seguida o texto vai ser lido e votado pelo plenário do Senado. Se for rejeitado, acabou, o processo de impeachment da presidente é arquivado. Se for aprovado por maioria simples, metade mais um dos senadores presentes, a presidente Dilma vai ser notificada e afastada por até 180 dias e o vice Michel Temer assume a presidência interinamente.


O Supremo Tribunal Federal determinou que o rito a ser seguido no impeachment seja o mesmo usado no afastamento do então presidente Fernando Collor.

Editorial, Folha de S. Paulo, hoje - Ação imediata

O Senado Federal, por razões legais, ainda precisa decidir se instaurará o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Trata-se, porém, de mera formalidade; do ponto de vista político, a votação da Câmara dos Deputados parece irreversível.

O vice Michel Temer (PMDB) assumirá em breve a Presidência da República. Tomando assento sem o respaldo do voto direto dos cidadãos, terá de se legitimar pela ação imediata, pela restauração de um governo que faz meses deixou de existir e pela demonstração de que consegue assegurar suficiente estabilidade política e econômica.

Não haverá estabilidade sem que se detenha a crise, e esta não cederá sem que o novo governo apresente programas e equipes capazes de combinar reparos imediatos na administração da economia –que se deteriora de forma ainda acelerada– a um plano factível de reformas mínimas de longo prazo.

Embora mínimas, dada a urgência, tais reformas devem bastar para incentivar reações imediatas dos agentes econômicos e permitir o alívio do arrocho monetário. De início, trata-se de conter a penúria crítica dos governos.

Não será possível tão cedo evitar o crescimento da dívida pública. A missão deste governo é levar o deficit primário a perto de zero até o ano que vem. Assim, criam-se também as condições para que se antecipe para quanto antes a redução da taxa de juros.

No curtíssimo prazo, tornou-se inevitável promover algum aumento de impostos, suficiente para reduzir o deficit, evitar corte ainda maior do investimento em obras e atenuar o impacto social do ajuste.

Conviria, pois, elevar tributos sobre as rendas mais elevadas. Caberá a governo e Congresso encontrar a solução que combine eficiência econômica, viabilidade política e justiça tributária.

A elevação da carga de impostos, no entanto, exige uma contrapartida inegociável: conter gastos. De pronto, isso significa reduzir a despesa obrigatória do governo.

Embora se discuta, em termos ideais, a conveniência do fim de qualquer vinculação orçamentária, está no Congresso um abatimento extra dos recursos que o governo deve empregar em saúde e educação. Parece a correção possível neste momento.

É possível frear desde já despesas do INSS, por dolorosas que sejam tais medidas no curto prazo. É preciso rever gastos com pensões e elevar o rigor na concessão dos benefícios da aposentadoria rural, fator maior do deficit federal.

O rendimento médio do trabalho cai no país. Nesse contexto de sacrifício geral, será necessário rever os reajustes de salários e benefícios de servidores federais.

É também mais que esperada uma ação que mire o equilíbrio das contas no longo prazo. Destaca-se uma reforma da Previdência: a estipulação de idades mínimas de aposentadoria, a equiparação de direitos de mulheres e homens, bem como de trabalhadores do setor público e do privado.

Demandam-se, entretanto, outras providências urgentes de contenção da crise econômica.

Concessões e privatizações são um meio de incentivar a retomada de investimentos. É crucial priorizar obras de infraestrutura, que dependem do restauro de normas regulatórias e adequação de meios de financiamento e garantias, destruídos na gestão Dilma Rousseff.

Todo o ambiente regulatório precisa ser refeito, mas a princípio a tarefa é limpar o terreno de escombros e oferecer condições para que as obras se iniciem quanto antes.

A esse respeito, acrescente-se que se devem pelo menos restaurar as condições técnicas de operação das agências regulatórias e órgãos similares: gestão minimamente profissional. Há investimentos travados por falta de clareza de regras, não de recursos.

A ruína das finanças nos setores de petróleo e eletricidade, além do descalabro regulatório, prejudica o crédito do país e é um empecilho aos investimentos em ramos centrais da economia. A Petrobras, como todos sabem, demanda terapia intensiva.

A crise agravou a situação financeira dos Estados, muitos deles de fato geridos de modo irresponsável. Observada a imposição das devidas contrapartidas, é preciso ceder ao imperativo da realidade e remediar o desastre.

Admita-se um socorro às finanças estaduais, mas apenas se seus governos se comprometerem com planos de redução de despesas salariais e previdenciárias, além de aceitarem enfim a implementação de uma reforma tributária parcial e muito relevante: simplificação e ordenamento do ICMS.

O governo, é óbvio, não se limita à gestão da economia. No entanto, caso Michel Temer não detenha a espiral recessiva, em breve perderá o voto de confiança precário que terá recebido do Congresso, em tese concedido em nome de um país cada vez mais impaciente.