Artigo, Facundo Cerúlio - O Grêmio na iminência de um gol contra

 Convém ouvir com certa desconfiança os rapazes da imprensa para quem o

ouvinte é mero consumidor. Pareceu muito estranho, meio fora do lugar,

que um desses iluminados, puxando o saco do treinador do Grêmio, falasse

na rádio: "Renato está mais maduro...".


Fiquei matutando... Aí veio a coletiva do Renato, um colosso! Falou da

possível volta do Luan ao Grêmio. E o que ele disse serviu para acabar

com qualquer dúvida que eu tivesse sobre a maturidade do profissional. E

olhem que eu gosto da pessoa (da pessoa!) do Renato Portaluppi!


Luan, segundo a imprensa paulista - oh, que surpresa... -, frequentava o

submundo quando acabou "tomando uma pisa" de gente do submundo. Não é

lindo? Mas Renato Portaluppi, que certamente ignora as circunstâncias do

fato, comentou o caso. Pior, atenuou a conduta do ex-atleta Luan e,

incrível!, defendeu o retorno do jogador ao Grêmio.


A partir daqui, abobalhados podem parar de ler esta coluna, escrita para

quem pensa no seu clube com cabeça adulta. Não precisa estar de acordo,

mas apenas refletir um pouco! E vamos ao que interessa.


Renato não lembra que Luan foi excelente apenas em 2017 e que, depois,

foi minguando, minguando, minguando até o Grêmio mandá-lo embora. Renato

disse "Comigo ele jogava!". Falso! Até jogou. Depois minguou.


Renato parece não saber que Luan (1) tem uma compleição física, vamos

dizer, um tanto frágil, isso por que ele (2) praticamente não passou

pelas categorias de base, descoberto que foi tardiamente, lá pelos 18

anos, jogando na várzea (claro, muito talentoso). E (3), por suas

limitações atléticas, necessita mais do que qualquer um de preservar as

suas condições orgânicas, o que é incompatível com noitadas e noitadas!


O problema é que nosso amadurecido técnico, na coletiva, deu um cartão

verde para Luan seguir com seu estilo de vida em Porto Alegre caso a

direção do Grêmio cometa o desvario de recontratá-lo (o que seria um

tremendo gol contra). Sim, ele disse que o guri "tem direito a se

divertir", "a aproveitar a vida", não importando, segundo ele, o que

acontece fora de campo. Nem me detenho nessa besteira.


Pelas barbas de Netuno, respondam! Luan, que já não jogava no Grêmio,

foi para o Corinthians e lá não conseguiu jogar; foi parar no Santos e

não jogou; voltou ao Corinthians e deu no mesmo: que fatores impediram o

talentoso Luan de jogar? E esses fatores desapareceram agora, como por

encanto, o que permitiria ao Grêmio recontratá-lo?


Ah, mas Renato vai dar um jeito nele... E por que não deu jeito quando

ele estava aqui minguando, minguando, minguando? E por que os iluminados

não fazem perguntas pertinentes aos treinadores (não só ao Renato)?


Báh, dá licença! Dizer "está mais maduro", em referência a um

sexagenário, acabou soando meio estranho...


Conclusão: abobalhados têm memória curta e seletiva, lembrando só o que

lhe dá prazer. É por isso que as antas só se lembram do Luan de 2017,

esquecendo que, depois, ele não estava nem aí para o clube que lhe

pagava uma grana pretíssima. E é por isso também que os iluminados da

imprensa, com seu comércio de ilusões, tanto investem nesse "segmento".

O pior é que conseguem fazer a cabeça de muita gente...

Rosane Oliveira, RBS, diz que "diálogo" garantiu aprovação da PEC. Saiba de que tipo foi o "diálogo".

Fã de carteirinha da PEC da Reforma Tributária desde que o lulopetismo assumiu o comando da votação na Câmara dos Deputados, a jornalista Rosane Oliveira, RBS, da mesma forma que o jornal no qual trabalha, Zero Hora, rasgou elogios a 5 personagens que segundo ela se destacaram na transação:

- Arthur Lira, Aguinaldo Riberiro, Baleia Rossi, Maria do Rosário e Pompeo de Matos.

Os dois primeiros personagens até dá para entender (Lira é presidente da Câmara e Ribeiro foi o relator da PEC), mas os demais nomes listados nem sequer podem ser considerados figurants.

Rosane conta que o resultado - 382 a 113) "só foi obtido porque houve diálogo".

A jornalista, a RBS e Zero Hora não contam que tipo de "diálogo" foi este, mas este blog e publicações como Poder360 e Estadão, listaram três tipos de conversações decisivas: 1) Compra de votos de deputados que receberam a liberação de R$ 8,1 bilhões de emendas parlamentares apenas entre 2 e 6 de julho. 2) Entrega do ministério da Saúde para União Brasil, do Centrão. 3) Liberação de Lira no caso do processo de corrupção nas Alagoas (robôs).

E não só. 

Lira e Lula também já iniciaram conversações para novo governo de coalizão.

Artigo, J.R. Guzzo, Gazeta do Povo - A infâmia das prisões políticas

Não há hoje no Brasil um escândalo que possa se comparar, em matéria de sordidez, de perversidade e de pura e simples violação maciça da lei, com o campo de concentração montado há seis meses em Brasília pelo ministro Alexandre de Moraes e seus colegas do STF. É a pior, mais extensa e mais prolongada agressão à Constituição Federal, ao Código Penal, às leis processuais e aos direitos essenciais do cidadão que jamais foi cometida na história do Brasil – nenhuma tirania, militar ou civil, durante a Colônia ou a República, cometeu uma infâmia tão maligna quanto a que está sendo cometida com as prisões políticas em massa feitas no dia 8 de janeiro, ou mesmo depois, pelo Poder Judiciário.


São, sim, prisões políticas, apesar do vasto esforço feito para escondê-las como atos de “defesa da democracia”. É simples: se as prisões só são mantidas porque os carcereiros usam a força armada para violar de maneira sistemática as leis em vigor no país, então elas são políticas. As pessoas não estão presas porque a autoridade pública conseguiu provar que cometeram crimes. Estão presas porque o regime, tal como ele é hoje, quer que fiquem presas. São inimigos políticos; têm de ser castigados. É assim que se faz nas ditaduras. É assim que se faz no Brasil de hoje.


Lá fora denunciam, com horror, a “destruição da Amazônia pelo agronegócio” e outros delitos imaginários. Sobre as prisões políticas em massa, não se diz uma palavra.



Esse escândalo gera um outro escândalo – o silêncio, pusilânime ou cúmplice, com que está sendo ocultado no mundo e no Brasil. Lá fora denunciam, com horror, a “destruição da Amazônia pelo agronegócio” e outros delitos imaginários. Sobre as prisões políticas em massa, não se diz uma palavra. Aqui dentro é pior. Salvo a Gazeta do Povo, que cobre os fatos com profissionalismo, respeito à técnica jornalística e destemor, e mais algumas poucas exceções, a imprensa brasileira não diz nada, ou praticamente nada, sobre os horrores da Papuda. É como querer encontrar, no Pravda da Rússia soviética, notícias sobre os campos de concentração para presos políticos.


Mais: a mídia não apenas esconde os fatos do público, mas quando diz alguma coisa a respeito é para ficar a favor dos atos de repressão. É um momento único na história da imprensa brasileira – os jornalistas são hoje os defensores mais indignados da perseguição política e da violação às leis pelas polícias do STF. O mundo político também se cala; está fixado nas suas emendas do orçamento, e outros interesses do mesmo tipo.


As pessoas não estão presas porque a autoridade pública conseguiu provar que cometeram crimes. Estão presas porque o regime, tal como ele é hoje, quer que fiquem presas.


Pior de todos é a Ordem dos Advogados do Brasil, que tem o dever mínimo de dar apoio aos advogados, quando as suas prerrogativas legais são rasgadas em público, e o direito de defesa dos cidadãos é eliminado pelo STF. A OAB já foi notificada cinco vezes pelos advogados dos presos a respeito das ilegalidades seriais cometidas contra seus clientes. Não respondeu nada até hoje. Está contra os advogados e a favor dos carcereiros.


As vítimas, enquanto isso, seguem sendo massacradas. Há 250 presos no presídio da Papuda; no total, foram detidas cerca de 2.000 pessoas, muitas delas sofrendo hoje a tortura legal das tornozeleiras eletrônicas. É um cenário de pesadelo. Os presos foram denunciados, mas nenhum deles é réu, e nenhum deveria estar sendo julgado pelo STF, e sim pela Justiça comum.  Já estouraram todos os prazos para que possam estar detidos. Quase todos são acusados primários, que pela lei tinham de estar soltos há muito tempo.


Há pessoas que foram presas depois das depredações do 8 de janeiro – uma, pelo menos, chegou a Brasília no dia seguinte. Entre os presos há um homem com câncer, uma senhora de 70 anos e mães com crianças menores de idade. Recebem uma assistência médica miserável – não têm acesso real aos remédios de que precisam. No caso dos diabéticos, estão morrendo aos poucos dentro de suas celas. As denúncias não são individualizadas, e não se apresentam provas da conduta delituosa dos presos; são acusados em lotes.


O ministro Moraes diz que tem de ser assim mesmo, como ocorre, segundo ele, nos crimes de rixa – mas os presos (descritos pela imprensa como “golpistas” ou “terroristas”, embora não tenha acontecido nenhum golpe ou ato de terror) estão sendo acusados de “associação criminosa armada” e “golpe de Estado”. Que armas? Não foi apreendido nem um estilingue. É o pior momento da Justiça brasileira.