Deputado Zucco - Quem mira no presidente, atinge o Brasil

Tenente-Coronel Zucco

Deputado estadual/PSL

 

 

            A democracia representativa é o exercício do poder político pela população, através de seus representantes designados pelo voto e do mandato para atuar em seu nome. Isto significa que são legitimados pela soberania popular. Apesar de ser o sistema vigente no Brasil, diversos integrantes do Poder Legislativo têm sido atropelados pelo ativismo judicial em todas as instâncias.

            Apesar da reiteração com frequência somos surpreendidos por decisões de tribunais que afrontam a democracia representativa. Credita-se, como forma de manipulação, à “judicialização da vida brasileira” este fenômeno. Na verdade, todavia, o protagonismo de egos inflados de julgadores geram decisões divorciadas da realidade. A vontade de milhões de brasileiros é desrespeitada por colegiados ou, pior, por decisões monocráticas que afrontam a vontade popular.

            “A justiça, cega para um dos dois lados, já não é justiça. Cumpre que enxergue por igual à direita e à esquerda”, já advertiu Rui Barbosa. No Brasil forjou-se um sistema injusto em que três poderes se autoprotegem. Cria-se uma barreira que produz injustiças porque carecemos de uma fiscalização isenta, eficiente e célere.

            Há pouco tempo um ministro do STF julgou-se ofendido nas redes sociais por um parlamentar. Rapidamente o magistrado determinou a prisão em flagrante do deputado, ignorando o Ministério Público e o devido processo legal. Mediante uma decisão monocrática investigou, julgou e impôs a pena, desrespeitando os trâmites legais. Tudo isso ironicamente ocorreu na mais alta corte do país que deveria ser o garantidor das garantias constitucionais.

            A manipulação dos fatos é uma prática em diversos segmentos da vida nacional. É rotina em julgamentos e se estende à parte da grande mídia que distorce fatos e omite notícias positivas do Governo Federal. “Você tem o direito a suas opiniões, mas não a seus próprios fatos”, advertiu o senador norte-americano Daniel Patrick Moyhihan. 

Desde o segundo turno, em novembro de 2018, há um movimento orquestrado para fragilizar a democracia representativa. O objetivo é claro: afastar toda possibilidade de reeleição do Presidente Bolsonaro. Neste esforço os inimigos da pátria destroem o Brasil, através do massacre uníssono de notícias funestas (alguém já viu reportagens sobre os mais de 90% recuperados da Covid-19 no país?). Sonegam o alto índice de vacinação deste país-continente e escondem que temos um dos menores índices de queda do PIB no mundo.

            Contra tudo isso, seguimos na construção de um país mais justo. 2022 é logo ali e vai comprovar que os brasileiros não toleram a tentativa de retorno de personagens claramente identificados com a corrupção que assolou o país por 14 anos.              

Artigo, Renato Sant'Ana - Marielle: a construção de um mito

Toma-se um fato real e se elabora uma "narrativa" cheia de subtextos, com forte apelo à emotividade, tudo para capturar a adesão de inocentes úteis e granjear o máximo de apoio a um projeto de poder que, se fosse desnudado, teria o mais amplo repúdio.

O fato é por demais conhecido. E, por motivos pouco nobres, voltou a ser explorado neste março de 2021 (três anos após a ocorrência).

Em 14/03/2018, bandidos assassinaram a socialista Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, um crime repulsivo, saliente-se.

Poucos instantes após a morte, já era intensa a mobilização nas redes sociais, com o auxílio engajado da extrema-imprensa, no intuito de provocar comoção, construir um mito e canonizar a desconhecida vítima.

O crime, que atingiu também seu motorista, Anderson Gomes, ocorreu às 21h10min aproximadamente (notícia, G1, 24/07/2018).

Pois bem, segundo Rute de Aquino (O Globo, 17/03/18), duas horas após o fato "eram registrados 594 tuítes por minuto".

Para a "mídia amestrada", isso foi uma reação espontânea. Só que...

Levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV/DAPP), apurou que, das 21h daquele dia (praticamente a hora do crime) às 10h30min de 16/03/18, para efeito de impulsionamento de conteúdo nas redes sociais (um truque desonesto), foram usados 1833 robôs nos tuítes publicados sobre a morte da vereadora.

E o resultado foi imediato. Embora ninguém conhecesse motivação nem autoria do crime, em menos de 12 horas, já havia pessoas por todo o país que, jamais tendo ouvido falar nela, se sentiam de luto e até apontavam culpados. E, claro, como esponjas, absorviam o conteúdo subliminar das "narrativas" de redes sociais.

Nos dias que se seguiram, a imprensa fez o seu papel: jornais, rádios e TVs martelavam sem parar o assunto conforme as crenças e a mediocridade dos seus redatores, reforçando a "narrativa" de autor incógnito.

Embora não se soubesse quem praticara o crime nem por que, não faltavam formadores de opinião a dizer, às claras ou nas entrelinhas, que ela tinha sido morta por ser negra, homossexual e oriunda da favela.

Mas Demétrio Magnoli (O Globo, 26/03/2018), dos poucos a tocar o assunto com honestidade, clareza e coragem, mostrou como PSOL e PT, as duas vozes mais estridentes do impudente populismo de esquerda, usaram a imagem da vereadora vitimada para propaganda ideológica.

Para o PSOL, ela foi morta numa guerra entre o Estado e o "povo da favela": guerra que vai cessar só quando o PSOL tomar o poder.

Para o PT, o crime fez parte do "golpe", que, diziam, é "um processo continuado" (mitologia para explicar o impeachment de Dilma Rousseff).

Havia então uma insistência em apresentá-la como referência na defesa dos direitos humanos. Porém, a realidade era (e é) mais eloquente.

Só em 2017, houve 134 policiais militares assassinados no Rio de Janeiro: quase um a cada três dias. Aliás, em 21/03/2018 (num só dia), foram mortos três PMs no Rio, chegando a 30 em menos de 90 dias do ano.

Contudo, o morticínio de PMs nunca constituiu pauta para os pretensos defensores dos direitos humanos, inclusive Marielle. Ao contrário, todos (autodeclarados "de esquerda") fazem coro com o movimento internacional antipolícia (o que é, sim, uma bandeira esquerdista).

Ora, quem defende regimes totalitários (nazismo, fascismo ou comunismo) falta à verdade se diz que defende os direitos humanos.

É um exagero, portanto, que a sua ex-assessora, Fernanda Chaves, em artigo na Folha de S. Paulo (14/03/21), venha propor que o mês de março "por inteiro" seja a ela dedicado - mantendo o culto à personalidade da vereadora e instilando sua ideologia (de caráter totalitário).

Mas há um ponto de equilíbrio necessário. Não cabe, por pura reação, desrespeitar a memória de quem seguiu o que acreditava. Tampouco cabe assimilar, sem crítica, as "narrativas" apologéticas sobre ela.

Muito judicioso foi o que escreveu Cláudio Humberto no Diário do Poder (16/03/2018): "Independentemente do que dizia e de como o fazia, a vereadora Marielle Franco, executada no Rio, tinha a coragem de assinar embaixo, dar a cara, bem diferente dos seus assassinos covardes."

Repudiemos, pois, a ideologia totalitária por ela defendida, mas tenhamos sabedoria para respeitar o ser humano Marielle Franco.

 

Renato Sant'Ana é Advogado e Psicólogo. 

E-mail sentinela.rs@uol.com.br