Resiliência da economia brasileira

 A resiliência da economia brasileira à segunda onda de Covid se mostrou relevante. A

intensificação da pandemia sempre se configurou como um risco em nosso cenário. Aos olhos de

hoje, entretanto, esse risco se mostrou superestimado, seja porque as empresas e famílias

aprenderam a lidar com a pandemia, seja porque a mobilidade, na prática, caiu menos do que o

esperado. Com isso, revisamos nossa estimativa para o PIB de 2021 para 4,8% e mantivemos

inalterada a projeção de 2022 em 2,0%.

o Um “efeito colateral” relevante do maior crescimento econômico tem se dado sobre a

dinâmica e as projeções para a dívida pública. Nossa expectativa para o resultado primário é um

déficit de R$ 198,3 bilhões em 2021 e R$ 156,6 bilhões em 2022, com uma correspondente dívida

pública em 84,6% do PIB e 86,3%, respectivamente.

o A taxa de câmbio manteve uma dinâmica mais positiva no último mês, com apreciação maior

do que os pares. Do ponto de vista dos fundamentos, era para o câmbio sugerido estar bem mais

apreciado, mas uma combinação de riscos vinha impedindo essa apreciação. Entretanto, neste

momento, há uma janela favorável a esse movimento. Para o final do ano, posicionamos nossa

expectativa para a taxa de câmbio em R$/US$ 5,10, dada as incertezas ainda presentes.

o Com crescimento econômico mais forte, avanço nos preços de commodities e de itens

monitorados, a inflação seguirá pressionada nos próximos meses. Revisamos nossa projeção

para o IPCA deste ano de 5,2% para 5,5%. Para o próximo ano, mantemos a avaliação de que ainda

é possível cumprir o centro da meta, em 3,5%, a partir da calibragem da taxa Selic em 2021.

o O desafio da política monetária será o de manter as expectativas de inflação de 2022

ancoradas, diante de um ajuste ainda parcial. A Selic deve encerrar em patamar mais elevado do

que em nosso cenário anterior, 5,75% contra 5,25%. Para 2022 esperamos que Selic chegue a 6,5%.