Só uma escola técnica estadual está entre as 100 melhores do Enem

Escolas técnicas, federais e colégios militares dominam a lista das 100 mais bem colocadas no ranking do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2015. Só uma unidade é ligada à rede estadual. Os dados do Enem por escola foram divulgados oficialmente nesta terça-feira (4) pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão do Ministério da Educação responsável pelo Enem. Para calcular a média geral das escolas, a reportagem considerou as notas das quatro provas objetivas do Enem: linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza. Das 100 melhores unidades públicas na última edição do Enem, 91 atendem alunos de níveis socioeconômicos alto ou muito alto (os dois mais elevados índices do critério do Ministério da Educação). O perfil dos alunos é um dos fatores que mais colabora para o sucesso escolar. A rede federal tem 36 unidades entre as 100 primeiras. Com exceção de duas municipais -a Escola Técnica de Paulínia (SP) e de aplicação da Fundação educacional de Macaé (RJ)-, o restante é de escolas técnicas, como as Etecs de São Paulo, e unidades ligadas a universidades estaduais. Em praticamente todas essas unidades há prova de seleção para entrada. LÍDER A escola pública com maior nota é o Coluni (Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa), em Minas. Com média de 690,5 na parte objetiva, a escola ficou na 33ª melhor posição do país no Enem 2015. De acordo com Renata Gonçalves, diretora em exercício do Coluni, os alunos têm acesso a um ambiente típico de universidade, com atividades de pesquisa e extensão, além do ensino. "Os alunos ficam praticamente o dia todo aqui, sempre estão envolvidos em projetos quando não estão em aula", diz ela. Os professores são de dedicação exclusiva à escola e praticamente todos os 34 docentes têm doutorado. A unidade já foi a primeira colocada também em 2014, mas a diretora afirma que os cortes recentes de recursos do governo federal no sistema federal pode comprometer os resultados futuros. "Não sei se esses bons resultados podem continuar, porque os cortes estão minando o investimento em mão de obra docente, que é o essencial", diz. Segundo ela, houve restrições em contratações e a escola já não conseguiu repor professores aposentados ou de licença. As redes estaduais concentram 84% dos estudantes de ensino médio do país. A única estadual fica em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A Escola de Educação Básica Gomes Carneiro registrou uma média de 582,1 - acima da média nacional da rede privada, que é de 556,6. Apenas 27 alunos fizeram a prova em 2015 (de um total de 32 alunos no 3º ano do ensino médio). O nível socioeconômico dos alunos é alto, de acordo com o critério do Ministério da Educação.

Artigo, Marcelo Aiquel - O blá blá blá de Tarso Genro

Artigo, Marcelo Aiquel - O blá blá blá de Tarso Genro

         O político Tarso Genro, que entre suas “grandes” contribuições para o país está à concessão de exílio para o terrorista e assassino italiano Cesare Battisti, depois de – literalmente – ter raspado os cofres do RS quando Governador, resolveu falar sobre o fragoroso fracasso eleitoral do PT nas eleições municipais recém-realizadas.
         Ao contrário da falácia de REFUNDAR O PT (argumento de outra incisiva declaração sua, há tempos atrás), desta vez o “simpático” advogado falou da necessidade do partido que representa fazer uma sincera análise pública dos fatores que lhe levaram a esta perda de confiança de grande parte de seu eleitorado (sic) ao comentar para o jornal Zero Hora a derrota fulminante sofrida nas urnas.
         Independentemente das justificativas oferecidas, a conclusão que se tira é a mesma. Ou seja, o senhor Tarso reconhece novamente que, antes de precisar recomeçar do zero (refundar, segundo seu pernóstico vocabulário), há a urgência de uma SINCERA ANÁLISE PÚBLICA por parte dos petistas.
         Ora, o que teria mudado assim tão de repente?
         Não estava o “peremptório” Tarso pedindo votos – AINDA NESTES DIAS – para o Raul Pont, quando declarava de viva voz que RAUL era a solução para Porto Alegre?
         Será que até poucos dias a tal SINCERA ANÁLISE PÚBLICA não era necessária? Ou a análise não era sincera?
         E aquela balela de REFUNDAR O PT, onde quedou inerte?
         Como vemos, o ex-governador continua tentando convencer os incautos através de um discurso que não encontra eco no seu próprio comportamento político, eis que está sempre reclamando, mas nunca tomou uma decisão que se coadunasse com as suas críticas.
         As contradições das declarações do senhor Tarso são tão claras quanto á sua absoluta “cara de pau”.
         Dissimulado como poucos, ele segue atrelado ao PT que tanto critica.

         E tem muita gente que ainda o endeusa.

Artigo, Tito Guarnieri - A vítima

Deem um microfone a Lula e ele comandará o show, mestre do histrionismo, capaz de (se deixarem) encantar serpentes e levar ao delírio as plateias de sua grei, que mesmo um tanto aflitas com as perdas recentes, ainda têm amor para dar. Como disse uma vez a filósofa símbolo do PT, Marilena Chauí, “quando Lula fala o mundo se cala”.  Bem entendido, se cala somente no intervalo entre os aplausos, que Lula sabe puxar como ninguém.

Na véspera de ser declarado réu na Lava Jato, na Vara do juiz Sérgio Moro – tudo o que ele não queria – Lula falou para os seus no elogio que nunca cansa, da obra inexcedível dos governos do PT, ao mesmo tempo em que lançou desafios de reação e resistência, contra a perseguição de que é vítima.

Lula é bom no papel de vítima. Os algozes são os suspeitos de sempre, as elites (embora ele não decline quem sejam, pois as fatias mais poderosas do PIB nacional foram aliadas e beneficiárias dos governos do PT e mamaram docemente nas tetas do Estado – banqueiros, empreiteiras, multinacionais), a mídia golpista, os procuradores da Lava Jato, o juiz Moro, as oposições golpistas, sedentas de revanche depois das sucessivas derrotas.

Não duvidem, em algum momento ele perguntará: como ousam duvidar de minha inocência, eu que tanto bem fiz a este País?. Nas entrelinhas do discurso, lido com atenção, sempre estará explícito o subtexto pretensioso de que “eles nos odeiam porque somos melhores”.

No destampatório choroso, nenhuma palavra sobre as denúncias de que é alvo, como se não existissem, e nenhuma palavra de autocrítica, como se ele e o PT jamais tivessem cometido um erro, nem mesmo na indicação imperial da sucessora Rousseff, que se revelou um pesadelo, desses que fazem acordar à noite e varar a madrugada lamentando a escolha. O equívoco fatal, porém, em breve estará esquecido, graças ao providencial atributo da memória, que tende a esquecer as más lembranças e as coisas ruins.

O papel de vítima lhe cai e lhe faz bem, uma vez que a vida de Lula é um rolo só. Como diz Christopher Lasch, em “O Eu Mínimo”, a “possibilidade de se declarar (vítima) é uma casamata, uma fortificação, uma posição estratégica a ser ocupada”.

Lula poderia ter lido o primoroso tratado de Daniele Giglioli sobre o vitimismo, que ensina:  “A vítima é o herói do nosso tempo. Ser vítima dá prestígio, exige atenção, promove e promete reconhecimento, ativa um potente gerador de identidade, autoestima, imuniza contra qualquer crítica, garante inocência para além de qualquer dúvida razoável”.

Claro, Lula não leu o ensaio do historiador italiano, porque, esperto e intuitivo, já sabia dessas coisas muito antes. Não é de graça que todo pronunciamento do ex-presidente é vazado dos termos do conflito “nós”, os oprimidos, as vítimas, e “eles”, os opressores, os algozes. Pode ser primário e vulgar, mas funciona esplendidamente, diante das massas que adoram definições simplórias, tendo especial predileção pelas mais erradas e enganosas.

Claro, Lula, na sua intuição um tanto primitiva, não chega a notar, como Giglioli, que na vitimização, “o protesto político se degenera em uma choradeira de autocomplacência”.

titoguarniere@terra.com.br


Queda da produção industrial em agosto sugere retração dos investimentos no terceiro trimestre

A produção industrial recuou 3,8% na passagem de julho para agosto, excetuada a sazonalidade, conforme divulgado hoje pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE. O resultado veio em linha com nossa projeção (de queda de 3,7%) e abaixo da expectativa do mercado, que esperava uma retração de 3,1%, de acordo com coleta da Bloomberg. Com esse resultado, foi interrompida a trajetória positiva observada por cinco meses consecutivos da atividade industrial. Na comparação interanual, a produção recuou 5,2%, acumulando declínio de 9,3% nos últimos doze meses.
Vinte e um dos vinte e quatro setores pesquisados mostraram retração em agosto, com destaque para veículos automotores, reboques e carrocerias, com queda de 10,4%, desempenho puxado pelas greves que levaram à paralisação de algumas fábricas. Ao mesmo tempo, a produção da indústria extrativa recuou 1,8% no período. No sentido oposto, o segmento de produtos farmoquímicos e farmacêuticos registrou expansão de 8,3% na margem.
Dentre as categorias de uso, a produção de bens de consumo duráveis teve sua tendência positiva interrompida, recuando 9,3% na margem. Também chama atenção o comportamento da fabricação de bens intermediários, com queda de 4,3%, a despeito do aumento das importações no período. Por fim, a produção de bens de consumo semiduráveis e não duráveis caiu 0,9% em agosto.
A produção de bens de capital avançou 0,4%, retomando o ritmo de expansão que vinha sendo registrado desde o início deste ano. Esse crescimento está alinhado com os sinais positivos vindos da retomada da confiança do empresariado industrial e do crescimento significativo das importações no período. No entanto, a produção dos insumos típicos da construção civil (ITCC) caiu 7,9% ante julho, o que deve levar a nova retração da formação bruta de capital fixo no terceiro trimestre do ano.
A contínua e significativa melhora da confiança nos últimos meses (conforme apontado pela FGV e CNI) deve manter o desempenho modesto da atividade industrial no curto prazo, a despeito dessa retração observada em agosto. Dessa maneira, esperamos alta da produção industrial em setembro, especialmente por conta da retomada da produção automotiva. De todo modo, acreditamos que a produção industrial deverá encerrar 2016 em queda, em parte refletindo a contração do início do ano e o carregamento estatístico dos fortes recuos do ano passado.
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Octavio de Barros
Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos - BRADESCO

Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos