Eis a lista dos advogados que atacaram o juiz Sérgio Moro em defesa dos bandidos do Lava Jato

A lista de advogados e juristas que não defendem envolvidos na Lava Jato, com alguns artigos selecionados dos autores sobre o tema:

1) Alexandre Aroeira Salles
2) André de Luizi Correia
3) André Karam Trindade - Doutor em Direito, professor do Programa de Pós-Graduação em Direito da IMED e advogado. Artigo "Lava jato" é sintoma de que nem as palavras têm mais valor no Direito
4) André Machado Maya
5) Antonio Pedro Melchior
6) Antonio Tovo - Doutor em Direito Penal (USP) e mestre em Ciências Criminais (PUC-RS). Artigo Cruzada contra corrupção não pode prejudicar direito de ampla defesa
7) Ary Bergher
8) Augusto Jobim do Amaral
9) Aury Lopes Jr. - Doutor em Direito Processual Penal, professor Titular de Direito Processual Penal da PUC-RS. Artigo Com delação premiada e pena negociada, Direito Penal também é lavado a jato
10) Bartira Macedo de Miranda Santos - Professora de Penal e Processo Penal na Universidade Federal de Goiás. Artigo Sérgio Moro vs Lenio Streck: quem ganhou o debate no IBCCRIM?
11) Bruno Aurélio - Diretor do Instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos da Infraestrutura
12) Celso Antônio Bandeira de Mello - Entrevista Prisões da Lava Jato são usadas para coagir, diz jurista
13) Cezar Roberto Bitencourt - Advogado criminalista, professor do programa de pós-graduação da PUC-RS, doutor em Direito Penal pela Universidade de Sevilha, procurador de Justiça aposentado. Artigo Delação premiada na "lava jato" está eivada de inconstitucionalidades
14) Cleber Lopes de Oliveira
15) Daniela Portugal
16) David Rechulski - Palestra Especialista em compliance alerta sobre lavagem de dinheiro: “Pode acontecer em qualquer empresa”
17) Denis Sampaio
18) Djefferson Amadeus
19) Felipe Martins Pinto - Professor de Direito Processual Penal da UFMG e representante do Instituto dos Advogados de Minas Gerais (IAMG)
20) Fernando da Costa Tourinho Neto - Ex-presidente da Ajufe
21) Fernando Santana - foi presidente da Comissão de Direitos de Garantia do Direito de Defesa e atual conselheiro federal da OAB - Entrevistas "Aumentar prazo para prescrição permite que Estado continue funcionando mal" e "Processo penal não é política"
22) Floriano Peixoto de Azevedo Marques Neto - professor da USP
23) Francisco Ramalho Ortigão Farias - Especialista em direito penal e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
24) Gabriela Zancaner - Professora de Direito Constitucional da PUC/SP
25) Guilherme Henrique Magaldi Netto
26) Gustavo Alberine Pereira
27) Gustavo Badaró - Doutor e Mestre em Direito Processual Penal pela USP. Artigos Quem está preso pode delatar? e Porque eu não comemoro a prisão do José Dirceu
28) Ilídio Moura
29) Jader Marques
30) João Geraldo Piquet Carneiro - Foi ministro da Desburocratização (1983-1985), foi presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência, é presidente do Instituto Helio Beltrão.
31) João Porto Silvério Júnior - Doutor em Direito Processual pela PUC/Minas e Università di Roma Tre. Mestre em Direito (Ciências Penais) pela UFG.
32) Kleber Luiz Zanchim - Presidente da Comissão de Estudos de Saneamento do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP), Doutor pela Faculdade de Direito da USP.
33) Lenio Luiz Streck - Jurista, professor de direito constitucional e pós-doutor em Direito. Artigos Como (não) se ensinava processo penal antes da "lava jato" e Embate entre Lenio Streck e Moro aborda resistência sobre delações
34) Leonardo Avelar Guimarães
35) Leonardo Canabrava Turra
36) Leonardo Vilela
37) Letícia Lins e Silva
38) Liliane de Carvalho Gabriel
39) Luiz Carlos Bettiol
40) Luiz Guilherme Arcaro Conci - Professor de Direito Constitucional da PUC-SP. Entrevista Operação Lava Jato reflete fortalecimento da PF, dizem juristas
41) Marcelo Turbay Freiria
42) Marcos Eberhardt - Advogado, conselheiro da OAB e professor da PUC-RS. Artigo Revelar bilhete de preso para advogado viola sigilo
43) Marcos Paulo Veríssimo - Professor do Departamento de Direito do Estado da Faculdade de Direito da USP, foi conselheiro do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)
44) Mariana Madera
45) Marina Cerqueira - Professora de Direito Penal da UNIJORGE
46) Maurício Dieter - Professor da Faculdade de Direito da USP
47) Maurício Portugal Ribeiro - Mestre em Direito pela Harvard Law School, autor de vários livros e artigos sobre concessões e PPPs
48) Maurício Zockun - Professor de Direito Administrativo da PUC-SP
49) Miguel Tedesco Wedy - Professor da Unisinos, advogado criminalista, doutor pela Universidade de Coimbra. Artigo Erros e acertos da Lava-Jato
50) Nestor Eduardo Araruna Santiago - Advogado criminalista, doutor em Direito, professor do Curso de Pós-Graduação em Direito da Unifor e professor da Faculdade de Direito da UFC. Artigos Direito Penal, Processo Penal e Constituição e Confronto das Ideias
51) Pedro Estevam Serrano - professor de Direito Constitucional da PUC-SP, mestre e doutor em Direito do Estado pela PUC/SP com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa. Artigo O juiz acusador e a audiência de custódia e Entrevista Lava Jato cria processo stalinista, diz advogado
52) Pedro Ivo Velloso
53) Pedro Machado de Almeida Castro - Mestre em Direito Processual Penal pela USP. Professor Voluntário de Direito Penal da UnB
54) Rafael Nunes da Silveira
55) Rafael Valim - Presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos da Infraestrutura. Entrevista Lava Jato: impasse no abismo
56) Raphael Mattos - Reportagem Tribunal barra investigação: e se fosse a Lava Jato?
57) Roberto Garcia
58) Rogerio Maia Garcia - Mestre em Ciências Criminais e especialista em Direito Penal
59) Salah H. Khaled Jr. - Professor de Direito da PUC/RS
60) Sergio Ferraz - Membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas. Em 2006, escreveu relatório da OAB sobre a possibilidade de impeachment contra o ex-presidente Lula
61) Thiago M. Minagé - Doutorando e Mestre em Direito. Professor de Penal da UFRJ/FND. Professor de Processo Penal da EMERJ. Autor da Obra: Prisões e Medidas Cautelares à Luz da Constituição. Artigo Princípios óbvios não são aplicados à prisão preventiva
62) Tito Amaral de Andrade
63) Victoria de Sulocki - Professora da PUC-Rio, Presidente da Comissão de Direito Penal
64) Weida Zancaner - Mestre em Direito Administrativo

A seguir, quem são os advogados de réus da Lava Jato que assinaram o manifesto:

1) Alexandre Lopes - Defesa Renato Duque
2) Alexandre Wunderlich - Cinco réus da empreiteira Odebrecht
3) Antonio Carlos de Almeida Castro (Kakay) - Defende a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB-MA), o ex-ministro e senador Edison Lobão (PMDB-MA) e os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Romero Jucá (PMDB-RR)
4) Antonio Claudio Mariz de Oliveira - Defendeu o vice-presidente da Camargo Correa Eduardo Hermelino Leite.
5) Antônio Sérgio A. de Moraes Pitombo - Defesa vice-presidente da Engevix Gerson de Mello Almada
6) Antonio Vieira - Um dos advogados de Marcelo Odebrecht
7) Augusto de Arruda Botelho - Um dos advogados da Odebrecht
8) Camila Vargas do Amaral - Defesa de Rogério Santos de Araújo, da Odebrecht
9) Camile Eltz de Lima - Defesa de Fábio Andreani Gandolfo, diretor da Odebrecht
10) Dora Cavalcanti - Defesa da Odebrecht
11) Eduardo Carnelós - Advogado de Rosely Santos, ex-esposa do prefeito cassado de Campinas, Hélio de Oliveira Santos (PDT)
12) Eduardo de Moraes - Defesa de Jorge Zelada
13) Eduardo Sanz - Defesa João Procópio e de Schahin
14) Edward de Carvalho - Um dos advogados da OAS
15) Flavia Rahal - Advogada de Rogério Santos de Araújo, ex-diretor da Odebrecht
16) Guilherme San Juan - Defesa de Flávio Lúcio Magalhães, diretor da Andrade Gutierrez, e de Rubens Taufic Schahin
17) Guilherme Ziliani Carnelós - Advogado de Rogério Araújo, da Odebrecht
18) Hortênsia M. V. Medina - Advogada de Edison Lobão
19) Jacinto Nelson de Miranda Coutinho - Defende executivos da OAS
20) José Carlos Porciúncula - Um dos advogados de Marcelo Odebrecht
21) Julia Sandroni - Advogada de Luis Eduardo Campos Barbosa da Silva
22) Lourival Vieira - Um dos advogados de Marcelo Odebrecht
23) Luiz Henrique Merlin - Defesa de João Procópio
24) Luiz Tarcisio T. Ferreira - Advogado da empreiteira UTC
25) Maira Salomi - Integra banca de advocacia do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, representa Edinho Silva
26) Marco Aurélio Nunes da Silveira - Defendeu Othon Zanoide de Moraes Filho e Ildefonso Colares Filho, da Queiroz Galvão
27) Nabor Bulhões - Um dos advogados de Marcelo Odebrecht
28) Nélio Machado - Defensor do operador Fernando Soares e de Paulo Roberto Costa
29) Nilson Naves - Ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça, defesa do senador Valdir Raupp (PMDB-RO)
30) Paulo Emílio Catta Preta - Advogado de Jaqueline Roriz
31) Rafael Tucherman - Um dos advogados de Marcelo Odebrecht
32) Renato de Moraes - Advogado de Renato Duque
33) Roberta Cristina Ribeiro de Castro Queiroz - Uma das advogadas de Edison Lobão
34) Roberto Podval - Advogado de José Dirceu
35) Roberto Telhada - Advogado da OAS
36) Técio Lins e Silva - Advogado do ex-diretor da Odebrecht Alexandrino de Alencar
37) Thiago Tibinka Neuwert - Defesa de João Procópio
38) Tiago Lins e Silva - Sócio de Técio Lins e Silva

39) Ticiano Figueiredo - Defende o réu Carlos Habib Chater

El País - É política, estúpido

Parecemos alemães quando vamos protestar e brasileiros quando vamos planejar um país ou um governo. Deveria ser exatamente o oposto. Lembro que uma vez, um argentino, alto funcionário do governo de seu país, me explicou a naturalidade com a qual protestos são realizados em Buenos Aires.

Segundo esse oficial do governo, os sentimentos que geram protestos naquele país são infinitamente mais sofisticados do que neste. De largada, a tematização do objeto contra o qual se irá protestar é de suma importância. Protestos sem foco se tornam desfiles, festivais de selfies e paraíso de vendedores ambulantes. Não podemos protestar simplesmente contra os políticos. Isso soa bobo e sem foco. É como protestar contra a maldade ou contra a mentira. O foco dá poder, dá força e realmente faz os governos tremerem na base.

O argentino prosseguiu: “O momento, ou “timing”, de um protesto é metade de sua importância. A reação deve ser imediata, e demonstrar um reflexo de que a sociedade está realmente de olho. Quando uma medida considerada ruim por segmentos da sociedade argentina é anunciada, a reação de indignação é o suficiente para que um grupo se encontre, espontaneamente na Praça de Maio. Pode estar chovendo, ser dia de semana ou no horário do futebol. Não importa. A resposta é imediata, e lá estão um grupo, pequeno, médio ou grande, batendo panelas na frente da Casa Rosada”.

Parece que faz muito tempo, mas não foi. Quando ocorreu o impeachment de Fernando Collor, a espontaneidade dos movimentos de rua foi fundamental. As pessoas saíram para derrubar o presidente porque sentiam que era a hora de ir para as ruas.

Os protestos em Paris contra os ataques terroristas, por mais que tenham sido convocados também por redes sociais, ocorreram no fim de semana seguinte aos atos. Questão de dias. Independente da convocação, todos sabiam que aquele era o momento. Estavam antenados com o ambiente respirado no país, souberam ler a situação e realmente estavam indignados na rua.

No Brasil, o primeiro grande protesto de 2013 foi o que causou maior impacto. Ele foi motivado por um sentimento de raiva, que ganhou uma proporção enorme assim como uma grande falta de foco e objetivo. O que era motivado pelo abuso dos preços das passagens, se tornou uma generalização contra tudo. Aí, começou a perder força política apesar de manter a força estética.

Política é coisa séria. Se você não gosta de política, não tem problema, mas saiba que alguém que gosta irá fazê-la por você. E isso é um dos grandes problemas do nosso país. Um processo de impeachment não é uma festa, por mais que muitos queiram e outros tantos não, trata-se de um evento associado a uma imagem de fracasso.

Não deveríamos estar preparando festejos nas ruas. Dependendo de que lado você esteja, a indignação é o combustível que move a política. A indignação deve ser a marca dos protestos, dos cânticos e estar presente nos rostos das pessoas. Sorrisinhos, beijinhos e poses para o celular retiram toda a credibilidade do que está ocorrendo.

A gravidade do momento que o país vive requer comportamentos naturais. Marcar com três meses de antecedência, com horário para começar e para terminar, fantasiar-se para um carnaval mais parece um coquetel diplomático do que um movimento para mudar os rumos de um país.

Artigo, Josias de Souza – Lula já é tratado como suspeito em quatro processos

Lula finge não notar, mas sua propalada honestidade já se encontra sob questionamento em pelo menos quatro inquéritos. Num deles, o promotor Cássio Conserino, de São Paulo, avisou que formalizará uma denúncia contra o ex-presidente e sua mulher, Marisa Letícia. Vai enquadrá-los no crime de lavagem de dinheiro. Acusa-os de ocultar a posse de um apartamento triplex no Guarujá. O imóvel foi reformado pela OAS, uma das empreiteiras enroladas na Lava Jato. “Lula e dona Marisa serão denunciados”, disse o promotor à revista Veja. “Brevemente, eles serão chamados a depor.”

Alheio ao cerco que se fecha à sua volta, Lula ainda cultiva um conceito extraordinário sobre si mesmo. “Se tem uma coisa de que me orgulho é que não tem nesse país uma viva alma mais honesta do que eu”, autocongratulou-se há quatro dias, numa entrevista com blogueiros. Nessa mesma conversa, estalando de autoridade moral, Lula desafiou: “Duvido que neste país tenha um promotor, um delegado […] que tenha coragem de afirmar que eu tenha me envolvido em qualquer coisa ilícita neste país.”

É como se Lula, trancado em sua autoestima, enxergasse a conjuntura a partir de lentes cor de rosa. O problema é que, afora o processo sobre o apartamento de cobertura no Guarujá, há pelo menos outros três que conspiram contra a ilusão de ótica do cacique petista. Num desses processos, a Polícia Federal apura a suspeita de envolvimento de Lula no loteamento político que deixou a Petrobras vulnerável à pilhagem. Noutro, a PF investiga se Lula está envolvido no caso de venda de medidas provisórias durante sua gestão. Num terceiro, a Procuradoria esquadrinha denúncia de tráfico de influência de Lula em favor de empreiteiras brasileiras que atuam no exterior.

Lula já foi interrogado nos três casos. Em teoria, falou como testemunha. Na prática, foi tratado como suspeito. No inquérito sobre a Lava Jato, conduzido em Brasília pelo delegado federal Josélio Azevedo de Sousa, Lula foi interrogado no mês passado. Compareceu perante o delegado para falar como “informante”, na expressão usada pelo ministro Teori Zavascki, do STF, ao autorizar o interrogatório. Mas o doutor Josélio fez questão de expor as suspeitas que nutre em relação a Lula já no ofício que endereçou ao Supremo.

O delegado anotou: “Na condição de mandatário máximo do país” na época do assalto à Petrobras, Lula “pode ter sido beneficiado pelo esquema, obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo, com a manutenção de uma base de apoio partidário sustentada à custa de negócios ilícitos na referida estatal.”

Crivado de interrogações sobre o petrolão, Lula tentou manter diante do delegado a fábula do “eu não sabia”. Mas suas contradições denunciaram um depoente em apuros. A certa altura, o doutor Josélio perguntou sobre Renato Duque, o ex-diretor de Serviços da Petrobras, que está preso no Paraná sob acusação recolher propinas na estatal em nome do PT. Lula disse não ter nada a ver com a nomeação de Duque.

Na versão de Lula, o nome de Duque foi submetido à Casa Civil da Presidência, então chefiada por José Dirceu. “Cabia à Casa Civil receber as indicações partidárias e escolher a pessoa que seria nomeada”, disse. O delegado perguntou se Duque era o homem do PT na diretoria da Petrobras. Lula disse não saber “se foi o PT ou outro partido” que o indicou. Realçou que não conhecia Duque. E quanto a Nestor Cerveró, outro ex-diretor da Petrobras preso? “Foi uma indicação política do PMDB.”

Lula repetiu que não participou do processo de escolha dos diretores da Petrobras. Sustentou que a escolha dos nomes passava pela costura de acordos políticos. Tais acordos “eram feitos normalmente pelo ministro da área, pelo coordenador político do governo e pelo partido interessado na nomeação.” Sem mencionar-lhe o nome, acabou jogando Dilma no caldeirão.

A Petrobras é subordinada ao Ministério de Minas e energia. Na época da nomeação dos diretores corruptos, a ministra “da área” era Dilma. O delegado indagou quem era o coordenador político do governo. Lula respondeu que teve vários. Citou quatro: Tarso Genro, Jaques Wagner, Alexandre Padilha e Aldo Rebelo. Alegou não se lembrar qual deles tratou das nomeações de Renato Duque e de Nestor Cerveró.

Espreme daqui, aperta dali, Lula caiu em contradição. Reconheceu que a palavra final sobre as nomeações era dele. Depois de ter jogado toda a responsabilidade sobre os ombros de Dirceu, explicou que os partidos negociavam suas nomeações com diversos atores —os ministros da área, o coordenador político…— “não somente com o ministro-chefe da Casa Civil.” E admitiu: “ao final do processo”, o fisiologismo desaguava no gabinete presidencial. Ouvido, Lula “concordava ou não com o nome apresentado”. Alegou que baseava suas escolhas em “critérios técnicos que credenciavam o indicado”. Deu no que deu.

Dias atrás, ao protocolar no STF denúncia contra o deputado Vander Loubet (PT-MS), acusado de receber petropropinas, o procurador-geral da República Rodrigo Janot anotou no texto conclusões que reforçam a linha de investigação do delegado Josélio. Segundo Janot, Lula concedeu ao senador Fernando Collor (PTB-AL) “ascendência'' sobre a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. Fez isso em 2009, “em troca de apoio político à base governista no Congresso Nacional''.

Janot soou ácido. Na sua definição, formou-se na BR Distribuidora, sob Lula, “uma organização criminosa preordenada principalmente ao desvio de recursos públicos em proveito particular, à corrupção de agentes públicos e à lavagem de dinheiro''. Collor nomeou dois diretores da estatal. Lula decerto avaliou que o aliado se movia por patriotismo. Mas Janot informou na petição ao STF que as diretorias ocupadas por seus apaniguados “serviram de base para o pagamento de propina ao parlamentar.'' Além da turma de Collor, Lula acomodou na BR Distribuidoras apadrinhados do PT, também para realizar a coleta de “valores ilícitos”, acusou Janot, numa espécie de aviso sobre o que ainda está por vir na Lava Jato.

Há duas semanas, Lula viu-se compelido a prestar novo depoimento à PF, dessa vez sobre a suposta compra de medidas provisórias por lobistas a serviço de empresas de automóveis. O interrogatório foi constrangedor. Lula foi questionado sobre os R$ 2,5 milhões que seu filho caçula, Luís Claudio Lula da Silva, recebeu do lobista preso Mauro Marcondes, um dos suspeitos de intermediar a comora de MPs. Como de praxe, Lula disse que não sabia de nada.

Lula foi confrontando com o teor de documento apreendido no escritório de Mauro Marcondes. Nele, está escrito: “a MP foi combinada entre o pessoal da Fiat, o presidente Lula e o então governador de Pernambuco Eduardo Campos''. E Lula: “Combinação nesse sentido pejorativo é coisa de bandido. Não ocorreu". Admitiu, porém, que se reuniu “algumas vezes” com Eduardo Campos e Cledorvino Beline, da Fiat. Alegou que a conversa foi sobre a instalação de fábrica da Fiat em Pernambuco.

A PF mostrou a Lula também minuta de uma carta dirigida a ele pelo lobista Mauro Marcondes em agosto de 2012, já sob Dilma. No documento, o personagem pediu o apoio de Lula para convencer o governo a comprar da empresa sueca Saab caças Gripen para a Força Aéra Brasileira. Lula disse não ter recebido a carta. A despeito da negativa, a PF lhe perguntou se os R$ 2,5 milhões repassados ao seu filho pelo lobista seria uma contrapartida da Saab. “Essa hipótese é um absurdo”, reagiu Lula. Seria, então, pagamento da compra de MPs? “Essa hipótese é outro absurdo”, repetiu Lula.

A Procuradoria da República interrogou Lula como suspeito também no processo que trata do suposto tráfico de influência internacional em favor de empreiteiras que virariam clientes de suas palestras, tornando-o um próspero ex-presidente da República. As mesmas construtoras frequentam os processos da Lava Jato de ponta-cabeça. Seus executivos estão presos.

O prédio de Jaques Wagner tem pier e até teleférico para a praia, Salvador

Antes de entrar no governo, a troika integrava a classe C do Lula, mas viraram milionários de uma hora para a outra.


Há apenas poucos anos, o chefe da Casa Civil de Dilma morava num apartamento de R$ 150 mil, mas agora seu apartamento custa R$ 3 milhões. O edifício tem pier particular e até teleférico para alcançar a praia, a mais requisitada da Bahia.

O ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, aumentou seu padrão de vida nos últimos anos, período em que ocupou o governo da Bahia. Wagner hoje é dono um apartamento no bairro mais luxuoso de Salvador. O prédio do petista conta até com teleférico e píer particular.

O imóvel fica no bairro Vitória, mais precisamente na região conhecida como Corredor da Vitória, um dos metros quadrados mais caros do País, comparado ao de áreas nobres da zona sul do Rio. No bairro, vive praticamente toda a elite política e empresarial da capital baiana, além de artistas famosos.

Segundo registro em cartório, o apartamento custou R$ 1,45 milhão. A compra foi efetivada em março de 2011, cinco meses após a reeleição de Wagner como governador. Até o fim de 2014, porém, ele continuou morando no Palácio de Ondina, residência oficial do governador. Mudou-se para o novo endereço no ano passado.

Com a autorização de um morador, o jornal Estado conheceu as áreas comuns do condomínio. Além de píer e teleférico que dá acesso à praia, o prédio dispõe de academia, piscina, sala de cinema e quadra poliesportiva. O imóvel tem a melhor vista da cidade para a Baía de Todos os Santos.

Imóvel

Por meio dos dados registrados em cartório, a reportagem obteve detalhes sobre o apartamento de Wagner. O imóvel tem área privativa de 252,08 metros quadrados. Conta com sala de jantar, quatro quartos com suíte, lavabo, área de serviço de dois quartos de empregada.

Há cerca de seis meses, o corretor Raimundo Epifânio da Silva, especialista em imóveis no Corretor da Vitória, vendeu um apartamento igual ao de Wagner. Ele conta que o negócio foi fechado em R$ 3,5 milhões. "Depende do estado do apartamento. Se estiver arrumado, reformado, vale mais", disse Epifânio.

Antes de ser eleito pela primeira vez, Wagner morava no bairro Federação, num apartamento que ele declarou ter comprado por R$ 150 mil, em 2001. O ministro vendeu o imóvel a Antonio Celso Pereira, que é ligado politicamente a Wagner. Ele foi superintendente no governo da Bahia e diretor na Companhia de Docas do Estado. Pereira pagou R$ 900 mil pelo imóvel de Wagner

Com formação de técnico de manutenção, Wagner atuou como dirigente sindical entre 1975 e 1990, quando se elegeu deputado federal. Por ter exercido dois mandatos, ele ganha uma aposentadoria de R$ 10 mil. No fim de 2014, a Assembleia Legislativa da Bahia criou uma aposentadoria de R$ 19 mil para ex-governadores, o que acabou beneficiando Wagner.


Por meio de sua assessoria, o ministro disse que a transação foi feita de acordo com valores de mercado e que o imóvel consta da declaração de imposto de renda dele. As informações são do jornal O Estado de S. Pau

PF pede condenação de Marcelo Odebrecht, Alexandrino Alencar e mais quatro na Lava Jato

Procuradores apresentaram as alegações finais na ação penal contra o presidente afastado do Grupo Odebrecht e mais cinco réus.

 O Ministério Público Federal apresentou as alegações finais, na ação que tem, entre os réus, o presidente afastado do grupo Odebrecht -- Marcelo Odebrecht e outros ex-executivos da empreiteira.
Os procuradores da Lava Jato pedem a condenação de seis réus. São eles o presidente afastado do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht; os ex-executivos Rogério Araújo, Márcio Faria, César Rocha e Alexandrino de Alencar, considerados pelo Ministério Público como os operadores dos pagamentos; além do ex-diretor de serviços da Petrobras, Renato Duque. Todos estão presos, menos Alexandrino de Alencar e César Rocha. Os réus são acusados de crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

O Ministério Público afirma que a organização criminosa desviou, por meio do esquema de corrupção na Petrobras, R$ 300 milhões.

O Ministério Público diz no documento que "o envolvimento de empresários do Grupo Odebrecht nas atividades ilícitas da organização criminosa era comandado, notadamente, por Marcelo Odebrecht, que atuava na orientação dos demais membros e na coordenação de todas as etapas das práticas delituosas".

O Ministério Público aponta como prova mensagens de celular e e-mails de Marcelo Odebrecht apreendidos na operação.

Em um dos e-mails citados pelo Ministério Público, um ex-funcionário escreve a Marcelo Odebrecht sobre "um possível sobrepreço em contratação de sondas".

Os procuradores dizem que também que há conversas em que Marcelo Odebrecht faz referências a obras da Petrobras, demonstrando - segundo os investigadores - o conhecimento e o envolvimento dele nos assuntos e negócios em relação a ela.

Um dos e-mails é de 2011 e Marcelo diz: “quanto à Petrobras, precisamos ver quem é que decide este assunto e a estratégia para influenciá-lo”.

Com base nesses documentos, os procuradores também dizem que "sob as ordens de Marcelo Odebrecht, o ex-gestor da Braskem, empresa na qual a Odebrecht tem sociedade com a Petrobras, o ex-executivo Alexandrino de Alencar se reunia com o doleiro Alberto Youssef e o ex-deputado do PP José Janene para negociar o pagamento de propina dirigida ao grupo político que se beneficiava dos contratos firmados pela Braskem com a Petrobras, efetuando então depósitos nas contas indicadas por Alberto Youssef".

José Janene morreu em 2010 e foi um dos deputados investigados no caso do mensalão do PT.

Esse caso específico de transferências de propina da empreiteira e da Braskem para o exterior foi citado na delação de um funcionário do doleiro Alberto Youssef.  

Os procuradores pedem a suspensão do processo para Alberto Youssef, para o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e para o ex-gerente Pedro Barusco, um benefício previsto nos acordos de deleção deles.

Os procuradores da Lava Jato dizem que o suposto caso de corrupção envolvendo o grupo Odebrecht é dos maiores já revelados no país. Eles pedem que os réus devolvam aos cofres da Petrobras mais de R$ 6 bilhões.

A defesa de Marcelo Odebrecht negou a participação dele em qualquer desvio de dinheiro.