As relações espúrias de Joesley com os governos do PT

Acusado de pedir propina ao empresário, o ex-deputado Eduardo Cungha atacou Joesley e demonstra ter tido com ele uma relação de intimidade. "Lamento ter exposto a minha família à convivência com esse perigoso marginal, na minha casa e na dele", afirmou.
O ex-presidente da Câmara lança dúvidas sobre a elaboração de medidas pela equipe econômica do governo Michel Temer que beneficiam a JBS, apesar das acusações feitas por Joesley contra o presidente. "É estranho que, mesmo atacando o governo, ele ainda seja o maior beneficiário de medidas [...] tais como a MP 783 do Refis", escreveu.
"Ele também é o grande beneficiário da MP 784, da leniência com o Banco Central e com a CVM, onde as suas falcatruas no mercado de capitais, as atuais e as passadas, poderão obter o perdão e ficarem impunes." Cunha questiona: "A pergunta que não quer calar é de onde vem o poder dele, que mente, ataca o governo e ainda se beneficia dos atos do governo que o deixam mais rico e impune?"
DELAÇÃO
Em sua delação premiada e em entrevista à revista "Época", Joesley afirmou que comprava o silêncio de Cunha com o aval de Temer. Além disso, o empresário declarou que o ex-deputado cobrou R$ 5 milhões para evitar a abertura de uma CPI que atingiria a JBS e pediu dinheiro para liberar créditos da Caixa para a empresa.
Na nota, Cunha disse repudiar "com veemência" as acusações e desafiou o dono da JBS a provar suas afirmações. "[Joesley] mente para obter benefícios para os seus crimes, ficando livre da cadeia, obtendo uma leniência fiada, mas desfrutando dos seus bilionários bens a vista, tais como jatos, iate, cobertura em NY, mansão em St. Barts, além de bilhões de dólares no exterior, dentre outros."
O ex-deputado reforçou seu pedido ao STF (Supremo Tribunal Federal) de anulação da delação de Joesley -em linha com o discurso do Palácio do Planalto de desqualificar o delator e os benefícios concedidos a ele. "Espero que o STF reveja esse absurdo e bilionário acordo desse delinquente", escreveu

Gilmar faz política, ao invés de fazer justiça

Gilmar  faz política, ao invés de fazer justiça

Percival Puggina

Interessante, não é mesmo? Em relação à cassação da chapa Dilma-Temer pode-se formular duas indagações com respostas possivelmente contraditórias, a saber: 1) a chapa deveria ter sido cassada? 2) convinha ao momento político e econômico brasileiro a cassação da chapa?

Eu responderia à primeira pergunta, com a imensa maioria do povo brasileiro, de modo afirmativo. O assalto aos cofres públicos promovido pelo PT e pelo PMDB contaminou a dupla presidencial e, de cambulhada, os mandatos de parcela expressiva do Congresso Nacional.
Estivesse sendo julgado o mandato de um prefeito, de um parlamentar e mesmo de um governador, com muito menos evidências do que as disponíveis neste caso, o tribunal teria resolvido o assunto numa sentada sem blá-blá-blá.

ESTABILIDADE – Já à segunda pergunta eu daria resposta negativa.
Estabilidade política é condição indispensável ao desenvolvimento das atividades econômicas, à míngua das quais entra-se em “depressão”
social, com queda do nível de emprego e precarização das condições de vida. A cassação da chapa e o afastamento do presidente criariam um novo sobressalto institucional. Prolongado sobressalto, diga-se de passagem, porque caberia recurso ao STF, com direito a todas as juntadas, embargos e pedidos de vista.

Confirmada a decisão, haveria a posse de um governo provisório, através do presidente da Câmara (Rodrigo Maia), seguido da articulação política e legislativa para definir as regras da eleição indireta de um novo presidente pelo Congresso Nacional. Este novo mandatário, então, cumpriria um período de poucos meses, suficientes para fins de direito, mas insuficientes para nossas urgências sócio-econômicas.

DESPREZO ÀS PROVAS – Parece evidente que este confronto entre a óbvia presença das condições para a cassação da chapa e a conveniência do ato compareceu às sessões de deliberação do TSE e agitou seus bastidores. Gilmar Mendes, empanturrado de autoestima, na completa saciedade de si mesmo, deixou isso muito claro ao longo de suas manifestações, sempre desprezando as provas para assumir um discurso nitidamente político. E note-se, atropelando a coerência ao afirmar:
“Não devemos brincar de aprendizes de feiticeiro. Não tentem usar o tribunal para resolver crise política. O tribunal não é instrumento.
Resolvam seus problemas”. Não foi isso que ele fez?

O tribunal foi instrumentalizado, sim. Quatro ministros serviram votos às conveniências da atividade política. Agiram na esteira das circunstâncias e jamais repetirão as mesmas frases em decisões subsequentes.

CRISE INSTITUCIONAL – Creio que fica, assim, caracterizado um gravíssimo problema institucional. Ele se havia manifestado, recentemente, quando o STF mudou de opinião sobre o afastamento das presidências da Câmara e Senado quando na condição de réus perante a corte. Se Renan Calheiros saísse, seu vice, o petista Jorge Viana, se encarregaria de acabar com a governabilidade do país. Então, coube a Celso de Mello dar jeito de coisa séria àquela patacoada.


Nossos tribunais superiores não sabem mais o que são. Não sabem se atuam no campo do Direito, no topo do poder político como poder moderador da República, ou as duas coisas. Na segunda função, têm servido ao que Gilmar diz não se prestar, precisamente enquanto se prestam a aprendizes de feiticeiro para resolver crise política.

Artigo, Marcelo Aiquel - São Joesley, o novo santo brasileiro

Artigo, Marcelo Aiquel - São Joesley, o novo santo brasileiro

         A Revista Época e o Jornal Nacional (ambos veículos de comunicação da Rede Globo) deram início a uma sórdida campanha midiática para reconhecer a “santidade” do gangster goiano Joesley Batista (dono do grupo JBS). Só pode!
         Pois, não é que a Rede Globo (uma das maiores clientes do BNDES) resolveu – talvez em gratidão às enormes peças publicitárias que o referido Grupo JBS “despejou” em exaustão nos seus cofres– dar às delações do gangster goiano uma credibilidade monumental, digna dos melhores folhetins que os veículos globais costumam exibir.
         Não é a primeira vez, e nem será a última, que cúmplices “entregam/delatam” seus parceiros de crime. Até aí, nenhuma novidade! A grande novidade veio com o esforço hercúleo que os funcionários da Rede Globo – por certo em obediência a ordens superiores – tem feito para dar credibilidade às denúncias de um gangster arrependido.
         Mas, surge a dúvida: qual o motivo de tal “arrependimento” do bilionário goiano? A resposta é simples e bastante óbvia!
          Além do medo de ser preso, há o receio de perder o poder econômico que conquistou à custa de “benesses” e dinheiro fácil, proveniente de financiamentos especiais e favores governamentais. Ah, tudo em troca de “contraprestação” pecuniária. Também conhecida popularmente por propina ou suborno.
         É só pesquisar o tempo que durou a ascensão galopante do pequeno frigorífico do interior de Goiás até se tornar uma das maiores potências mundiais do setor de agroindústria, e comparar com os financiamentos subvencionados que a JBS recebeu neste mesmo período.
         Exagero? Pesquise e descubra você mesmo!
         Daí, quem sabe, também possa descobrir o quão ajudado foi o gangster goiano, por quem, e em troca do quê?
         Entendeu agora porque Lula da Silva o chamou de canalha?
         Ah, você é do tipo “São Tomé”? Não acredita sem ver os documentos?
         Então continue a apoiar a tese de que todos os delatores só contam mentiras.
         Enfim, a verdade é só uma: nenhum gangster consegue alcançar o poder sem o auxílio de gente parceira e cúmplice.
         E também não se faz um santo, sem quem o canonize.
         “Agro é top!” (esta campanha não te diz nada?)