Artigo, Fábio Jacques - Os clones tricolores

Às vezes me pego pensando se o futebol não é uma coisa muito mais fantástica do que podemos perceber à primeira vista.
Pode até ser que eu esteja redondamente enganado, mas algumas evidências me levam a pensar seriamente se aquilo que imagino,não tenha, pelo menos em parte, algum fundo de verdade.
Explico.
Para mim, os departamentos de futebol de alguns grandes clubes, como por exemplo, o Grêmio, possuem um laboratório secreto extremamente sofisticado formado por especialistas em biogenética no nível do Henry Wu do Parque dos Dinossauros, que conseguiram desenvolver a capacidade de clonar os principais jogadores do escrete. Na verdade, estes especialistas são muito superiores em tecnologia ao gênio da ficção que produzia fofos filhotinhos de Velociraptors e Tiranossauros Rex. Eles conseguem produzir clones completamente desenvolvidos, adultos, em quase tudo idênticos aos seus modelos originais, menos num aspecto: são todos completamentepernas de pau.
É praticamente impossível distinguir entre uns e outros. Pode-se conviver com eles sem ser assombrado pela mínima nuvem de desconfiança exceto quando vestem o uniforme e entram em campo. Aí conseguem demonstrar toda a sua incapacidade futebolística.
Alguém pode pensar que estou delirando, e talvez estejam, realmente, repletos de razão, mas posso apresentar alguns eventos nos quais esta minha teoria pode ser, se não comprovada, pelo menos posta em dúvida.
Semi final da Libertadores 2018 contra o River Plate.
Primeira partida no Monumental de Núñez, em Buenos Aires. Jogo maravilhoso, Grêmio 1x0. Show de futebol. Time titular.
Como a segunda partida seria na Arena do Grêmio em Porto Alegre, com toda a torcida tricolor no seio da qual, lamentavelmente, me imiscuí, o título estava garantido. Favas contadas.
Com a certeza da vitória, Renato deve ter resolvido poupar os titulares e entrou em campo com os clones. A pior partida de todos os tempos, na minha avaliação. River 2x0. Classificado. Como diria o saudoso e inimitável poeta Jaime Caetano Braun, o time do Grêmio pareceu “um bando de guris brincando de diabo rengo”.
Mais um exemplo, este mais recente.
Grêmio e Caxias na Arena. Primeiro tempo com os titulares, show de bola. 1x0.
Com a vantagem de dois gols feitos em Caxias, a coruja estava pelada. Intervalo, troca de time no vestiário e o retorno dos clones. Dois gols do Caxias dando olé num bando de mamelucos. Só não levou o título por falta de tempo.
Fico apenas nestes dois exemplos para não tomar demais o tempo do leitor, mas tenho certeza de que os torcedores gremistas já se lembraram, nestas alturas, de muitas outras partidas nas quais esta teoria se aplicaria perfeitamente.
Outra hipótese, possível, mas mais inverossímil, seria a de que em determinados momentos todos os jogadores desaprendessem a jogar futebol e se transformassem em cabeças de bagre.
Não creio muito nesta segunda hipótese porque um salto tão grande entre o saber, o desaprender tudo e a volta ao saber não é corriqueiramente observável na natureza.
Por via das dúvidas, deixo estas teorias para discussão. Alguém concorda comigo?

Fabio Freitas Jacques. Engenheiro e consultor empresarial, Diretor da FJacques – Gestão através de Ideias Atratoras e autor do livro “Quando a empresa se torna azul – o poder das grandes ideias”.