Rodrigo Maia avisa: "Não sou desleal. Sou e serei leal com Temer"

O presidente da Câmara, que está em viagem à Argentina, disse estar preocupado com a crise política vivida pelo Brasil e que será "leal" e "correto" com Michel Temer:

- Aprendi em casa a ser leal, correto e serei com o presidente Michel Temer sempre

Rodrigo Maia trai Michel Temer à luz do dia ?

Rodrigo Maia trai Michel Temer à luz do dia ?

BRASÍLIA (Reuters) - Sucessor imediato ao comando do país em caso de afastamento do presidente Michel Temer, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu nesta sexta-feira em mensagens no Twitter que é preciso ter "muita tranquilidade e prudência" no momento, e defendeu que se deve avançar na agenda de reformas no país.
"Precisamos ter muita tranquilidade e prudência neste momento. Em vez de potencializar, precisamos ajudar o Brasil a sair da crise", disse o deputado na rede social.
Maia acrescentou que tem de ser estabelecida "o mais rápido possível" a agenda da Câmara. "Não podemos estar satisfeitos apenas com a reforma trabalhista. Temos Previdência, Tributária e mudanças na legislação de segurança pública", afirmou.
Embora venha evitando falar publicamente da denúncia que tramita na Câmara contra Temer, o presidente da Casa tem se movimentado sutilmente nos bastidores como fiador da agenda reformista.
Temer será afastado do cargo se a Câmara autorizar que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue a acusação criminal contra ele pelo crime de corrupção passiva e a maioria dos ministros da Corte aceitar a denúncia.
Maia, que cumpre agenda oficial na Argentina desde quinta até sábado, recebeu esta semana um importante apoio público. O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse que o deputado tem todas as condições para levar o país a uma mínima estabilidade até 2018 e afirmou --sem citar o governo Temer-- que o Brasil está chegando a uma ingovernabilidade.
No caso de afastamento de Temer, o presidente da Câmara assumiria o comando do país por até 180 dias, prazo para o Supremo julgar o peemedebista. Temer retornaria ao comando do país se o STF não o concluísse o julgamento até lá.

Se Temer for condenado e afastado em definitivo, Maia teria 30 dias para conduzir o processo de uma eleição indireta -- na qual ele próprio poderia ser candidato para o mandato-tampão até o final de 2018.

Manifestantes deram show de truculência na Câmara

Manifestantes deram show de truculência na Câmara
Há instrumentos legítimos para contestar um projeto aprovado, e a papagaiada de quarta-feira não está entre eles
Por: Paulo Germano

Não tem desculpa, não há justificativa que explique os servidores municipais invadirem o plenário da Câmara, subirem na Mesa Diretora feito bugios e impedirem os vereadores de votar.
Não interessa se o projeto é injusto. Não interessa se consideram inconstitucional. Que protestem, que façam pressão, que lotem as galerias, que acionem a Justiça para derrubar a lei — como o PSOL já anunciou que acionará —, mas, na Câmara de Vereadores, projeto se derruba no voto. Aqueles vereadores representam 1,5 milhão de porto-alegrenses, e não 30 mil funcionários públicos.
Nossa democracia representativa pode ser pavorosa, mas por enquanto é o que temos: se a maioria dos vereadores eleitos aprova um projeto que aumenta a alíquota previdenciária dos servidores de 11% para 14%, então basta o prefeito sancioná-lo para virar lei. Há instrumentos legítimos para contestar um projeto aprovado, e a papagaiada de quarta-feira não está entre eles.
Não vai faltar, claro, quem me acuse de "conservador" por defender as regras do jogo. Bobagem. Apenas me recuso a abençoar todo tipo canalhice como se fosse uma corajosa conduta progressista. Invadir o plenário da Câmara para impedir vereadores de representar quem votou neles é só — e somente só — autoritarismo.

O presidente do Legislativo, Cássio Trogildo (PTB), fez bem em convocar uma sessão extraordinária para retomar a votação em outra sala do parlamento. O regimento interno da Casa permite isso. Não pode o mundo parar toda vez que um grupinho — de esquerda ou de direita, conservador ou liberal — entender que, se as coisas não forem do meu jeito, não serão de jeito nenhum.