Artigo, Marcelo Aiquel - A quem interessa a descriminalização das drogas ?


         Existe um princípio universal, traduzido para o Brasil através da CF/88 que, no seu artigo 5º, XL, reza o seguinte: “A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu” (grifei).
         O Código Penal Brasileiro, Dec./lei 2.848 de 07/12/40 com as alterações posteriores, também abrange a matéria de forma expressa, ao estabelecer no seu artigo 2º e parágrafo único, a possibilidade de retroatividade de uma nova Lei.
         Ou seja, não há dúvidas que uma lei somente poderá retroagir para beneficiar o réu (condenado ou não).
         Diante disso, cabe o questionamento título deste breve artigo de opinião: a quem interessa a descriminalização das drogas?
         Ao pedir a liberação das drogas – desconstituindo assim o caráter criminal do ato de traficar ou mesmo portar e consumir drogas ilícitas – estão os porta-vozes deste pleito desejando (mesmo indiretamente) a soltura imediata de todos os condenados por crime de tráfico de drogas. O que é óbvio perante a lei, aplicando-se a retroatividade legal aos punidos, pois as drogas passarão a não ser mais criminalizadas.
         Não preciso nominar mais do que UM PRESO a ser beneficiado com esta esparrela: Fernandinho Beira-Mar!
         Será necessário citar outros? Acredito que não.
         Caso este aberratio finis legis aconteça, para impactar definitivamente o futuro desta nação e de várias gerações, nem o Brasil decente poderá se salvar, mesmo criando uma lex tertia.
         Dê apoio a esta campanha, assim como algumas pessoas “santas” deram, e – em breve – os bandidos e traficantes estarão na sua porta.
         Você, que apoia esta tentativa, nunca pensou nisso?

Artigo, Luís Milman - O antissemitismo e a esquerda

O antissemitismo não é a expressão de preconceito e ódio irracionais. Ele pode ser acompanhado por manifestações psicóticas e paranoides, mas existe porque faz sentido em contextos históricos.
Fez sentido na época medieval europeia dominada pela Igreja, porque os judeus não aceitaram os evangelhos e permaneceram apegados à uma revelação superada na perspectiva cristã. Além disto, sobre eles pesava a acusação mais abominável, a de deicídio. Ao longo dos séculos, essa alteridade negativa e incontornável justificou o seu isolamento moral e legal, expulsões e massacres.
Fez sentido para iluministas do século XVIII, como Voltaire, que dedicou, em seu famoso Dicionário Filosófico, de 1756, 38 dos 118 artigos aos judeus, segundo ele, os nossos mestres e inimigos, em quem acreditamos e a quem detestamos. Mestres do cristianismo, que Voltaire criticava, Os iluministas eram anti-clericais e deístas. No lugar da revelação das escrituras situavam a Razão, como meio de conhecer a Deus. Não havia sentido, para eles, na existência de um povo apegado ao que eles chamavam de superstições arcaicas.
Kant se referia a eles como “os palestinos entre nós”. Fichte apregoava a expulsão dos judeus para a Ásia, lugar a que pertenciam. Outros pregavam que o único modo de lidar com o judaísmo - uma religião, como dizia Hegel, ossificada -, era a completa assimilação dos judeus e a extinção do judaísmo. Já os românticos alemães advogavam a impossibilidade da assimilação, porque o problema não era religioso, mas nacional, ou seja, era possível aos judeus converterem-se ao protestantismo ou ao catolicismo, mas eles jamais poderiam se tornar alemães.
Fez sentido para os primeiros socialistas do século XIX, que viam no dinheiro e no comércio o maior mal da humanidade. Fourier, Proudon, Toussenel odiavam os judeus identificados com o comércio e a usura. O mesmo vale para os comunistas. Marx, em 1843, escreveu o ensaio a “Questão Judaica”, no qual dizia, que a humanidade deve se emancipar do judaísmo. Para ele, o judaísmo real, não a sua ilusória forma espiritual, era o comércio. O Deus dos judeus é o dinheiro, dizia ele.
Fez sentido para os nazistas, porque os judeus eram uma minoria desarmada. A eles foi atribuída a culpa pela derrota na 1ª Guerra Mundial, pela crise econômica, pelo comunismo, pelo capitalismo e pela degeneração moral alemã. Em sua versão do judeu como bode expiatório, Hitler pode mobilizar os alemães para desapropriá-los dos bens para confiscar sua nacionalidade, depois sua humanidade e, ao fim, sua vida.
Fez sentido para o bolchevismo, em especial para o stalinismo, um tipo de credo de pretensão universalista cujo grande adversário é a singularidade, que se traduz em diferença nacional, dissensão, livre arbítrio, rebeldia, espírito crítico, individualismo e ausência de disciplina. Esses são os sete desvios revisionistas segundo a doutrina do Partido Comunista. Note-se que o marxismo-leninismo sabia ser impossível, pelo menos num horizonte discernível, extinguir as nacionalidades. Por isso pretendeu integrá-las, subordinando-as ao conceito mais amplo de classe trabalhadora internacional. 
O surgimento do sionismo ocorre em paralelo com o surgimento do comunismo na Rússia. Um povo sem terra, com experiência milenar de discriminação, havia finalmente criado seu movimento de emancipação nacional, concomitante à onda nacionalista que agitou a Europa na véspera e na esteira da dissolução dos impérios Austro-húngaro, Alemão, Czarista e Otomano. Mas os judeus não possuíam direitos nacionais para os comunistas. A Revolução de Outubro de 1917 confrontou o judeu russo com um ultimatum: integrar-se ou assumir-se enquanto uma espécie de apóstata, algo muito semelhante ao que aconteceu na Idade Média, principalmente durante a Inquisição, A “questão judaica” permanecia sem solução para a pátria soviética. Aos judeus foi oferecida mais uma vez a assimilação, com a consequente perda da identidade cultural, e religiosa. O Bund, a União dos Trabalhadores Judeus da Lituânia, Polônia e Rússia, criado em 1897, o movimento socialista que pregava a autonomia dos judeus, por razões culturais, foi dissolvido em 1921, no partido bolchevique.
Na época de Stalin, o apelo ao antissemitismo denunciou a degradação da utopia comunista. Os judeus foram expurgados do Partido Comunista e passaram a ser designados pelo epíteto de cosmopolitas e sionistas. Na era pós-stalinista, a propaganda soviética recorreu a estereótipos clássicos dos judeus e a uma, terminologia antissemita que adquiriu cidadania no Partido para designar a sua falta de patriotismo.
Faz sentido hoje porque depois da Grande Desilusão, o colapso da URSS em 1991, a esquerda transferiu a luta contra o capitalismo e imperialismo para o terreno do anti-americanismo, do qual o antissionismo, torna-se objetiva e conceitualmente dependente. O ódio aos EUA tomou o lugar da crítica marxista ao capitalismo. O declínio do marxismo teórico e sua destituição do papel orientador que exercia em relação a práxis das organizações de esquerda devem-se, em grande medida, a três fracassos, dois econômicas e um político-moral:
(a) O primeiro, o fracasso de sua previsão célebre, segundo a qual a economia de mercado seria atingida por uma crise fatal em virtude de suas contradições internas, a partir do antagonismo entre a maximização da taxa de lucro (a acrescente acumulação de capital pela burguesia) e a crescente pauperização da população (o proletariado). Nada disso ocorreu. O capitalismo mostrou, ao contrário do que os marxistas clássicos previam, ser muito mais complexo em suas relações de produção e consumo, em sua capacidade de distribuição de riqueza e na sua constante renovação tecnológica, de forma a propiciar uma gradativa elevação nas condições de vida dos trabalhadores, especialmente nos países desenvolvidos, nos quais Marx dizia que as contradições eram mais agudas e a implantação socialista ocorreria inevitavelmete. 
(b) O segundo fracasso foi a aplicação da economia planificada e coletivista, na qual a produção é prévia e racionalmente planejada por especialistas e os meios de produção são propriedade do Estado; Neste modelo, a atividade econômica é controlada por uma autoridade central que estabelece metas de produção e distribui as matérias-primas para as unidades de produção. A economia planificada caracterizou-se pelo surgimento de uma grande burocracia estatal e pela falta de inovação. Nela,houve uma discrepância colossal entre a produção de bens de capital (máquinas e equipamentos) e de bens de consumo, criando um enorme desequilíbrio entre a falta de oferta de bens e a demanda. Decorreu daí o constante empobrecimento da população, o surgimento de um mercado negro quase institucional e a corrupção da nomenclatura, os membros do partido e da burocracia
(c) O fracasso político-moral dos países comunistas nos quais o socialismo real não promoveu nem a liberdade nem a igualdade, como se sabe. Ao longo do século XX, o comunismo implantou-se na forma de ditaduras opressivas, que praticaram extermínio e genocídio.
A esquerda ocidental, alinhada à URSS e depois do colapso soviético e do fim da Guerra Fria, entrou em desabalado desespero. Foi preciso reorientar sua ideologia de modo a ocultar os fracassos. A luta de classes foi sobreposta ao esquema do conflito entre o imperialismo dos EUA e os povos oprimidos da Ásia, África e América Latina e à globalização. O colapso do socialismo real poderia ter o mesmo efeito para a esquerda, que a derrota do nazifascismo teve para a ultradireita. Mas isto não aconteceu. A esquerda, além da sólida base intelectual conferida pelo marxismo, sempre se dividiu em diversas correntes, algumas delas independentes do regime soviético. Lideranças sindicais, a presença nas universidades, a força eleitoral, os cargos na administração pública ocupados por esquerdistas, a chefia de editorias internacionais na mídia, as ONGs humanitárias, todas essas entidades e funções ocupam um significativo número de pessoas e de seus seguidores. A conservação do espaço conquistado depende da credibilidade da ideologia mater, que alimenta a vasta ramificação do campo progressista. Uma grande causa internacional contribui fortemente para promover a união interna, devolver a convicção perdida e manter a marca do humanismo socialista.
Aí entra a luta contra o sionismo, na qual vale tudo para caracterizar Israel como sendo uma nação racista, que pratica o apartheid contra os árabes que vivem dentro de suas fronteiras, que oprime os árabes palestinos com uma ocupação militar, que, ao longo de sua história, adotou e adota práticas nazistas e chega mesmo a praticar o genocídio contra uma população desamparada. 
Os fundamentos desta ideologia são três mitos: 
1. O mito de que os judeus compraram ou roubaram a terra dos camponeses árabes durante as décadas que antecederam a Partilha. Entre outros, Joan Peters, no livro “De Tempos imemoriais- A origem do conflito árabe-judeu sobre a Palestina”, de 1984, demonstrou, de forma detalhada e com rigor analítico notável, que se deu o inverso. A ocupação de terras por colonos judeus se deu em terras devolutas, desocupadas. E a população árabe da Palestina quintuplicou em quase cinquenta anos. Isto não se deveu ao crescimento vegetativo, mas a um forte movimento migratório por terra de árabes do Líbano, Síria, Jordânia e Egito, atraídos pela oferta de melhores condições de vida e trabalho decorrentes de implantação de infraestrutura, da revitalização agrícola e industrial provocadas pelo afluxo de judeus. A oposição a este afluxo era conduzida pelos oligarcas árabes locais cujos interesses econômicos colidiam com os da modernização da região levada acabo pelos judeus.
2. A expulsão da população árabe durante a Guerra de Independência de Israel. Jamais o governo israelense desenvolveu uma política de remoção populacional. O deslocamento dos árabes deveu-se ao medo do que aconteceria a eles na guerra, porque a cultura árabe da região, apregoada pelas lideranças que invadiram o recém-criado estado judeu, era a de exterminar o inimigo. Além disso essas mesmas lideranças estimularam a fuga dos árabes, com a promessa de que eles voltariam e seriam beneficiários dos despojos de guerra. Mais um motivo. Os árabes da Palestina acorreram para países com os quais mantinham laços estreitos, inclusive familiares.
3. O mito da ocupação dos territórios depois de 1967.
De 1948 até 1967, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza foram ocupadas pela Jordânia e Egito, respectivamente. Tratava-se, neste período, de simplesmente criar um estado árabe independente nestes territórios, sem qualquer consulta a Israel. Isto não só não foi feito como, ao contrário, Jordânia e Egito utilizaram-se destes territórios como bases de infiltração terrorista. O objetivo do mundo árabe e da OLP, criada em 1964, era destruir Israel. Este objetivo somente foi formalmente abandonado pelo Egito, em 1979 e pela OLP, em 1993, nos Acordos de Oslo. 
Deste mito faz parte a tese atual de que os assentamentos judeus na Cisjordânia – cerca de 400 mil colonos - impedem a implementação a paz entre israelenses e palestinos. Não é verdade. Em 2000, o então primeiro=ministro de Israel ofereceu a Yasser Arafat 97 por cento da Cisjordânia e o controle sobre Jerusalém Oriental em troca de um tratado de paz. A questão dos assentamentos não obstaculizou as negociações, mas sim a exigência, feita por Arafat, de que os refugiados palestinos nos países árabes retornassem a Israel. 
Além disso, os assentamentos formam um cordão de segurança na linha de defesa mais frágil de Israel e, por isso, cumprem um função estratégica. Mais ainda, foram erguidos em terras devolutas, sem que fosse deslocado ou expulso um árabe sequer der suas terras ou moradias. E causaram uma forte transformação econômica na região, que favoreceu os palestinos ampliando a oferta de eletricidade, rede de água estradas e trabalho. Mais ainda. Os judeus dos assentamentos podem, num futuro acordo de paz, permanecer onde estão sob soberania do estado pretendido pelos árabes palestinos. Mas o que se advoga é a sua remoção, o que caracterizaria um processo de limpeza étnica, semelhante ao que ocorreu no mundo árabe da década de 50, quando cerca de 800 mil judeus, do Marrocos ao Yêmen, foram expulsos de seus lares em represália à criação do estado judeu.

Os três mitos constituem a base para todos os ataques que a esquerda lança contra Israel e adquiriram, na grande mídia o status de estado da arte

Artigo, Fábio Jacques - Marielle Franco e a intervenção federal.


Estou achando uma verdadeira loucura. Assassinam uma vereadora e a intervenção federal no Rio de Janeiro é posta em cheque. O que tem uma coisa a ver com a outra?
O frenesi que tomou conta do país nesta sexta feira demonstra que estamos vivendo em um mundo surreal, completamente descolado da realidade e da necessidade.
A primeira pergunta a ser respondida é o porquê da intervenção federal no Rio de Janeiro.
Até agora identifiquei duas respostas divergentes: a primeira, para tentar resolver a situação calamitosa pela qual passa a segurança pública e a segunda, para tentar melhorar a fotografia do Temer que pretende concorrer à reeleição.
Ora, isto não faz qualquer sentido.
Se fosse para resolver o problema da criminalidade, as FFAA deveriam ter liberdade total para agir, cercar os morros, tirar de circulação qualquer bandido ostensivamente armado seja colocando-o atrás das grades, seja antecipando seu encontro com o criador.
Mas Temer quer melhorar a imagem e angariar votos e por isso tenta atender a todas as vozes por mais dissonantes que sejam.
Aí surgem os estrategistas de guerra que pregam: “só atirem nos bandidos após eles atirarem em vocês, primeiro com balas de borracha, e se isto não os levar a se entregarem e continuarem atirando, podem atirar, mas nunca visando a algum ponto vital. Atirem nas pernas ou em algum órgão que apenas os impeça de continuar atirando, sempre procurando preservar ao máximo sua integridade física”.
Uma intervenção de FFAA tem que seguir as técnicas de guerra que são a especialidade das forças interventoras e não às patrulhas do politicamente correto. Ou intervêm ou que tenham a honra de se retirar e deixar que a bandidagem continue reinando e apavorando a população seja de pobres e pretos, seja de brancos e ricos, seja de ricos e negros, seja de pobres e brancos. Até onde sei todos são seres humanos, nascem, vivem e morrem como seres humanos e até têm um pequeno artigo da constituição que os declara iguais perante a lei.
Outra questão que tem que ser respondida é a seguinte:
Se a intervenção tem como objetivo eliminar ou pelo menos reduzir significativamente a bandidagem e o crime, quem se declara contra defende claramente o crime e os criminosos. E no rol dos defensores se encontram todos os partidos e movimentos de esquerda.
Serão os esquerdistas favoráveis ao crime, ao assassinato, ao roubo de cargas, ao tráfico de drogas, ao apavoramento da população principalmente aquela das periferias que é obrigada a conviver permanentemente com traficantes e assassinos? Na minha opinião sincera, sim.
Acho que este tipo de situação calamitosa favorece aos seus anseios pelo poder absoluto. Se o povo se mantiver apavorado permanecerá dependente da proteção do estado, assim como acontece com aqueles propositadamente relegados à pobreza extrema e que permanecerão por gerações nesta situação de dependência de esmolas do governo que nem ao menos oferece uma escola que ensine algo às suas crianças proporcionando-lhes uma porta de saída da miséria através de qualificação para postular algum futuro melhor no mercado de trabalho.
Desta forma pode-se concluir que o objetivo da intervenção nada tem a ver com a segurança da população. De um lado um presidente que quer melhorar sua imagem para poder postular a reeleição e do outro aqueles que não querem que sua imagem melhore e que frustre seus anseios de poder no curto prazo, ou seja, nas eleições de outubro.
Minha conclusão: tudo é apenas um jogo político e de luta pelo poder.
Bandidos de um lado defendendo a intervenção e bandidos de outro lado lutando contra ela. E digo e repito bandidos porque para todos eles o povo que os sustenta não importa. Querem reinar e para eles cada indivíduo é apenas um voto. Até o dia em que o voto já não for mais necessário, momento a partir do qual grande parte dos inocentes úteis que hoje saem com suas bandeiras defendo ideologias totalitárias amargarão profundamente a descoberta de que foram apenas tolos iludidos com um mundo utópico no qual sua posição é no terceiro subsolo das galés.

Fabio Jacques tem mais de 40 anos de experiência em gestão empresarial. Exerceu cargos de chefia e direção em empresas como ATH Albarus (hoje GKN do Brasil Ltda), Dana Albarus S.A., Calçados Bibi, Viação Hamburguesa e Unidasul, dentre outras. É diretor da FJacques - Gestão através de Ideias Atratoras.