Joacy Góes é advogado e jornalista.
Publicado na Tribuna da Bahia, Salvador 26/12/2024
País afora, a sensação é que o Governo Lula 3 acabou, de tal modo é dominante o sentimento do “quem ficar por último, apague a luz e feche a porta”. O desalento geral decorre da paralisia oficial, inepta para levar adiante o que quer que seja sem ter que ficar de joelhos diante de um Congresso que só pensa em assegurar a sua reeleição, uma vez que o Governo já “deu com os burros n´água”.
Basta comparar os pronunciamentos natalinos do Presidente do ano passado com o insosso deste Natal, populista e vazio de qualquer conteúdo!
Em declínio lento, gradual e constante, a popularidade presidencial leva os governistas a cogitarem, cada mais vez mais ostensivamente, de um nome para suceder o atual Presidente, em razão, também, do crescente temor de um eventual impedimento Joebidiano decorrente de uma explosiva combinação de idade avançada com saúde física e mental precária.
A grande mídia que renovou os esponsais com a farra publicitária dos governos petistas, atenta ao seu papel de assegurar a continuidade de um status quo que empobrece o Brasil, mas enche suas burras de dinheiro público, vem elegendo, como prioridade, em seu noticiário, apontar o Estado de São Paulo como o centro da danação do mundo, precisamente pela emergência do Governador Tarcísio de Freitas, como o nome mais provável para substituir Jair Bolsonaro, se vier a ser condenado às penas mais duras da inelegibilidade, pelo que fez e não fez ou sequer cogitou em fazer, fato que não abala o seu potencial como o maior eleitor nas eleições gerais de 2026, sobretudo para Presidente, Governadores e Congresso Nacional.
Para agravar suas patéticas fragilidades internas, o atual governo brasileiro é visto, no plano internacional, como o mais frágil em toda a nossa história colonial, imperial e republicana, em razão de uma sequência de erros que vem deixando apoplética nossa reconhecidamente madura diplomacia. A gravidade dos erros, em série, são de tirar o fôlego:
Lula preferiu aliar-se com a Venezuela, Nicarágua e Cuba, contra o clamor americano por arejamento democrático;
Lula preferiu aliar-se ao Hamas, Hezbollah, Irã e Síria, contra a OTAN e as correntes derivadas do Iluminismo definidor dos caminhos ocidentais. Pela primeira vez na História, um presidente brasileiro foi considerado persona non grata por um governo estrangeiro, no caso Israel;
Ao se apresentar como mediador da invasão da Ucrânia pela Rússia, antecipou, de tal modo o seu pensamento pró Rússia, que seu nome foi prontamente descartado pela ONU;
Pela primeira vez, um presidente brasileiro foi ameaçado de morte por uma nação estrangeira, como foi o caso da Venezuela do seu irmão político siamês, Nicolas Maduro;
Mal assessorado e a partir de uma irresponsabilidade sem paralelo, Lula se precipitou ao prever, com base no wishful thinking, a vitória de Kamala Harris, acrescentando adjetivações nazistas à biografia do presidente eleito Donald Trump. Em qualquer país sério, tamanha estupidez seria punida com o impeachment.
Açodadamente, Lula apresentou-se como o porta-voz dos BRICs, no propósito de rebaixar o histórico papel do dólar como a moeda do comércio mundial, transformando-se em inimigo número 1 do mais poderoso país do Planeta;
Para coroar tão sesquipedal festival de barbaridades, a Primeira Dama dirigiu expressões prostibulares contra um expoente da humanidade, o empresário Elon Musk.
Um primeiro episódio revelador do que nos espera foi a vã tentativa da diplomacia brasileira de conseguir um convite do Presidente francês, Emmanuel Macron, para Lula participar da reinauguração da Catedral de Notre Dame, festa em que Donald Trump e Elon Musk foram o centro das atenções. Até uma anta sabe de onde proveio o impedimento.
É a tolerância com tantos e graves erros que faz do Brasil um dos países mais mal geridos, conclusão a que chegamos quando comparamos o pouco que somos com o muito que poderíamos ser, quando levamos em conta nossas enormes e desperdiçadas possibilidades.