Polícia Federal amplia prisões de hackers. Glenn Greenwold pode estar envolvido. Saiba mais sobre a Operação Spoofing.

Inicialmente, dia 23 de julho, foram presos estes hackers que invadiram criminosamente os celulares de Deltan Dallagnol e outras autoridades federais ligadas à Lava Jato: Gustavo Henrique Elias Santos, de 28 anos, que trabalha como DJ e já respondeu por porte ilegal de arma; sua esposa, Suelem; Danilo Marques e Walter Delgatti Neto, o Vermelho, que é o líder do grupo.

Esta semana também foram presos Luiz Molição, estudante de Direito e amigo de Delgatti, e Thiago Elieaer, o Chiclete. O jornal O Globo diz que as duas prisões da Operação Spoofing são fruto de confissão de Walter Delgatti ou Gustavo Henrique Elias Santos, devido a quantidade de detalhes reveladas nas investigações visando a atividade de ambos. Glenn Greenwald estaria sendo aconselhado a deixar o Brasil.


Milhões movimentados 
As quantias movimentadas por Thiago Eliezer ‘Chiclete’ e seus laranjas são bem maiores que as feitas por Walter Delgatti Neto e seus comparsas. Chama a atenção a rapidez com que Eliezer convertia dinheiro vivo em bitcoins.Também chama a atenção o fato que umas das contas de Twitter de Thiago, ainda não revelada, retuitar com tamanha insistência muitas ameaças veladas ao juiz Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e a Lava Jato; assim como a constância com que Thiago Eliezer retuitava ‘membros do The Intercept’ e amigos de Leandro Demori – uma ‘rodinha’ de amigos da ABRAJI e blogs de esquerda. Por fim, a Land Rover que Delgatti foi buscar na casa de Thiago Eliezer, foi vendida a Walter ‘Vermelho’ Delgatti Neto, a um preço muito abaixo do valor da tabela FIPE. Outras movimentações financeiras entre março e julho envolvendo muitos bitcoins entre Delgatti, Luiz Molição e Thiago Eliezer também estão sendo investigadas.

Voz de Glenn ?
A PF não confirma que a voz do ‘gringo’ seja a de Greenwald – já que o estudante preso ontem, se recusou a dar nomes, em especial o da pessoa com quem ele trocou as mensagens vazadas por um procurador do interior de São Paulo (não houve hacking de nada!).Questionados se a pessoa era Glenn Greenwald, Thiago Eliezer e Luiz Molição disseram que só falarão com a instrução de seus advogados.




Alinhamento político-ideológico reduz o custo político e acrescenta resiliência à governabilidade


O custo orçamentário, para o governo, de aprovar as mudanças na previdência social está sendo significativo. O Palácio do Planalto vem executando o orçamento relativo às emendas parlamentares na medida necessária para para fazer passar “a mãe de todas as reformas”. Mas o custo político é baixo, baixíssimo. O que em outras circunstâncias seria objeto de escândalo (“compra de votos!”) desta vez é deglutido sem maior dificuldade.

A constatação não chega a ser nova. A governabilidade de Jair Bolsonaro é sólida pois o núcleo da agenda governamental, o programa econômico liberal, tem o apoio de pelo menos dois terços do Congresso, é quase unânime no empresariado e continua bem sustentado na esmagadora maioria da imprensa. Daí por que as “crises” vêm, parecem por um instante terminais, e logo viram poeira. Ou fumaça. Como foi com a mais recente, dos incêndios florestais. Olha o trocadilho.

Há, é claro, mercado para os projetos em torno de um liberalismo bem-educado e cosmopolita, autointitulado progressista, e daí as versões repaginadas do Velho do Restelo, a advertir que tudo vai dar errado. Para esse “bolsonarismo sem Bolsonaro", o país estaria à beira do caos, se já não mergulhado nele. Mas a cada episódio o que leva jeito de tsunami na opinião pública, quando chega à praia de Brasília fica mais com cara de marolinha.

Inclusive por esse cosmopolitismo arejado chocar-se com a linha nacionalista, ainda que fortemente ocidentalista, hegemônica nas Forças Armadas. A polêmica amazônica comprova.

Outro aspecto reforça a resiliência governamental. O partido mais forte capaz de lhe fazer oposição, com ramificações sólidas e profundas nas diversas instâncias de poder, está isolado. O aqui livremente chamado de Partido da Lava Jato (PLJ) mantém musculatura e apoio popular, pode inclusive continuar produzindo fatos político-policiais em série, mas sua capacidade de alterar a correlação de forças operacional está contida por causa do isolamento.

Mais um mérito (ou demérito) da agenda econômica.

O caráter consensual da agenda, mais o amplo espectro dos alvos do PLJ, mais a objeção a que o PLJ provoque uma disrupção (e viva os anglicismos e neologismos) num quadro tão produtivo, tudo induz a um alinhamento raro entre os poderes, pelo menos desde a instalação da hoje carcomida Nova República. O estilo do presidente da República é uma linha de produção de manchetes, mas na vida prática os vetores executivo, legislativo e judiciário produzem boa resultante.

Onde estão os riscos? Principalmente 1) na nova modalidade de enquadramento do Legislativo pelo Executivo e 2) na sede de protagonismo do braço judiciário do PLJ. Se a velocidade da recuperação da economia e dos empregos seguir baixa, quanto tempo o Congresso levará para voltar a exigir o dito loteamento da Esplanada e das estatais? E até onde irão os torquemadas dos tribunais, especialmente nos superiores, para revitalizar o próprio protagonismo, hoje corroído?

No instável presidencialismo brasileiro, onde a pulverização do Congresso é um foco permanente a ameaçar a saúde política do ocupante do Planalto, é sempre bom ficar esperto. Mas por enquanto as coisas para o governo caminham bastante bem nesse terreno.

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O Tribunal Superior Eleitoral decidiu que candidatura laranja leva à cassação de toda a chapa. Mas como provar que a candidatura é laranja? Fácil, candidatas-laranja não são de verdade, são de mentirinha, nem fazem campanha. Mas, e se alguém decide ser candidata e depois desiste de fazer campanha a partir de um certo ponto, como é que fica? E se a candidata faz uma campanha pra inglês ver, gasta uma graninha, então está tudo bem?

Outra consequência da decisão do TSE: o sujeito entra numa chapa, faz sua campanha direitinho, elege-se. Aí alguém diz que tinha uma (ou um?) laranja na chapa. O sujeito perde o mandato sem ter cometido nenhuma irregularidade, nenhum crime? Talvez o STF tenha, um dia, de verificar se a decisão do TSE não viola algum direito constitucional. Ainda que esteja fora de moda argumentar com Constituição contra o que parece ser “certo” e “justo”.
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Alon Feuerwerker (+55 61 9 8161-9394)

Material roubado não serve para inocentar Lula, diz PGR


O procurador-geral da República interino, Alcides Martins, afirmou, em parecer ao Supremo Tribunal Federal que as mensagens hackeadas do celular do coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, são prova ilícita, e, mesmo que pudessem ser utilizadas, não seriam 'capazes' de provar a inocência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O parecer foi entregue no âmbito de recurso da defesa do petista contra decisão do ministro Edson Fachin que rejeitou habeas corpus para libertá-lo e anular suas ações penais.
De acordo com a defesa, que queria o compartilhamento de provas dos celulares dos alvos da Operação Spoofing - que mira as invasões do Telegram de autoridades -, notícias do site The intercept teriam mostrado que Lula foi alvo de uma conspiração.

Martins é contra o compartilhamento de provas da Spoofing, que também estão acostadas no inquérito do Supremo que mira ameaças contra ministros da Corte. "As mensagens trocadas no âmbito do Telegram forma obtidas por meios ilegais e criminosos, tratando-se de prova ilícita, não passível de uso no presente caso".

As mensagens citadas pela defesa, segundo o PGR, 'não têm o condão de afastar o juízo de culpabilidade que levou às condenações de Luiz Inácio Lula da Silva nas ações penais n. 5046512-94.2016.4.04.7000 (referentes ao Triplex) e 5021365-32.2017.4.04.7000 (referentes ao Sítio de Atibaia), tampouco de demonstrar a inocência dele nos autos dos demais processos que ainda não possuem sentença condenatória'.

"Tais mensagens não contém qualquer elemento apto a afastar as teses acusatórias (e as provas que a sustentam) subjacentes a cada um desses processos - o que ocorreria, por exemplo, se de uma delas se extraísse que a principal prova que sustentou o decreto condenatório foi forjada",