Espaço para corte de juros depende de melhoras adicionais nas projeções de inflação, conforme indicado na ata do Copom

A ata da reunião de política monetária do Banco Central, divulgada ontem, enfatizou que o espaço para corte de juros depende de melhoras adicionais nas projeções de inflação, especialmente no modelo com as premissas de mercado. O recado central da ata do Copom é de que há incertezas na condução da política monetária e, por isso, o Comitê considera importante conduzi-la de modo que as projeções de seus modelos indiquem que a inflação encontra-se no centro da meta. O Comitê também vê como risco o processo inercial decorrente de um longo período de inflação acima da meta, o que tende a produzir maior persistência de juros elevados. Logo, infere-se desse diagnóstico que o corte de juros explicitado nas projeções do Focus, da ordem de 3,25 p.p., não é compatível, hoje, com a convergência da inflação para o centro da meta, uma vez que gera uma projeção de 5,3% para o IPCA de 2017.  Além disso, o Comitê se diz insatisfeito com os avanços observados até agora no processo de desinflação, apesar de reconhecer melhora corroborada pela queda das expectativas. Do lado mais favorável do balanço de riscos, o Copom avalia que a desinflação de serviços pode surpreender, dada a ociosidade na economia, e os preços dos alimentos podem ceder mais rapidamente. Em relação ao cenário macroeconômico, o Comitê identifica alguma estabilização da atividade no curto prazo, com destaque para a esperada interrupção da queda dos investimentos e da produção industrial. Somado a isso, as projeções do Copom evoluíram favoravelmente desde sua última reunião e devem seguir nessa trajetória, o que deve contribuir para que o ciclo de corte comece em 2016. Em seu balanço de riscos, ganhou novamente destaque a política fiscal, na qual a implementação de ajustes constitui, simultaneamente, um risco e uma oportunidade para o processo desinflacionário. Segundo o Banco Central, a percepção de postergação da aprovação e adoção de medidas fiscais, ou mesmo seu abandono, teria impacto negativo na trajetória de convergência à meta. Em contrapartida, caso os ajustes sejam aprovados e implementados, poderá ocorrer melhora da confiança e redução das expectativas de inflação. Diante disso, o Comitê, por unanimidade, optou pela manutenção da taxa Selic em 14,25% na reunião da última semana, reconhecendo os avanços no processo de desinflação, mas ainda preocupado com a não convergência das projeções, segundo o modelo de mercado, para o centro da meta em 2017. Com isso, acreditamos que o Copom deva optar pela manutenção da Selic na próxima reunião, atentando-se à evolução do cenário. No entanto, a expectativa de melhora da inflação acumulada em doze meses, bem como das expectativas, os avanços esperados na tramitação das reformas fiscais e alguma estabilização da taxa de câmbio reforçam nossa visão de que o comitê deverá iniciar um novo processo de redução da taxa Selic a partir de outubro. Assim, esperamos que a taxa básica de juros termine este ano em 13,25%.

Nelson Jobim, ministro de FHC, Lula e Dilma, é agora sócio do Banco BTG

Como informou ontem a noite o editor, o Banco BTG Pactual acaba de anunciar como seu mais novo sócio o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim, no maior esforço até agora para virar a página da prisão de seu fundador.

Pouco mais tarde, o jornalista Geraldo Samor, com quem o editor conversou de manhã, editor do Brazil Journal, informou que o gaúcho Nelson Jobim, que também foi ministro de FHC, Lula e Dilma. além de advogados de empreiteiras, será responsável pelas relações institucionais e pela área de compliance do banco, além de se tornar membro do conselho de administração do BTG e da BTG Pactual Participations Ltd., outro veículo do banco.

A posse de Jobim está sujeita à aprovaçào do Banco Central.

Se, por um lado, a escolha de um jurista que já presidiu a mais alta corte do País permite ao BTG dizer que está fazendo um 'fresh start', distanciando-se da imagem de um banco que mantinha relações carnais com o antigo governo, por outro, o histórico recente de Jobim sugere a narrativa oposta.

Um recente perfil do ex-ministro no Estadão o descrevia como “conselheiro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para questões jurídicas e políticas, advogado e consultor das maiores empreiteiras do País, interlocutor frequente de alguns dos principais nomes do PSDB e PMDB, (e) amigo de ministros do Supremo Tribunal Federal."  

No mercado, a chegada de Jobim foi interpretada como um convite de André Esteves, que voltou ao comando de fato do banco depois que sua prisão domiciliar foi revogada. "A grande questão hoje é se as agendas do Esteves e do banco são coincidentes ou conflitantes," diz um investidor com trânsito entre sócios do BTG.

A chegada de Jobim vem no momento em que há notícias de que James Oliveira — sócio do BTG, CEO e CIO Brasil da BTG Pactual Asset Management — estaria deixando o banco em meio a alterações relevantes nas participações dos sócios.