O patriarca da maior construtora do país, Emílio
Odebrecht, afirmou, em sua delação premiada da Lava Jato, que teve uma reunião
com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, para
confirmar que as obras do Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), ficariam
prontas em um mês. Era final de 2010, término do segundo mandato. Os delatores
revelaram que executaram uma reforma de R$ 1 milhão na propriedade a pedido da
ex-primeira dama Marisa Letícia.
Emílio contou aos procuradores da força-tarefa da
Operação Lava Jato que, no encontro, o petista não teria ficado surpreso com a
informação. “Eu disse: olhe, chefe, o senhor vai ter uma surpresa e vamos
garantir o prazo que nós tínhamos dados no problema lá do sítio”. Anotações e
e-mails foram entregues pelo delator, como forma de comprovar a reunião. A Lava
Jato sustenta que o sítio em Atibaia, no interior de São Paulo, é patrimônio
oculto do ex-presidente Lula, registrado em nome de dois sócios de seus filhos.
Lula nega.
Segundo o depoimento de Alexandrino Alencar, que seria a
ponte entre Emílio e Lula, a ex-primeira dama teria pedido, durante um evento
de celebração do aniversário de Lula, em 2010, que a construtora ajudasse a
terminar as reformas. O executivo teria informado Emílio sobre a solicitação.
“Alexandrino me avisou do pedido de Dona Marisa e me disse para não comentar
nada com o ex-presidente, pois Dona Marisa havia informado que o sítio era uma
surpresa”, apontou.
“Pedi a Alexandrino que conversasse com algum empresário
nosso para identificar um engenheiro da Odebrecht que pudesse coordenar as
obras, mas que nossa participação não fosse revelada, para evitar qualquer
constrangimento, e assim foi feito”, garantiu. Emílio Odebrecht ainda relatou
que, da "parte dele", o segredo foi mantido "até o final do
mandato do ex-presidente", quando houve a reunião no Planalto.
O valor final da obra, de acordo com as delações da
empreiteira, foi de R$ 1 milhão. Os executivos revelaram ainda ter combinado a
emissão de notas frias com o advogado de Lula, Roberto Teixeira, em nome de
Fernando Bittar, para que a defesa pudesse argumentar que o imóvel não é do
ex-presidente e que as reformas foram bancadas por Fernando.